Desde a sua criação, o Observatório das realidades e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos tem como seu foco de atuação o mundo do trabalho e dos/as trabalhadores/as. No mês de maio, quando completa dez anos de existência, o ObservaSinos preparou uma série de ações para memorar o seu trabalho de sistematização, análise e publicização de dados sobre as realidades do Vale do Sinos e da Região Metropolitana de Porto Alegre.
Uma destas ações é o Especial do Trabalho Vale do Sinos. A série histórica do ObservaSinos abordará quatro grandes temas sobre o trabalho entre os anos de 2003 e 2016, período de grande movimentação e transição econômica, política e social no Brasil. Os dados analisados são dos 14 municípios do Conselho Regional de Desenvolvimento - Corede do Vale do Rio dos Sinos, região de atuação do Observatório.
Esta publicação especial também será um subsídio para os debates no Ciclo de Palestras: Trajetórias da Política Econômica Brasileira 2003-2017, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU.
Os temas abordados no Especial do Trabalho são:
Confira a primeira parte do Especial do Trabalho Vale do Sinos.
Os homicídios aumentaram 60,6% nos últimos 20 anos no Brasil. No Rio Grande do Sul o número aumentou em 117,6% nesse mesmo período. O Vale do Sinos, na contramão do Brasil e do estado do Rio Grande do Sul, diminuiu o número de homicídios em 5,1%. A diminuição dos casos na região não foi suficiente para reduzir a participação dos jovens nos homicídios, que aumentaram a partir de 2013. O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, apresenta os dados de 1996 a 2016.
O número de homicídios alcançou 62.517 casos no Brasil no ano de 2016. A quantidade de homicídios aumentou em 60,6%, quando comparado com 1996, que teve 38.929 casos. O maior número de casos aconteceu no Nordeste e no Sudeste, e o menor foi no Centro-Oeste. Dos mais de 62 mil homicídios em 2016, 72,6% dos casos foram com pretos e pardos e 92,4% com homens. Os dados do Atlas da Violência ainda revelam que 50,8% dos homicídios aconteceram com jovens com idade entre 15 e 29 anos.
Em entrevista à Revista IHU On-Line, Marcos Rolim, especialista em Segurança Pública pela Universidade de Oxford, explica os motivos dos homicídios acontecerem mais com jovens negros e pobres: “O modelo de polícia que temos determina a extração social dos que serão presos, porque os crimes de colarinho branco não são cometidos na rua, logo seus autores não serão flagrados. Para se chegar aos bandidos ricos e poderosos, é preciso investigação de alta complexidade. O sistema que temos não seleciona os crimes praticados pelas elites, e essa é a razão pela qual a grande maioria dos policiais nunca irá prender um bandido rico”.
No Rio Grande do Sul, o número de homicídios aumentou em 117,6% entre 1996 (1.482) e 2016 (3.225). O município de Porto Alegre teve 824 casos. Diferente da média do Brasil, em que os homicídios aconteceram na sua maior parte com pretos e pardos, no estado, dos 3.225 homicídios no ano de 2016, 76,5% dos casos foram com não pretos e pardos e 90,4% aconteceram com homens. E 49,9% dos homicídios aconteceram com jovens com idade entre 15 e 29 anos, próximo da média brasileira.
No Vale do Sinos, os casos de homicídios na região dos 14 municípios diminuíram 5,1%, diferente do Brasil e do Rio Grande do Sul, nos quais o número de casos aumentou. O homicídio de jovens entre 15 e 29 anos acompanha a mesma trajetória dos homicídios com as restantes faixas etárias da população do Vale do Sinos. O fato de 50,3% dos homicídios terem ocorrido com jovens em 2016 explica os homicídios dos jovens acompanharem a trajetória na região.
Infográfico: Homicídios no Vale do Sinos
O município de Canoas foi o que mais registrou casos de homicídios com jovens no Vale do Sinos. Já os municípios de Araricá e Ivoti não tiveram nenhum caso de homicídio envolvendo jovens. A taxa de homicídio mais alta da população geral, entre os 14 munícipios, no Vale do Sinos, foi em Nova Hartz, com 98,9%, e a menor foi em Sapucaia do Sul, com 18,8% no ano de 2016.
Infográfico: Número de homicídio de jovens nos municípios do Vale do Sinos
Acesse aqui o número de homicídios por municípios.
Apesar da diminuição em números absolutos, a participação dos homicídios de jovens tem aumentado a partir de 2013, enquanto os homicídios com as demais faixas etárias da população diminuíram. De 2013 a 2016, o Brasil passou por muitos acontecimentos sociais, políticos e econômicos: as manifestações de Junho de 2013, as eleições de 2014, o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e o governo de Michel Temer. No meio desses acontecimentos, a economia brasileira passou por uma desaceleração, até que no ano de 2015 ingressou em uma grave crise.
Infográfico: Percentual de homicídio de jovens no Vale do Sinos
O “Especial do Trabalho Vale do Sinos” sobre geração no mercado de trabalho constatou que entre 2003 e 2016, especialmente a partir 2010, houve redução de jovens no mercado de trabalho de 39,8% para 30,4%. Enquanto houve essa redução com os adolescentes e jovens entre 10 e 29 anos, a participação daqueles que estão na faixa etária acima de 50 anos dobrou. A participação de adultos e idosos acima de 50 anos de idade era de 8,8% em 2003, passando a ser de 17,2% no ano de 2016.
Confira o vídeo - Em setembro de 2017, o ObservaSinos promoveu o Seminário: “Realidades e Políticas Públicas para as Juventudes no Vale do Sinos”.
Em entrevista ao ObservaSinos, o professor do Programa de Ciências Sociais da Unisinos, Carlos Gadea, pondera que a crise econômica tem papel central nos casos de homicídios, mas o fator econômico explica pouco o aumento de casos. O professor ressalta que “trata-se mais de uma maior participação de jovens em facções criminosas, na medida que esse aumento dos homicídios está atrelado a confrontos mais diretos entre facções.”
Gadea explica que o aumento dos homicídios está relacionado a participação mais comprometida de jovens em facções criminosas. O professor ainda alerta que as facções criminosas passaram a ser “mais fragmentadas e de grupo mais reduzidos, numericamente, onde a mobilidade na ascensão dos espaços mais elevados na hierarquia mudam de maneira mais vertiginosa. Esta mobilidade provoca mais atritos, fidelidades mais mutáveis e menos permanentes.”
Essas características acabam gerando todos os problemas dos homicídios, segundo o professor Gadea. Para ele “a crise econômica é um pano de fundo, mas deve se observar mais de perto a mudança da ação das facções atualmente, como algo que explica melhor o fenômeno dos homicídios”.
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, está promovendo um edital de apresentação de trabalhos referente ao Vale do Sinos e Região Metropolitana de Porto Alegre. O objetivo é propor a participação de pessoas interessadas em contribuir com a sistematização de análises das realidades das duas regiões.
Os trabalhos devem se constituir em análises sobre as realidades e as políticas públicas e podem tematizar as questões relacionadas a: ambiente, educação, mobilidade, moradia, população, proteção social, saúde, segurança, renda e trabalho. Os trabalhos devem estar relacionados aos municípios e/ou região do Vale do Sinos, assim como à Região Metropolitana de Porto Alegre, dada a importância de se conhecer e analisar o território local em um contexto global.
A abertura oficial do edital ocorrerá no dia 03/07 e se manterá recebendo trabalhos até o dia 30/09. Após a seleção das análises, a partir do dia 21/10 será realizada a divulgação dos trabalhos selecionados. Após isso, os trabalhos escolhidos serão publicados nas Notícias do Dia do IHU, assim como na homepage do ObservaSinos. Os participantes receberão certificados com horas complementares de estudos.
Serviço:
Apresentação dos trabalhos:
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, promoveu a Mostra de Trabalhos: Violências, resistências e enfrentamentos. O evento fez parte da série de atividades do Ciclo de Estudos “Violências no mundo contemporâneo, interfaces, resistências e enfrentamentos”. Ao todo, nove trabalhos foram apresentados para a mostra. O evento também foi transmitido ao vivo e ficou gravado no canal do YouTube do IHU.
Os trabalhos tiveram o objetivo de realizar a investigação e intervenção na realidade das violências, apontando perspectivas de enfrentamentos para os seus mais diferentes tipos. Após cada apresentação, os participantes debateram sobre os temas expostos, na busca por agregar informações transdisciplinares, já que o público era bastante diversificado.
O trabalho “Violência de gênero e seus impactos na educação infantil: o que dizem as coordenações pedagógicas” apresentou um estudo vinculado à dissertação “Coordenação pedagógica na Educação Infantil: elaboração de uma rede (in)formativa sobre gênero e sexualidade”. A partir das pesquisas foi feita a reflexão, com as coordenadoras pedagógicas, sobre violências de gênero que perpassam a escola. Acesse aqui o trabalho.
O segundo trabalho apresentado foi “A matriz heteronormativa nos maus-tratos emocionais: um estudo de caso com/sobre casais gays”. O trabalho analisou de que forma se configuram os maus-tratos emocionais em casais não heterossexuais. A pesquisa foi realizada através de dados inseridos na pesquisa maior, intitulada “Violências de gênero, amor romântico e famílias: entre idealizações e invisibilidades, os maus-tratos emocionais e a morte”. Acesse aqui o trabalho.
A terceira apresentação foi sobre o tema “Violência mítica ou divina na educação? Contribuições para a formação de professores”. O trabalho apresentou uma crítica à violência institucional e às escolas que reproduzem este sistema. Acesse aqui o trabalho.
Na quarta apresentação, o trabalho “Violência autoprovocada no município de Canoas/RS: Perfil epidemiológico e a Rede de Atenção” mostrou o impacto na morbimortalidade, e como a violência, nas suas mais diversas formas, tem contribuído para a perda de qualidade de vida entre as pessoas. Também trouxe diversos dados sobre o tema, como a estimativa de que mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio e, a cada adulto que se suicida, pelo menos outros vinte atentam contra a própria vida, segundo a OMS. Acesse aqui o trabalho.
A quinta apresentação foi sobre o tema “Juventudes e vulnerabilidade à violência: o olhar do Observatório de Segurança Pública de Canoas”. O Observatório de Canoas é membro da Rede de Observatórios e expôs a correlação entre letalidade e vínculo escolar no município de Canoas, com o intuito de embasar e dar visibilidade às populações que devem ser foco de políticas públicas de prevenção à violência. Acesse aqui o trabalho.
O sexto trabalho tratou do tema “Sistema Prisional e a Assistência Educacional: a educação como instrumento de reinserção”. O objetivo foi de realizar uma revisão sistemática da literatura sobre a importância da assistência educacional, dentro do Instituto Penal Brasileiro, evidenciando a reinserção do apenado na sociedade para fortalecer a sua autonomia. Acesse aqui o trabalho.
O sétimo trabalho foi "Peripécia Fotográfica - O que eu (não) vejo", que apresentou fotos produzidas por mulheres atendidas por um Centro de Referência da Mulher (CRM) da Região Metropolitana de Porto Alegre. O objetivo do trabalho foi de buscar novos olhares e sentidos acerca das percepções e impressões das mulheres usuárias do serviço que estiveram ou estão em situação de violência doméstica. Acesse aqui o trabalho.
A oitava apresentação foi sobre o trabalho “Técnicas de neutralização utilizadas no cometimento de crimes de estado durante o regime ditatorial brasileiro”, que tratou de uma técnica utilizada durante a ditadura para negar as vítimas de violência da época. Acesse aqui o trabalho.
O último trabalho apresentado foi “O medo utilizado como forma de controle social no trabalho pós-moderno: um ataque velado à dignidade da pessoa humana”. Ele trouxe a discussão sobre a invisibilidade da violência contra os trabalhadores e a precarização da mão de obra, diminuição dos direitos, trabalho análogo ao escravo, precariedade das condições de trabalho, assédio moral e sexual nas corporações, dentre outras tantas formas. Acesse aqui o trabalho.
