Ao longo de 2018 o ObservaSinos trabalhou na criação e publicação do Especial do Trabalho Vale do Sinos. A série histórica do ObservaSinos aborda grandes temas sobre o mundo trabalho entre os anos de 2003 e 2016, período de grande movimentação e transição econômica, política e social no Brasil. Os dados analisados são dos 14 municípios do Conselho Regional de Desenvolvimento - Corede do Vale do Rio dos Sinos, região de atuação do Observatório.
Em uma parceria com a Beta Redação, do curso de Jornalismo da Unisinos, o Especial do Trabalho expandiu sua região de análise para Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Os dados coletados e as matérias produzidas foram uma realização dos alunos da editoria de Economia, que utilizaram os tópicos do Especial do ObservaSinos como fio condutor.
A Beta Redação é um projeto de integração de diferentes atividades acadêmicas do curso de Jornalismo da Unisinos em laboratórios práticos, divididos em seis editorias. O objetivo da Beta Redação é proporcionar aos jornalistas em fase final de formação uma vivência intensa da realidade profissional, fomentando a experimentação e o exercício crítico do Jornalismo, em contato direto com o público.
Saldo da década, porém, ainda é negativo, com mais demissões do que admissões
A reportagem é de Guilherme Chaves, Rafael Erthal, Victor Thiesen, Vitor Brandão e Tiago Assis, publicada pela Beta Redação, 03-10-2018
De acordo com os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), em 2018, o número de contratados (10.527) para a área da construção civil de Porto Alegre supera o total de demitidos (9.661), o que não acontecia desde 2012. Apesar da conquista em termos estatísticos, a preocupação fica por conta da redução de vagas nos últimos anos. De 2014 para cá, houve uma queda de 51,2% no número de admitidos no setor, dentro da capital gaúcha.
Para o economista Cássio Calvete, o fato de Porto Alegre voltar a ter um saldo positivo pode ser o reinício do desenvolvimento do setor. (Gráfico: Rafael Erthal)
Conforme o economista, professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Cássio Calvete, esse fato está ligado diretamente com o cenário econômico brasileiro, que até 2014 vinha de uma normalidade, com a taxa de pleno emprego quase sendo atingida. O pleno emprego, por sua vez, é a ausência de desemprego cíclico ou demanda insuficiente. “O desemprego natural era muito baixo na época, pois vínhamos na tendência da diminuição da formalidade nas contratações”, afirma Calvete.
Infográfico: Vínculos ativos na construção civil em Porto Alegre entre 2010 e 2016
Esse cenário teve a situação invertida a partir de 2015, quando o país mergulhou em uma recessão profunda, alavancada pelos atritos políticos estabelecidos na sociedade sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Dessa forma, o desemprego aumentou rigorosamente”, ressalta o economista.
Para Calvete, o mercado de trabalho da construção civil de Porto Alegre vive uma estabilidade, com o fato da capital voltar a ter um saldo positivo podendo ser o reinício do desenvolvimento do setor. Mesmo assim, o cenário ainda é de difícil projeção, levando em consideração as mudanças que devem ocorrer no âmbito político a partir de 2019. “A economia brasileira está em meio ao processo de eleição e, obviamente, dependerá do futuro governo prever essas questões”, conclui o professor.
Infográfico: Número de estabelecimentos de construção civil em Porto Alegre
Outro fator que está diretamente ligado com a redução no número de admissões, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Porto Alegre (STICC), foi a aprovação da Reforma Trabalhista, em 11 de julho de 2017 pelo Senado Federal, sancionada dois dias mais tarde pelo presidente Michel Temer. A partir disso, os empregadores passaram a terceirizar os serviços, fazendo a contratação de profissionais autônomos, os quais caracterizam-se como pessoas jurídicas, e detendo os direitos e deveres dos indivíduos que as compõem.
Para exemplificar melhor a questão reivindicada pelo Sindicato: com as novas diretrizes da Reforma, os empregadores contam agora com a opção de subcontratar os funcionários. Conforme um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário de trabalhadores terceirizados pode ser até 24% menor do que o de um empregado formal. Além disso, o Dieese estima que os autônomos fazem jornadas semanais maiores, ou seja, trabalham mais tempo que um contratado diretamente, o que justificaria a diminuição de vagas.
Essa reforma consta na Lei 13.467 e altera pontos importantes na área da Construção Civil. No âmbito das jornadas de trabalho, houve mudanças no banco de horas que permite acordos individuais. O projeto extingue o pagamento ao trabalhador pelo tempo utilizado até o trabalho, o intervalo intrajornada pode ser abaixo da 1 hora diária (respeitando o período mínimo de 30 minutos) e a jornada 12x36 é permitida, desde que concedido descanso imediato de 36 horas. As férias podem ser fracionadas em até três períodos, tendo o início vedado em casos de dois dias que antecedem qualquer feriado ou repouso semanal remunerado.
A rescisão do contrato de trabalho pode ser realizada por acordo mútuo, prevendo pagamento do aviso prévio e da multa do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em montantes reduzidos. É extinguida a homologação da rescisão, prevendo a extinção do contrato na Carteira de Trabalho (CTPS), sendo que não há mais necessidade de negociação prévia com sindicatos para casos de dispensa coletiva.
De acordo com o STICC, essas mudanças resultaram na demissão de muitos trabalhadores. “As empresas preferem contratar o profissional por CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), pois assim nenhum direito precisa ser pago, nem o Fundo de Garantia (FGTS) e nem o 13º salário”, conta a fiscalizadora de obras do Sindicato, Cídia dos Santos.
Segundo o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, entre 2012 e 2017 foram registrados 1087 casos de acidentes de trabalho no setor da construção de edifícios em Porto Alegre. (Foto: STICC/Divulgação)
Em relação à terceirização e ao trabalho autônomo, a Reforma Trabalhista, que possibilita a terceirização de qualquer atividade, inclusive a principal da empresa, facilita o desligamento do empregado em comum acordo com o empregador. A contratação do autônomo, cumpridas as formalidades legais, afasta a configuração de empregado. Entre agosto de 2017 e agosto de 2018, foram 19.240 desligamentos em empresas de construção civil em Porto Alegre.
Conforme o economista Cássio Calvete, o processo de terceirização é uma forma de redução de custos que favorece o contratante e visa aumentar a margem de lucro das empresas. “Conseguindo fazer uma fachada bonita, que dure o tempo de contrato do serviço das obras, está de bom tamanho para as empresas”, afirma Calvete. Para o pesquisador, a construção civil utiliza com grande frequência este segmento visando o menor custo de mão de obra.
Para o Sindicato que representa os profissionais da construção civil de Porto Alegre, a partir da reforma trabalhista as empresas passaram a oferecer STICC, Israel Guterres.
Comparação entre o salário médio e o piso salarial da categoria entre 2010 e 2018. (Imagem: Guilherme Chaves)
Além disso, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil da capital gaúcha afirma que a reforma permite ainda o trabalho em condições insalubres, principalmente em um setor que oferece diversos riscos à saúde física dos profissionais, como é a construção civil.
Para regularizar as condições de trabalho dos empregados, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) criou a Norma Regulamentadora Nº 15, elencando atividades insalubres e limites de exposição dos trabalhadores a esses agentes. Esses fatores, considerados nocivos para os profissionais, podem ser, por exemplo, um ruído contínuo, a sensação de calor excessivo, a exposição a gases e vapores, entre outros. Comprovada a realização de atividades em ambientes insalubres, é direito do trabalhador receber um valor adicional que varia entre 10% e 40% do salário mínimo da região, conforme o grau de exposição.
Segundo o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, entre 2012 e 2017 foram registrados 1.087 casos de acidentes de trabalho no setor da construção de edifícios em Porto Alegre. Entre os setores econômicos que mais apresentaram afastamentos previdenciários acidentários, a construção civil aparece em sétimo lugar, com 549 casos neste mesmo período.
A Doutora em Psicologia, pesquisadora na área do trabalho e professora do departamento de Ciências Sociais da Unisinos, Marília Veronese, critica a falta de segurança e qualificação do trabalhador na área da construção civil. “Em termos de saúde e segurança no trabalho, a construção civil é um setor crítico, justamente porque emprega em sua base uma mão-de-obra sem qualificação. Possui muita rotatividade e pouca proteção social, no sentido de que não é um trabalho que gera compromisso, é um trabalho sazonal”, comenta.
Segundo a pesquisadora, outro ponto que pode influenciar na segurança do funcionário é o fator psicológico. “Nos estudos que fiz no final da década de 90 havia uma série de questões vinculadas a uma cultura de classe, que estava relacionada a valentia, não sentir medo e não precisar usar os Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs). Tudo isso associado à falta de cuidado das empresas e das corporações com a segurança”, ressalta.
STICC luta pelos direitos e busca capacitar o construtor civil porto-alegrense (Foto:STICC/Divulgação)
Marília explica que o processo de especulação imobiliária, ou seja, quando um investidor adquire um bem ou imóvel com a finalidade de vendê-lo ou alugá-lo posteriormente, está em alta, trazendo consigo um sério entrave. “Alguns dizem que isso gera mais construções e, consequentemente, empregos para a população de baixa renda. O problema é sua curta duração, que não vai garantir para essa mão de obra um trabalho de maior qualidade”, explica.
Por fim, as empresas, defende Marília, deveriam ser fiscalizadas pelos órgãos competentes, garantindo, assim, boas condições de trabalho aos trabalhadores, minimizando os riscos à segurança, treinando e qualificando o profissional, o Estado e o mercado.
Ao longo de 2018 o ObservaSinos trabalhou na criação e publicação do Especial do Trabalho Vale do Sinos. A série histórica do ObservaSinos aborda grandes temas sobre o mundo trabalho entre os anos de 2003 e 2016, período de grande movimentação e transição econômica, política e social no Brasil. Os dados analisados são dos 14 municípios do Conselho Regional de Desenvolvimento - Corede do Vale do Rio dos Sinos, região de atuação do Observatório.
Em uma parceria com a Beta Redação, do curso de Jornalismo da Unisinos, o Especial do Trabalho expandiu sua região de análise para Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Os dados coletados e as matérias produzidas foram uma realização dos alunos da editoria de Economia, que utilizaram os tópicos do Especial do ObservaSinos como fio condutor.
A Beta Redação é um projeto de integração de diferentes atividades acadêmicas do curso de Jornalismo da Unisinos em laboratórios práticos, divididos em seis editorias. O objetivo da Beta Redação é proporcionar aos jornalistas em fase final de formação uma vivência intensa da realidade profissional, fomentando a experimentação e o exercício crítico do Jornalismo, em contato direto com o público.
O alto nível de instrução gera mais oportunidades, mas ainda não garante melhor remuneração
A reportagem é de Alessandro Garcia, Igor Mallmann, Júlia Ramona Michel, Khael Santos e Nicole Roth, publicada pela Beta Redação, 03-10-2018
Dados obtidos na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) permitem analisar o impacto do grau de escolaridade sobre a distribuição de renda do trabalho em Porto Alegre. De acordo com os últimos números disponíveis na RAIS, datados de 2016, a capital dos gaúchos somava 711 mil trabalhadores registrados. Destes, 47% estavam empregados no setor de Serviços. Já, ao comparar com dez anos atrás, o total de empregados com carteira assinada era de 635 mil.
Dois setores de atividade econômica registraram um aumento significativo na qualificação da mão de obra: 1) administração pública e 2) agropecuária, extração vegetal, caça e pesca. Em ambas as áreas, a porcentagem de trabalhadores com ensino superior completo dobrou no decênio analisado. A área de atuação da administração pública, a propósito, é a que conta atualmente com a maior parcela de graduados entre todos os setores com 69%.
