O ensino fundamental incompleto é ainda o corte de grau de instrução que possui o maior número de eleitores e se torna uma característica comum entre os municípios do Vale do Sinos. Apesar da maior escolaridade do eleitorado da região nos últimos anos, o Vale do Sinos possui 48,53% do eleitorado com ensino fundamental incompleto.
O Observatório das realidades e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, traçou o perfil do eleitorado que irá às urnas em outubro.
Gênero
O número de eleitores no Brasil aumentou de 75.813.519 em 1988 para 147.302.357 em 2018, resultando em uma expansão de 94% da população votante. Os homens representavam 50,50% do eleitorado brasileiro em 1988. Entretanto, este cenário mudou, as mulheres são a maioria do eleitorado nas eleições deste ano, representando 52,50% do total de eleitores. O Rio Grande do Sul, que também aumentou o número de eleitores, apresentou o mesmo movimento que o Brasil. As mulheres também são a maioria, com 52,50% do eleitorado (mesmo percentual nacional).
O Vale do Sinos vai contar com 52,56% de eleitoras nas eleições de outubro.
Infográfico: Evolução do eleitorado brasileiro (1988-2018)
O voto feminino foi instituído somente no ano de 1932. Apesar do avanço, ainda existia uma série de limitações: apenas mulheres casadas, viúvas e solteiras com renda própria poderiam votar. Dois anos depois, em 1934, as restrições supracitadas foram eliminadas do Código Eleitoral, embora somente em 1946 a obrigatoriedade do voto foi estendida às mulheres. Uma das explicações possíveis para o aumento da participação das mulheres votantes, além da obrigatoriedade, é o fato de elas representarem mais da metade da população brasileira e consequentemente do eleitorado.
Apesar de as mulheres representarem mais da metade da população brasileira e do eleitorado, isso não reflete na participação delas em cargos políticos. Atualmente, a Câmara Federal conta com aproximadamente 10% das mulheres e o Senado Federal com 14%. Já na Assembleia do Rio Grande do Sul, apenas 9 das 55 cadeiras são ocupadas por mulheres, isto é, um pouco mais de 16% de presença das mulheres. No Vale do Sinos, em 2016, apenas 14 mulheres conseguiram se eleger, resultando numa média de uma vereadora por município. Em 2012, a situação foi pior, nenhuma mulher tinha sido eleita.
Infográfico: Participação percentual do eleitorado feminino no Brasil (1988-2018)
Geração
O percentual de eleitores não obrigados a votar (facultativo) de 16 e 17 anos no Brasil nas eleições deste ano representa 0,95% do total. Em 2008, esse percentual era 1,91%. No estado a tendência é a mesma, em 2008 era 1,53% e passou para 0,65%. Por outro lado, aumentou a participação do eleitorado acima de 60 anos no Brasil. Em 2008, eram 14,51%; nestas eleições a participação passou para 18,84%. O Vale do Sinos também teve encolhimento na participação dos eleitores jovens entre 16 e 24 anos, passando de 17,11% para 13,31%.
Infográfico: Participação percentual de eleitores brasileiros por faixa etária (2008-2018)
Infográfico: Participação percentual de eleitores gaúchos por faixa etária (2008-2018)
A diminuição do eleitorado jovem e o aumento dos eleitores acima de 60 anos pode estar relacionada às mudanças demográficas no país. Outra explicação que pode ser dada é a falta dos jovens em cargos políticos visto que menos de 3% dos deputados federais e senadores são jovens.
Os municípios de Araricá, Estância Velha, Nova Hartz e Portão conseguiram eleger um vereador com idade abaixo de 29 anos na última eleição municipal. Em 2012, foram eleitos 6 vereadores com idade entre 18 e 24 anos. Os vereadores eleitos para o mandato de 2017-2019 estão, na sua maior parte, com idade entre 40 e 59 anos, e os eleitores de 2018 dessa mesma faixa etária, na região, são 26,09%.
Infográfico: Participação percentual do eleitorado do Vale do Sinos por faixa etária (2018)
Escolaridade
Os dados relacionados ao grau de instrução dos eleitores disponibilizados pelo TSE indicam considerável melhora em alguns indicadores. Logo, comparando os anos de 2008 e 2018, constata-se uma queda de 18% na participação de eleitores analfabetos no Brasil, ao passo que esse dado é de -30% para o Rio Grande do Sul. Por outro lado, continuando a análise comparativa, é observável um aumento dos eleitores com ensino superior completo para o Brasil, passando de 4.614.715 em 2008 para 13.576.120 em julho deste ano, isto é, um aumento de aproximadamente 194%. Já o Rio Grande do Sul segue esta tendência que, apesar do menor grau de intensidade, contabiliza um aumento de 127% (329.522 de eleitores em 2008 para 750.638 em julho deste ano).
Outro dado de destaque é que para este ano, no Brasil, a maior parcela da população votante (25,8%) se concentra no estrato com ensino fundamental incompleto; em 2008 esta parcela representava 34%. O segundo corte de instrução com maior número de eleitores para o Brasil é o ensino médio completo com 22,9%, cerca de 10 pontos percentuais a mais que 2008 (12,2%).
Infográfico: Participação percentual do eleitorado brasileiro por grau de instrução (2008-2018)
O Rio Grande do Sul segue a tendência nacional e apresenta eleitores com o ensino fundamental incompleto como a maior fração do eleitorado estadual (31,95% em 2018). Para o ano de 2008 este corte apresentava uma participação ainda maior, 40,3%. Eleitores com ensino médio completo representam a segunda maior participação do eleitorado gaúcho, com cerca de 20,1% em 2018 (em 2008 esta percentagem era de 11,82%).
Infográfico: Participação percentual do eleitorado gaúcho por grau de instrução (2008-2018)
Apesar da relativa queda entre o decênio de 2008 e 2018, o ensino fundamental incompleto é o corte que (ainda) possui o maior número de eleitores (maior percentagem de participação do eleitorado) e se torna uma característica comum entre os municípios do Vale do Sinos. Em 2008, 62,98% do eleitorado possuía ensino fundamental incompleto, agora em 2018 são 48,53%.
Infográfico: Participação percentual do eleitorado do Vale do Sinos por grau de instrução (2008-2018)
Ivoti recebe destaque pelos estratos mais qualificados, com 14,37% de seu eleitorado com ensino superior completo para o ano de 2018 (em 2008, esta parcela representava apenas 2,94%, isto é, um aumento de 389%). Já a fração do eleitorado de Ivoti com ensino superior incompleto para 2018 é de 11,21% (em 2008 era 4,2%). Segundo os dados do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul - TCERS, Ivoti foi o município da região que mais investiu em educação ao aplicar 35,96% dos impostos nesta área.
Infográfico: Participação percentual do eleitorado do Vale do Sinos por grau de instrução (2008)
O segundo município com mais eleitores com ensino superior completo e incompleto para este ano é Canoas, com 8,45% e 10,17%, respectivamente. Por outro lado, o município de Araricá possui a menor parcela do eleitorado com ensino superior completo (0,85% em 2008 para 2,57% em 2018), seguido de Sapucaia do Sul, com 1,03% em 2008 e 2,57% em 2018.
Infográfico: Participação percentual do eleitorado do Vale do Sinos por grau de instrução (2018)