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos promoveu, em abril, a palestra “Trabalho e as desigualdades no Vale do Sinos”. A atividade foi ministrada pela Profa. Ms. Vanessa de Souza Batisti, do curso de Economia da Unisinos. O objetivo da atividade foi debater os dados do trabalho, emprego, renda e das desigualdades dos municípios e região do Vale do Sinos. Um dos principais focos de discussão também foi o mundo do trabalho, que vem sofrendo alterações e é o objeto principal de estudo do ObservaSinos.
A professora iniciou a apresentação revelando o objeto de estudo da sua tese de mestrado, que foi o norteador da palestra. Ela apresentou a transformação da estrutura produtiva ocorrida, e que ainda vem ocorrendo, no Vale do Rio dos Sinos, a partir da década de 1990. Contextualizando o Vale do Sinos, Vanessa afirma que a região é conhecida nacional e internacionalmente pela especialização em produção de calçados.
“É um dos ambientes produtivos mais estruturados para a produção deste produto, já que ali se concentram diversas firmas de setores e ramos correlatos ao calçadista. Já foi considerado o maior aglomerado produtor e exportador de calçados do mundo, entre as décadas de 1970 e 1980”, diz.
Ela também revela que, com o aumento da concorrência internacional nos anos 90 e a valorização cambial nos primeiros anos do Plano Real, ocorreu uma crise sem precedentes no Vale dos Sinos e, a partir disso, se intensificou o processo de transformação produtiva no Vale. Com isso, Vanessa informa que ocorreu o “incremento da participação nos empregos e nos estabelecimentos das atividades intensivas em Conhecimento e em Especialização” e a “redução da participação nos empregos das atividades intensivas em Trabalho, com manutenção da participação nos estabelecimentos”.
Como principais mudanças no Vale do Sinos, ela destaca a mudança na estrutura produtiva, com desindustrialização entre setores industriais e o aumento da força de trabalho em atividades como metalmecânica, por exemplo. Vanessa também faz uma reflexão sobre o comportamento das indústrias neste sentido.
“As indústrias de couro (seu beneficiamento), calçados e artefatos, seguem bastante representativas, quando se refere à especialização dos estabelecimentos do Vale – o que pode evidenciar a migração dos “empregos”, que antes existiam na indústria coureiro-calçadista na região, para possíveis empreendimentos de ex-funcionários da indústria, que seguiram participando da cadeia via relações de subcontratação”, explica.
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, participou, no dia 27 de abril, do 1º Ciclo de Estudos e Ações em Rede do Observatório de Políticas e Ambiente - ObservaCampos. O ObservaSinos foi convidado para apresentar os seus dez anos de trabalho de sistematização, análise e publicização de dados da realidade dos municípios do Vale do Sinos e Região Metropolitana de Porto Alegre.
Com o objetivo de realizar a troca de experiências com os participantes, o tema do ciclo foi "Observatórios no Rio Grande do Sul: ObservaCampos e ObservaSinos". A atividade reuniu professores pesquisadores, funcionários e alunos bolsistas que tematizam as áreas dos observatórios. Na oportunidade, o ObservaCampos também integrou-se à Rede de Observatórios.
O ObservaCampos fica localizado em São Francisco de Paula/RS e tem como objetivo realizar o monitoramento e sistematização de dados e análise do território dos Campos de Cima da Serra.
Ao longo de uma década, observatório expande as análises de dados sobre as diferentes realidades do Vale do Rio dos Sinos.
No Dia Internacional do Trabalhador, 1º de maio, o “Observa” celebra seu aniversário de observação da realidade e das políticas públicas (ou a falta delas) no Vale do Rio dos Sinos. O ObservaSinos, como é oficialmente chamado, é um dos programas que compõem o Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
A reportagem é de Lucas Schardong, publicada por Beta Redação, 30-04-2018.