A construção civil, por outro lado, teve o menor índice de profissionais formados atuando em 2016 — apenas 6%. E, no comparativo, o único setor que apresentou queda no percentual de trabalhadores com ensino superior completo foi o de Serviços, cujo índice decaiu de 32% em 2006 para 23% em 2016.
Infográfico: Porcentagem de trabalhadores com Ensino Superior completo por setor
Para Guilherme Stein, doutor em Economia e professor do PPG em Economia da Unisinos, o setor de administração pública é uma área que, em média, os salários são maiores, uma vez que ocupações em setores públicos tendem a se traduzirem em salários melhores. “Além disso, a maior parte dos concursos públicos exige que você tenha ensino superior. Então, por definição, você terá pessoas com maior formação a nível superior”, salienta Guilherme Stein.
No que diz respeito ao setor que engloba agropecuária, extração vegetal, caça e pesca, além de citar o fenômeno que indica um crescimento no nível de escolaridade dos brasileiros a partir da década de 1990, o professor aponta que esta é uma área com bastante suporte tecnológico. “Faz sentido que nessa área haja um aumento maior [de renda] na medida em que você coloca mais tecnologia e mais máquinas. Assim, você exigirá um maior preparo das pessoas”, argumenta Guilherme Stein.
Não é de hoje que encontra-se pessoas formadas em uma área, mas que, após a conclusão da graduação, atuam em outra. Douglas Oscar, 28 anos, pertence a essa realidade. Formado em física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mas, atualmente, trabalhando com Inteligência de Mercado, ele afirma que as oportunidades na área de formação escolhida são bem restritas. “Se tu não for atuar como professor de física, tuas opções são bem escassas. Pela falta de investimentos, o Brasil não é um polo muito atrativo para essa área”, comenta.
Mas, mesmo não exercendo sua profissão por formação, o analista de dados garante que consegue trazer parte do aprendizado de sala de aula para o desenvolvimento de suas tarefas diárias em seu trabalho. De acordo com Douglas Oscar, muito da questão lógica e de cálculos matemáticos pertencentes à física contribuem para realizar, por exemplo, uma análise de comportamento de mercado. Ele enfatiza que o conhecimento de fórmulas facilita muito no momento da elaboração de relatórios. “A inteligência competitiva é um segmento que trabalha muito com números e contas. Na hora de calcular a variação de uma determinada taxa, eu não encontro dificuldades”, assegura.
Atuando como gestor de uma equipe multidisciplinar na Plugar Data & Intelligence, empresa localizada em Porto Alegre, Rafael Barcellos, 34 anos, graduou-se em direito há 11 anos. Porém, desde então, tem contato com a formação apenas na hora de prestar assistência jurídica para a empresa. No mais, é responsável por elaborar propostas técnicas para prospectar clientes que estejam interessados nos serviços de inteligência de mercado. “Como as propostas exigem, em alguns momentos, um linguajar um pouco mais rebuscado, o meu domínio gramatical garante total segurança no momento de escrevê-las”, explica.
A multidisciplinaridade do escritório não assusta o empresário Rafael Barcellos. “É interessante para um engenheiro químico entender o comportamento de uma empresa em redes sociais e sua estratégia de comunicação. Por outro lado, o jornalista, que não gosta muito de números, entenderá a dinâmica econômica do agronegócio”, exemplifica o CFO da Plugar. O advogado por formação vê nesse estilo de trabalho uma grande oportunidade para o crescimento dos colaboradores. Com uma equipe formada por jornalistas, sociólogos, administradores e, até mesmo, engenheiros, ele enxerga um grande potencial de aprendizagem para os profissionais diante desse ambiente bastante diversificado.
A capital gaúcha, nos último 10 anos, registrou um leve aumento na renda média dos trabalhadores. Dividindo a mão de obra por grau de instrução, nota-se que até os analfabetos tiveram um acréscimo nos rendimentos mensais médios — enquanto que, em 2006, recebiam o equivalente a R$ 936 com a correção monetária pela inflação oficial, em 2016 passaram a ganhar R$ 1.260.
Infográfico: Renda média por grau de instrução em R$
No outro extremo, os profissionais com ensino superior completo também tiveram um pequeno aumento de renda média, que passou de R$ 5.317, em 2006 para R$ 5.476 no anos de 2016, em valores corrigidos. A única faixa de escolaridade, conforme os dados da RAIS, que registrou um leve declínio na renda média foi a de pessoas com ensino superior incompleto. Esses profissionais recebiam o equivalente a R$ 2.744 em 2006 e passaram a ganhar R$ 2.669 em 2016.
Ao considerar o aumento de renda em Porto Alegre, verificado entre 2006 e 2016, Marília Verissimo Veronese, doutora em Psicologia e professora do PPG em Ciências Sociais da Unisinos, propõe que esse crescimento de remunerações está associado a um período da economia global em que as commodities estavam valorizadas e o mercado interno aquecido. Ela conclui que houve uma política de Estado que proporcionou um empoderamento de classes sociais menos favorecidas economicamente a partir de programas sociais, como o Bolsa Família. Porém, Marília Veronese faz a seguinte observação: “Não houve nenhum movimento de mudança do modelo econômico — os banqueiros e as grandes elites ficaram como elas sempre estiveram: mandando no jogo”, afirma.
Entre 2006 e 2016, cinco dos oito setores econômicos contidos na classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tiveram desvalorização salarial de profissionais formados: 1) serviços industriais de utilidade pública, 2) construção civil, 3) comércio, 4) agropecuária, extração vegetal, caça e pesca e 5) indústria de transformação. Nesse último setor, ocorreu a queda mais significativa. Em 2006, pessoas graduadas recebiam, com correção da inflação, R$ 8.284. Já, em 2016, a renda média da Indústria de transformação reduziu para R$ 6.776.
Infográfico: Renda média de graduados em R$
O doutor em sociologia e professor do PPG em Ciências Sociais da Unisinos, Luiz Inácio Gaiger, sugere uma explicação plausível para entender essa desvalorização salarial: mudança de local de trabalho. Ou seja, não se pode reduzir o salário de um trabalhador sem que ele tenha sua carga horária reduzida ou mude de emprego. Além do mais, a conquista do diploma não é garantia absoluta de maiores salários. É preciso considerar o capital cultural de uma pessoa, que diz respeito às competências profissionais de alguém. “Por isso, há trabalhadores que não são graduados, mas que mantêm seus empregos devido a sua grande experiência em determinado setor”, considera Luiz Gaiger.
Já a professora Marília Veronese, justificou que a queda de rendimentos dos cinco setores está relacionada a questões macroeconômicas. “Atribuo isso ao ‘desinvestimento’, digamos assim, na industrialização. Em 2014 e 2015, tivemos o início de uma crise geral em termos de mercado de trabalho e mercado externo. Somos ainda um país exportador de commodities. O preço das commodities caíram, e fomos prejudicados por isso. Mas, claro, que esses preços são manipulados globalmente pelos mercados, de forma que é muito instável basearmos a nossa economia em exportação de commodities”, avalia a professora.
Observa-se que as commodities representavam 65% do valor das exportações brasileiras, em 2014, conforme levantamento da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). E, ao analisar as dez primeiras posições no ranking de produtos mais exportados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), nota-se que todas são ocupadas por commodities, como soja, minério de ferro e petróleo.
Por outro lado, a renda média do profissional com formação em nível superior teve aumento nas áreas da administração pública, serviços e extrativa mineral. Nessa última, por exemplo, passou-se de uma média salarial equivalente a R$ 13.754 em 2006 para R$ 14.733 em 2016. Para efeito de comparação, no setor de extrativa mineral um graduado ganha mais do que quatro vezes o salário de um profissional com superior incompleto, que recebe R$ 3.664. E, com relação a renda de um analfabeto, são 11 vezes mais.
Nas áreas que envolvem a administração pública, porém, a diferença salarial entre os graus de instrução é menor. Se um formado recebe R$ 5.308, alguém com curso superior incompleto ganha R$ 3.245. Já um analfabeto, em média, recebe R$ 1.379 — ou seja, quase quatro vezes menos o salário de uma pessoa formada.
O retorno da escolaridade é outro aspecto muito analisado por economistas. Segundo Guilherme Stein, é possível pensar na educação como um investimento financeiro — ou seja, para cada real investido em educação, quantos centavos serão atribuídos a mais no salário?
“Existem estimativas que falam que um ano a mais estudando, no ensino superior, agrega de 10% a 11% a mais na sua renda, em média. E uma outra pesquisa, realizada no Rio Grande do Sul, mostrou que a taxa interna de retorno gira em aproximadamente 20% no Estado”, compara Guilherme Stein, professor de economia. A taxa interna de retorno consiste em um indicador expresso em valores percentuais que compara o investimento inicial e as despesas futuras com o seu rendimento para mostrar se o retorno será vantajoso ou não. Esse último dado, de 20%, foi comparado entre quem concluiu o ensino médio com quem formou-se no ensino superior.
Foto: Flickr/Gunnar Bothner-By
Porém o alto nível de escolaridade, mesmo fortalecendo o mercado, ainda não é garantia de melhor remuneração. Marília Veronese, professora e psicóloga, reconhece que nem sempre o grau de instrução mais elevado assegura um trabalho bem remunerado e estável. Ela traz um exemplo do próprio meio acadêmico: “nós estamos nos deparando com muitos profissionais formados, pela facilidade maior de alcance aos mestrados e doutorados, que estão desempregados. São profissionais com doutorado ou até pós-doutorado, que não conseguem uma colocação. Se conseguem, é uma colocação muito ruim”, ressalta. Ao mesmo tempo, a docente reforça que a qualificação profissional não se trata só do retorno financeiro, mas também de um modo das pessoas crescerem como cidadãos e seres humanos.
Ao longo de 2018 o ObservaSinos trabalhou na criação e publicação do Especial do Trabalho Vale do Sinos. A série histórica do ObservaSinos aborda grandes temas sobre o mundo trabalho entre os anos de 2003 e 2016, período de grande movimentação e transição econômica, política e social no Brasil. Os dados analisados são dos 14 municípios do Conselho Regional de Desenvolvimento - Corede do Vale do Rio dos Sinos, região de atuação do Observatório.
Em uma parceria com a Beta Redação, do curso de Jornalismo da Unisinos, o Especial do Trabalho expandiu sua região de análise para Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Os dados coletados e as matérias produzidas foram uma realização dos alunos da editoria de Economia, que utilizaram os tópicos do Especial do ObservaSinos como fio condutor.
A Beta Redação é um projeto de integração de diferentes atividades acadêmicas do curso de Jornalismo da Unisinos em laboratórios práticos, divididos em seis editorias. O objetivo da Beta Redação é proporcionar aos jornalistas em fase final de formação uma vivência intensa da realidade profissional, fomentando a experimentação e o exercício crítico do Jornalismo, em contato direto com o público.
Em 2016, apenas 25,75% das remunerações acima de R$ 20 mil eram pagas a trabalhadoras em Porto Alegre
A reportagem é de Carolina Zeni, Eduardo Zanotti da Silva, Gustavo Bauer, Jéssica Zang e Maria Carolina de Melo, publicada pela Beta Redação, 19-09-2018
O pico da inversão de gêneros no mercado formal de trabalho em Porto Alegre aconteceu em 2016, quando o cenário, então modificado, contou com um número de 10.882 mulheres a mais do que os homens empregados. Mesmo em maior número, a equiparação salarial nunca ocorreu e a presença feminina ainda segue destinada a um papel coadjuvante.
Sete anos antes, em uma pesquisa realizada no portal da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), notou-se uma inversão de gêneros. Em 2009, eram 12.942 mulheres a menos do que homens no mercado de trabalho em Porto Alegre. Já em 2016, eram 720.604 pessoas empregadas na capital gaúcha. Deste número, 50,75% eram mulheres (365.743) e 49,25% homens (354.861).
Infográfico: Indústria de Transformação: Salário R$ 20.000,00
Contabilizando os quatro principais setores de emprego — Indústria de Transformação, Construção Civil, Comércio e Serviço — as mulheres, em 2016, eram apenas 25,75% do total de trabalhadores que recebiam acima de R$ 20 mil mensais no município. No caso, aquelas que exerciam os cargos de chefia dentro de grandes empresas. Uma década antes, em 2006, esse percentual da valorização feminina era ainda menor. Apenas 16,35% eram mulheres, contra 83,65% de homens, que recebiam a faixa salarial mais elevada.
Infográfico: Crescimento de empregados nos quatro setores
Por outro lado, nesse período de 10 anos também se percebeu uma ascensão das mulheres no trabalho formal frente aos homens. Segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, a população porto-alegrense era composta por 53,61% de mulheres e 46,39% de homens. Embora o gênero feminino seja a maioria no município, essa maior representatividade não se refletia no trabalho formal. De 2006 até 2011, as mulheres continuavam sendo minoria diante dos homens no mercado de trabalho local. Apenas no ano seguinte, a partir de 2012, o número de trabalhadoras ultrapassou o de homens.
Infográfico: Trabalho formal - Gênero
Trabalho divulgado em março deste ano pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) traça um perfil da mulher trabalhadora na Região Metropolitana de Porto Alegre. Conforme a pesquisa, em 2017 as mulheres ocupadas estavam majoritariamente na faixa etária entre 25 e 39 anos (39%) e secundariamente entre 40 e 49 anos (23,7%), ocupando o lugar de cônjuges e chefes de seus domicílios, respectivamente na ordem de 45,3% e 33,4%. Além disso, o segmento feminino, como se esperava, continuou elevando sua escolaridade: 46,9% das mulheres ocupadas tinham o ensino médio concluído, enquanto 18,2% detinham o diploma do ensino superior.
Na capital gaúcha predomina o setor de Serviço. E é neste segmento produtivo que mulheres e homens mais encontram trabalho, sendo o gênero feminino a maioria, com 486 mil ocupadas. Isso se explicaria pela reunião dos serviços de saúde, educação e assistência.
Lúcia dos Santos Garcia é coordenadora nacional do Sistema Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). (Crédito: Flickr)
Buscando ampliar a análise sobre a desigualdade de gênero no mercado de trabalho da capital gaúcha, a economista Lúcia dos Santos Garcia, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) e coordenadora nacional do Sistema Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), sublinha que a sistematização dos dados e fatos da conjuntura indicam que o fardo carregado pela mulher brasileira aumentou nos últimos anos.
Dentro disso, a conquista da autonomia econômica feminina continuaria sendo uma peça-chave, tanto para melhor qualidade de vida das mulheres, quanto de uma sociedade mais equitativa e pacificada. Em um período, segundo ela, marcado pelo retrocesso, as mulheres possuem um triplo desafio. “Além do constante enfrentamento da divisão sexual do trabalho, a população feminina deve superar o estreitamento dos espaços de trabalho em crise, e se contrapor à perda de direitos, orquestrada pelas forças conservadoras”, salienta.
Esta não seria uma realidade apenas brasileira, pois a desigualdade de gênero caracteriza a maioria das sociedades mundiais. De acordo com a economista, a divisão sexual do trabalho define espaços distintos para as parcelas masculina e feminina da população. Tal enraizamento seria tão profundo que estaria naturalizado e seria pouco questionado pela sociedade. “De uma maneira geral, os preceitos dessa divisão indicam que os homens devem figurar nos espaços públicos e geradores de valor, enquanto às mulheres caberia a esfera íntima e privada da família — no cuidado do lar e dos filhos”, destaca.
No atual ordenamento social, homens atuam em setores produtivos mais valorizados (como os serviços de apoio à produção e a construção), enquanto as mulheres tenderiam a reproduzir as práticas dos cuidados (educação, saúde) e dos afazeres domésticos. A profissional pondera que a valorização dada pela sociedade a esses trabalhos também é distinta, estabelecendo uma forma de hierarquia entre os trabalhos, na qual se verifica maior prestígio e remunerações mais altas para os trabalhos masculinos.
Dentre os fatores que prejudicam as mulheres no mercado de trabalho, as atribuições naturais (familiares e domésticas) e biológicas (maternidade) ocupam lugares centrais na construção da ideologia de inferiorização do gênero feminino. Em países mais desenvolvidos que o Brasil, este último tema já foi superado, tornando-se não mais uma licença materna, mas encarada como um direito básico infantil, suprido pela presença de pais e mães.
Na análise de Lúcia Garcia, a distinção entre as remunerações de homens e mulheres que ocupam exatamente o mesmo cargo nas hierarquias de órgãos públicos e privados, de modo geral, foi sendo superada. Recentemente, inclusive, era proibida pela legislação. Portanto, quando essa diretriz isonômica é desrespeitada, trata-se de uma burla legal e mais frequente no setor privado da economia, em situações em que parte dos salários não são registrados formalmente — por fora da Carteira de Trabalho, por exemplo.
De acordo com a profissional, as mulheres enfrentam maiores dificuldades para cumprirem metas quantitativas, assumirem rotinas de viagens, além de chegarem ao topo da carreira e, principalmente, ocuparem posições de chefia. “Essas dificuldades são mais evidentes no setor privado, mas se estendem ao setor público”, reforça a economista.
Conforme pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) em 2017, a taxa de desemprego das mulheres na Região Metropolitana de Porto Alegre era de 12,4%. Dos homens, era de 10,2%. De acordo com Lúcia Garcia, além de maior, o desemprego seria mais prolongado para as mulheres, principalmente em momentos de crise. “Muitos empregadores e responsáveis pelos departamentos de Recursos Humanos presumem que a dedicação profissional feminina será prejudicada por responsabilidades reprodutivas, domésticas e familiares, além de julgar que mulheres dominam e executam com maestria apenas os ofícios ligados às rotinas de cuidados e organização”, ressalta.
Com isso, empregadores e gestores justificam o estreitamento de oportunidades remuneradas para as mulheres, o que resulta em maior desemprego. “A situação tende a empurrar as mulheres para o emprego público, onde a escolaridade é mais valorizada, mas os orçamentos e a expansão de oportunidades são limitados. Para as menos escolarizadas, costuma restar o emprego doméstico, também limitado pela renda das famílias”, pontua a especialista.
Orian Kubaski é presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Rio Grande do Sul (ABRH/RS). (Crédito: Divulgação/ABRH/RS)
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Rio Grande do Sul (ABRH/RS), Orian Kubaski, a mulher está no mercado de trabalho formal efetivamente há 50 anos, enquanto a figura masculina está presente desde a Revolução Industrial, entre 1760 e 1840.
Kubaski assume que essa diferença ainda determina que os homens ganhem mais e, consequentemente, ocupem a maior parte dos cargos. Entretanto, ele ressalta que “as mulheres estão avançando sobre suas condições, pois se capacitam muito, estudam mais e, por suas características distintas, acredito que estão realmente mais adaptadas ao mundo digitalizado”.
O avanço tecnológico permitiu que as mulheres realizassem quase todas as atividades que os homens faziam exclusivamente. Em contrapartida, o profissional admite que o país ainda não dispõe plenamente de equipamentos que substituem a força física. “Sob esse aspecto, não podemos negar que o trabalho masculino é mais eclético.”
Embora a ABRH identifique algumas segmentações nos pedidos das empresas em recrutar novos empregadores, a entidade não possui nenhum banco de dados que classifique ou tipifique as pessoas.
“O talento da mulher já está comprovado e conquistou sua independência financeira. Se não a tem, é por sua própria escolha”, opina o presidente da ABRH-RS, Orian Kubaski.
Sendo assim, Kubaski entende que não é por lei, decreto ou cota que as mulheres conseguirão seu espaço. “Lembrando sempre que elas não podem negligenciar sua natureza, e a maternidade é uma prova disso, o que influencia culturalmente, socialmente ou economicamente, de certa forma, nas relações do trabalho e do mundo”, acrescenta. “Mas é necessário que a sociedade equalize os direitos, tomando consciência que gênero não é fator determinante para a seleção de pessoas nas organizações e que espalhe o conceito universal de ‘respeito’ ao ser humano em toda sua dimensão.”
A dificuldade das mulheres encontrarem um emprego formal, conforme Cristina Vieceli, economista, técnica do Dieese e doutoranda de Economia do Desenvolvimento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde pesquisa economia feminista, está relacionada a questões estruturantes do mercado de trabalho, uma vez que ainda são as principais responsáveis pelos afazeres domésticos e de cuidado de pessoas. Isso, segundo Cristina, torna o trabalho feminino mais caro para o empregador devido a licença maternidade e a ausências prováveis para cuidar dos filhos e parentes.
Cristina Pereira Vieceli é doutoranda em economia feminista. (Crédito: Charles Soveral/Democracia e Mundo do Trabalho em Debate)
“Essas tarefas não são assumidas pelos homens. Legalmente eles possuem somente cinco dias de licença paternidade ou 20 dias se a empresa aderir ao programa Empresa Cidadã. Dessa forma, se cria uma discriminação legal da mulher no mercado de trabalho”, frisa a profissional.
Outro aspecto encontrado no levantamento de dados feito pela Beta Redação é um menor índice de mulheres com altos salários. A economista avalia que existe uma segregação vertical na sociedade, onde se observa que os trabalhos dos homens têm maior valor em termos de remuneração do que o das mulheres.
“Muitas mulheres estão ascendendo a cargos de liderança. As empresas enxergam características ditas ‘femininas’ como positivas, como capacidade de trabalhar em equipe, de escutar, de desenvolver múltiplas tarefas. No entanto, a questão dos trabalhos reprodutivos permanece como um problema não resolvido. A solução das mulheres de classe média é delegar essas atividades para outras pessoas, as empregadas domésticas remuneradas”, afirma Cristina.
A economista explica que, dentro do setor de serviços, o terceiro maior empregador é o emprego doméstico. No Brasil, cerca de 97% dos trabalhadores remunerados neste segmento são mulheres, tanto que o país tem o maior número absoluto de empregadas domésticas no mundo. “Somos maioria em serviços voltados para os cuidados de pessoas, como educadoras infantis e enfermeiras. Já em setores como o industrial as mulheres são minoria”, constata.
E esse é o aspecto, de acordo com Cristina, que impede a igualdade de gênero dentro das estruturas de trabalho, mesmo que, atualmente, as mulheres sejam mais escolarizadas, mas com salários inferiores. Essa estrutura, portanto, não vai mudar caso não ocorram transformações na forma como a sociedade se organiza para realizar trabalhos domésticos e de cuidados. “Tem que ser uma responsabilidade compartilhada por toda a sociedade. E isso ocorre somente com maior participação política, algo em que o Brasil vai muito mal.”
Em contrapartida, em outras áreas vinculadas ao setor de Serviços, essa contribuição colaborativa mencionada pela profissional já é perceptível. O Serviço Social do Comércio do Rio Grande do Sul (Sesc/RS) recebeu o título de 31ª Melhor Empresa para Trabalhar no Brasil, na categoria Grande Porte, de acordo com a avaliação de 2018 da Great Place To Work e Época Negócios.
Segundo a gerente de Recursos Humanos do Sesc/RS, Elizabeth Carvalho, não há como prestar um serviço diferenciado se não houver investimentos em equipes mistas. Elizabeth reforça que a prática da escuta também contribui para a harmonização do ambiente de trabalho. “Cada gestor é responsável por apontar dados da equipe e propor, em conjunto, ações para construção de um clima mais saudável”, afirma.
Nesse sentido, de acordo com a profissional, somente em 2017 mais de 42 horas de capacitação foram ofertadas por colaborador, sendo que 96% do quadro ativo participou de, pelo menos, 8 horas de preparos profissionais.
Empresas de grande porte sofrem com a alta rotatividade de funcionários, fenômeno chamado de turnover. No setor de Serviços, os últimos estudos do Ministério do Trabalho e Emprego informam uma média que gira em torno de 40% ao ano. Entretanto, o Sesc/RS encerrou 2017 com o menor índice de evasão dos últimos 10 anos — 16%. “Esse número evidencia a assertividade de todas as práticas que realizamos coletivamente”, comemora Elizabeth.
Infográfico: Comparativos Gerais
Infográfico: Comparativos Gerais 2
Ao longo de 2018 o ObservaSinos trabalhou na criação e publicação do Especial do Trabalho Vale do Sinos. A série histórica do ObservaSinos aborda grandes temas sobre o mundo trabalho entre os anos de 2003 e 2016, período de grande movimentação e transição econômica, política e social no Brasil. Os dados analisados são dos 14 municípios do Conselho Regional de Desenvolvimento - Corede do Vale do Rio dos Sinos, região de atuação do Observatório.
Em uma parceria com a Beta Redação, do curso de Jornalismo da Unisinos, o Especial do Trabalho expandiu sua região de análise para Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Os dados coletados e as matérias produzidas foram uma realização dos alunos da editoria de Economia, que utilizaram os tópicos do Especial do ObservaSinos como fio condutor.
A Beta Redação é um projeto de integração de diferentes atividades acadêmicas do curso de Jornalismo da Unisinos em laboratórios práticos, divididos em seis editorias. O objetivo da Beta Redação é proporcionar aos jornalistas em fase final de formação uma vivência intensa da realidade profissional, fomentando a experimentação e o exercício crítico do Jornalismo, em contato direto com o público.
Dados mostram o mercado de trabalho na visão do porto-alegrense que está ingressando como jovem aprendiz e daquele que está saindo por meio da aposentadoria
A reportagem é de Aniele Cerutti, Artur Colombo, Jéssica Beltrame, Jéssica Mendes, Lidiane Menezes e Stephany Foscarini, publicada pela Beta Redação, 03-10-2018
Segundo dados da Fundação de Economia e Estatística (FEE), em 2016 o número de habitantes de Porto Alegre já chegava a 1,48 milhão. É, portanto, a cidade gaúcha mais populosa do Estado. Mas, em se tratando de emprego e renda, é possível observar que houve uma queda no número de trabalhadores formais nos últimos dois anos registrados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Em 2014, o número de pessoas com vínculo empregatício foi de 1.193.725, chegando ao seu ápice. No ano de 2016, esse dado diminuiu para 1.017.419, o que representa uma diminuição de 14,76%.
Ao analisar os empregos formais por faixa etária, os dados de jovens com idade entre 18 e 24 anos foram os que apresentaram maior queda nesse mesmo período. Em 2014, eram 202.941 pessoas empregadas. Já em 2016, o número caiu para cerca de 139.695, representando um déficit de 18,45% em dois anos. A diminuição do vínculo empregatício nesta etapa da vida, no qual é natural o ingresso no mercado de trabalho, torna esses dados alarmantes.
Infográfico: Número de vínculos por faixa etária
Há no Brasil diversas determinações que definem os 14 anos como a idade mínima para desenvolvimento de atividade profissional. A mais direcionada ao tema é a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, que trata do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A norma decide que é proibido qualquer trabalho a menores de 14 anos, salvo na condição de aprendiz.
Em diversos países do mundo, há uma força-tarefa que busca erradicar o trabalho infantil, com a gerência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), integrante da Organização das Nações Unidas (ONU). Além do ECA, as consolidações da Lei Trabalhista (CLT) e a Convenção 138 da OIT também proíbem trabalho destes menores.
Conforme a advogada Solange Rossi, especialista em Direito do Trabalho, ao contrário do entendimento da maioria, a exploração do trabalho infantil não é caracterizada como crime, e sim como uma contravenção penal. “A principal diferença está no tipo de pena. A contravenção penal, por ser considerada uma infração de menor porte, possui penas mais leves, como pagamentos de determinado valor a ações sociais ou prestação de serviços”, explica.
Mas essa definição pode estar com os dias contados, já que há no país um Projeto de Lei Suplementar (PLS) que modifica o código penal. A proposta 237 de 2016, do senador Paulo Rocha (PT-PA), busca considerar crime explorar ou contratar, ainda que indiretamente, o trabalho de menor de 14 anos. O PLS foi aprovado pelo Senado e aguarda votação na Câmara dos Deputados. A medida deve inserir penas mais duras para esse tipo de exploração.
Em Porto Alegre, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho, há 107 jovens de 10 a 14 anos com vínculo empregatício formal. Destes, 95 fazem parte do Programa Aprendiz Legal, que tem como objetivo a inclusão do jovem e o auxílio no desenvolvimento de competências para o mundo do trabalho.
Porém, há alguns caminhos que, de certa forma, regularizam o trabalho infantil de jovens e crianças com menos de 14 anos. É o caso do artigo 9 da Convenção 138 da OIT, que informa permissões individuais no caso de “finalidades tais como as de participar em representações artísticas”. Segundo o advogado Maicon Barbosa, também especialista em direito do trabalho, as permissões precisam estar representadas pelos responsáveis legais e, em alguns casos, até mesmo necessitam de autorização judicial. “Essa exceção, digamos assim, é permitida nestas condições e desde que não fira nenhum direito fundamental da criança. Há requisitos que devem ser preenchidos, como, por exemplo, estar matriculado e possuir frequência escolar”, completa.
Há também casos em que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) reconhece o vínculo de trabalho, mesmo sendo proibido, a partir de fiscalizações do Ministério Público ou ações judiciais movidas pelos empregados. “Mesmo que o vínculo de trabalho já tenha encerrado, pode haver esse reconhecimento judicial, em que a justiça determina o registro do profissional no documento e nos órgãos pertinentes”, comenta Solange.
Lei da Aprendizagem propõe a inserção de jovens no mercado de trabalho. (Foto: Jéssica Mendes/Beta Redação)
É comum ouvir por aí que os jovens buscam entrar no mercado de trabalho para pagar as próprias contas ou até mesmo sair da casa dos pais. Esta tarefa pode ser tornar mais fácil com a ajuda do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE-RS). De acordo com informações das Relações Institucionais do CIEE, a procura por emprego está grande, principalmente para mulheres entre 14 a 24 anos. É válido lembrar que o jovem só pode trabalhar antes dos 18 anos, segundo a legislação, na condição de aprendiz, aos 14 anos, ou de estagiário, aos 16 anos.
O programa de aprendizagem Aprendiz Legal existe para que adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos possam trabalhar formalmente. O sistema foi implementado no Rio Grande do Sul pelo CIEE-RS e atualmente conta com 3 mil empresas participantes. “Durante o programa, os aprendizes têm a chance de desenvolver suas habilidades em aulas teóricas e práticas em uma das capacitações cedidas, as quais são acompanhadas pela empresa e pela entidade formadora”, explicou o setor das Relações Institucionais da entidade.
Ainda conforme informações das Relações Institucionais do CIEE, outra forma de ingressar no mercado de trabalho é o estágio, no qual os estudantes devem ter 16 anos ou mais, estar devidamente matriculado e frequentando os cursos do ensino médio, técnico ou superior. Os estagiários receberão bolsa auxílio, trabalharão no máximo seis horas por dia e devem realizar atividades relacionadas à graduação.
Pessoas com deficiência também podem ser contempladas pelo programa Jovem Aprendiz. Conforme a Lei de Cotas para inclusão de pessoas com deficiência, toda empresa com 100 empregados ou mais, deve ter de 2% a 5% de trabalhadores deficientes físicos e intelectuais. O interessante é que muitas empresas que não são obrigadas estão adotando este método. A principal diferença é que não possui limite de idade. O contrato de pessoas com deficiência intelectual podem exceder os dois anos exigidos pela lei, mas para isso a vaga deve ter sido cadastrada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O CIEE frisa que o contrato de um jovem aprendiz nesta categoria equivale somente a uma cota das duas que a empresa é obrigada a cumprir.
Segundo explica o gerente de Operações do CIEE-RS, Lucas Baldisserotto, o programa Jovem Aprendiz para pessoas com deficiência muda apenas algumas ferramentas utilizadas nos repasses de conteúdo. “A metodologia e a turma continuam sendo as mesmas. Há um instrutor dedicado totalmente para eles, que acompanha do início ao fim”, acrescentou.
Para Baldisserotto, os benefícios são iguais: possibilidade de ingressar no mercado de trabalho, adquirir formação técnica específica, possuir carteira de trabalho assinada, direitos trabalhistas e, por fim, acompanhamento efetivo durante dois anos. “Desde 2008, o CIEE incrementou este tipo de programa e tivemos inúmeros casos de jovens que começaram como aprendizes, foram efetivados e cresceram dentro da empresa. Nos sentimos muito orgulhosos”, pontuou.
Infográfico: Número de jovens aprendizes no decorrer dos anos
Iniciante no mercado de trabalho por meio do programa Jovem Aprendiz, Estéfanni Vitória de Freitas Mattos, 19 anos desenvolve a função de auxiliar administrativa em um clube de jogos de Porto Alegre. A jovem conseguiu o emprego pela Instituição Integrar — agência de empregos e estágios — e trabalha quatro horas por dia de segunda a sexta-feira, carga horária exigida pelo programa. “Estou extremamente satisfeita com o meu emprego. O local é ótimo e eu já aprendi muito sobre a área administrativa nesses três meses de trabalho”, revelou. Para o futuro, a moça deseja completar os dois anos estabelecidos dentro do Jovem Aprendiz e mais tarde ser delegada de Polícia.
Outra jovem que também está no primeiro emprego pelo programa é Natália Gonçalves Redante, a jovem de 19 anos é aprendiz nas lojas Renner. Ela conta que conseguiu o emprego com a ajuda do pai, que há 11 meses era eletricista na construção de uma nova loja da franquia. Na rotina da loja de roupas, a jovem conta que atua em todas as áreas. “Faço de tudo um pouco, ajudo meus colegas a alocar e arrumar as roupas e atendo no provador feminino. Gosto das pessoas que trabalham comigo e do ambiente”.
Para o futuro, porém, Natália almeja algo diferente do posto em que atua. “Meu objetivo agora é fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conquistar uma bolsa para o curso de Nutrição ou Educação Física”, enfatizou.
Segundo o Governo Federal, só no primeiro semestre de 2017 mais de 200 mil jovens aprendizes foram contratados. Desses, quase 60% de todas as contratações foram para vagas de auxiliar de escritório e assistente administrativo. Conforme cita o Ministério do Trabalho, 203.434 jovens ingressaram no mercado entre janeiro e junho do ano passado. O estado que mais contratou foi São Paulo, seguido de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.
Em matéria publicada pelo portal G1, em comparação com o primeiro semestre do ano anterior, o número de contratações de Jovens Aprendizes cresceu nas cidades do Sul e de MG. Só em Porto Alegre, neste primeiro semestre, foram contratados 365 novos jovens para o mercado de trabalho, enquanto em 2017 o número era de 300 neste mesmo período.
Segundo o site institucional do Jovem Aprendiz, a Lei da Aprendizagem (0.097/2000), juntamente com o decreto Federal nº 5.598/2005, determina que as empresas de médio a grande porte devem possuir uma porcentagem equivalente a 5% e 15% de jovens aprendizes em trabalho e/ou estágio, sendo que estes demandem alguma função dentro da empresa.
Para saber mais sobre a Lei da Aprendizagem você pode acessar o site do Jovem Aprendiz.
No município de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, um fenômeno tem sido identificado. A cidade tem passado por um amadurecimento de sua população e ocupa o primeiro lugar no ranking de capital com o maior número de idosos no país.
Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2030, o RS será o primeiro estado a apresentar maior número de idosos em relação ao número de crianças de 0 a 10 anos, é o que pesquisadores chamam de inversão da pirâmide social.
Com o aumento da expectativa de vida, políticas públicas precisam ser pensadas para atender essa parcela da população. Porto Alegre possui alguns órgãos que trabalham em prol da terceira idade, entre eles, o Conselho Municipal do Idoso — COMUI, um órgão deliberativo, propositivo, consultivo e fiscalizador, que visa promover os direitos dos idosos.
Maria da Graça Furtado é uma das conselheiras, faz parte do Comui desde seu início, em 30 de março de 2000. Técnica na Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) desde 1987, ela é formada em Educação Física e possui especialização em Gerontologia Social e Terapia da Família e trabalha com quase mil idosos do município, muitos desses em situação de vulnerabilidade social.
“Quando a gente fala em política pública para idosos, temos que pensar em todas as políticas. Há o Estatuto do Idoso que prevê todas as políticas que se destinam aos idosos em termos de direitos e benefícios e, para fiscalizar e investigar se essas leis estão sendo cumpridas, temos uma Conferência”, explica Maria. A Conferência citada pela profissional, acontece anualmente e discute temas referentes a autonomia, a saúde e as políticas para idosos.
Para a profissional, esse tipo de encontro é importante pois, embora inúmeros direitos tenham sido garantidos às pessoas da terceira idade, nem sempre eles são colocados em prática. “A saúde é o ponto mais crítico dos idosos, a questão da prioridade existe no papel, mas nem sempre é colocada em prática. O que vemos são idosos aguardando em filas por exames e cirurgias. Um exemplo é a cirurgia de catarata, alguns idosos levam anos aguardando o procedimento”, afirma.
Para ela ainda há muito a ser melhorado em questões que envolvem idosos, tanto no município de Porto Alegre como no país. “Porto Alegre tem hoje pouco mais de 200 mil idosos, a maioria deles vivendo no centro da cidade. São cerca de 60 mil apenas neste bairro. É uma população grande e que irá aumentar cada vez mais. Precisamos pensar no futuro dessas pessoas”, ressalta.
Há dois principais tipos de aposentadoria no Brasil, a aposentadoria por tempo de contribuição e a aposentadoria por idade. Olinda Maria Pohlmann, 65 anos, é moradora de Gravataí, e se enquadra na segunda opção. Ela é aposentada por idade, mas trabalhou boa parte da vida como cozinheira em bares e restaurantes da capital.
Mesmo aposentada, Olinda segue trabalhando para complementar a renda. (Foto: Arquivo pessoal)
“Nasci no interior do estado, na cidade de Sobradinho, morei um tempo em Porto Alegre e há três anos vivo em Gravataí. Mesmo morando aqui, sempre trabalhei na capital”. A aposentada recebe como benefício dois salários mínimos e é com ele que mantém a casa que divide com o filho. Como o dinheiro é pouco, Olinda precisa complementar os ganhos de outras formas. Ela é mais um exemplo de muitos brasileiros, que mesmo após a aposentadoria, continuam no trabalho informal para aumentar a renda.
Infográfico: Número de aposentados por tipo de benefício
A conselheira do Comui, Maria da Graça, explica que casos como o de Olinda são comuns em Porto Alegre. Muitas famílias dependem da aposentadoria de seus familiares. “O que tenho ouvido muito dos idosos que converso é que o salário deles está indo embora, seja com empréstimos consignados, endividamento ou ajudando no sustento das famílias. Aí depois de saírem do mercado de trabalho, precisam buscar alternativas para suprir isso, seja vendendo alguma coisa de forma autônoma ou, até mesmo, cuidando de outros idosos”.
Olinda é a principal renda da pequena família. “Moro com meu filho, ele faz faculdade e trabalha como estagiário. Sou eu quem sustento a casa com o dinheiro que recebo da aposentadoria e das coisas que eu vendo,” conta.
A aposentada utiliza os dotes culinários de quem trabalhou a vida toda em uma cozinha, para vender pães, trufas, salgados, pipocas e outras guloseimas. “No inverno faço massas, como ravióli e capeleti, é uma coisa que vende bastante, pois as pessoas fazem sopa nos dias frios. Faço também pastel e salgados que uma amiga vende no mercadinho dela. Meu guri vende as trufas na faculdade dele. Vamos nos virando”, diz.
Dona Olinda afirma que ainda tem muito a fazer, que possui disposição para trabalhar por muitos anos e por isso não vê problema em continuar trabalhando mesmo após alcançar o direito ao descanso. “Não me importo de continuar cozinhando, sempre gostei disso. Eu gosto de trabalhar, o que não posso é ficar parada, se parar aí não me mexo mais”, brinca.
Olinda diz que o que a incentivou a dar entrada no pedido de aposentadoria foi toda a polêmica envolvendo a reforma da previdência e por receio do que estava por vir. “Era tanta conversa sobre isso na TV, comentários de que os trabalhadores perderiam seus direitos, que ficaria mais difícil se aposentar. Fiquei com medo de esperar e não conseguir receber meu dinheiro”, afirma.
Segundo a idosa, seu processo de aposentadoria se deu após alguma espera. Depois da entrada no pedido de aposentadoria sempre eram requisitados novos documentos, até que finalmente conseguiu receber o benefício, com todas as correções. “Dei entrada na papelada há um bom tempo, mas sempre faltava um documento, sempre o advogado tinha que ir atrás de outro comprovante. Quando já estava perdendo as esperanças, aceitaram o pedido”, recorda.
Segundo Graziela da Rosa Barbosa, advogada especialista em direito previdenciário, houve um aumento no número de pedidos de aposentadoria. “Muitas pessoas estão com medo de não conseguir se aposentar e acabam entrando com o pedido proporcional”, afirma.
No último ano, questões envolvendo a reforma da previdência tem surgido, a maioria boatos, conforme Graziela. O que realmente mudou diz respeito às alterações na fórmula que passou a ser 85/95.
Na aposentadoria por tempo de contribuição alguns requisitos precisam ser preenchidos, como, por exemplo, a idade e a soma do tempo de contribuição, que deve ser de 85 pontos para as mulheres (55 idade + 30 de contribuição) e 95 pontos para os homens (60 idade + 30 de contribuição). “Mas tanto a mulher quanto o homem que completarem o período de contribuições têm direito à aposentadoria, porém isso diminuiria o valor a ser recebido, o que chamamos de alteração no fator previdenciário”, diz.
O fator previdenciário foi criado em 1999 e é um mecanismo para evitar a aposentadoria de pessoas mais jovens. Caso o indivíduo decida requerer o benefício mais cedo, irá ganhar menos.
Você pode calcular seu fator previdenciário aqui.
Segundo a advogada, o pedido desse tipo de aposentadoria está levando cerca de um ano para apresentar resultados e, mesmo assim, muitos não conseguem o benefício.
Já na aposentadoria por idade, é exigido um tempo mínimo de contribuição que é de 15 anos. “Porém para requerer o benefício, o homem deve ter 65 anos de idade e a mulher 60 anos”. Esse tipo de aposentadoria costuma ser mais ágil, levando cerca de 6 meses para a concessão”, finaliza Graziela.
Durante o período de 2016 e 2017 o Vale do Sinos teve aumento no número de trabalhadores formais com 65 anos ou mais. Esta foi a única faixa etária dentre as pesquisadas que não apresentou queda em nenhum dos catorze municípios da região.
Além disso, os contratados desta faixa tiveram o maior crescimento registrado para o período em comparação com os demais. O número de trabalhadores com 65 anos ou mais em 2016 era de 3607 e subiu para 4019 em 2017 (aumento de 11,42%) em contraponto, a segunda faixa com maior queda foi a de 15-17 anos, que teve uma queda de 18% (de 5.422 em 2016 para 4.447 em 2017).
O Observatório das Realidades e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU analisou comparativamente os dados sobre o emprego no biênio 2016-2017 e apresenta um retrato das movimentações do mercado de trabalho da região do Vale dos Sinos no ano passado. Os dados coletados estão na base pública da Relação Anual de Informações Sociais - RAIS.
O mercado de trabalho no ano de 2017 no Vale do Rio dos Sinos apresentou um aumento em termos absolutos no número de admissões. Enquanto em 2016 o total de trabalhadores na região era de 354.279, o ano passado contabilizou 356.289 admissões, isto é, um aumento de 0,57%. O município de Araricá obteve a maior variação, pois entre o ano de 2016 e 2017 a cidade teve um aumento de 19,17% no número de trabalhadores (1.398 em 2016 para 1.666 em 2017). Entretanto, por mais que Araricá tenha apresentado a maior variação percentual positiva, Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo são os municípios do Vale do Sinos que possuem o maior número de trabalhadores contratados no ano passado, com 82.107, 74.742 e 58.055 respectivamente, representando cerca de 60% do total de empregados da região.
É importante mencionar algumas movimentações nestes últimos anos. O número de trabalhadores na faixa de 10-14 anos sofreu uma queda do ano 2016 para 2017 em sete dos 14 municípios da região. É o caso de Canoas (-21,74%), Dois Irmãos (-100%, com 19 trabalhadores entre 10-14 anos em 2016 e nenhum em 2017), Esteio (-33%), Ivoti (-100% com apenas 2 trabalhadores em 2016 e nenhum jovem em 2017), Nova Santa Rita (-50%), São Leopoldo (-36,8%) e Sapiranga (-60%). Por outro lado, Estância Velha e Sapucaia do Sul apresentaram, cada um, um aumento de 50% no número de trabalhadores.
O estrato de trabalhadores entre 15-17 anos também apresentou queda no número de empregados entre 2016 e 2017 em 11 dos 14 municípios analisados, com destaque para Esteio, que totalizou um declínio de 40,8% (de 228 trabalhadores em 2016 para 135 em 2017). A mesma tendência de involução segue para a faixa de contratados com 18-24 anos, que apresentou resultados negativos em oito municípios, não obstante menores (a maior queda registrada foi no município de Nova Santa Rita, com -8,4%). Para o corte de 25 a 29 anos, a variação negativa também registrada em oito municípios apresentou números menores, sendo a maior queda novamente em Nova Santa Rita com -6,37% e a menor em Portão com -2,4%. Por outro lado, o número desses trabalhadores nos anos supracitados aumentou em Araricá (6,8%), Canoas (3,3%), Estância Velha (4,5%) e Sapucaia do Sul (2%).
O número de trabalhadores de 30 a 39 anos registrou queda em apenas seis municípios, destacando Nova Hartz com -4,86%. Em contrapartida, Araricá contabilizou um aumento de 9,66% no número de empregados nessa faixa etária. O número de municípios com variações negativas diminui nos estratos a seguir: o corte 40-49 anos possui queda em seis municípios, sendo a maior delas em Nova Hartz (-5,4%). O número de trabalhadores entre 50 e 64 anos diminuiu em apenas quatro municípios: Campo Bom (-1,40%), Dois Irmãos (-2,4%), Nova Santa Rita (-0,4%) e Sapiranga (-1,5%).
Infográfico: Número de trabalhadores no Vale do Sinos por faixa etária (2017)
O estrato que compreende trabalhadores com 65 anos ou mais merece destaque por dois motivos. O primeiro é que este corte foi o único que não registrou queda em nenhum dos municípios para o período de 2016 e 2017, além de apresentar as maiores variações positivas; seguem alguns exemplos: Ivoti com +31% (52 trabalhadores em 2016 para 68 em 2017), Nova Hartz com + 38,5% (26 trabalhadores em 2016 para 36 em 2017) e Sapucaia do Sul com +20% (295 trabalhadores em 2016 para 355 em 2017). O segundo motivo é que esse estrato apresentou o maior crescimento entre os demais nos dados concernentes ao aumento do número de trabalhadores do Vale do Rio dos Sinos: 3.607 em 2016 para 4.019 em 2017 (+11,42%), ao passo que o corte 10-14 anos teve uma queda de -29%, uma variação de -18% para os trabalhadores entre 15 e 17 anos e um declínio de -0,51% para aqueles entre 25 e 29 anos.
Em 2017, dos 356.289 trabalhadores, 78 tinham entre 10-14 anos, 4.447 entre 15 e 17 anos, 56.739 na faixa de 18-24 anos, 50.908 entre 25 e 29 anos, 105.001 de 30 a 39 anos (faixa etária com maior número de trabalhadores), 76.788 entre 40 e 49 anos, 58.309 entre 50 e 64 anos e 4.019 trabalhadores com 65 anos ou mais.
Os dados alusivos ao gênero mostram que o mercado de trabalho em 2017 foi composto, em sua maioria, por homens. Dos 356.289 trabalhadores, 194.611 eram homens e 161.678 eram mulheres. Em termos percentuais, 54,6% do total de trabalhadores eram do sexo masculino e 45,4% do sexo feminino. Para o ano de 2016, dos 354.279 trabalhadores, 194.735 eram do sexo masculino (55%) e 159.544 eram do sexo feminino (45%). Apesar da queda de -0,06% do número de homens trabalhadores e o aumento de 1,34% do número de mulheres trabalhadoras entre os dois anos analisados para a região, tal movimento não foi suficiente para mudar a predominância de homens nos postos de trabalho do Vale do Sinos.
Canoas se destaca como o município que possui a maior diferença entre homens e mulheres que trabalharam em 2017: são 11.899 homens a mais que as mulheres. Em 2016, este número era 13.444, mostrando assim uma convergência na ocupação dos postos de trabalho por gênero. São Leopoldo também possui mais homens empregados que mulheres, totalizando 5.885 homens a mais. Para o ano de 2016 esse número era maior, 6.103, também mostrando uma tendência convergente. Por outro lado, a cidade de Dois Irmãos possui mais mulheres ocupando os postos de trabalho se comparado aos homens. São 169 mulheres a mais em 2017 e 317 em 2016. Este dado revela que houve um aumento do número de homens no mercado de trabalho desse município. Ademais, Nova Hartz também apresenta pessoas do sexo feminino ocupando mais postos do que as do sexo masculino: 25 mulheres a mais em 2017, sendo 99 em 2016, também registrando um movimento de convergência. O Vale do Sinos contabilizou no ano passado 32.932 contratações a mais de homens se comparado às mulheres (em 2016 havia 35.191 homens a mais).
Infográfico: Número total de trabalhadores no Vale do Sinos por sexo (2016-2017)
Em 2017, a maior parte dos trabalhadores possuía ensino médio completo em todos os municípios do Vale do Rio dos Sinos, exceto Nova Hartz, que registrou 1.634 trabalhadores com ensino médio incompleto, representando 24% do total de empregados da cidade, seguido pelo corte de ensino médio completo (1.614 pessoas ou 23,7% do total) e 6º e 9º ano do ensino fundamental completo (1.446 pessoas ou 21,20% do total). Canoas, o município que apresenta o maior número de contratados, possuía 51% ou 41.725 trabalhadores com ensino médio completo, 15,6% ou 12.779 empregados com ensino superior completo e 11,21% ou 9.203 contratados com ensino fundamental completo. Outra cidade com mais pessoas contratadas segundo a base de dados RAIS, São Leopoldo, segue a mesma tendência de concentração observada em Canoas, sendo registradas 24.741 pessoas ou 42,62% do total com ensino médio completo, 15,20% ou 8.823 pessoas com ensino superior completo e 11,65% ou 6.758 com ensino fundamental completo.
Infográfico: Grau de instrução dos trabalhadores do Vale do Sinos (2017)
Algumas movimentações no mercado de trabalho no Vale do Sinos entre os anos de 2016 e 2017 merecem destaque. O número de empregados analfabetos decresceu em quase todos os municípios, salvo São Leopoldo (42 trabalhadores analfabetos em 2016 para 48 em 2017) e Sapiranga (42 trabalhadores analfabetos em 2016 para 45 em 2017). O número de empregados com o 5º ano do ensino fundamental também decresceu em 13 dos 14 municípios da região, com destaque para Portão, o qual registrou uma variação negativa de 14,8% (398 contratados em 2016 para 339 em 2017), e Araricá, que foi o único município que apresentou uma taxa de variação positiva: 1,45% (69 em 2016 para 70 trabalhadores em 2017).
Por outro lado, houve um aumento de 3,56% no total de trabalhadores com ensino médio completo entre o ano de 2016 e ano passado na região, com destaque para Araricá, com uma variação positiva de 19,43% (489 empregados em 2016 para 548 em 2017), e Canoas, com um aumento de 6,39% (39.220 contratados em 2016 para 41.725 em 2017). Nova Hartz registrou um aumento de 13,8% nos trabalhadores com ensino superior incompleto (254 graduandos em 2016 para 289 em 2017), Campo Bom se beneficiou com um aumento de 17,87% na parcela da população de trabalhadores com ensino superior completo (2.608 trabalhadores graduados em 2016 para 3.074 em 2017). Canoas recebe destaque novamente pelo considerável aumento na contratação de trabalhadores com mestrado, 160 mestres em 2016, passando para 557 em 2017 (um aumento de 248%), e doutorado, registrando um aumento de 754,5% (de 22 doutores em 2016 para 188 no ano passado). Nova Santa Rita também registrou um aumento no número de doutores contratados: apenas 3 em 2016 passando para 18 em 2017 (uma variação de 500%).
Grande parte dos trabalhadores do Vale do Sinos recebeu entre 1,51 e 2 salários mínimos em 2017. Esta faixa salarial concentrou 91.066 empregados ou 25,56% do total de trabalhadores da região (em 2016 eram 89.623 trabalhadores, isto é, uma variação positiva de 1,61%). O segundo estrato salarial com mais contratados é aquele que engloba de 1,01 a 1,50 salários mínimos, aglomerando 89.120 trabalhadores em 2017, resultando uma variação de apenas 0,4% se comparado com o ano anterior (88.765 trabalhadores recebiam entre 1,01 e 1,50 salários mínimos em 2016). Outra faixa salarial com considerável concentração de empregados é a de 2,01 a 3 salários mínimos, registrando 72.881 pessoas (72.820 em 2016, uma variação positiva de 0,08%). Se agregarmos os estratos disponibilizados pela RAIS, é possível constatar que os trabalhadores que recebem entre 1,01 e 4 salários mínimos representam 79,6% do total da força de trabalho da região. Se ampliarmos para a faixa entre 1,01 e 7 salários mínimos, a representação sobe para 83,9% do total da mão de obra do Vale do Sinos. Em outras palavras, pode-se dizer que 298.798 dos 356.289 trabalhadores da região recebem entre 1,01 e 7 salários mínimos, com destaque para os estratos supramencionados.
Ademais, o estrato de 10,01 a 15 salários mínimos registrou a maior variação positiva entre os anos de 2016 e 2017: 5.076 empregados em 2016 para 5.465 em 2017 (variação de 7,66%). O corte de 7,01 a 10 salários mínimos também merece destaque com uma variação percentual de 4,26% (8.279 trabalhadores em 2016 para 8.632 em 2017) seguido da faixa salarial entre 4,01 e 5 salários mínimos, que passou de 16.288 empregados em 2016 para 16.802 em 2017 (variação de 3,16%). Por outro lado, nota-se uma queda nas faixas salariais menor e maior. Assim, o estrato de até meio salário mínimo registrou uma queda de 14,7% (2.286 trabalhadores em 2016 para 1.950 em 2017), assim como o corte dos trabalhadores que recebem mais de 20 salários mínimos contabilizou uma variação negativa de 7,5% (1.428 empregados em 2016 para 1.321 em 2017).
Canoas, o município com mais pessoas contratadas em 2017, possuía a maior parte dos trabalhadores recebendo entre 1,51 e 2 salários mínimos: são 19.222 empregados ou 23,41% do total da força de trabalho da cidade, também correspondendo a um aumento de 6,19% se comparado com os 18.101 trabalhadores em 2016. O padrão observado em Canoas no ano passado, isto é, a maior parte dos trabalhadores recebendo entre 1,51 e 2 salários mínimos se estende para alguns municípios, como Dois Irmãos (4.357 trabalhadores ou 36,45% da força de trabalho da cidade), Esteio (4.454 empregados ou 24,27% da força de trabalho de Esteio), Novo Hamburgo (21.512 trabalhadores ou 28,91% da força de trabalho de Novo Hamburgo) e São Leopoldo (13.090 empregados ou 22,55% da força de trabalho do município). Por outro lado, cidades como Araricá, Campo Bom, Estância Velha, Nova Hartz e Sapiranga possuíam a maior parte da sua mão de obra (em média 39% da força de trabalho) recebendo entre 1,01 e 1,50 salários mínimos, com destaque para Nova Hartz, com 56,50% dos trabalhadores do município recebendo entre 1,01 e 1,50 salários mínimos. Sapucaia do Sul merece destaque por concentrar 5.096 trabalhadores ou 24,76% de sua força de trabalho recebendo entre 2,01 e 3 salários mínimos.
Infográfico: Número de trabalhadores do Vale do Sinos e suas respectivas rendas (2017)
O número de estabelecimentos no mercado de trabalho no Vale do Sinos no ano de 2017 foi marcado por uma retração de -1,9% se comparado ao ano anterior. Em termos absolutos, pode-se dizer que em 2016 havia 32.839 estabelecimentos na região e 2017 contabilizou 32.203. Se desagregarmos esse número, observa-se uma queda em quase todas as atividades, salvo a administração pública, que se manteve inalterada, e os estabelecimentos do setor de agropecuária, extração vegetal e caça, que registraram um aumento de 2,87% de 2016 para o ano passado (174 estabelecimentos em 2016 para 179 em 2017), com destaque para o município de Estância Velha, que passou de seis estabelecimentos em 2016 para nove no ano passado (aumento de 50%).
O setor da indústria da transformação registrou uma queda de 4,6% no número de estabelecimentos, sendo 6.528 em 2016 e 6.225 em 2017. Novo Hamburgo recebe destaque pela diminuição de 107 estabelecimentos, passando de 1.860 em 2016 para 1.753 no ano passado. O setor da construção civil apresentou a maior taxa percentual negativa para os dois anos analisados, 6% ou 117 estabelecimentos a menos no Vale. Os setores do comércio e serviços, concentradores do maior número de estabelecimentos da região, sendo 12.604 e 11.217, respectivamente, no ano passado, também apresentaram taxas percentuais negativas entre 2016 e 2017. Logo, houve redução de 202 estabelecimentos para o comércio (-1,6%) e 16 para o setor de serviços (-0,1%).
