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O ensino fundamental incompleto é ainda o corte de grau de instrução que possui o maior número de eleitores e se torna uma característica comum entre os municípios do Vale do Sinos. Apesar da maior escolaridade do eleitorado da região nos últimos anos, o Vale do Sinos possui 48,53% do eleitorado com ensino fundamental incompleto.

O Observatório das realidades e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, traçou o perfil do eleitorado que irá às urnas em outubro.

Gênero

O número de eleitores no Brasil aumentou de 75.813.519 em 1988 para 147.302.357 em 2018, resultando em uma expansão de 94% da população votante. Os homens representavam 50,50% do eleitorado brasileiro em 1988. Entretanto, este cenário mudou, as mulheres são a maioria do eleitorado nas eleições deste ano, representando 52,50% do total de eleitores. O Rio Grande do Sul, que também aumentou o número de eleitores, apresentou o mesmo movimento que o Brasil. As mulheres também são a maioria, com 52,50% do eleitorado (mesmo percentual nacional).

O Vale do Sinos vai contar com 52,56% de eleitoras nas eleições de outubro.

InfográficoEvolução do eleitorado brasileiro (1988-2018)

O voto feminino foi instituído somente no ano de 1932. Apesar do avanço, ainda existia uma série de limitações: apenas mulheres casadas, viúvas e solteiras com renda própria poderiam votar. Dois anos depois, em 1934, as restrições supracitadas foram eliminadas do Código Eleitoral, embora somente em 1946 a obrigatoriedade do voto foi estendida às mulheres. Uma das explicações possíveis para o aumento da participação das mulheres votantes, além da obrigatoriedade, é o fato de elas representarem mais da metade da população brasileira e consequentemente do eleitorado.

Apesar de as mulheres representarem mais da metade da população brasileira e do eleitorado, isso não reflete na participação delas em cargos políticos. Atualmente, a Câmara Federal conta com aproximadamente 10% das mulheres e o Senado Federal com 14%. Já na Assembleia do Rio Grande do Sul, apenas 9 das 55 cadeiras são ocupadas por mulheres, isto é, um pouco mais de 16% de presença das mulheres. No Vale do Sinos, em 2016, apenas 14 mulheres conseguiram se eleger, resultando numa média de uma vereadora por município. Em 2012, a situação foi pior, nenhuma mulher tinha sido eleita.

InfográficoParticipação percentual do eleitorado feminino no Brasil (1988-2018)

Geração

O percentual de eleitores não obrigados a votar (facultativo) de 16 e 17 anos no Brasil nas eleições deste ano representa 0,95% do total. Em 2008, esse percentual era 1,91%. No estado a tendência é a mesma, em 2008 era 1,53% e passou para 0,65%. Por outro lado, aumentou a participação do eleitorado acima de 60 anos no Brasil. Em 2008, eram 14,51%; nestas eleições a participação passou para 18,84%. O Vale do Sinos também teve encolhimento na participação dos eleitores jovens entre 16 e 24 anos, passando de 17,11% para 13,31%.

InfográficoParticipação percentual de eleitores brasileiros por faixa etária (2008-2018)

InfográficoParticipação percentual de eleitores gaúchos por faixa etária (2008-2018)

A diminuição do eleitorado jovem e o aumento dos eleitores acima de 60 anos pode estar relacionada às mudanças demográficas no país. Outra explicação que pode ser dada é a falta dos jovens em cargos políticos visto que menos de 3% dos deputados federais e senadores são jovens.

Os municípios de Araricá, Estância Velha, Nova Hartz e Portão conseguiram eleger um vereador com idade abaixo de 29 anos na última eleição municipal. Em 2012, foram eleitos 6 vereadores com idade entre 18 e 24 anos. Os vereadores eleitos para o mandato de 2017-2019 estão, na sua maior parte, com idade entre 40 e 59 anos, e os eleitores de 2018 dessa mesma faixa etária, na região, são 26,09%.

InfográficoParticipação percentual do eleitorado do Vale do Sinos por faixa etária (2018)

Escolaridade

Os dados relacionados ao grau de instrução dos eleitores disponibilizados pelo TSE indicam considerável melhora em alguns indicadores. Logo, comparando os anos de 2008 e 2018, constata-se uma queda de 18% na participação de eleitores analfabetos no Brasil, ao passo que esse dado é de -30% para o Rio Grande do Sul. Por outro lado, continuando a análise comparativa, é observável um aumento dos eleitores com ensino superior completo para o Brasil, passando de 4.614.715 em 2008 para 13.576.120 em julho deste ano, isto é, um aumento de aproximadamente 194%. Já o Rio Grande do Sul segue esta tendência que, apesar do menor grau de intensidade, contabiliza um aumento de 127% (329.522 de eleitores em 2008 para 750.638 em julho deste ano).

