Blog da ObservaSinos - ObservaSinos

Ampliar a análise e o debate sobre as realidades do Vale do Rio dos Sinos e da Região Metropolitana de Porto Alegre por meio de sistematizações de pesquisas e/ou experiências de intervenção é o objetivo do edital de publicação de trabalhos. Desde 2015, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, promove o edital a fim de dar espaço para  trabalhos que analisaram realidades a partir de diferentes perspectivas.

O primeiro artigo é “Tornar-se mãe na adolescência: Trajetórias de vida e itinerâncias na rede de saúde do município de Sapucaia do Sul”, de Cíntia Mueller.

Cíntia Mueller é graduada no curso de  Serviço Social da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS e é assessora na Secretaria Municipal de Saúde de Sapucaia do Sul.

Eis o artigo.

As questões pertinentes à integralidade no atendimento de adolescentes – principalmente em relação à saúde sexual e reprodutiva, com foco para a gravidez precoce – abarcam lacunas, dificuldades e contradições de diferentes ordens. Parte delas se relaciona à própria fase peculiar de desenvolvimento da adolescência, que desafia o mundo adulto a compreendê-la e dela participar de forma respeitosa e ética. Por outro lado, os temas que tangem à adolescência e à sexualidade sempre se mantiveram como tabus na sociedade e, apesar dos muitos avanços, é possível perceber o velamento ao diálogo aberto sobre o assunto nas relações familiares e sociais.

Diante desse contexto, este trabalho apresenta os resultados da pesquisa que objetivou, na ótica do Serviço Social, conhecer como as adolescentes vivenciam a gravidez em suas trajetórias de vida e no acesso à rede de saúde. Os resultados abrangeram o mapeamento do perfil sociodemográfico das adolescentes gestantes; o desvelamento do entendimento acerca da gravidez e da maternidade; as necessidades presentes e as projeções para o futuro; e a análise da trajetória das adolescentes na rede, durante a gravidez, parto e puerpério, verificando a abordagem das equipes quanto aos direitos sexuais e reprodutivos. Trata-se de Estudo de Caso, realizado no município de Sapucaia do Sul, de caráter exploratório e de abordagem qualiquantitativa. A coleta de dados abrangeu pesquisa documental e entrevista individual do tipo semiestruturada.

A primeira contemplou o perfil de adolescentes gestantes entre 10 e 19 anos, usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), registradas no Sistema de Acompanhamento da Gestante (SISPRENATAL) entre novembro de 2015 e outubro de 2016. As entrevistas abrangeram amostra intencional de quatro adolescentes, selecionadas pelos critérios de faixa etária e de idade gestacional. Aplicaram-se duas entrevistas com cada participante, uma durante a gestação e uma após o nascimento do bebê. Os dados qualitativos foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo. Todos os cuidados éticos foram respeitados, obtendo-se aprovação da Pesquisa junto ao Comitê de Ética da Unisinos, assim como da instituição e participantes. 

No período de estudo foram registradas no Sistema 1.226 gestantes, das quais 222 (15%) eram adolescentes. O perfil sociodemográfico retratou a seguinte realidade: 80% eram adolescentes entre 17 e 19 anos, com Ensino Fundamental incompleto (43%), predominantemente de cor/raça branca (72%), naturais do município de Sapucaia do Sul (54%) e convivendo com seus companheiros em 49% dos casos. Destaca-se que apenas 4,5% das adolescentes realizaram exames até a 20ª semana gestacional, 22% das adolescentes realizaram seis consultas ou mais durante o seu pré-natal, 55% o iniciaram até a 12ª semana gestacional e, ainda, 31% das jovens foram acompanhadas pela rede de atenção em saúde até a sua 40ª semana gestacional. Esses resultados são preocupantes, pois revelam baixa adesão e permanência no tempo oportuno ao pré-natal, bem como na realização de exames preventivos. Entretanto, também foram identificados nas gestantes adultas.

A abordagem qualitativa acompanhou a gravidez, parto e puerpério de quatro adolescentes de idades entre 13 e 17 anos. Da análise das experiências e trajetórias emergiram três categorias: educação em saúde, apoio familiar e da paternidade e acolhimento e vínculo no cuidado da saúde. Nas histórias de vida acompanhadas, a gravidez não representou uma situação crítica de negação pessoal e familiar, ou ainda, de revolta, mas um momento de impacto com a notícia, que se ameniza pelo apoio familiar e paterno, com a compreensão gradual de que suas vidas tomarão novos rumos – antes, não cogitados ou pensados – e com o apoio das equipes de saúde. Nesse sentido, foi possível compreender que a prevenção não se limita ao fornecimento de informações sobre os riscos, mas envolve a participação ativa do adolescente e o vínculo com os serviços, na busca do desenvolvimento, da autonomia e da responsabilidade para com suas escolhas e história. Quando a gravidez se torna realidade, o amadurecimento, o senso crítico e as preocupações – que são inerentes e surgem no processo de nascimento do bebê – florescem de igual forma entre as adolescentes; o que muda são as condições e as influências externas que as jovens possuem ou conseguem acessar, durante e após a gestação, e que irão acompanhá-las em seu cotidiano. 

Nesse contexto, inserem-se os achados a respeito da forma como as adolescentes foram tratadas na rede de saúde. Acolhimento e vínculo foram externados pelas adolescentes no contato com as equipes de saúde da família, ao passo que a exposição e julgamento foram percebidos no atendimento hospitalar, sobretudo com a adolescente mais jovem (13 anos). Nesse sentido, problematiza-se a influência dos aspectos culturais e morais da sociedade sobre a adolescência, com ênfase nos papéis de gênero; o despreparo dos profissionais e dos serviços da área da saúde para atuar junto à adolescência e para implementar a política de atenção integral à saúde de adolescentes; e a peculiaridade da gravidez na adolescência sob os aspectos clínicos, psicológicos (amadurecimento abrupto e mudanças radicais) e sociais nas diferentes perspectivas e projeções relacionadas à inserção dos jovens na sociedade.

Os resultados apontam para a importância de a temática que tange à sexualidade ser tratada de forma menos velada em todos os ambientes da sociedade. Nos casos acompanhados, a porta aberta ao diálogo entre os familiares e a busca de informações na rede de saúde se deu apenas após a ocorrência da gravidez indesejada para o momento. A promoção da saúde precisa avançar, na difusão e no livre esclarecimento das práticas sexuais e reprodutivas de forma saudável, responsável e prazerosa nessa fase da vida. Nessa constante tensão entre direitos conquistados e sua efetivação, a saúde sexual e a saúde reprodutiva de adolescentes continuam configurando foco de debates e de questionamentos, não sendo contempladas como uma questão de direitos humanos. (BRASIL, 2013b²). Ao refletir sobre essas trajetórias e contradições, cabe perguntar que concepções e significados da adolescência estão implicados na área da saúde e em sua atuação, uma vez que na atualidade o grupo totaliza 17,9%, ou mais de 34 milhões da população total brasileira (IBGE, 2010)³, com isso tornando-se um dos maiores segmentos populacionais do país, que ainda encontra iniquidades na realização e na efetivação de seus direitos e de suas necessidades, como dificuldades de acesso e de uso nos campos da educação, do trabalho, da cultura e dos serviços de saúde. (SILVA; ANDRADE, 2009 apud BRASIL, 2013).

Referências:

[1] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Sistema de Monitoramento e Avaliação do Pré-Natal, Parto, Puerpério e Criança. SISPRENATAL. Relatórios: RS: Sapucaia do Sul: período: nov. 2015 a out. 2016: raça/cor todas: idade: 10 e 14 anos. Brasília, DF, 2015-2016a. Disponível aqui. Acesso em: 06 abr. 2017.

[2] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva. 1. ed. Brasília, DF, 2013b. (Cadernos de atenção básica, n. 26). Disponível aqui. Acesso em: 30 maio 2017.

