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O turismo em tempos de Covid19: nada será como antes, amanhã!

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15 Abril 2020

"Será que as pessoas sairão diferentes desta pandemia? Será repensado o capitalismo? Será que passaremos a olhar com mais cuidado e atenção para as pessoas a nossa volta? Será que passaremos a olhar com mais cuidado para o meio ambiente? Será que nossa liberdade será menos individualista? Será? São muitas as perguntas e, certamente, estamos longe das respostas", escreve Moema Hofstaetter, doutoranda pelo Departamento de Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e bolsista da CAPES.

Eis o artigo.

O relatório The Travel & Tourism Competitiveness Report 2017 [1], elaborado pelo World Economic Forum, de subtítulo “Abrindo o caminho para um futuro mais sustentável e inclusivo”, incorpora temas como inclusão social e sustentabilidade, o que vem sendo debatido em nível mundial, desde principalmente a Conferência de Johanesburgo. No entanto, seu objetivo primordial é alcançar uma indústria de Travel and Tourism forte e sustentável capaz de contribuir efetivamente para o desenvolvimento econômico internacional. Disso, é possível depreender que a sustentabilidade no turismo relaciona-se à manutenção da atividade no longo prazo, o que não necessariamente se dará segundo os preceitos do desenvolvimento sustentável [2].

De acordo com este relatório, a Espanha lidera a edição de 2017 do ranking global de países receptores do turismo, pela segunda vez, seguida por França, Alemanha, Japão, Reino Unido, Estados Unidos, Austrália, Itália, Canadá e Suíça. Estes países formaram, em 2017, o TOP 10 de receptores de turistas no mundo. No entanto, se analisarmos os dados olhando o Sul e o Mediterrâneo europeus, a Itália teve o maior desempenho. Neste país soma-se ao turismo, a rota da seda. O Brasil figura na posição 27. É interessante e ao mesmo tempo muito triste, olhar para este ranking e o relacionar à mobilidade e à mortalidade do Covid-19.

O mesmo relatório [3] afirma que, pelo sexto ano seguido, o crescimento da indústria do turismo superou o crescimento da economia global, mostrando a resiliência do setor diante das incertezas geopolíticas globais e da volatilidade econômica. O turismo tem visto uma expansão contínua, ao longo do tempo, apesar de choques ocasionais demonstrando a força e a resiliência do setor [4].

Resiliência e expansão estas que, de acordo com o que se têm observado nos últimos meses, caem por terra, com o surgimento de um vírus conhecido por Covid-19.

A OMT aponta o setor turístico, como a segunda maior atividade econômica do mundo em geração de divisas e empregos, atrás apenas da indústria do petróleo e derivados. Em 2019, 1,5 bilhão de chegadas de turistas internacionais foram registradas globalmente, de acordo com o Barômetro Mundial de Turismo da Organização Mundial do Turismo (UNWTO, 2020) [5] . Este resultado comemora o décimo ano consecutivo de crescimento, mesmo que mais lento do que os anos de 2017 e 2018, em função da incerteza em torno do Brexit, o colapso da Thomas Cook, as tensões geopolíticas e sociais e a desaceleração da economia global. Este mesmo documento aponta a perspectiva para o futuro (ano de 2020), com um crescimento para o setor de 3 a 4 %, principalmente em função dos grandes eventos esportivos, como os Jogos Olímpicos de Tóquio e eventos culturais como a Expo Dubai, todos cancelados por hora.

E agora José, a festa acabou?

O setor do turismo que contribuiu, em 2016, com US$ 7,6 trilhões para a economia global (10,2% do PIB Global), gerou 292 milhões de empregos (1 em cada 10 empregos no planeta) [6], e seguiu num crescente, entra em colapso pela mobilidade de um vírus.

O que precisa ser dito, sobre essa mobilidade, é que o vírus surge e se adapta ao ser humano, no país que há mais de meia década vem se consolidando como a liderança dos mercados emissores do turismo, atingindo um número que superou os Estados Unidos. Cerca de 10% dos 1,4 bilhões de habitantes da China viajou internacionalmente. Até 2027, espera-se que o número de portadores de passaporte atinja 300 milhões ou 20% da população chinesa [7].