Outro dado de destaque é que para este ano, no Brasil, a maior parcela da população votante (25,8%) se concentra no estrato com ensino fundamental incompleto; em 2008 esta parcela representava 34%. O segundo corte de instrução com maior número de eleitores para o Brasil é o ensino médio completo com 22,9%, cerca de 10 pontos percentuais a mais que 2008 (12,2%).

InfográficoParticipação percentual do eleitorado brasileiro por grau de instrução (2008-2018)

O Rio Grande do Sul segue a tendência nacional e apresenta eleitores com o ensino fundamental incompleto como a maior fração do eleitorado estadual (31,95% em 2018). Para o ano de 2008 este corte apresentava uma participação ainda maior, 40,3%. Eleitores com ensino médio completo representam a segunda maior participação do eleitorado gaúcho, com cerca de 20,1% em 2018 (em 2008 esta percentagem era de 11,82%).

InfográficoParticipação percentual do eleitorado gaúcho por grau de instrução (2008-2018)

Apesar da relativa queda entre o decênio de 2008 e 2018, o ensino fundamental incompleto é o corte que (ainda) possui o maior número de eleitores (maior percentagem de participação do eleitorado) e se torna uma característica comum entre os municípios do Vale do Sinos. Em 2008, 62,98% do eleitorado possuía ensino fundamental incompleto, agora em 2018 são 48,53%.

Infográfico: Participação percentual do eleitorado do Vale do Sinos por grau de instrução (2008-2018)

Ivoti recebe destaque pelos estratos mais qualificados, com 14,37% de seu eleitorado com ensino superior completo para o ano de 2018 (em 2008, esta parcela representava apenas 2,94%, isto é, um aumento de 389%). Já a fração do eleitorado de Ivoti com ensino superior incompleto para 2018 é de 11,21% (em 2008 era 4,2%). Segundo os dados do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul - TCERS, Ivoti foi o município da região que mais investiu em educação ao aplicar 35,96% dos impostos nesta área.

InfográficoParticipação percentual do eleitorado do Vale do Sinos por grau de instrução (2008)

O segundo município com mais eleitores com ensino superior completo e incompleto para este ano é Canoas, com 8,45% e 10,17%, respectivamente. Por outro lado, o município de Araricá possui a menor parcela do eleitorado com ensino superior completo (0,85% em 2008 para 2,57% em 2018), seguido de Sapucaia do Sul, com 1,03% em 2008 e 2,57% em 2018.

InfográficoParticipação percentual do eleitorado do Vale do Sinos por grau de instrução (2018)

Programação

17 de outubro (quarta-feira)
15h às 17h – Oficina de Excel avançado para análise e sistematização de dados
Prof. MS Renato Luiz Romera Carlson – Unisinos
Sala de Informática B09 008

Apresentação

A "Oficina de Excel avançado para análise e sistematização de dados" é uma atividade do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, ideado como um espaço de informação e formação sobre Excel e sua aplicabilidade para análise e sistematização de dados.

Objetivo

Promover a facilitação da aplicabilidade do Excel para análise e sistematização de dados.

Público-alvo

Professores(as), pesquisadores(as), alunos(as), funcionários(as) da Universidade e interessados da comunidade em geral.

Certificado

Os certificados estarão disponíveis a partir de 19/11/2018 no portal Minha Unisinos, acessando o menu Certificados. É imprescindível a assinatura na ata para registrar a presença.

Carga horária

2 horas

Promoção

Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos
Instituto Humanitas Unisinos – IHU
Observatório das Realidades e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos

Os dados concernentes à escolaridade por cor, raça e etnia no Vale do Sinos mostram que o ensino médio completo apresenta uma das maiores percentagens entre branco, preto, pardo, amarelo e indígena. Apesar de estarem próximos no nível de escolaridade, os pretos continuam sendo os que apresentam a menor média salarial na região.

Desde a sua criação, o Observatório das realidades e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos tem como foco a investigação e ação do mundo do trabalho e dos trabalhadores. No mês de maio de 2018, quando completou dez anos de existência, o ObservaSinos preparou uma série de ações para memorar o seu trabalho de sistematização, análise e publicização de dados sobre as realidades do Vale do Sinos.

Uma destas ações é o Especial do Trabalho Vale do Sinos. A série histórica do ObservaSinos abordará seis grandes temas sobre o trabalho entre os anos de 2003 e 2016, período de grande movimentação e transição econômica, política e social no Brasil. Os dados analisados são dos 14 municípios do Conselho Regional de Desenvolvimento - Corede do Vale do Rio dos Sinos, região de atuação do Observatório.

Esta publicação especial também é uma extensão do Ciclo de Palestras: Trajetórias da Política Econômica Brasileira 2003-2017, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU.

Os temas abordados no Especial do Trabalho são:

O recorte temporal deste Especial do Trabalho é diferente dos demais, pois o Ministério do Trabalho e Emprego começou a divulgar dados sobre cor, raça e etnia através da Relação Anual de Informações Sociais - RAIS somente no ano de 2006. Os dados ainda são bastante limitados; não é possível, por exemplo, ter uma análise completa por municípios de determinadas informações. Além disso, os dados não permitem fazer cruzamentos entre escolaridade e salários conjuntamente.

Clique aqui para conferir a última análise do Especial do Trabalho Vale do Sinos com a tematização sobre cor, raça e etnia.

A alimentação é um direito humano garantidor da vida, e o alimento com qualidade garante a saúde das pessoas e do planeta. A alimentação faz parte do cotidiano das pessoas que, muitas vezes, na pressa de seus afazeres, acabam despreocupadas com os produtos que estão ingerindo. Além do uso de pesticidas e agrotóxicos, que fazem mal à saúde de quem os consome, muitos destes alimentos são plantados à base de irrigação intensiva e manejo inadequado do solo, causando impactos prejudiciais também ao meio ambiente.

Francisco Klein é uma das pessoas que inverte esta lógica e busca levar alimentos orgânicos de qualidade para a mesa dos consumidores de São Leopoldo. O produtor de agricultura familiar possui sua horta ao lado de casa, onde cuida da plantação de diversos tipos de vegetais, junto com sua esposa.

Conheça um pouco mais da história do “seu Francisco” clicando no link.

No mês de agosto, a EcoFeira Unisinos promoveu a oficina “Segurança Alimentar, nutrição e qualidade de vida”, ministrada pela acadêmica de Gastronomia da Unisinos Márcia Tomiazzo. Toda quarta-feira ocorre alguma atividade cultural junto à feira, mas, dessa vez, a oficina trouxe novidades. Além de ensinamentos sobre o cuidado com o preparo, manejo e higienização dos alimentos, Márcia ensinou aos participantes uma receita preparada apenas com ingredientes encontrados na EcoFeira.

A ideia da iniciativa é não apenas dar dicas de melhores formas de consumo e manipulação dos alimentos, mas indicar opções próximas a eles. Por isso, Francisco Klein, Camila Kauer e Regina Silva, expositores na feira da Unisinos, participaram da oficina, junto com alunos, funcionários e professores da universidade.
Márcia chamou a atenção da turma sobre os cuidados no preparo dos alimentos e mostrou como cuidar melhor tanto da nossa saúde, quanto da natureza.

Buscar por alimentos que sejam típicos da estação e da região ajuda a encontrar alternativas mais saborosas. Além disso, o ideal é sempre optar por produtos orgânicos, pois são mais ricos em nutrientes.



Márcia preparou para a turma uma receita que levou apenas ingredientes encontrados na EcoFeira (Foto: Lucas Schardong/IHU)

A acadêmica do curso de Gastronomia da Unisinos atenta para a higienização de cada alimento. Tudo deve ser muito bem lavado, mas muitas vezes a água não é o suficiente. “O que é comprovado cientificamente é o uso da água sanitária. A medida é de uma colher de sopa por litro d’água”, explica. O ideal seria fazer esse processo de lavagem com todas as frutas, verduras e folhas. “Às vezes nas plantações tem algum inseto que passa por ali e também tem muitas bactérias que permanecem nos alimentos mesmo depois da passagem por água fervente”, alerta.