[3] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Resultados do universo do Censo Demográfico 2010: tabela 1.3.1 - população residente, por cor ou raça, segundo o sexo e os grupos de idade - Brasil – 2010. Rio de Janeiro, 2010. Disponível aqui. Acesso em: 18 out. 2016.

Ecofeira Unisinos retomou suas atividades de mostra e comercialização de produtos agroecológicos da região do Vale do Sinos. Com a volta da feira, as atividades culturais também retornarão, com algumas delas no turno vespertino. Em 2018, a Feira proporcionará novamente o Círculo Cultural, parceria com o PPG de Educação da Unisinos, e fará um mutirão na horta da Gastronomia.

O retorno das atividades será com a oficina “Identificação de plantas medicinais e comestíveis I”, que mudará de horário e ocorrerá na próxima quarta-feira (14/03), das 17h30min às 18h30min. A prática será ministrada pela estudante do curso de Gastronomia da Unisinos, Marcia Regina Tamiozzo e pela bióloga esp. Denise Schnorr, do Instituto Anchietano de Pesquisas/Unisinos.

O espaço de mostra e comercialização da Ecofeira acontece às quartas-feiras, das 10 às 18h, no corredor central da Unisinos São Leopoldo, em frente ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU.

A feira foi projetada por instâncias da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS e de fora dela para mostrar e comercializar produtos agroecológicos da região do Vale do Sinos, assim como promover espaços de in-formação sobre a produção e o consumo orgânico de alimentos, com vistas à afirmação de um projeto de desenvolvimento local e regional sustentável.

A programação completa da Ecofeira Unisinos pode ser conferida aqui.

 

No mês de janeiro, o mercado formal de trabalho do Brasil teve resultado positivo, com criação de 77.822 postos de trabalho. Uma diferença significativa comparando com o resultado do mês anterior, que fechou 20 mil postos de trabalho. Também foi a primeira vez em que houve um saldo positivo no mês de janeiro desde 2014, quando foram criados mais de 29 mil postos de trabalho. Os dados foram divulgados em fevereiro pelo Ministério do Trabalho e Emprego, através do Caged - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados.

InfográficoSaldo do mercado formal de trabalho no Brasil nos meses de janeiro (2014-2018)

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, acompanha a questão do trabalho e publica mensalmente notas contemplando os dados do Caged referentes à região do Vale do Sinos e Região Metropolitana de Porto Alegre.

Na perspectiva regional, o mercado formal da Região Metropolitana de Porto Alegre também apresentou saldo positivo, com 2.774 postos de trabalho criados em janeiro de 2018.

A Região do Vale do Rio dos Sinos teve saldo positivo acompanhando os resultados da RMPA e do Brasil, criando 1.765 postos de trabalho no mês de janeiro. O município que apresentou o maior saldo foi Sapiranga, com 492 postos de trabalho criados, seguido de Novo Hamburgo, que criou 399 postos de emprego e Dois Irmãos, que apresentou saldo positivo de 240 postos de trabalho.

Apenas três municípios fecharam postos de emprego: Nova Santa Rita, que fechou 115 postos, São Leopoldo, com saldo de menos 53 postos, e Sapucaia do Sul, com menos 22 postos de trabalho.

InfográficoSaldo entre admitidos e desligados no Vale dos Sinos em janeiro de 2018 por município

O setor que mais contribuiu para este resultado positivo no Vale do Sinos foi o da indústria da transformação, que criou 1.753 postos de trabalho em janeiro, seguido pelo setor de serviços, com saldo positivo de 242 postos de trabalho e o setor de serviços industriais de utilidade pública, que criou 127 postos de emprego.

O setor que mais fechou postos de trabalho foi o do comércio, que registrou saldo de menos 321 postos de emprego. Construção civil, administração pública e agropecuária, extração vegetal, pesca e caça registraram saldos negativos pouco expressivos.