Não é novidade observar que, assim como no mundo, no Brasil, a importância do turismo é sempre associada ao PIB, como se o fato de gerar divisas garantisse o desenvolvimento da sociedade, com melhora das condições de vida de toda uma população. Brandão (2017) [8] apontava as dificuldades em explicar o Brasil como a 10ª economia do mundo ao mesmo tempo em que figura como o 10º país em pior distribuição de renda. Ou como dito por Sanson (2018) [9] , “o grande paradoxo do país é estar entre as maiores economias do mundo, quando se utiliza o critério do Produto Interno Bruto (PIB), e os piores quando se utiliza o critério do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”.

Mas e agora, o confinamento prolongado coloca a economia em xeque-mate. E sem a economia, tão promulgada pelo capitalismo, sem a geração de divisas, o que nos resta? Vivemos uma primeira contradição. Se a pós-modernidade nos permitiu viver a liberdade de forma mais intensa (o que não é uma realidade para todos), através da mobilidade dos fluxos e da conexão global, esta mesma liberdade nos é tirada, através dos mesmos fluxos e conexão global, pela mobilidade de um vírus. Estamos todos conectados, e não só virtualmente.

Gilles Lipoversky (2020) [10] , criador do conceito de hipermodernidade, afirma que o Covid-19 é um sintoma da hipermodernidade, ou como outros atores chamam, da pós-modernidade. Esta mesma pós-modernidade, que tem como uma das suas principais características a exacerbação do individualismo que, associado aos avanços tecnológicos, permite as pessoas usufruírem da sua liberdade, de forma inquestionável. No entanto, ela é usada numa perspectiva individualista, sem a preocupação com o todo. Ou seja, usufruímos do mundo sem qualquer responsabilidade coletiva, e aqui estamos nos referindo ao meio ambiente, ao aquecimento global, ao direito das minorias, à liberdade do povo local. Chegamos a mais uma contradição. O mundo está à disposição das pessoas (não de todas) do ponto de vista das facilidades dos fluxos, mas estas mesmas pessoas usufruem do mundo sem responsabilidade coletiva. Lipoversky afirma inclusive que a grande maioria das pessoas que realiza um turismo alternativo, o faz numa perspectiva individualista.

Nesta crise gerada pelo Covid-19, os bugueiros, os guias, os trabalhadores diaristas, os ambulantes, estão todos sem renda, pelo tempo que durar a pandemia. Obviamente que uma parcela tem alguma reserva, em função principalmente da alta temporada ter finalizado há pouco tempo. Mas essa não é a regra. Os hotéis e resorts, muitos fecharam as portas, muitos desassistiram seus funcionários, mesmo que os representantes em cargos de chefia se desdobrassem para evitar as demissões.

A partir da provocação de Ramos Filho (2020) [11] cabem as seguintes perguntas. Será que a burguesia capitalista, com a crise, percebe que o capital imobilizado em máquinas, equipamentos, estoques, não gera riquezas? Será que esta classe irá perceber, com o Covid-19, que sem o trabalho dos empregados o capital é inútil? É certo que percebe, caso contrário esta burguesia capitalista não lotaria as ruas com seus carrões, pedindo o fim da quarentena. Vão às ruas exigir que os governos assegurem os seus direitos, mesmo que em detrimento das vidas. Estes capitalistas que ficam protegidos em suas casas, não aceitam que seus lucros e capitais sejam comprometidos por decisões estatais que impõem o isolamento social, o que demonstra a essência do capitalismo, com trabalhadores descartáveis, substituíveis [12]. Suas vidas não têm valor, a não ser que tragam privilégios aos detentores do capital.

Do outro lado, vemos muitos trabalhadores saindo do confinamento porque precisam sobreviver, já que estamos nos referindo ao Sul do Mundo, à América Latina, ao Brasil e ao Nordeste, onde a maioria das pessoas (sobre)vive na informalidade. Trabalham hoje, para comer hoje. Falamos de um lugar onde não existe um estado de bem-estar social, e de um lugar onde, a partir do atual governo, há um retrocesso dos direitos conquistados com anulação de direitos adquiridos. A luta por uma renda mínima reivindicada pela sociedade, pelo período de três meses iniciais, é vencedora, no entanto, a implementação demora a chegar.

Já é de conhecimento universal que a economia de mercado cria necessidades para realizar os lucros esperados, sem os quais ela desmorona. Essa ideia dialoga com o acesso à liberdade alardeada pela pós-modernidade.

Segundo Harvey (1993) [13], “somos dependentes das superfícies e aparências”. Sendo assim, compreende-se que o lazer e a viagem são transformados em mercadoria para uma determinada parcela da sociedade de consumo, que tem liberdade para dela usufruir. Ou como preconizado por Lefebvre (1991) , estamos diante da sociedade burocrática do consumo dirigido.

Mesmo se, conforme defendido por Lefebvre (1991) [14], o turismo é produto de um consumo dirigido, temos, a partir da última década, de observar que há um retorno do consumidor referente ao seu consumo e que, o retorno do consumidor e do consumo exigem mudanças rápidas na engenharia da produção, no sentido de que a decisão do que será produzido não é mais monopólio somente da empresa, como no modelo fordista, mas o consumidor tem também um papel na decisão do que consumir (Sanson, 2009) [15] . Ele é livre para fazer suas escolhas.

Podemos aqui nos referir ao consumo dentro de um destino pré-estabelecido pelo capitalismo, já que esta análise parte do princípio de que o turista não tem autonomia e gerência sobre os destinos turísticos. Ele compra, dentre os pacotes oferecidos, aquele que lhe melhor convém. Dentre estes, ele tem um papel de decisão na materialização do seu imaginário, enquanto consumidor. É um processo dialético. O capitalismo é protagonista na escolha do produto a ser ofertado, ao mesmo tempo em que o gosto, a materialização do imaginário, os desejos do consumidor (perspectiva individualista), moldam o contorno do capitalismo (sem responsabilidade coletiva).

O aqui e agora, o imediato, a realização das sensações, é o que importa. Vivemos na modernidade líquida (Bauman, 2001) [16], onde nada é perene, tudo é imediato, liquefeito. Se a qualidade importa, a intensidade importa ainda mais. Mas com a pandemia, em que lugar fica o imediato? O imediato é quando? O aqui e o agora, a realização das sensações importa mais que a vida? Mais que a minha vida? E a vida do outro? Não é hora de enquanto sociedade olharmos para o outro? Pensar em processos includentes, coletivos e solidários?

É importante trazer presente, na reflexão, que o potencial econômico das atividades turísticas desde antes da pandemia, não foi acompanhado apenas por efeitos positivos e sim por inúmeros efeitos negativos. Podemos afirmar que as práticas turísticas em comunidades não trouxeram sempre os potenciais prometidos às populações locais.

Não seria hora de dar vazão ao que se chama de turismo pós-industrial, com o retorno de valores e de imagens de sociedade, ou seja, uma demanda existencial? [17]

Por que a América Latina, o Brasil, o Nordeste precisam copiar o modelo internacional, universal, de turismo? Não podemos pensar e propor um novo modelo a partir do Sul do Mundo, que seja includente, solidário, sustentável, não para garantir a sustentabilidade do turismo, enquanto manutenção da atividade, mas a sustentabilidade da vida? Não podemos pensar o turismo dentro da estratégia de desenvolvimento do local, com a participação efetiva das pessoas como sujeitos e atores do processo e, para tal, como afirma Amartya Sen [18], viabilizando a superação das privações de liberdades que limitam as capacidades de escolhas e as oportunidades das pessoas? Estamos falando de todas as pessoas, não algumas poucas. Tem algum sentido a população de um determinado destino ser empurrada para o interior, cada vez mais, para que os hotéis e os turistas, estes últimos que apenas passam por ali usufruam das belezas naturais, antes privilégio das comunidades locais e originárias?

Qual o sentido de o sistema público, gratuito de saúde, em uma determinada localidade, dar um atendimento de excelência para o turista que está de passagem pelo local e negligenciar o atendimento à população de um assentamento local, para exemplificar, porque parte da população não é originária dali (da mesma forma que o turista não o é), e porque o endereço do assentamento é invisível, ou não é reconhecido? Estas são questões com as quais nos deparamos no nosso cotidiano, principalmente quando pensamos a cidade que queremos e para quem. Precisamos trazer à tona estas questões e resolvê-las.

Para tal urge pensar uma política de turismo que seja integrada a uma política de desenvolvimento mais ampla, com inclusão social.

Por que não ampliamos a reflexão a partir desta pandemia, e da fragilidade a qual ela nos impõe, e avançamos na reflexão sobre a (ir)real necessidade de internacionalização do turismo? Não seria chegada a hora de pôr fim à divisão territorial gerada pela concepção e modelo de gestão internacional padronizado, de grandes empreendimentos versus as comunidades locais tradicionais, onde se prioriza a transposição espacial para os locais de visitação a partir dos desejos dos turistas (Cruz, s/d) ? [19]. Esse movimento é conhecido e é sabido que provoca diversos impactos negativos, a saber, especulação imobiliária, conflitos fundiários, prejuízos aos ecossistemas, divergências e falsas expectativas sobre a geração de empregos, entre outros.

Vivenciamos com esta pandemia a existência de redes de solidariedade que têm funcionado. Diversas redes da economia solidária têm gerado alguma renda às comunidades e grupos organizados, bem como redes de compras coletivas de produtos dos agricultores, assim como diversas outras redes online que pontualmente estão arrecadando cestas básicas e troca de trabalhos e serviços, além de lives de shows, entre outros. Não seria possível nos aprofundarmos ainda mais nestas dinâmicas e perceber que existe uma organização local que sobrevive, que mantem a vida, apesar da pandemia? Não seria esta, uma oportunidade para exercitarmos menos trabalho e mais tempo para as relações intramuros, cultivar novos hábitos, mesmo estando fisicamente distantes da maioria das pessoas? Não seria esta, uma boa oportunidade para exercitarmos solidariedades?

Considerando que o turismo interno no Brasil é forte, e forte é, principalmente no Nordeste, não seria o momento de abandonarmos esse discurso hegemônico da internacionalização e pensarmos o local, os novos diversos territórios, com seus cheiros, cores e sons?

Não seria possível, a partir da reflexão colocada por esta pandemia, avançarmos num jeito de fazer turismo a partir do Sul do mundo, preservando as águas (Veneza redescobriu a cor das suas águas com o confinamento e a ausência de turistas, ausência dos transatlânticos, para além do confinamento da população), com preservação dos ecossistemas (diversos são os depoimentos de pessoas que passam a ver os lugares, as paisagens, como são, agora que não há turistas), com mais respeito ao meio ambiente (quanto de CO2 deixou de ser produzido com a redução do tráfego aéreo com o fechamento temporário de muitas rotas?), com participação social, enquanto sujeitos e atores dos processos e com efetivo desenvolvimento? Talvez desta forma, possamos afirmar, daqui há algumas décadas, que o turismo contribuiu com a mudança qualitativa no IDH.

Todo este debate traz à tona que cidades queremos, se as pessoas serão objetos, produtores de riqueza para uma minoria, ou sujeitos, propulsores de um desenvolvimento real para todos.

A pandemia nos obriga a enxergar que não basta crescer, precisamos desenvolver. E o turismo, assim como o petróleo, o agronegócio, a mineração, a construção civil, os serviços, e a produção de energia, dentre outros vetores econômicos, precisam entender que gerando dividendos ao Estado, mas, sobretudo, às empresas e corporações que fazem usos e abusos do território nacional nesses contextos, sem que se efetive um processo de distribuição de renda de modo a amenizar as desigualdades sociais e regionais, estamos, enquanto Gaia, fadados à morte.

