Nicarágua. Lula trabalhará para que Ortega liberte Mons. Álvarez. E se o bispo recusar novamente a oferta "deportação em troca de liberdade"?

(Foto: Ricardo Stuckert | Partido dos Trabalhadores)

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26 Junho 2023

Após o encontro com o Papa na última quarta-feira, 21, em entrevista coletiva, o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, antecipou ter assumido o compromisso de favorecer e obter a libertação do bispo de Matagalpa e administrador apostólico de Estelí (Nicarágua), D. Rolando Álvarez. Segundo a ANSA, o presidente do Brasil disse: "Toda pessoa que comete um erro deve aprender a se desculpar. Meu compromisso é conseguir convencer Ortega a admitir que errou". A agência italiana observa que foi o Papa quem pediu a Lula essa gestão. Outras fontes dizem que o governador teria se oferecido para intervir quando se discutiu a situação da Nicarágua.

A reportagem é publicada por Il Sismógrafo, 25-06-2023. 

O bispo Álvarez está detido em uma seção de segurança máxima, na prisão de La Modela, perto de Manágua, desde que se recusou a ser deportado para os Estados Unidos no aeroporto da capital em 9 de fevereiro, junto com outros 200 presos políticos expulsos. Daniele Ortega rapidamente montou um julgamento espetacular e em poucas horas ordenou uma sentença de 26 anos e 4 meses de prisão, listando várias acusações, uma mais sem sentido que a outra. Era 10 de fevereiro de 2023. No entanto, o bispo estava em prisão domiciliar desde agosto de 2021.

Dois dias depois, o Papa Francisco, após o Angelus de 12 de fevereiro de 2023, expressou afeto ao bispo condenado ("D. Rolando Álvarez, a quem tanto amo") e pediu, como no passado, o diálogo e a busca de consenso soluções, evitando opor as duas partes de um país já dividido. Posteriormente, Francisco criticou duramente a ditadura de Ortega, comparando-a a governos como os de Stalin e Hitler. As relações bilaterais, Manágua-Vaticano, cada vez mais agravadas, são hoje quase inexistentes.

O presidente Lula poderia ser uma primeira reabertura lábil entre os partidos, mas não parece fácil. Então, a questão principal no momento é a liberdade de D. Álvarez, e é um assunto humanamente delicado e politicamente complicado. Por que?

Por que seria D. Álvarez para decidir o que fazer se houver um vislumbre de libertação em uma negociação entre Luiz Inácio Lula da Silva e o governador da Nicarágua. O bispo está preso porque deve cumprir uma pena, ainda que injusta e ilegal, mas também porque se opôs a ser deportado do país como queria Ortega e como fez anos atrás com outros dois bispos incômodos, mons. Pablo Vega e depois com D. Silvio Baez. O bispo Álvarez se recusou a embarcar no avião e "optou" por ir para a prisão.

E se agora o presidente brasileiro conseguiu obter a soltura do bispo em troca de sua deportação, quase certamente D. Rolando Álvarez, para ficar e viver no país com o seu povo, voltaria a opor-se.

Para o Pontífice seria um assunto muito delicado, assim como foi delicado tirar bispo da Nicarágua. Silvio Báez, sob o pretexto de o querer no Vaticano para um trabalho. De Roma, o bispo Báez foi forçado a ir viver no exílio em Miami porque descobriu que nenhum trabalho o esperava no Vaticano.

Um segundo bispo nicaraguense no exílio, ainda que libertado de outra forma e por outras causas imediatas, seria algo grave.

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