Infográfico: Saldo entre admitidos e desligados no Vale dos Sinos em Janeiro de 2018 por setor da economia

Dos trabalhadores contratados em janeiro na região, 72,84% recebem até 1,5 salários mínimos, 16,40% recebem entre 1,51 e 2,0 salários mínimos e apenas 10,76% recebem mais que 2,0 salários mínimos.

InfográficoFaixa salarial dos trabalhadores admitidos em janeiro de 2018 no Vale dos Sinos

Sobre o grau de instrução dos trabalhadores: 0,11% são analfabetos, 1,69% têm até o 5º ano do fundamental incompleto, 2,88% têm até o 5º ano do fundamental completo, 10,25% têm entre o 6º e o 9º ano do fundamental, 15,78% têm fundamental completo, 10,74% têm ensino médio incompleto, 47,13% têm ensino médio completo, 5,52% têm ensino superior incompleto e 5,90% têm ensino superior completo.

Os homens representaram 57,84% das admissões do mês de janeiro e as mulheres, 42,15%. Quanto à faixa salarial, as mulheres representam 32,63% dos 1.376 trabalhadores contratados com salários acima de 2,0 salários mínimos, mantendo a mesma desigualdade já explicitada na nota sobre o trabalho em 2017 no Vale do Sinos.

InfográficoDistribuição dos trabalhadores por gênero em cada faixa salarial

Fazendo um recorte na faixa dos trabalhadores que trabalham entre 41h e 44h, podemos ver que 82,25% das mulheres que trabalham nessa faixa recebem até 1,5 salários mínimos, enquanto 65,98% dos homens se encontram na mesma situação. Esse é mais um dado que indica a existência da desigualdade entre homens e mulheres no trabalho.

Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove a Mostra de Trabalhos Violências, resistências e enfrentamentos, que faz parte da série de atividades do Ciclo de Estudos “Violências no mundo contemporâneo, interfaces, resistências e enfrentamentos”. Os trabalhos visam dar vistas a pesquisas e trabalhos que tematizem e/ou incidam sobre as violências nos diferentes cenários e territórios. Pretende-se privilegiar as produções implementadas na região metropolitana de Porto Alegre e na região do Vale do Sinos.  

Interessados deverão enviar o resumo do trabalho até o dia 15 de abril, conforme edital. A divulgação dos resumos aprovados se dará no dia 20 de abril. A mostra será realizada no período de 2 a 7 de maio de 2018, com abertura no seminário do dia 2 de maio, das 14h às 18h. Neste dia todos os trabalhos serão apresentados oralmente e seguirão expostos em banners no corredor central da Unisinos, em frente ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU, até o dia 7 de maio.

Para o envio de trabalhos à Mostra, são convidados/as trabalhadores/as e pesquisadores/as das diferentes áreas profissionais e de conhecimento, gestores/as e trabalhadores/as de organizações da sociedade civil, empresariais e governamentais.

O Ciclo de Estudos “Violências no mundo contemporâneo, interfaces, resistências e enfrentamentos” pretende analisar transdisciplinarmente as configurações, as causas e as interfaces das violências na sociedade contemporânea, assim como as estratégias de resistência e enfrentamento construídas.

Clique aqui para acessar a convocatória da Mostra de Trabalhos Violências, resistências e enfrentamentos.

Para mais informações acesse o site do IHU.

“Os indicadores do mercado de trabalho na Região de Porto Alegre mostram que a recessão que atingiu o biênio 2015-2016 aumentou o desemprego entre as mulheres e interrompeu o processo de redução das desigualdades entre mulheres e homens no âmbito laboral na última década. As informações foram divulgadas nesta terça-feira, 06 de março, no Boletim Especial A inserção das mulheres no mercado de trabalho na RMPA em 2017.” Os dados foram divulgados na terça-feira, 06, na Fundação de Economia e Estatística - FEE

Eis o texto:

Esses dados revelam um mercado de trabalho regional com comportamento adverso pelo terceiro ano consecutivo. A taxa de desemprego total aumentou de 10,7% em 2016 para 11,2% da População Economicamente Ativa (PEA) em 2017, com um incremento estimado em 3 mil pessoas desempregadas de um ano para o outro. Apesar da saída numerosa de pessoas do mercado de trabalho (menos 55 mil pessoas, ou -2,9%), o nível ocupacional reduziu-se em maior montante (menos 58 mil pessoas ocupadas, ou -3,4%), o que resultou na elevação do contingente de desempregados. O total de ocupados foi estimado em 1.628 mil pessoas, sendo 44,9% de mulheres.