De acordo com Márcia, um terço de tudo o que é produzido no país acaba sendo descartado. “O desperdício inicia já na produção. Depois tem o deslocamento, a manipulação e ainda o consumidor final, que somos nós.” A ideia de Márcia como gastrônoma é justamente trabalhar para o melhor aproveitamento desses alimentos. Utilizando cascas e sementes, por exemplo, na preparação de refeições. Assim, além de evitar o desperdício, a população consumiria todos os nutrientes oferecidos pela natureza.

Na terça-feira anterior ao evento, Márcia, juntamente com a equipe do ObservaSinos, foi visitar a plantação de Francisco. Lá foi realizada a colheita dos alimentos que seriam apresentados na oficina, todos livres de agrotóxicos e desenvolvidos em harmonia com o meio ambiente.

Um dos grandes problemas no descarte de lixo é a mistura de resíduos secos com orgânicos, pois, quando não há separação entre eles, não é possível fazer a reciclagem do lixo seco. Pensando nisso, a Ecofeira, em parceria com o Programa de Ação Socioeducativa na Comunidade - PASEC, realizou nesta semana a oficina de Minhocultura e compostagem, conduzida pelo acadêmico do curso de Biologia na Unisinos Dennis Gamarra.



Dennis mostra as diferentes etapas do processo de compostagem (Foto: Pâmella Atkinson/IHU)

A oficina visa ensinar o processo de compostagem para pequenos espaços, como o interior de casas e apartamentos. A ideia é levar a técnica ao cidadão comum, ensinando-lhe o reaproveitamento de resíduos orgânicos e a utilização da compostagem no dia a dia. “Depois de realizado o processo de compostagem, a terra pode ser utilizada para pequenas hortas e jardins”, explica Dennis.

Um benefício da compostagem caseira é que pouco espaço nunca é um empecilho. A arquivista Jaqueline Lopes, que já foi aluna da oficina, fez sua composteira em casa utilizando potes de sorvete, por exemplo.

Jaqueline é uma frequentadora assídua da EcoFeira e conheceu a oficina através do projeto. Desde que participou do evento, todo o resíduo orgânico em sua cozinha vira uma terra rica em nutrientes para suas plantas.



Jaqueline Lopes já participou da oficina e tem sua própria composteira em casa (Foto: Pâmella Atkinson/IHU)

Dennis recomenda a compostagem através da minhocultura, pois as minhocas ajudam a acelerar esse processo. “As minhocas se alimentam do lixo orgânico na composteira e os túneis feitos por elas deixam a terra mais fofa”, relata. Todas as espécies do anelídeo podem ser utilizadas nesse método, mas o ideal é ter pelo menos duas minhocas por espécie na compostagem para a garantia de reprodução da espécie.

A oficina de compostagem tem acompanhado a programação da EcoFeira desde sua criação e a cada novo evento o número de interessados em realizar o processo de adubagem em casa tem aumentado.

Para quem perdeu, uma nova oficina de Minhocultura e Compostagem será realizada no dia 31 de outubro, às 12h30min, em frente ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU.

Confira aqui a programação completa da EcoFeira Unisinos para este semestre.

Para além da universidade

O mesmo trabalho de compostagem ensinado pelos corredores da Unisinos São Leopoldo é levado pelo PASEC ao bairro Santa Marta há 16 anos. Nas dependências da EMEF Santa Marta, o programa ensina a alunos da comunidade o processo de adubagem, plantio, cuidado e colheita de hortaliças. Além do aprendizado, tudo o que é plantado na horta da escola vira alimento nas mesas dos alunos participantes do projeto.

O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, publica a Carta do Mercado de Trabalho, do mês de julho de 2018, que é produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas. A Carta mostra o movimento do mercado de trabalho formal no Brasil, no Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas.

Conforme a publicação da Carta do Mercado de Trabalho, o mercado de trabalho formal brasileiro registrou, entre admissões e demissões, saldo positivo no mês de julho de 2018, com 47.319 postos de trabalho com carteira assinada o que representa uma ampliação em 0,12% sobre o estoque de empregos do mês anterior.

O mercado de trabalho formal rio-grandense no mês de julho de 2018 registrou saldo negativo de 2.657 postos de trabalho, o que representa uma queda de 0,10% sobre o estoque de empregos do mês anterior.

Percebe-se que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre no mês de julho de 2018 apresentou um decréscimo de 1.576 postos de trabalho com carteira assinada, uma queda de 0,14% sobre o estoque de empregos do mês anterior

Clique aqui para acessar a Carta do Mercado de Trabalho de julho completa.

A análise do saldo de empregos formais entre junho de 2017 e julho de 2018 não aponta para uma recuperação dos níveis de ocupação. Observa-se que, a partir da aprovação da reforma trabalhista, no mês de novembro de 2017, o saldo de empregos formais volta a diminuir. O Observatório das realidades e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, analisou a movimentação do mercado de trabalho antes e depois da reforma trabalhista no Vale do Sinos.

O Brasil estava vindo, ao longo de 2017, especialmente desde junho, com saldos positivos no mercado de trabalho formal. A interrupção começou a partir de novembro de 2017, com a aprovação da reforma trabalhista, quando o saldo foi de 12.292 postos de trabalho a menos; em dezembro do mesmo ano, o saldo foi ainda pior: 328.539 postos de trabalho a menos.

No mês seguinte, em janeiro de 2018, o mercado de trabalho formal voltou a ter saldo positivo, com 77.822 novos postos. Entretanto, os dados apontam que aqueles que foram demitidos em novembro de 2017 e dezembro de 2018 não foram contratados imediatamente, no mês de janeiro, sob o novo regime da nova lei trabalhista. Foi preciso cinco meses para conseguir recompor os demitidos de novembro e dezembro de 2017 e criar novas vagas.

O Rio Grande do Sul precisou de três meses para recompor os empregos e criar 18.001 vagas. O Vale do Sinos também precisou de três meses e criar 1.050 vagas. No entanto, a média de quantidade de vagas criadas ainda é semelhante a meses anteriores à reforma trabalhista.

Infográfico: Saldo de admitidos e desligados no Brasil (2017-2018)

Os pesquisadores Barbara Vallejos Vazquez, Euzebio Jorge Silveira de Sousa e Ana Luíza Matos de Oliveira, em matéria publicada no site do IHU, contextualizam a dificuldade da geração de empregos em meio à reforma trabalhista: “o que os estudos mostram é que a geração de empregos está ligada ao crescimento econômico. Mas, com os gastos do governo engessados e o crédito escasso, o crescimento hoje no Brasil patina por depender quase que somente do consumo das famílias”, enfatizam.

A nova lei trabalhista trouxe a possibilidade de demissão por comum acordo entre empregado e empregador. A extinção de contrato de trabalho acontece mediante pagamento de 50% do aviso prévio e metade da indenização sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, movimentação de 80% do saldo do FGTS e a retirada do acesso ao seguro-desemprego.

InfográficoDesligamento por acordo entre o empregado e o empregador no Brasil (2017-2018)

No Vale do Sinos, houve 953 demissões por acordo comum. Os setores mais importantes, como serviços, comércio e indústria da transformação, foram os que mais tiveram demissões por acordo comum. As profissões que mais tiveram demissões foram, portanto, ligadas a esses setores, como foi o caso do faxineiro, vendedor do comércio varejista e alimentador de linha de produção.

InfográficoOcupações mais impactadas pela demissão por acordo comum (2017-2018)

A outra característica da reforma trabalhista é o trabalhado intermitente. Desde a aprovação da reforma trabalhista, foram contratados 16.443 trabalhadores nesta modalidade no Brasil. A principal característica do contrato de trabalho intermitente é o empregado ser convocado quando a empresa tem uma demanda a ser suprida. O trabalho exercido pelo funcionário não tem uma frequência, pois os serviços podem ser prestados com períodos de alternância.

InfográficoContratação de trabalhadores intermitente no Brasil (2018)

Assim como aconteceu com a demissão por acordo comum, os setores de serviço e comércio foram os que mais tiveram contratos de trabalho intermitente. O Vale do Sinos já teve 95 trabalhadores contratados nesta modalidade. Os pesquisadores Vazquez, Euzebio e Oliveira destacam que a partir dos “dados iniciais, pode-se inferir que a reforma tem impactado setores marcados por baixos salários e alta rotatividade, como o comércio, relegando os empregados desse setor a uma situação mais aguda de precariedade”.



Os dados expostos mostram que o número de empregos criados desde novembro ainda não foi consistente. Os postos de trabalho criados apresentam precariedade, com trabalhadores com baixa escolaridade, alta jornada de trabalho e baixos salários. As demissões por acordo comum e os postos de trabalho intermitente confirmam esse cenário. O Brasil ainda enfrenta alto índice de trabalhadores na informalidade e desalentados.

