Índice de Gini da renda dos trabalhadores do mercado formal de trabalho, em 2015, aponta maior desigualdade de renda em municípios mais populosos da região, como Canoas, São Leopoldo e Campo Bom. Já municípios menos populosos, como Araricá e Nova Hartz, possuem os menores índices de desigualdade. Renda média mensal é de R$ 2.248,37.
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados da Relação Anual de Informações Sociais - RAIS para verificar a desigualdade de renda no mercado formal de trabalho nos territórios do Vale do Sinos.
Para identificar a desigualdade de renda e compará-lo entre territórios, utilizou-se o Índice de Gini, indicador que mede a desigualdade de renda em determinado território, de 0 a 1. Quando este indicador atinge 1, há desigualdade perfeita, isto é, apenas 1 indivíduo do território detém toda a renda, enquanto se o indicador atingir 0, há igualdade perfeita, ou seja, todos os indivíduos possuem o mesmo nível de renda. Desta forma, valores numéricos menores indicam menor desigualdade de renda entre os trabalhadores remunerados no mercado formal de trabalho da região.
A tabela 01 apresenta o Índice de Gini, da renda dos trabalhadores do mercado formal de trabalho, para os territórios do Vale do Sinos. O indicador do Vale do Sinos é de 0,3788.
Na região, os 4 menores índices, que apontam menor desigualdade, ocorrem em Araricá (0,2479), Dois Irmãos (0,2893), Estância Velha (0,2894) e Nova Hartz (0,2678). Esses são alguns dos municípios menos populosos da região.
Por outro lado, os municípios mais populosos são os que possuem maiores índices de Gini: Canoas (0,4343) e São Leopoldo (0,3951). Novo Hamburgo, um dos três municípios mais populosos da região, possui o 6º maior índice: 0,3503.
Para o cálculo do índice de Gini, utilizaram-se os dados de renda acumulada e renda de pessoas, através de média mensal para 2015. A renda acumulada refere-se ao montante recebido por cada grupo salarial. Para isso, foram utilizadas 12 divisões de grupos salariais; até 0,5; 0,51 a 1,00; 1,01 a 1,50; 1,51 a 2,00; 2,01 a 3,00; 3,01 a 4,00; 4,01 a 5,00; 5,01 a 7,00; 7,01 a 10,00; 10,01 a 15,00; 15,01 a 20,00; e mais de 20 salários mínimos. Há também o grupo de não identificados, ou seja, aqueles que não tiveram sua renda apontada, os quais foram ignorados para o cálculo do índice. A renda de pessoas refere-se ao número de indivíduos que estão em cada grupo salarial.
A tabela 02 apresenta a renda acumulada, o número de indivíduos e a renda média, mensalmente, nos territórios do Vale do Sinos, em 2015, a partir dos dados dos trabalhadores do mercado formal de trabalho. Na região, a renda acumulada mensalmente é de 792 milhões de reais, a qual é distribuída entre 352.347 indivíduos, sendo a renda média de R$ 2.248,37.
Os dados apontam uma renda média por indivíduo de R$ 2.248,37 mensalmente no mercado formal de trabalho da região. A maior renda média ocorre em Canoas, R$ 2.677,14, enquanto a menor ocorre em Nova Hartz, R$ 1.553,99.
Do total de indivíduos, 23,28% são de Canoas e 21,14% de Novo Hamburgo. Já a renda acumulada de Canoas representa 27,70% do total, acima da participação do número de indivíduos, e a de Novo Hamburgo, 19,41%.
Para além da desigualdade de renda dentro dos territórios, há uma desigualdade de renda entre os territórios, evidenciada pela concentração de renda em municípios mais populosos, muito em vista da existência de indivíduos com rendas elevadas nestes municípios. Desta forma, há uma convergência entre as rendas mais baixas dos municípios menos populosos e as rendas mais altas dos municípios mais populosos que define a renda média da região. Destaca-se, no entanto, que esta renda refere-se apenas aos trabalhadores que estão inseridos no mercado formal de trabalho e, portanto, não é sinônimo de Renda per capita ou Produto Interno Bruto per capita, outros indicadores comumente utilizados para verificar nível de renda.
Por Marilene Maia e Matheus Nienow