A taxa de desemprego total das mulheres aumentou pelo terceiro ano consecutivo, passando de 11,2% em 2016 para 12,4% da PEA em 2017 e elas voltaram a ser a maioria (50,4%) no total de desempregados. A taxa de desemprego aberto subiu de 10,2% para 11,4%, e a taxa de desemprego oculto se manteve estável em 1,0% no último ano. Para os homens, a taxa de desemprego total se manteve estável em 10,2% em 2017. Destaca-se que a desigualdade entre as taxas de desemprego total feminina e masculina passou de 1,0 p.p em 2016, para 2,2 p.p em 2017, mais que dobrando.

“Em 2017, o contingente de desempregados foi estimando em 103 mil mulheres, um acréscimo de 5 mil em relação ao ano anterior. Esse resultado deveu-se ao fato de a redução na ocupação (menos 48 mil ocupados, ou -6,2%) ter sido superior à saída delas no mercado de trabalho (menos 43 mil pessoas, ou -4,9%). Para os homens, a redução de 2 mil desempregados, em relação a 2016”, compara Iracema Castelo Branco, economista da FEE e coordenadora da PED.

O tempo médio de procura por trabalho que após alguns anos de estabilidade teve em 2017 o ano mais severo para ambos os sexos, aumentou em 3 semanas, ao passar de 35 semanas em 2016 para 38 semanas em 2017. Para as mulheres o aumento foi maior, em 2016 eram 35 semanas e em 2017, 39 semanas. Já para os homens, o tempo médio aumentou de 35 semanas para 37, no último ano.

O nível de ocupação das mulheres em 2017 também teve redução de 6,2%, com a perda de 48 mil postos de trabalho, este é o quarto ano consecutivo de queda e a maior retração do nível ocupacional da série histórica da Pesquisa. E essa queda tem maior intensidade entre as trabalhadoras assalariadas, destaca Iracema: “considerando o setor privado, a retração foi de 5,5% para as mulheres (menos 23 mil empregadas) e de 0,9% para os homens (menos 5 mil empregados). Foi o segundo ano consecutivo no qual o fechamento de postos de trabalho atingiu mais as mulheres do que os homens. No setor público, a redução foi de 15,8% para as mulheres (menos 18 mil servidoras) e de 15,2% para os homens (menos 12 servidores)”.

Pelo terceiro ano consecutivo houve aumento no contingente de mulheres ocupadas no emprego doméstico (4,4%), com aumento de 16,1% entre as diaristas e redução de 1,2% entre as mensalistas. “Esses dados indicam um processo de precarização do mercado de trabalho para as mulheres, à medida que aumentam as ocupações consideradas de menor qualidade”, diz Iracema, alertando que no contexto de crise e redução do emprego assalariado, o emprego doméstico é alternativa de trabalho para as mulheres e o trabalho autônomo para os homens.

O setor com maior retração foi o de serviços, 9,2%,fechando 49 mil postos de trabalho ocupados por mulheres em 2017.  A proporção de mulheres ocupadas nesse setor reduziu-se de 68,7% em 2016 para 66,5% em 2017.

Como historicamente acontece, as mulheres permaneceram mais escolarizadas do que os homens, entretanto observa-se, pelo segundo ano consecutivo, uma redução nos níveis mais altos de escolaridade em relação ao ano anterior. Aquelas com ensino médio completo ou superior completo em 2016 eram 66,5% do contingente de ocupadas, tendo diminuído para 65,1% em 2017. Entre os homens ocupados, essa proporção passou de 58,8% para 55,9%, no mesmo período.