Com a ideia inicial de ser um programa voltado para o mundo do trabalho, o Observatório hoje completa dez anos de atuação trazendo informações sobre as diferentes realidades de 34 municípios do Vale do Rio dos Sinos e da Região Metropolitana de Porto Alegre.
A Beta Redação preparou uma lista com todos os anos de vida do Observatório e fatos que marcaram essa trajetória. Também foi traçado um paralelo com eventos importantes que aconteceram no Brasil e no mundo. Confira:
No ano de grande crise financeira mundial, que se deu a partir da queda da bolsa de valores dos EUA, Dow Jones, a preocupação com a economia brasileira e seus impactos refletia nas ações do Instituto Humanitas Unisinos. Tendo o trabalho como uma de suas cinco grandes áreas de interesse, o IHU projetou durante o ano diversos eventos chamados Conversas sobre o Mundo do Trabalho e da vida dos Trabalhadores/as.
O mundo do trabalho foi o que motivou o surgimento do ObservaSinos (Foto: Fotos Públicas/Alan White)
Trabalhadores, políticos e pesquisadores dos 14 municípios do Vale do Rio dos Sinos se reuniram para apresentar dados com as temáticas: trabalho formal e informal, mulheres no mercado de trabalho, educação, pessoas com deficiência (PCDs), desenvolvimento regional, entre outros. A preocupação era como a crise econômica repercutiria no emprego da região.
Nessa época o Observatório ainda não havia sido criado e, conforme a coordenadora do ObservaSinos, Marilene Maia, foram os participantes que indicaram a necessidade de um espaço para aprender a utilizar as bases de dados. “Eles indicaram a importância do acesso e análise às bases de dados, em vista de melhor subsidiar a análise e intervenção nas realidades”, conta.
A saúde também é um dos eixos de pesquisa do ObservaSinos, que utiliza bases como o departamento de informática do SUS (DATASUS), por exemplo, para produzir as análises. O ano de 2009 foi marcado pela pandemia de gripe A (H1N1), que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), se tornou uma “emergência na saúde pública internacional”. Conforme dados do Ministério da Saúde da época, 78% dos casos de gripe no país foram decorrentes do H1N1 e 20% das mortes mundiais por conta da doença ocorreram no Brasil. Foram mais de 600 óbitos.
Após a demanda dos trabalhadores no ano anterior, o IHU promoveu o Fórum de formação dos indicadores do Vale do Sinos. O evento reuniu trabalhadores, gestores governamentais, lideranças e pesquisadores que debateram sobre as diferentes bases de dados públicas das esferas mundial, nacional e estadual.
Acesso a bases de dados fundamenta o trabalho do Observatório (Foto: Canvas/Lucas Schardong)
Ao final do ano e do fórum percebeu-se a importância de contar com um espaço para reunir e publicizar os dados dos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre e do Vale do Rio dos Sinos. O IHU em conjunto com a Unisinos contribuíram para a viabilização deste espaço.
Finalmente o ObservaSinos toma a forma de observatório social. No início, ele não desenvolvia análises próprias, mas tinha uma parceria com a Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (FEE), que desenvolvia suas notas a partir dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). A coordenadora do ObservaSinos, Marilene Maia, explica que essas análises eram feitas apenas no ObservaSinos. “Foi uma experiência inédita. Era o único lugar do Brasil onde se fazia este tipo de análise com um recorte local, relacionando com o estado gaúcho e o Vale do Sinos”, afirma.
Para realizar o trabalho são acessadas diferentes bases de dados públicas, pelas áreas de atuação: Ambiente, educação, mobilidade, moradia, população, proteção social, saúde, segurança e trabalho. A partir da sistematização e análise dos materiais encontrados é realizada a exposição dessas informações.
Confira o vídeo da coordenadora do ObservaSinos, Marilene Maia, apresentando o Observatório.
Atualmente na sétima edição o Seminário de Observatórios reúne trabalhos e pesquisas de acadêmicos e especialistas nos temas pautados durante os seminários. Diversos observatórios do Rio Grande do Sul e do Brasil já participaram do evento, que teve como primeiro tema as metodologias e impactos nas Políticas Públicas.
