Nicarágua. O último golpe do sandinista Ortega contra o Papa é a expropriação proletária das pensões dos padres

Dom Rolando Álvarez (Foto: Vatican News)

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26 Julho 2023

Depois de expulsar o núncio apostólico, romper relações diplomáticas com a Santa Sé, prender dezenas de padres, entre eles um bispo que se tornou a bandeira da resistência ao regime sandinista, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, continua sua ação para desmantelar as estruturas eclesiásticas, convencido de que a Igreja age contra seu governo. O último ato resultou na expropriação proletária de um fundo que servia para pagar as pensões de padres idosos, cerca de setenta ao todo, que agora estão sem qualquer tipo de sustento mensal (que chegava a cem dólares).

A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 25-07-2023.

Há algum tempo o clero denuncia perseguições policiais, espancamentos, intimidações, bombardeios a igrejas e confisco de bens, contas bancárias, fechamento de conventos, enquanto as autoridades também se recusam a responder a perguntas feitas por jornalistas estrangeiros.

No mira estão paróquias, dioceses e muitas congregações religiosas. As freiras de Madre Teresa de Calcutá também pagaram o preço. 

Daniel Ortega e sua esposa Rosario Murillo, vice-presidente, sempre tiveram uma atitude adversa em relação à Igreja Católica e seus ritos, mesmo depois da Revolução Sandinista. Em 2006 eles voltaram ao poder e nessa conjuntura aproximaram-se da Igreja para pedir apoio num país fundamentalmente católico. Embora casados na Igreja, eles criticaram o aborto terapêutico, defenderam a vida mas por detrás do verniz de "cristãos, socialistas e solidários" começaram a chocar-se com vários bispos. Um deles é D. Rolando Álvarez, o mais perseguido pela ditadura e atualmente preso.  Do púlpito, nos últimos anos, não deixou de denunciar irregularidades, corrupção e violência. 

No Vaticano, a deriva autoritária da Nicarágua é motivo de grande preocupação. Sem nenhum representante diplomático e tendo que fechar a nunciatura para evitar saques (guardada por nossos soldados estacionados na sede diplomática italiana), o Papa conta com mediadores, como o presidente brasileiro Lula, amigo pessoal de Ortega e Francesco, mas até agora parece sem grandes resultados. Vozes internas como a do cardeal de Manágua, Leopoldo Brenes, são reduzidas ao silêncio e parecem paralisadas pelo medo de piorar a situação, tanto que o cardeal continua minimizando, muitas vezes acusando os jornalistas de exageros na redação.

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