Embora mais escolarizadas, em 2017 as mulheres obtiveram o equivalente a 81,9% do rendimento médio dos homens ocupados, frente a 80,2% do ano anterior. Destaca-se que esse é o terceiro ano consecutivo em que a redução do rendimento médio real é menor entre as mulheres do que entre os homens. A redução no rendimento médio real entre as mulheres foi de 2,9% (passando de R$ 1.747 para R$ 1.696), e, entre os homens, de 4,8% (passando de R$ 2.176 para R$ 2.072).

Acesse aqui a pesquisa completa.

O "Boletim Especial sobre as Mulheres no Mercado de Trabalho" é produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, e apresenta um olhar extenso sobre a quantidade de vínculos, o valor médio da hora de trabalho e a proporção do valor da hora da força de trabalho feminina. As informações dizem respeito ao ano de 2016, último dado divulgado. Como recorte metodológico selecionou-se cinco regiões geográficas (Brasil, Rio Grande do Sul, Região Metropolitana de Porto Alegre, os municípios de Canoas e São Leopoldo).

Eis o texto

A comemoração do Dia Internacional da Mulher, segundo (BLAY et al., 2001)1, “simboliza a busca de igualdade social entre homens e mulheres, em que as diferenças biológicas sejam respeitadas, mas não sirvam de pretexto para subordinar e inferiorizar a mulher”. O inicio deste processo ainda segundo a autora foi demarcado “por fortes movimentos de reivindicação política, trabalhista, greves, passeatas e muita perseguição policial”.

A ideia de se ter um dia de referência é de Clara Zetkin, que, em 1910, ao participar do II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhague, propõe à criação de um Dia Internacional da Mulher sem ainda definir uma data precisa. Somente em 1975 a Organização das Nações Unidas (ONU), consagra a data de 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher.

Esta consiste material constitui-se de uma colaboração para que se possa ampliar e atualizar o debate sobre a mulher no mercado de trabalho.

O “Boletim Especial sobre as Mulheres no Mercado de Trabalho”, produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, apresenta os dados gerais, bem como a participação da força de trabalho feminina no mercado formal de trabalho. Para isso recorre-se a categorização ao nível de setor econômico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este material é elaborado a partir dos dados disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por meio da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). As informações dizem respeito ao ano de 2016, último dado divulgado. Como recorte metodológico selecionou-se cinco regiões geográficas (Brasil, Rio Grande do Sul, Região Metropolitana de Porto Alegre, os municípios de Canoas e São Leopoldo) para realizar a pesquisa, da mesma forma que se escolheu os níveis de escolaridade: Médio completo, Superior Incompleto, Superior completo, Mestrado e Doutorado para análise.

Nesta edição busca saber informações sobre a quantidade de vínculos, sobre a variação em comparação ao ano anterior, a participação do trabalho das mulheres, a remuneração, a proporção da remuneração das mulheres sobre o total e por fim a variação da remuneração vinculada à escolaridade.

Espera-se com material visualizar o papel das mulheres no mercado de trabalho formal no sentido de problematizar a contribuição da força de trabalho feminina, assim como se colocar em diálogo com gestor público, o setor produtivo (empresários e trabalhadores), com a sociedade organizada e a comunidade acadêmica. A expectativa é encontrar leitores atentos, ao mesmo tempo, em que se possa contribui para o aumento do bem estar de toda a comunidade.

Clique aqui para acessar o Boletim Especial sobre as Mulheres no Mercado de Trabalho completo.

O mercado formal de trabalho no Vale do Sinos em 2017 apresentou o fechamento de 141 postos de trabalho. Apesar do número negativo, esse é um possível sinal de recuperação do mercado formal, visto que nos três anos anteriores o saldo se manteve negativo na casa dos milhares, chegando a mais de 17 mil postos de trabalho fechados no ano de 2015.

InfográficoSaldo entre admitidos e desligados no Vale dos Sinos (2014-2017)

As informações são do Caged - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, e continua uma série histórica de análises do Observatório das Realidades e Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, sobre o trabalho na região do Vale do Rio dos Sinos.