7ª edição do Seminário de Observatórios teve como tema “Pesquisas, instituições e sociedade nas tramas de crise” (Foto: Lucas Schardong/ Beta Redação)
Para Moisés Waismann, que acompanhou a construção do Observasinos desde os primeiros passos e coordena o Observatório Unilasalle Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, “nos seminários foram aparecendo uma diversidade de Observatórios que tratavam de vários temas, várias regiões geográficas e com dados e tratamentos diversos”, diz.
Em 2011 também foi criada a Lei de Acesso à Informação, que seria aprovada em 2012. Conforme o site do Governo Federal, a lei criou mecanismos que possibilitam a qualquer pessoa, física ou jurídica, sem necessidade de apresentar motivo, o recebimento de informações públicas dos órgãos e entidades.
No ano que o Brasil sediou a Rio+20 e, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o país respondeu por 11% dos homicídios no mundo. Logo, viu-se a necessidade de dialogar sobre questões fundamentais com políticos, pesquisadores e população em geral.
Para isto, o Observa criou a Mostra Virtual do ObservaSinos: De Olho no Vale. Com 16 banners físicos e virtuais, diferentes indicadores socioeconômicos dos 14 municípios do Vale do Sinos foram apresentados para a universidade, escolas e comunidades de várias cidades.
Inauguração da Mostra ocorreu na galeria cultural da Biblioteca Unisinos (Foto: Divulgação ObservaSinos)
Em 2013, protestos reuniram mais de 100 mil pessoas nas ruas do país, e os índices econômicos brasileiros davam os primeiros sinais de que sofreríamos com a onda que abateu a economia mundial em 2008.
A partir do 3º Seminário de Observatórios, os participantes entenderam que era necessário o fortalecimento das ferramentas de controle social. “Na interação dos acadêmicos, técnicos, pesquisadores e professores foi surgindo uma necessidade de mantermos o contato ao longo do ano, não somente uma vez por ano”, revela Moisés Waismann.
Com isso foi criada a Rede de Observatórios, que se reúne para combinar esforços na compreensão da realidade, assim como propor estudos e pesquisas juntos. Ao todo, 19 observatórios fazem parte.
Neste ano o ObservaSinos avançou o seu fluxo de trabalho com diferentes formas de análise e exposição dos dados. Um exemplo disso é o jogo Cida & Adão, criado por estagiários do Observatório que fomenta a alimentação saudável e a importância do consumo consciente. Ainda sem um espaço digital próprio, o ObservaSinos apresentava seus trabalhos em uma página do site do Instituto Humanitas Unisinos.
Jogo Cida & Adão foi desenvolvido para expor dados sobre consumo consciente e alimentação saudável (Arte: Divulgação ObservaSinos)
Com a ideia de se aprofundar ainda mais na realidade do Vale do Sinos, percebeu-se a importância de incluir a Região Metropolitana de Porto Alegre neste contexto de estudos. “Na discussão sobre a metrópole, viu-se, nos dados, que ela marcava a vida das pessoas do Vale do Sinos. Por isso começamos a contextualizar os dois em nossas análises”, conta Marilene Maia.
Área de atuação do ObservaSinos abrange os 34 municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Arte: Divulgação ObservaSinos)
Com o dado de que 17 trabalhadores sofrem acidentes no ambiente de trabalho na Região do Vale do Rio dos Sinos a cada 24 horas, o ObservaSinos deu início ao Ciclo de Estudos de Saúde e Segurança no Trabalho. A demanda foi trazida pelos próprios trabalhadores da região, que sentiam a necessidade de melhorar a segurança do trabalho e cobrar melhorias nas empresas em que trabalhavam. O Ciclo apresentou a importância da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e ajudou os trabalhadores a construírem os mapas de saúde e segurança das suas empresas.
O evento também teve como objetivo dar protagonismo aos trabalhadores através do acesso à informação e incentivo a busca de seus direitos. Isso ocorreu no ano em que o Brasil viu o rompimento de barragem em Mariana, considerado o desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira.
Trabalhadores do Vale do Sinos relataram suas experiências no Ciclo de Estudos de Saúde e Segurança no Trabalho (Foto: Lucas Schardong/ Beta Redação)
No ano do impeachment da presidente Dilma, das Olímpiadas no Rio de Janeiro, eleições dos EUA ganhas por Donald Trump e a evolução digital tomando diferentes formas, o ObservaSinos ganhou uma cara nova.
O novo site foi lançado em 2016, melhorando o acesso às análises do Observatório e à exposição dos dados, para além das tabelas, tornando mais atrativo e acessível para o público em geral.
Desde 2009, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com consumo médio mensal de 5,2 quilos de veneno agrícola por habitante. Os dados coletados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) pelo ObservaSinos informam uma preocupante questão sobre a saúde da população.
Com isso, e para além do trabalho da análise de dados, o Observatório se propôs a encabeçar a EcoFeira Unisinos. A feira agroecológica é um espaço de venda e consumo de produtos orgânicos de produtores do Vale do Sinos. Ela foi desenvolvida em parceria com com a ASCAR/EMATER, Centro de Cidadania e Ação Social (CCIAS), Associação dos Docentes da Unisinos — Adunisinos, Coopersinos e diversos cursos de graduação e do Programa de Pós-graduação da Unisinos.
EcoFeira Unisinos fica localizada em frente ao IHU, no corredor central da Unisinos (Foto: ObservaSinos/Carolina Lima)
Além da comercialização de produtos, que ocorre semanalmente, a Ecofeira disponibiliza oficinas que são voltadas para as práticas da alimentação saudável, desenvolvimento sustentável e atividades culturais da mesma temática.
Ao longo dos dez anos de ObservaSinos, o mundo do trabalho sempre esteve como foco em seu objeto de análise. Para 2018, o Observatório dará início ao “Especial do Trabalho Vale do Sinos”, série histórica que avalia o sobre o mercado de trabalho da região entre os anos 2003 e 2016. Além dos trabalhos anuais, como eventos de formação e informação, Seminário de Observatórios e EcoFeira, o Observa criará um Glossário de Estatística, para facilitar na compreensão dos termos encontrados nas mais diversas análises.
Desde 2013 o ObservaSinos coleta anualmente os seus próprios dados (Arte: Freepik/Lucas Schardong)
O Observatório de Segurança Pública de Canoas (OSPC) foi constituído por sociólogos e geógrafos com um perfil aplicado à prática e às ferramentas de inteligência (como os softwares de análises estatísticas e de georreferenciamento, além das inovadoras técnicas de pesquisa).
É uma ferramenta estratégica inovadora que auxilia o trabalho dos gestores públicos da área de segurança da cidade de Canoas. Serve como base para o planejamento de políticas públicas e estratégias de enfrentamento da violência urbana, possibilitando à administração pública uma gestão mais inteligente dos recursos empregados, aumentando a segurança e a qualidade de vida da população do município.
Atualmente, os principais indicadores criminais monitorados pelo Observatório são: Mortes Violentas (homicídio, latrocínio, encontro de cadáver, mortes decorrentes de confronto com a polícia e feminicídio), Violência contra a Mulher, Furto e Roubo de Veículos.
O Observatório, que integra a Rede de Observatórios, realizou uma análise com os dados de 2017 sobreMortes Violentas, Violência contra a Mulher e Letalidade Juvenil.
Eis o texto
Metodologia de análise de Mortes Violentas
Metodologia - Indicadores de Violência contra a Mulher
A SSP/RS divulga, trimestralmente, dados quanto aos registros de violência contra a mulher enquadrados como violência doméstica e familiar, a partir da leitura dos boletins de ocorrência;
De forma complementar, a DEAM de Canoas contribuiu com a análise dos inquéritos das ocorrências de mortes violentas com vítimas no município, categorizando-as, conforme as circunstâncias, como feminicídio.
O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, publica a Carta do Mercado de Trabalho, dos meses de março e abril de 2018, que é produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas. A Carta mostra o movimento do trabalho no Brasil, no Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas.