Ampliar a análise e o debate sobre as realidades do Vale do Rio dos Sinos e da Região Metropolitana de Porto Alegre por meio de sistematizações de pesquisas e/ou experiências de intervenção é o objetivo do edital de publicação de trabalhos. Desde 2015, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, promove o edital a fim de dar espaço para trabalhos que analisaram realidades a partir de diferentes perspectivas.

O segundo artigo é “Inclusão produtiva no Programa Bolsa Família em Canoas: desafios políticos, éticos e metodológicos”, de Adriane Vieira Ferrarini¹, Estelamaris de Barros Dihl², Jéssica Caroline Wallauer³ e Gustavo Oliveira⁴.

Eis o artigo.

A globalização capitalista tem legado importantes avanços tecnocientíficos, mas também o vertiginoso aumento das desigualdades e da pobreza – fenômenos históricos e persistentes no Brasil. Desde a Constituição Federal de 1988, a assistência social (AS) passou a ser um direito de cidadania. A partir de 2001, o governo brasileiro, a partir da Política de Transferência Condicionada de Renda, materializada no Programa Bolsa-família (PBF), assumiu sua responsabilidade para com o enfrentamento da pobreza. Frente à importância que a dimensão econômica adquire para o acesso a recursos (ainda que a pobreza seja comprovadamente um fenômeno multidimensional) e do trabalho como direito e como desejo das beneficiárias (DIHL, 2015), foi criada em 2011 a política de inclusão social e produtiva (ISP) no âmbito do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA). A ISP é um processo de fortalecimento de vínculos sociais, acesso a serviços, exercício de cidadania e inclusão em oportunidades mais efetivas de trabalho, com acompanhamento socioeconômico e garantia de renda. Ela envolve processos de informação, encaminhamento e monitoramento ao mundo do trabalho, à qualificação profissional e à elevação de escolaridade (FERRARINI & WALLAUER, 2015).

Contudo, beneficiárias do PBF apresentam desafios devido a maiores condições de vulnerabilidade social: baixa escolaridade, problemas crônicos de saúde, necessidade de prover cuidados domésticos (não atendidos pelos serviços sociais), moradia de risco, dificuldade de mobilidade urbana, etc. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) foi a principal ação de ISP, tendo avançado muito no período de três anos (com implementação em 89% dos municípios brasileiros), seguido do Programa de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho (ACESSUAS), presente em 1.379 municípios em 2014 (MONTAGNER & MULLER, 2015).

Esta pesquisa teve o objetivo de analisar os principais avanços e limites das ações de ISP de beneficiárias do PBF no município de Canoas, o qual possui o terceiro maior Produto Interno Bruto  gaúcho, é sede de um distrito industrial e de grandes empresas nacionais e multinacionais, apresenta tradição no campo da economia solidária, agilidade na formalização de empreendimentos e ferramentas inovadoras – como o Banco de Currículos – para facilitar a contratação. Ademais, o município tem uma gestão de assistência social consolidada e uma boa rede de atendimento à população, além de ter sido um dos maiores demandantes de cursos do PRONATEC no Brasil à época e contar com equipe do ACESSUAS. Havia também uma rede extensa de iniciativas de ISP voltadas ao público do PBF.

Tratou-se de pesquisa qualitativa, cuja metodologia foi composta por cinco etapas: pesquisa exploratória, em que foram realizadas entrevistas com beneficiárias do PBF e com gestores públicos (da política de desenvolvimento social e de desenvolvimento econômico), bem como consulta a dados secundários; pesquisa-ação participante com gestores e técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Social (SMDS); reuniões intersecretarias; entrevistas com gestores do MDSA e acompanhamento domiciliar a beneficiários do Programa Bolsa-família. A pesquisa teve início em 2014 e encontra-se na última etapa, que visa experimentar instrumentos produzidos ao longo da pesquisa. Destaca-se que, a partir de 2015, as vagas do PRONATEC para o público do PBF foram praticamente extintas e até 2016 não havia mais ações de qualificação profissional e renda ligada à SMDS. Ainda que o PRONATEC também tenha sido finalizado em nível federal, isso não reduz a importância do tema, dado o número de pessoas já qualificadas, a relevância da superação da pobreza numa agenda social brasileira cidadã e ampliação no governo federal da ISP para status de Secretaria Nacional.  

A fase exploratória da pesquisa demonstrou alto nível de reincidência das beneficiárias do PBF nos cursos de qualificação profissional (cerca de 70% do público tinha mais de cinco certificados); baixo número de ingresso no mundo do trabalho; ausência de um projeto de vida ligado ao trabalho e poucas oportunidades econômicas adequadas ao seu perfil. Tais evidências mobilizaram a pesquisa-ação participante com gestores e técnicos e oportunizaram a compreensão deste cenário e a produção de conceitos e metodologias de AS para a ISP. Na sequência, a iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de somar-se à pesquisa-ação para a construção de uma estratégia intersetorial de ISP com vistas à instauração de um desenvolvimento inclusivo no município não se consolidou, em boa parte pela ausência de uma participação assertiva da AS. Tal ausência pode ser atribuída às dificuldades usuais de intersetorialidade (paradigmáticas e metodológicas) e ao aumento de questionamentos teóricos e políticos que se instauraram no campo da AS, com claros reflexos em Canoas, em torno de a ISP ser ou não uma atribuição desta política. Contudo, a tendência recente de afirmação que a ISP na AS significaria perda de direitos sociais (SOUZA, 2016) ainda não se confirma no Brasil (FERRARINI, 2016), dada a não condicionalidade da ISP às beneficiárias do PBF, ainda que não se possa negar riscos futuros. 

O estudo conclui que em Canoas (assim como no Brasil, em geral) houve uma relativa eficiência operacional, ainda que acompanhada de limitações típicas da política pública brasileira, tais como serviços de baixa qualidade, estruturas e equipamentos precários e profissionais insuficientes. Acrescem também limites específicos: (1) organizacionais: carência da intersetorialidade em meio à estrutura burocrática fragmentada; (2) macroeconômicas: desigualdade, pobreza intergeracional e multidimensional e falta de oportunidades; (3) certa invalidação de iniciativas econômicas, mesmo quando acompanhadas de ganhos extraeconômicos (caso da economia solidária); (4) programática: baixa participação da população, expressa na relação dúbia entre a oferta dos cursos, demandas do mercado e habilidades dos usuários.

Apesar de a ISP suscitar um debate ainda controverso entre redução de direitos sociais ou autonomia, prestando-se tanto para interpretações conservadoras quanto emancipatórias, a pesquisa evidenciou que ela carrega em si uma matriz de articulação entre direitos sociais e econômicos e de um novo paradigma de proteção social – já preconizado nas legislações da AS. Contudo, isso requer intersetorialidade entre as políticas sociais e econômicas – e também com a educação e saúde – que é justamente o maior desafio, acompanhado da dificuldade de planejamento e gestão da ISP na AS e escassas oportunidades econômicas dignas. As pesquisas sobre o tema no Brasil são ainda escassas, apresentando-se como um campo que merece ser analisado em profundidade do ponto de vista teórico-conceitual, ético-político e metodológico, considerando as ações já empreendidas nos últimos anos, os recursos investidos e a premência da superação emancipatória da pobreza no Brasil.

[1] Adriane Vieira Ferrarini é Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) e professora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) 
[2] Estelamaris de Barros Dihl é Mestre em Ciências Sociais pela UNISINOS
[3] Jéssica Caroline Wallauer é Mestre em Ciências Sociais pela UNISINOS
[4] Gustavo Oliveira é Mestre e Doutorando em Ciências Sociais pela UNISINOS

Referências:

DIHL, E. B. O Programa Bolsa-família como dispositivo para a inclusão produtiva: possibilidades e desafios. Dissertação de Mestrado defendida no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Unisinos. São Leopoldo: Unisinos, 2015.

FERRARINI, A. V.; WALLAUER, J. C. Cartilha da inclusão produtiva de Canoas: acesso ao trabalho, emprego e economia solidária. São Leopoldo: Oikos, 2015.

FERRARINI, A. V. 40º Encontro Anual da ANPOCS. Inclusão produtiva na política de assistência social: workfare à brasileira ou ampliação de direitos? 2016.

MONTAGNER, P.; MULLER, L. H. Inclusão produtiva urbana: o que fez o Pronatec/Bolsa Formação entre 2011 e 2014. Cadernos de Estudos: Desenvolvimento Social em Debate 24. 2015.

