14 Setembro 2023
O presidente da Colômbia endurece o tom diante dos confiscos que afetam os opositores do regime da Nicarágua.
A reportagem é de Santiago Torrado, publicada por El País, 13-09-2023.
Caso houvesse alguma dúvida, Gustavo Petro acabou de se distanciar do regime de Daniel Ortega na Nicarágua. O presidente colombiano, em visita ao Chile para a cerimônia dos 50 anos do golpe de Estado contra o socialista Salvador Allende, cerrou fileiras em defesa da escritora Gioconda Belli e chamou o presidente nicaraguense de ditador ao compará-lo a Augusto Pinochet naquela que é sua declaração mais forte até o momento.
“Toda a minha solidariedade a Gioconda Belli, poeta da resistência nicaraguense contra Somoza, agora perseguida por Ortega”, escreveu Petro no X (antigo Twitter), sua rede social favorita. “Que paradoxo! Aqui, no Chile, visito poetas chilenos cujas casas foram invadidas e assassinadas pela ditadura, e Ortega faz o mesmo que Pinochet.” Sua mensagem reproduzia outra em que a escritora denunciava o confisco de sua residência em Manágua.
Toda mi solidaridad para Gioconda Belli, poeta de la resistencia nicaragüense contra Somoza, ahora perseguida por Ortega. !Qué paradoja! aquí, en Chile, recorro casas de poetas chilenos a quienes la dictadura allanaba sus casas y asesinaba y Ortega hace lo mismo que Pinochet. https://t.co/vHM2QxrHG6
— Gustavo Petro (@petrogustavo) September 12, 2023
Petro endurece assim o tom das suas mensagens a respeito de Ortega e sela a viragem diplomática do seu Governo. O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia já enfrentou a hostilidade do regime nicaraguense em diversas ocasiões, mas é a primeira vez que o próprio presidente é tão enérgico.
No enésimo confronto, a Colômbia manifestou mês passado a sua “preocupação” com o confisco da Universidade Centro-Americana (UCA), na Nicarágua, que se tornou o último reduto da liberdade de pensamento num contexto de repressão brutal. O Itamaraty condenou então veementemente “todas as medidas que limitam a liberdade religiosa, acadêmica e de expressão” na Nicarágua, o que Manágua descreveu como uma “posição intervencionista” numa declaração repleta de desqualificações.
As tensas relações entre Bogotá e Manágua são uma questão delicada, uma vez que ambas as capitais mantêm há anos uma acirrada disputa fronteiriça no Mar do Caribe que envolve as águas circundantes do arquipélago colombiano de San Andrés e Providencia. A Nicarágua tornou-se um campo minado para a diplomacia colombiana.
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Nicarágua. Petro sobre a poeta nicaraguense Gioconda Belli: “Ortega faz o mesmo que Pinochet” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU