22 Dezembro 2024
Ano Santo ou jubilar – a palavra jubileu remete à festa memorial do povo judeu. Vem da palavra hebraica Yobel: chifre ou corno de carneiro, que soprado, convoca o povo para a festa e para o ano da liberdade. Consta do livro do Levítico na Bíblia Hebraica capítulo 25 versículos 8 a 17: “Conte sete semanas de anos, isto é, sete vezes sete anos; tais semanas de anos darão um período de 49 anos. No dia dez do sétimo mês você fara soar da trombeta Yobel. Declare SANTO o quinquagésimo ano e proclamem libertação para todos os moradores do país. Será para vocês um ano de alegria (júbilo): cada um de vocês recuperará a sua propriedade e voltará para a sua família. O jubileu será uma coisa sagrada, e vocês comerão o que o campo produzir (frugalmente)”. Portanto a cada 50 anos deve-se dar descanso à terra, libertar os escravos, devolver os bens tomados de outrem, mudar a vida toda do povo todo. Tal qual uma nova constituinte. Um recomeço na justiça. Imaginemos em 2025 um Ano Santo com a demarcação completa das terras indígenas e expulsão dos invasores latifundiários no Brasil!
Jubileu é ano especial de remissão, de alforria, de libertação de escravos e subalternos. Dívidas se consideram pagas ou devem ser apagadas e prescritas. Como que zerar a dívida do cartão de crédito. Os casais celebram suas bodas (jubileus) de 25, 50 e 75 anos. Fazer festa de tempos em tempos. No ano jubilar os escravos e as escravas devem ser libertados. A terra deve ficar em repouso para não espoliar a Casa Comum, manter o bioma saudável, pois a natureza precisa de descanso, para voltar a produzir o alimento dos humanos sem esgotar pela ganancia os bens de todos. Consta que Jesus proclamou tal ano da Graça, ao entrar na sinagoga, ler texto do profeta Isaias e dizer que começava com ele um novo tempo jubilar, como lemos no evangelista Lucas, capítulo 4, 16 a 19: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os esmagados de coração, a pregar liberdade aos cativos, a restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano jubilar do Senhor Deus”. Atualmente Ano Santo é fazer o perdão das dívidas de países empobrecidos. Garantir direitos aos terceirizados explorados pelo neoliberalismo como entregadores, motoboys, seguranças e faxineiras nas empresas sem direitos garantidos e os informais sem carteira assinada. Emancipar os novos escravos e escravas, incluída a mão-de-obra infantil e os perseguidos por traficantes e milicianos nas periferias urbanas.
Indulgencia é sinônimo de misericórdia, perdão, graça divina. Indulgência é sempre uma graça jubilar. Por ações, orações e peregrinações se oferecem votos (sufrágios) por quem amamos, pelos falecidos, pelas intenções do papa e pela paz no mundo e nas famílias. Um aspecto central do Jubileu é superar todas as escravidões visíveis e invisíveis. As novas escravidões que submetem os trabalhadores, as mulheres, os migrantes e os refugiados precisa receber uma carta de liberdade no Ano Santo de 2025. Precisamos tocar o Jobel anunciando o ano santo da graça e da libertação. Indulgencia foi usada como compra e venda de bens sagrados e se tornou simonia e mercadoria nas mãos de clérigos corruptos. Gerou cizânia e vergonha para a fé cristã. Católicos hoje recebem a indulgência plenária se cumpridos alguns preceitos espirituais, entre os quais a confissão sacramental e a comunhão eucarística além de passar por uma porta Santa. Existirão portas da misericórdia em todas as 3196 catedrais católicas existentes no mundo. E também haverá missionários para visitar doentes e presos em todas as cidades e dioceses do mundo. Portas santas consagradas para os fieis que desejaram peregrinar em sua própria cidade e país.
Tempo de conversão, oração fiel e peregrinação aos santuários determinados onde há portas santas e atendimento espiritual durante todo um ano. Tempo favorável para o perdão, pois diz o papa “perdoar não muda o passado, não pode modificar o que já aconteceu; no entanto, o perdão pode permitir mudar o futuro e viver de forma diferente, sem rancor, ódio e vingança”.