Dos 14 municípios que compõem a região, sete apresentaram fechamento de postos de trabalho, destacando Novo Hamburgo, com menos 897 postos, Campo Bom, com menos 654 postos, e Nova Hartz, com menos 376 postos. O município que mais criou postos de trabalho foi São Leopoldo, com 1.072 postos criados.

InfográficoSaldo entre admitidos e desligados em 2017 nos municípios do Vale do Sinos

Os setores que apresentaram saldo negativo na criação de postos de trabalho foram a indústria da transformação, com saldo de menos 2.088, seguido pelo setor da construção civil, que apresentou saldo de menos 253 postos, o setor de serviços industriais de utilidade pública, com menos 156 postos, e o setor da indústria extrativa mineral, com menos 49 postos de trabalho no ano de 2017.

O setor do comércio contribuiu muito para que o resultado de 2017 não fosse tão negativo como nos anos anteriores, criando 1.405 postos de trabalho.

InfográficoSaldo de empregos por setor no Vale dos Sinos em 2017

Cerca de 70% dos trabalhadores contratados na região em 2017 recebem até 1,5 salários mínimos, 17% recebem entre 1,5 e 2,0 salários mínimos e apenas 11% dos 135.097 trabalhadores contratados na região recebem salários superiores a 2,0 salários mínimos.

InfográficoProporção dos trabalhadores admitidos por faixa salarial

Sobre o grau de instrução dos trabalhadores admitidos em 2017 no Vale do Sinos: 154 (0,11%) são analfabetos, 2.271 (1,68%) têm apenas até o 5º ano do ensino fundamental incompleto, 3.740 (2,77%) trabalhadores têm até o 5º ano fundamental completo, 12.685 (9,39%) têm do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, 19.542 (14,47%) têm ensino fundamental completo, 15.624 (11,57%) têm até o ensino médio incompleto, 65.332 (48,36%) têm ensino médio completo, 7.577 (5,61%) têm grau superior incompleto e 8.172 (6,05%) têm ensino superior completo.

InfográficoGrau de instrução dos trabalhadores admitidos em 2017 no Vale dos Sinos

Dos 8.172 trabalhadores com ensino superior completo contratados em 2017, 1.281 (15,67%) recebem até 1,5 salários mínimos e trabalham entre 41h e 44h. Esses trabalhadores, mesmo com ensino superior completo, têm as mesmas condições de trabalho de 73,37% dos trabalhadores analfabetos e 62,52% dos que têm até o 5º ano do ensino fundamental completo.

Ao avaliar o gênero do trabalhador, nota-se que nas faixas salariais iniciais há uma maior participação das mulheres, mas perdem espaço para os homens na medida em que se analisam as maiores faixas salariais. No agregado das faixas salariais superiores a 2,0 salários mínimos, pode-se constatar que as mulheres são apenas 28,17% dos trabalhadores, enquanto os homens são 71,83%.

InfográficoParticipação dos homens e das mulheres em cada faixa salarial 

Perfil do trabalhador do Vale do Sinos em 2017

O perfil de 60% dos trabalhadores contratados no ano de 2017 no Vale do Sinos é de um trabalhador que passa entre 41h e 44h em seu local de trabalho com remuneração entre 1,01 e 1,5 salários mínimos. Uma evidência da precarização do trabalho na região.

O ano de 2017 mostrou-se um ano de certa retomada na atividade econômica, com pequenos ciclos de criação de postos de trabalho que foram interrompidos com alguns meses de saldos negativos, mas o mais importante é o tipo de emprego que se está criando. Como podemos ver através dos dados do Caged, os postos criados se caracterizam por longas jornadas de trabalho e remunerações baixas, independentemente do grau de instrução do trabalhador.

O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, publica a Carta do Mercado de Trabalho, dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2017, que é produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas. A Carta mostra o movimento do trabalho no Brasil, no Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas.