Conforme a publicação da Carta do Mercado de Trabalho o mercado de trabalho formal brasileiro registrou, entre admissões e demissões, saldo positivo no mês de abril de 2018, com 115.898 postos de trabalho com carteira assinada o que representa uma ampliação em 0,30% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor de serviços, com 64.237, foi o que mais abriu postos de trabalho, seguido pela indústria de transformação, com 24.108, No ano foram abertos 336.855 postos de trabalho com carteira assinada.
No mercado de trabalho formal rio-grandense no mês de abril de 2018 registrou saldo negativo, resultado entre as admissões e demissões, de 1.252 postos de trabalho o que representa uma queda de 0,05% sobre o estoque de empregos de mês anterior. O setor de serviços com 1.926 foi o que mais ampliou vagas no mercado formal de trabalho, ao mesmo tempo em que a agropecuária, com 3.264, foi o que mais encerrou. Neste ano no estado do Rio Grande do Sul foram criadas 42.924 vagas com carteira assinada.
Clique aqui para acessar a Carta do Mercado de Trabalho de abril.
Durante o mês de março, o mercado de trabalho formal brasileiro registrou, entre admissões e demissões, saldo positivo no mês de março de 2018, com 56.151 postos de trabalho com carteira assinada o que representa uma ampliação em 0,15% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor de serviços, com 57.384 foi o que mais abriu postos de trabalho já a agropecuária, com 17.827, foi o setor que mais fechou postos de trabalho.
No Rio Grande do Sul, no mês de março de 2018 registrou saldo positivo, resultado entre as admissões e demissões, de 12.667 postos de trabalho o que representa um acréscimo de 0,50% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor da indústria de transformação, com 7.649, foi o que mais ampliou vagas no mercado formal de trabalho, ao mesmo tempo em que a agropecuária, com 3.065 foi o que mais encerrou.
Clique aqui para acessar a Carta do Mercado de Trabalho de março.
Na última quarta-feira (16/05) a Rede de Observatórios iniciou a construção de um glossário de termos que subsidie, oriente e articule os processos de trabalho dos Observatórios. Há oito anos um grupo de Observatórios com atuação no Rio Grande do Sul articula suas ações, que tem o objetivo de democratizar a informação e potencializar o exercício do controle social sobre as políticas públicas.
Uma das perspectivas vislumbradas pela Rede para facilitar este processo de trabalho coletivo era reunir e publicizar os valores, propósitos, metodologia e instrumentos utilizados em comum. A oficina de criação do glossário deu a largada para esta sistematização, cujo lançamento público ocorrerá no VIII Seminário de Observatórios, nos dias 22 e 23 de outubro de 2018, na Unisinos Porto Alegre.
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, e a Rede de Observatórios entendem que a democratização da informação é um passo importante para a afirmação das políticas públicas e da cidadania.
A oficina contou com a participação de diversos observatórios, professores e pesquisadores interessados em contribuir coletivamente com a elaboração do projeto.
O evento ocorreu em parceria com a H2H Hub Virtual, empresa instalada no Tecnosinos e cofundada por Vanessa Batisti, que já participou como palestrante no evento “Trabalho e as desigualdades no Vale do Sinos”.
Durante a oficina, três grupos foram divididos conforme as áreas de atuação dos participantes (Foto: Lucas Schardong/IHU)
Um dos Observatórios participantes da Oficina foi o ObservaCampos - Observatório de Políticas e Ambiente, que se integrou recentemente à Rede de Observatórios. O ObservaCampos, localizado em São Francisco de Paula/RS, tem como objetivo realizar o monitoramento e sistematização de dados e análise do território dos Campos de Cima da Serra.
Outra novidade foi a participação do recém-criado Observatório da Criança e do Adolescente - OCA. Coordenado por Cléber da Silva de Ávila, que também faz parte do Observatório de Segurança de São Leopoldo, o OCA foi criado para reunir informações sobre as realidades das crianças e adolescentes de São Leopoldo como uma forma de enfrentar a violência no município.