SOUZA, F. Inclusão produtiva. In: FERNANDES, Rosa; Hellmann, Aline (orgs). Dicionário crítico: política de assistência social no Brasil. Porto Alegre, Editora da UFGRS, 2016.

Na última quarta-feira (15/08) a Rede de Observatórios que há oito anos está articulada para qualificar processos de investigação e intervenção junto às políticas públicas, esteve reunida na Unisinos Porto Alegre. Além de analisar e debater os trabalhos implementados, a Rede deu seguimento à preparação do VIII Seminário Observatórios, que ocorrerá em outubro deste ano.

glossário dos Observatórios também foi analisado em vista da sua publicação em outubro próximo. Importante reconhecer o compromisso dos pesquisadores destes Observatórios com os dados, os indicadores e informações. O grupo de pesquisadores da Rede valoriza todos estes elementos como ferramentas estratégicas de afirmação da democratização do Estado e da sociedade brasileira.

Uma das preocupações da Rede se dá para com a situação das pesquisas das realidades e políticas públicas gaúchas, que teve importante prejuízo com a extinção da Fundação de Economia e Estatística - FEE. A instituição responsável pela pesquisa foi extinta e com ela as pesquisas em andamento. Os trabalhadores/as da Fundação estão sendo transferidos/as para diferentes órgãos e, lamentavelmente, sem valorização de suas expertises, ou seja, perdem-se pesquisas e pesquisadores/as.

Desde o início deste desmonte, a Rede se posicionou contra a extinção da Fundação e manifestou suas preocupações em relação aos trabalhadores/as, que, na atual conjuntura, consigam ser valorizados em espaços onde possam contribuir com suas pesquisas e dados.

Em outubro, a Rede de Observatórios Sociais promoverá o VIII Seminário Observatórios: democracia, desigualdades e políticas públicas. Em sua oitava edição, o seminário tem como objetivo promover o estudo e o debate sobre o papel dos Observatórios, suas metodologias e impactos.

O evento de 2018 pretende promover a análise transdisciplinar dos cenários contemporâneos marcados pelas desigualdades, em vista da análise e afirmação da democracia e das políticas públicas na contemporaneidade.

Também está aberto um edital para apresentação de trabalhos que proponham relatos de experiência, de pesquisas em andamento e de artigos científicos que colaborem no desenvolvimento e consolidação de Observatórios voltados a diferentes segmentos, temáticas e setores sociais, com destaque à temática do evento.

Confira aqui a programação do VIII Seminário Observatórios: democracia, desigualdades e políticas públicas.

A Ecofeira Unisinos, que ocorre todas as quartas-feiras em frente ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU, em São Leopoldo, apresentou nesta semana a oficina Plantas Medicinais – Parte I, ministrada pela bióloga MS Denise Schnorr. O objetivo do curso é ensinar a identificação, formas de preparo e indicações de plantas que podem ser usadas para uso medicinal.

 Na primeira parte do curso foram apresentadas para a turma as plantas popularmente conhecidas na região por espinheira-santa, guaco e hortelã pimenta. Denise indicou como reconhecer cada uma delas na natureza, qual o ambiente mais propício para seu desenvolvimento e de que forma aproveitar melhor seus nutrientes na preparação de chás. 



Bióloga Denise apresenta diferentes tipos de plantas medicinais (Foto: Pâmella Atkinson/IHU)

A identificação das plantas não é apenas visual. Denise incentiva os participantes a utilizarem outros sentidos, como o olfato e o tato, na hora de distingui-las. Ainda assim, outros cuidados podem ser tomados para evitar confusão. Apesar de serem plantas bem conhecidas, a bióloga alerta para o cuidado com o nome científico de cada uma delas. “Muitas vezes a planta possui vários nomes populares e como existem diversas espécies muito parecidas, pode-se acabar confundindo”, relata.

Para a preparação, mais detalhes devem ser observados. Denise atenta para a diferença da preparação de chás por cozimento ou infusão. “As partes mais delicadas da planta, como folhas e flores, devem passar pelo processo de infusão, enquanto raízes, caules e frutos secos podem passar pelo cozimento sem perderem seus nutrientes”, explica Denise.

Todas as plantas apresentadas estão identificadas como medicinais no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa e também na Relação Estadual de Plantas Medicinais de interesse do SUS/RS, ambas instituídas em dezembro de 2017.

O curso está dividido em quatro partes durante o semestre e os horários das próximas oficinas podem ser vistos aqui.