Vale relembrar a ideia dos postulados fundamentais e o princípio de valor que Max-Neef [20] defende, onde a economia e o desenvolvimento deveriam estar à serviço das pessoas e dos ecossistemas, sendo que tanto a economia, quanto o crescimento econômico deveriam estar submetidos à biosfera e todos, sem exceção, deveriam reverenciar a vida. A pandemia nos obrigada a encarar esta realidade.

A pandemia pode ser vista como uma oportunidade para que todos e todas, enquanto comunidade internacional, repensemos os nossos padrões de convivência global, para enfrentarmos outros problemas graves, como a desigualdade de renda, as diferenças de liberdades, as diversas formas de violência (vale uma ressalva ao aumento de número de violência contra as mulheres durante os confinamentos, em todos os lugares do mundo, mesmo que subnotificados [21]), os conflitos em função dos deslocamentos humanos e as mudanças climáticas.

Byung-Chul Han (2020) [22] afirma que, após a pandemia, o capitalismo continuará ainda com mais pujança e os turistas continuarão pisoteando o planeta. Mas talvez diferente da Europa, aqui no Brasil, na América Latina ou no Sul do Mundo, mesmo o vírus nos obrigando ao confinamento, não nos individualize em nossos mundos privados e, a partir da nossa história de resistências, consigamos perceber a importância da solidariedade, de ações cada vez mais coletivas e, acreditar em uma sociedade diferente, mais justa.

Podemos sim propor um programa de turismo, que esteja vinculado a uma estratégia de desenvolvimento, com a perspectiva dos atores sociais, com a perspectiva dos sujeitos que constroem o território, com participação social, com empoderamento da população, incluindo as comunidades.
Um outro mundo é possível, a partir do Sul do mundo. Este é o convite à reflexão. Necessitamos hoje pensar o amanhã.

 

Notas: 

[1] World Economic Forum. (2017). The Travel & Tourism Competitiveness Report 2017: Paving the way for a more sustainable and inclusive future. Acesse aqui.

[2] Körössy, N. (2008). Do "turismo predatório" ao "turismo sustentável": uma revisão sobre a origem e a consolidação do discurso da sustentabilidade na atividade turística. Caderno Virtual de Turismo, 8 (2), 56-68.

[3] World Economic Forum. (2017). The Travel & Tourism Competitiveness Report 2017: Paving the way for a more sustainable and inclusive future. Acesse aqui.

[4] Segundo informação retirado do International Tourism Highlights 2019 Edition da UNWTO.

[5] Acesse aqui.

[6] Segundo informação retirado do International Tourism Highlights 2019 Edition da UNWTO.

[7] Segundo informação retirado do International Tourism Highlights 2019 Edition da UNWTO.

[8] Brandão, C. A. (2017b, out. 16). Por uma geoeconomia política do Brasil no contexto do Sul. In: Palestra de abertura da Semana de Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

[9] Sanson, C. (2018). Razões estruturais do déficit da condição social no Brasil. In: Religião, política e transformação social: experiências de fé. In: Souza, R. S. R., Alves, C. F., Penzim, A. M. B. (2018). Religião, política e transformação social: experiências de fé. Belo Horizonte: Editora PUC Minas.

[10] Acesse aqui.

[11] Acesse aqui.

[12] Acesse aqui.

[13] Harvey, D. (1993). Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Edições Loyola.

[14] Lefebvre, H. (1991a). A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo: Editora Ática.

[15] Sanson, C. (2009). Trabalho e subjetividade: da sociedade industrial à sociedade pós-industrial. (Tese de Doutorado em Sociologia). Curitiba: Universidade Federal do Paraná.

[16] Bauman, Z. (2001). Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

[17] Zaonal, Hassan.

[18] Sen, A. (2000). Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Cia das Letras.

[19] Cruz, R. C. A. (s/d). Turismo, Produção do espaço e desenvolvimento desigual: para pensar a realidade brasileira. In: Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Org.: Roberto Bartholo, Davis Gruber Sansolo, Ivan Bursztyn. Letra e Imagem.

[20] Instituto Humanista Unisinos, 2016.

[21] Acesse aqui.

[22] Acesse aqui.

 

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