Segundo a Carta do Mercado de Trabalho, no mês de dezembro o mercado de trabalho formal brasileiro registrou, entre admissões e demissões, saldo negativo no mês de dezembro de 2017, com 328.539 postos de trabalho com carteira assinada o que representa uma redução de 0,85% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor do Comércio (6.285) foi o único que abriu postos de trabalho já a Indústria de Transformação (110.255) foi setor que mais fechou postos de trabalho. No ano foram fechados 20.832 postos de trabalho com carteira assinada.

Outro destaque estão no o mercado de trabalho formal rio-grandense que no mês de dezembro de 2017 registrou saldo negativo, resultado entre as admissões e demissões, de 25.459 postos de trabalho o que representa um decréscimo de 1,0% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor da Indústria de Transformação (13.312) foi o que mais fechou vagas no mercado formal de trabalho. Neste ano no estado do Rio Grande do Sul foram encerradas 8.173 vagas com carteira assinada.

Clique aqui para acessar a Carta do Mercado de Trabalho de dezembro

Conforme a Carta do Mercado de Trabalho do mês de novembro de 2017, o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) apresentou um acréscimo de 1.995 postos de trabalho com carteira assinada, uma ampliação de 0,17% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O Comércio (2.151) no mês foi o setor que mais ampliou postos de trabalho com carteira assinada, e o Setor da Indústria de Transformação (760) foi o que mais fechou postos de trabalho. No ano foram abertas 730 vagas de trabalho com carteira assinada na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Clique aqui para acessar a Carta do Mercado de Trabalho de novembro

De acordo com a Carta do Mercado de Trabalho, no mês de outubro o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo liquido positivo, entre admissões e demissões, no mês de outubro de 2017, com a ampliação 348 postos de trabalho com carteira assinada. O setor do Comércio (244) foi o que mais ampliou postos de trabalho enquanto o setor da Construção Civil (77) foi o que mais fechou postos de trabalho. No ano o município criou 320 vagas de trabalho com carteira assinada.

Clique aqui para acessar a Carta do Mercado de Trabalho de novembro

A palestra “Trabalho e as desigualdades no Vale do Sinos” é uma atividade do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU. A conferência é ideada como um espaço de formação e informação sobre a realidade do trabalho, do emprego e da renda dos trabalhadores e das múltiplas desigualdades dos municípios e região do Vale do Sinos

Objetivo

Analisar e debater os dados do trabalho, emprego, renda e das desigualdades dos municípios e região do Vale do Sinos, em vista das transformações do mundo do trabalho e da qualificação dos processos de planejamento, monitoramento e avaliação das políticas públicas.

Público-Alvo

Moradores, trabalhadores, gestores governamentais e não governamentais, conselheiros municipais e estaduais de políticas públicas e residentes dos 14 municípios do Vale do Rio dos Sinos. Acadêmicos de graduação e pós-graduação, profissionais interessados na temática/questão dos indicadores do mercado de trabalho e as políticas públicas nesta área.

Programação

  • Data: 24/04/2018
  • Tema: Trabalho e desigualdades no Vale do Sinos 
  • Ministrante: Profa. Ms. Vanessa de Souza Batisti – Unisinos
  • Horário: 14h30min às 17h
  • Local: Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU

 

Inscrições em breve

A oficina de Estatística Avançada é uma atividade do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, ideado como um espaço de informação e formação acerca da estatística e sua aplicabilidade técnica e política, especialmente para análise e sistematização de dados.

Objetivo

O propósito da oficina é promover informação e a facilitação de sua aplicabilidade para análise e sistematização de dados. 

Público-Alvo

Moradores, gestores e trabalhadores governamentais, empresariais e da sociedade civil, conselheiros municipais e estaduais de políticas públicas das 14 cidades do Vale do Rio dos Sinos e região Metropolitana de Porto Alegre.  Acadêmicos de graduação e pós-graduação, profissionais interessados na temática/questão da estatística.

Serviço

  • Dia: 12 de junho de 2018
  • Ministrante: Prof. Ms. Renato Luiz Romera Carlson
  • Horário: 14h às 17h
  • Local: Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros - IHU

 

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