04 Julho 2023
A reportagem é de Israel González Espinoza, publicada por Religión Digital, 04-07-2023.
A Assembleia Continental da Ameríndia expressou, por meio de um comunicado, sua proximidade à Igreja e ao povo da Nicarágua, que sofre perseguições religiosas por parte do regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo.
"Hoje estamos profundamente preocupados e surpresos com a atuação daqueles que detêm o poder na Nicarágua, cada vez mais afastados dos princípios éticos e libertadores com os quais lutaram contra o regime da família Somoza", indica a declaração de solidariedade à Nicarágua assinada pelos membros da Ameríndia.
A Ameríndia reúne vários teólogos católicos da América Latina e no fim de junho teve sua assembleia continental em Manaus, Brasil.
“Para nós, é profundamente doloroso saber que a amada Nicarágua vive, desde abril de 2018, uma profunda crise de direitos humanos exacerbada por um autoritarismo mais típico dos anos mais sombrios da América Latina e que é totalmente anacrônico no século XXI”, lê-se no anúncio.
No texto, a Assembleia Continental da Ameríndia saúda a determinação do povo nicaraguense de enfrentar o autoritarismo do regime de Ortega por meios pacíficos e democráticos.
"Queremos saudar a coragem do povo nicaraguense, que, diante de um regime cada vez mais arraigado na força da irracionalidade representada pelo uso de armas e repressão para manter o poder, preferiu resistir pacificamente à violência estatal, mesmo à custa do enorme sacrifício que toda a sociedade está pagando por isso", manifestam os teólogos da região unida na Ameríndia.
A Assembleia Continental da Ameríndia também expressou sua proximidade com dom Rolando Álvarez, condenado pelo regime de Ortega a 26 anos de prisão, e afirmou que as táticas de repressão da Nicarágua contra a população são "inaceitáveis".
"Lamentamos as ações repressivas e as violações dos direitos humanos mais básicos empreendidas contra nossos irmãos nicaraguenses, e nos manifestamos a partir de Manaus especialmente junto à Igreja Católica e setores da sociedade que criticam as políticas antidemocráticas, repressivas e extrativistas promovidas pelo regime, por considerá-los contrários à dignidade do povo, que quer a liberdade de trabalhar por um país de irmãos, justo, livre e inclusivo", sublinha o comunicado da Ameríndia.
Os teólogos latino-americanos também deploram a manipulação religiosa que Ortega vem exercendo como método de dominação ideológica.
"Condenamos a manipulação da linguagem religiosa por aqueles que, do poder, a utilizam para manipular a consciência da população, principalmente dos mais empobrecidos. Para nós, crer em Deus é praticar a justiça. O uso da fé e da religião para legitimar políticos projetos em desacordo com os direitos humanos do povo é uma blasfêmia, se lermos a Bíblia corretamente", dizia o comunicado.
Os teólogos latino-americanos expressaram seu desejo de uma solução pacífica e democrática para a Nicarágua, ao mesmo tempo que exortaram o regime de Ortega-Murillo a interromper seu turbilhão repressivo.
"Nós, abaixo assinados, exigimos que o regime da família Ortega-Murillo cesse todas as ações repressivas contra os nicaraguenses. (...) Irmãos da Nicarágua: Ao escrever esta declaração, transmitimos a vocês nossa solidariedade e nosso acompanhamento até que possam alcançar uma sociedade justa, plural, livre e democrática. Nosso compromisso solidário e militante é - e sempre foi - com vocês", finaliza o comunicado de Amerindia.
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Nicarágua. Ameríndia condena a deriva repressiva de Ortega - Instituto Humanitas Unisinos - IHU