Infográfico: Número de estabelecimentos por setor no Vale do Sinos (2017)
Os dados concernentes à alocação dos trabalhadores nos mais diversos setores no Vale do Sinos mostram algumas movimentações que merecem destaque. A primeira, pertencente à atividade extrativa mineral, mostra a maior variação negativa registrada para os dois anos analisados, sendo 329 trabalhadores em 2016 e 298 (-9,4%) em 2017. Todavia, a maior queda no número de empregados em termos absolutos pertence à indústria calçadista: são 1.892 funcionários a menos (36.296 em 2016 para 35.034 em 2017). O comércio varejista, setor com maior número de funcionários na região do Vale, registrou, em 2017, 59.949 trabalhadores, enquanto em 2016 esse dado era de 60.001, isto é, uma queda de apenas 0,1% ou 52 empregados a menos. Já o comércio atacadista contabilizou 349 trabalhadores a menos ou uma variação negativa de 2,4% (14.448 trabalhadores em 2016 para 14.099 em 2017).
Por outro lado, a administração pública registrou um aumento de 1.218 funcionários (+4,32%), ou seja, 28.182 contratados em 2016 para 29.400 no ano passado. O setor de administração técnica profissional também apresentou um aumento no número de contratados em 2017: foram 362 a mais que 2016 (uma variação de 1,08% ou 33.526 em 2016 para 33.888 em 2017). Por fim, observa-se um salto no número do estrato que engloba médicos odontológicos e veterinários: em 2016 eram 15.378 médicos e em 2017 este número subiu para 18.012, registrando um aumento percentual de 17,1%.
No último domingo, os brasileiros foram às urnas para eleger o novo presidente, governador, deputados e senadores. O Vale do Sinos ajudou a levar ao segundo turno Eduardo Leite (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB), assim como Jair Bolsonaro (PSL), e eleger Luiz Carlos Heinze (PP) e Paulo Paim (PT).
Fernando Haddad (PT), que também estará no segundo turno disputando para presidente, não venceu em nenhum município do Vale do Sinos.
O Observatório das realidades e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, analisou como votou o eleitorado da região no dia 07 de outubro de 2018.
Os cinco candidatos mais votados na região do Vale do Rio dos Sinos foram Jair Bolsonaro, do PSL, com 440.958 votos, seguido por Fernando Haddad, do PT, com 151.489, Ciro Gomes, do PDT, com 87.587, Geraldo Alckmin, do PSDB, com 31.043 e João Amoedo, do Novo, com 30.266 votos.
O candidato Jair Bolsonaro teve as maiores taxas percentuais no município de Estância Velha (66,28%), Campo Bom (64,15%) e Ivoti (64,24%). Por outro lado, Sapucaia do Sul foi o município com a menor taxa percentual (49%). No geral, as taxas percentuais, em relação a Jair Bolsonaro, dos municípios da região estão compreendidas entre 49% e 66%. Fernando Haddad, o segundo colocado nas apurações, apresentou as maiores taxas nos municípios de Nova Santa Rita (26,16%), Sapucaia do Sul (25,36%) e Nova Hartz (24,81%).
Uma tendência observável no Vale do Rio dos Sinos é que a parcela da população que votou em Jair Bolsonaro é, em média, 3 vezes maior que aquela que votou em Fernando Haddad, destacando os municípios de Estância Velha (4,96 vezes maior), Ivoti (4,61 vezes maior) e Campo Bom (4,28 vezes maior). Ademais, o total de votos para presidente na região foi de 830.863, sendo 25.915 votos em branco e 27.745 nulos, representando 6,45% do total.
Os dados da região do Vale do Sinos concernentes aos candidatos a governador apresentam números não tão distantes entre o primeiro e segundo colocados se comparado aos dados para presidente. Excetuando os municípios de Araricá, que contabilizou maior número de votos para Eduardo Leite, do PSDB (1.459 votos ou 39,20% do total da cidade), Sapiranga (Eduardo Leite contabilizou 15.868 ou 34,94% do total da cidade) e Canoas, que registrou Jairo Jorge, do PDT, como o mais votado (42,82% do total da cidade ou 77.227 votos), os onze municípios restantes da região contabilizaram o maior número de votos para José Ivo Sartori, do MDB, com destaque para Ivoti, pela maior diferença (José Ivo Sartori com 48,02% ou 5.704 votos e Eduardo Leite com 28,26% ou 3.357 votos), e Portão, pela menor diferença entre as duas primeiras colocações (José Ivo Sartori com 33,65% ou 5.721 e Eduardo Leite com 33,23% ou 5.651).
O total de votos para governador na região do Vale do Sinos foi de 830.712, sendo 46.411 em branco e 58.496 nulos, representando 12,63% do total, isto é, o dobro de representação se comparados aos votos para presidente.
(Foto: Arte IHU)
Os senadores eleitos para o próximo mandato de oito anos foram Luiz Carlos Heinze (PP) e Paulo Paim (PT). O maior percentual de votos do candidato do PP foi no município de Ivoti (25,17%) e de Paulo Paim foi em Sapucaia do Sul (22,38%). Heinze ganhou em sete municípios da região, Paim em cinco e Carmem Flores (PSL) em Campo Bom e Novo Hamburgo.
O candidato para deputado estadual Tenente Coronel Zucco (PSL), um dos dez deputados mais votados do Vale do Rio dos Sinos, aparece em treze dos catorze municípios da região, destacando o município de Canoas com 6.209 votos (3º colocado). O candidato Ruy Irigaray, também do PSL, aparece em doze municípios entre os dez deputados estaduais mais votados, com destaque para Nova Santa Rita com 507 votos (2º mais votado na cidade). Tarcísio Zimmerman, candidato do PT, aparece em sete municípios e fica na segunda colocação em Novo Hamburgo com 8.759 votos e em Dois Irmãos com 1.750 votos.
Em relação aos dados para deputado federal, destaca-se o candidato Marcel Van Hatten, do Partido Novo, que aparece em todos os municípios da região como um dos dez candidatos mais votados. Em seguida, Onyx Lorenzoni, do DEM, aparece em treze cidades do Vale do Sinos.
Mapa - 10 deputados mais votados no Vale do Sinos
Os cinco candidatos mais votados na Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA seguiram a mesma ordem apresentada no Vale do Sinos. Logo, em ordem decrescente, tem-se o candidato Jair Bolsonaro, do PSL, com 755.914 votos, seguido por Fernando Haddad, do PT, com 304.055, Ciro Gomes, do PDT, com 240.755, Geraldo Alckmin, do PSDB, com 80.452 e João Amoedo, do Novo, com 54.312 votos. Assim, conclui-se que a parcela da população que votou no primeiro colocado é aproximadamente 2,5 vezes maior que aquela que votou no candidato que ficou na segunda colocação.
O candidato Jair Bolsonaro teve as maiores taxas percentuais no município de Glorinha (66,59%), Igrejinha (64,1%) e Taquara (63,25%). Por outro lado, São Jerônimo foi o município com a menor taxa percentual (43,18%). No geral, as taxas percentuais em relação ao candidato Jair Bolsonaro dos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA estão compreendidas entre 43% e 67%. Fernando Haddad, o segundo colocado nas apurações, apresentou as maiores taxas nos municípios de Arroio dos Ratos (29,95%), Capela de Santana (29,67%) e São Jerônimo (26,96%). A cidade de Porto Alegre registrou 362.805 votos (45,43%) para o candidato Jair Bolsonaro e 160.170 votos (20,12%) para o candidato Fernando Haddad.
(Foto: Arte IHU)
O total de votos para candidatos à presidência na Região de Porto Alegre foi de 1.649.220, sendo 64.121 votos em branco e 60.189 votos nulos, representando 7,54% do total.
Os dados relativos aos votos para governador na Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA seguem a tendência do Vale do Sinos referente à menor assimetria entre o primeiro e segundo colocados. Salvo o município de Eldorado do Sul, que possui Jairo Jorge como o mais votado (26,97% do total de votos do município), Eduardo Leite do PSDB e José Ivo Sartori do MDB permutam entre a primeira e segunda colocação nos demais municípios da região. Sendo assim, o candidato Eduardo Leite aparece como primeiro colocado em treze cidades (Alvorada, Arroio dos Ratos, Capela de Santana, Charqueadas, Glorinha, Guaíba, Montenegro, Parobé, Rolante, Santo Antônio da Patrulha, São Jerônimo, São Sebastião do Caí, Triunfo e Viamão) e o candidato José Ivo Sartori aparece na primeira colocação nos seis municípios restantes, incluindo Porto Alegre, que registrou 197.032 votos ou 26,45%.
Dos 1.649.120 votos para governador, 113.997 foram brancos e 126.316 nulos, representando 14,57% do total da Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA.
(Foto: Arte IHU)
Ao longo de 2018 o ObservaSinos trabalhou na criação e publicação do Especial do Trabalho Vale do Sinos. A série histórica do ObservaSinos aborda grandes temas sobre o mundo trabalho entre os anos de 2003 e 2016, período de grande movimentação e transição econômica, política e social no Brasil. Os dados analisados são dos 14 municípios do Conselho Regional de Desenvolvimento - Corede do Vale do Rio dos Sinos, região de atuação do Observatório.
Em uma parceria com a Beta Redação, do curso de Jornalismo da Unisinos, o Especial do Trabalho expandiu sua região de análise para Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Os dados coletados e as matérias produzidas foram uma realização dos alunos da editoria de Economia, que utilizaram os tópicos do Especial do ObservaSinos como fio condutor.
A Beta Redação é um projeto de integração de diferentes atividades acadêmicas do curso de Jornalismo da Unisinos em laboratórios práticos, divididos em seis editorias. O objetivo da Beta Redação é proporcionar aos jornalistas em fase final de formação uma vivência intensa da realidade profissional, fomentando a experimentação e o exercício crítico do Jornalismo, em contato direto com o público.
Especialistas explicam o fenômeno e apontam as mudanças necessárias para o setor voltar a crescer
A reportagem é de Paula Câmara Ferreira, publicada pela Beta Redação, 10-10-2018.
Se a desindustrialização do Brasil e do Rio Grande do Sul antes era tratada como um mito, hoje este fenômeno demonstra ser real. Entre 2011 e 2017, as vagas do Estado no setor da indústria da transformação caíram 43,86% . Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) — do Ministério do Trabalho, o levantamento ainda aponta que no período de 2014 a 2017 as demissões no setor aumentaram 9%.
Somado a isso, o perfil do Estado, criado pela Confederação Nacional da Indústria(CNI), aponta que o setor da Indústria do Rio Grande do Sul diminuiu 5.3 pontos percentuais na participação total do PIB do estado entre 2005 e 2015.
Infográfico: Evolução do emprego na Indústria da Transformação RS
Valdonete Oliveira, 60 anos, ex-gerente de produção de esquadrias de PVC para construção civil, é um dos trabalhadores que foi cortado pela recessão que indústria vem sofrendo. “Trabalhei durante 11 anos no setor e fui desligado da empresa no início deste ano. A queda de produção começou com a crise brasileira política e econômica que reduziram o financiamento para construção civil, tirando o poder de compra de todo cidadão que precisava de imóvel, as construtoras não conseguiram vender seus imóveis afetando toda cadeia de produção”, relembra.
Oliveira conta também que nos bons tempos eles trabalhavam com 80 pessoas na produção fazendo 160 unidades por dia de esquadrias. Antes de sair da empresa, viu a equipe e a produção diminuir para 28 pessoas e 40 unidades por dia.
Para a professora do Programa de Pós Graduação (PPG) em Economia da Unisinos, Janaina Ruffoni, o corte de postos de trabalhos e a perda de renda são características da desindustrialização precoce que o Brasil e o Rio Grande do Sul têm enfrentado. “Deixamos de produzir internamente e passamos a importar. Isso é um efeito negativo da desindustrialização. Perdemos fábricas porque deixamos de ser competitivos, vimos acontecer isso na indústria calçadista”, explica.
Janaina acredita que a indústria deveria pensar em novas áreas de atuação, como produtos de fronteira, pensando em biotecnologia e nanotecnologia, focando no agronegócio (Arquivo Pessoal)
Janaina explica que um dos motivos do estado estar experimentando este fenômeno prematuramente é a entrada da China no mercado mundial. “A indústria rio-grandense não estava preparada para enfrentar uma concorrência internacional mais pesada, como quando a China começou a competir com o Brasil em setores como o calçadista, por exemplo”, acrescenta.
A especialista compara a situação atual da indústria brasileira com outros países que passaram pelo fenômeno da desindustrialização de forma “natural” e destaca: “ Nestes casos, eles se desindustrializam, pois começaram a desenvolver atividades mais intensivas de conhecimento e menos manufatureiras. Então, o processo de deixar de industrializar passou a ser relativamente natural, e a indústria vai para outros países”.
Para o professor e pesquisador do Mestrado Profissional em Gestão e Negócios (MPGN) da UNISINOS e Consultor da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica no RS (ABINEE), Oscar Kronmeyer, a indústria gaúcha vive um processo de redução de sua capacidade de agregar valor ao produto. “Podemos perceber isso nos setores de maior intensidade tecnológica, como é o caso da indústria eletroeletrônica, onde atuo mais proximamente”, explica.
Kronmeyer salienta que o efeito desta redução é o enfraquecimento dos elos da cadeia de valor industrial, o que reduz o adensamento da cadeia produtiva. “Isto significa a perda da capacidade de inovação, pois é na cooperação dos elos nas cadeias produtivas que se estabelecem as grandes oportunidades para desenvolvimento e inovação de produtos”, conta.
Ainda sobre a desindustrialização natural, Janaina esclarece que o desenvolvimento tecnológico e o design projetual ficam nesses países mais desenvolvidos. “Nestes casos, deixando de produzir bens industriais eles focam sua mão de obra para setores de serviços com maior intensidade tecnológica”, explica.
Janaina aponta ainda que a indústria manteve-se focada nos setores já consolidados e deixou de explorar outras oportunidades. “ Nós não somos um país e um estado que produz produtos tenologicamente intensivos, que tenham mais valor agregado por conhecimento e não pela questão da produção relativamente mais barata”, ressalta.
E Kronmeyer alerta: “O risco é termos indústria sim, afinal somos um imenso mercado, que atrai fornecedores, mas não industrialização, no sentido de dominarmos os ciclos de maior acumulação de riqueza. Ou seja, termos indústrias montadoras de produtos, e não desenvolvimento de produtos. Aí, estamos fora dos elos de maior ganho e multiplicadores da inovação”.
Janaina enxerga como o “pulo do gato” da indústria gaúcha o foco cada vez maior na produção, aumentando o valor agregado dos produtos e também se aventurando em novas áreas. “É trabalhar por exemplo com um calçado de valor agregado, com marca e loja própria. E talvez assim conseguir exportar o valor do design e não só um produto que é barato e que apenas por isso vende em grande quantidade”, fala.
Para Oscar Kronmeyer o RS tem uma grande oportunidade de transformar o perfil de sua indústria, investindo em industrialização e intensificação tecnológica na cadeia do agronegócios (Arquivo Pessoal)
Kronmeyer aponta a automação como o futuro da indústria. “Vejo o Brasil inevitavelmente adotando de maneira cada vez maior as tecnologias de automação, mas é preciso que isto seja feito num progressivo progresso rumo ao estado-da-arte, mas em primeiro lugar assegurando a sustentabilidade econômico-financeira destes investimentos”, explica.
O pesquisador relembra que parte significativa da renda e da competitividade brasileira vem do agronegócio. “No RS, 40 a 44% do PIB vem do agronegócio. Assim, me parece evidente que este é o território com maior potencial para automação. E ainda fica evidente que não estamos falando da automação no seu estado mais sofisticado, mas a automação adequada ao contexto competitivo”, pondera.
Outro ponto destacado por Kronmeyer é a importância da Indústria 4.0 para o RS. “Me parece evidente que a Indústria 4.0 cria extraordinárias oportunidades para o empreendedorismo. Progressivamente, o mundo em rede, impulsionado por esta conectividade proporcionada pela tecnologia, permite que mais e mais atores participem das cadeias produtivas, seguramente conduzidas pelas empresas-âncora, mas com oportunidades para empreendedores estarem presentes nestas cadeias”, destaca.
Janaina destaca que para acompanhar a Indústria 4.0 é preciso haver uma mudança do perfil do trabalhador. “Esse tipo de tecnologia que vem vindo exige multidisciplinaridade para se dar conta dela. Isso tem muito a ver com o perfil da mão de obra. Estamos falando da internet das coisas, da inteligência artificial, de máquinas que aprendem a falar. Então, eu preciso sim de um funcionário com uma capacidade maior de lidar com diferentes conhecimentos e diferentes disciplinas”, expõe.
No campo do empreendedorismo, o professor fala sobre o conceito do PRO-CONSUMER. “Somos produtores e consumidores o tempo todo. Isto já é uma realidade, ainda que em pequena escala: cidadãos vendendo o excedente de sua produção caseira de energia elétrica, viabilizada no Brasil com o Smart Grid; application stores, onde cada cliente pode fazer seu aplicativo e vender pela Apple ou Google Play; oportunidades de prestação de serviços com a manufatura aditiva, com impressão 3D, em casa”, fala. Kronmeyer afirma que esta tendência diminui custos para empresas e para clientes. “O cliente contribui fazendo parte do serviço e porque usa parte da sua infraestrutura”, conclui.
O número de jovens aprendizes no Vale do Sinos cresceu 1.212% entre 2003 e 2016 no Vale do Sinos. 69% estavam recebendo entre meio salário mínimo e um salário mínimo na indústria, comércio e serviços, com 51,9% possuindo ensino médio incompleto. O número de jovens aprendizes ainda pode crescer no Vale do Sinos. Há uma demanda de 53,71% a ser suprida no mercado de trabalho.
Os temas abordados no Especial do Trabalho são:
O recorte temporal deste Especial do Trabalho é diferente dos demais, pois o Ministério do Trabalho e Emprego começou a divulgar dados sobre cor, raça e etnia através da Relação Anual de Informações Sociais - RAIS somente no ano de 2006. Os dados ainda são bastante limitados; não é possível, por exemplo, ter uma análise completa por municípios de determinadas informações. Além disso, os dados não permitem fazer cruzamentos entre escolaridade e salários conjuntamente.
Clique aqui para conferir a última análise do Especial do Trabalho Vale do Sinos com a tematização sobre o menor aprendiz no Vale do Sinos.
A fruta tem grande valor para a alimentação, garantindo a saúde e a vida das pessoas. As frutas compõem a riqueza planetária e estão presentes na Ecofeira Unisinos, que ocorre todas as quartas-feiras em frente ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU, em São Leopoldo.
Na última quarta-feira, dia 3 de outubro, foi realizada uma Oficina de Frutas Regionais com a acadêmica de Gastronomia Marcia Tomiazzo e com a produtora rural do município de Antonio Prado Franciele Belle. O objetivo da Oficina é aproximar as pessoas das frutas nativas da nossa região. Na primeira parte da Oficina foram apresentadas as fotos das flores e frutas comestíveis.
Marcia e Franciele juntas mostrando as frutas regionais (Foto: Rafael Bassani/IHU)
Reconhecer as flores e frutas é um desafio para a população e, por isso, um incentivo das oficineiras aos participantes. Temos que ampliar nossos conhecimentos e relações com tudo o que é da terra.
Foi evidenciada a importância do trabalho rural, que tem história e que faz a história. Franciele relatou a sua história familiar que dá vistas às Plantas Alimentícias Não Convencionais, flores comestíveis e frutas nativas.
A família da Franciele foi a pioneira em vender a polpa e também a bebida das frutas, mostrando que o caminho foi longo, mas eles chegaram a um grande potencial no mercado, que contribui para a formação e qualidade de vida da população.
A guariroba foi degustada. Foi feito um suco com e sem açúcar para ressaltar bem o sabor da fruta. Franciele apresentou seu trabalho, dizendo da sua alegria pelo que faz e promovendo a reflexão sobre a alimentação e seu significado para a vida de cada pessoa, para a região e o planeta.
A nêspera ganhou destaque na Oficina. Sua presença marca os cenários dos nossos municípios, porém a maioria da população não usufrui do seu sabor e benefícios. Com a nêspera foi feito um delicioso risoto, partilhado ao final da Oficina. Sabor e saber juntaram-se e promoveram novos desejos para cuidar da terra e do alimento, valorizando os frutos da história desta terra, que garante saúde e sustentabilidade a toda a gente.
Participe das próximas atividades culturais da Ecofeira Unisinos:
Outubro
17/10 – 12h30min – Oficina de Plantas Medicinais – Parte III
Ministrante: profa. MS Denise Schnorr (Instituto Anchietano Unisinos)
Local: Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU
24/10 – 13h às 14h – Roda de conversa sobre alimentação orgânica e as legislações dos agrotóxicos
Coordenação: Marcelo Fernandes Ritter – Emater
Local: Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU
31/10 – 12h30min – Oficina: minhocultura e compostagem
Ministrantes: acadêmico Denis Gamarra, bióloga Daiani Fraporti dos Santos e prof. Gelson Fiorentin (PASEC Unisinos)
Local: Corredor central da Unisinos São Leopoldo (em frente ao IHU)
Novembro
07/11 – 17h – Oficina: Segurança alimentar, nutricional e frutas regionais
Ministrante: Acadêmica Marcia Tomiazzo (curso de Gastronomia Unisinos)
Local: Laboratório de Gastronomia Unisinos
14/11 – 12h30min – Oficina de Plantas Medicinais – Parte IV
Ministrante: profa. MS Denise Schnorr (Instituto Anchietano Unisinos)
Local: Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU
21/11 – 12h30min – Oficina: Plantas Alimentícias Não Convencionais – PANCs
Ministrantes: acadêmico Denis Gamarra, bióloga Daiani Fraporti dos Santos e prof. MS Gelson Fiorentin (PASEC Unisinos)
Local: Corredor central da Unisinos São Leopoldo (em frente ao IHU)
28/11 – 13h – Círculo Cultural
Coordenação: Prof. Dr. Telmo Adams (PPG Educação – Escola de Humanidades Unisinos)
Local: Corredor central da Unisinos São Leopoldo (em frente ao IHU)
Mais informações clicando aqui.
Cada vez mais o olhar da população está voltado para um consumo consciente e uma alimentação mais saudável. Pensando nisso, a EcoFeira Unisinos agora oferece sucos orgânicos feitos com frutas nativas do estado do Rio Grande do Sul.
A expositora Cacilda Rodrigues Barcelos participa há oito anos da Rede de Frutas Nativas produzindo sucos totalmente naturais, sem a adição de nenhum conservante ou adoçante. Para ela, a divulgação das frutas nativas é muito significativa e carregada de memórias. “É importante não deixar esse consumo morrer. Quando eu era criança a gente pegava todas essas frutas do pé e hoje não vemos mais isso”, conta Cacilda.
Alinhada com a novidade nas bancas em frente ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU, a próxima atividade cultural da Ecofeira falará justamente sobre frutas. No dia 3 de outubro, às 17h, a acadêmica do curso de Gastronomia da Unisinos Márcia Tomiazzo ministrará a oficina de Frutas Regionais no laboratório de Gastronomia da universidade. A atividade apresentará ao público frutas da região do Vale do Sinos e seu uso no cotidiano.
A EcoFeira Unisinos acontece todas as quartas-feiras em frente ao IHU e a cada semana traz uma atividade cultural complementar à visão sustentável do projeto.