Os dados da pesquisa foram coletados por Fernando Altemeyer Junior, graduado em Filosofia, pela Faculdades Associadas do Ipiranga (1979), e em Teologia, pela Faculdade de Teologia N. Sra. da Assunção (1983). Tem mestrado em Teologia e Ciências da Religião pela Universidade Católica de Louvain-La-Neuve na Bélgica (1993) e doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) (2006). É assistente doutor da PUC-SP e pertence ao Departamento de Ciência da Religião (Faculdade de Ciências Sociais). Exerceu o cargo de ouvidor público da PUC-SP entre 2005 e 2009.
Foi instituído pelo Papa Bonifácio VIII (Bento Caetani 1294-1303), em 22-02-1300 com a bula Antiquorum habet fide relatio. Esta decisão deu à peregrinação a Roma, aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo, uma nova dimensão e um novo significado. Virão à Roma cerca de dois milhões de peregrinos para venerar a mais famosa relíquia romana, a da Verônica que representa o rosto sofredor de Jesus na sua Paixão. Estiveram em Roma, os pintores Giotto e mestre Cimabue. Esse fluxo de peregrinos fez Bonifácio VIII a convocar um Jubileu a cada cem anos e a promulgar a indulgência plenária aos participantes. O papa pertencia à família romana nobre e um dos mais autoritários papas da Idade Média. Enfrentou tenazmente Felipe, o Belo, rei da França. Dante Alighieri, também presente no Jubileu romano, coloca o papa, em sua obra A Divina Comédia, entre os simoníacos no Inferno. O papa foi sepultado nas Grutas Vaticanas.
Em 1343 uma delegação de romanos vai a Avinhão, França, onde o Papa Clemente VI (Pierre Roger, 1342-1352) residia no exílio desde 1309, a fim de pedir um Jubileu extraordinário para 1350, com uma periodicidade mais breve, isto é, de 50 anos. O pedido fundamentava-se num antigo costume hebraico inscrito no livro bíblico do Levítico que prescreve depois de quarenta e nove anos um quinquagésimo como ano Jubilar (alegria e alforria). Os romanos pressionavam pelo jubileu diante da prolongada ausência do Papa na cidade de Roma onde devia ser o bispo. Este acontecimento jubilar seria a ocasião oportuna para o regresso do papa à sua sede apostólica. Clemente VI convocou o Jubileu, pela bula Unigenitus Dei Fillius, de 1343, antecipado concedendo a indulgência plenária àqueles que fossem junto dos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo. A novidade é que foi incluída a Basílica de São João de Latrão entre as Igrejas visitadas. Roma foi atingido por um terremoto e pela peste em 1349. Por razões políticas, o Papa não foi a Roma. Houve 1,5 milhão de peregrinos. O papa que era um nobre francês, e também monge beneditino, levou o fausto, o luxo e a nepotismo das cortes francesas para o Vaticano. Ele mesmo comprou a cidade de Avignon da rainha Joana de Nápoles. Foi sepultado no mosteiro de La Chaise Dieu, Haute-Loire.
A sequência dos jubileus foi perturbada pelo grande Cisma do Ocidente ocorrido em 1378 e durou 40 anos. Este conflito estava ligado à legitimidade da escolha e eleição do papa. O Jubileu teve uma data diferente. Urbano VI (Bartolomeu Prignano 1378-1389), pela bula Salvator noster Unigenitus, de 08-04-1389, promulgou-o para ser celebrado em 1390. Era sua intenção introduzir uma nova periodicidade: a de trinta e três anos, em memória da vida de Jesus. Contudo, vários motivos levaram a que esta proposta não fosse considerada e o Jubileu realizou-se em 1390. Foi celebrado por Bonifácio IX (Pedro Tomacelli), sucessor de Urbano VI. Neste Jubileu, juntou-se mais uma Basílica para os peregrinos visitarem: a Basílica de Santa Maria Maior. O papa Urbano era napolitano. Foi sepultado nas Grutas vaticanas. O papa que efetivamente celebrou este terceiro jubileu foi Bonifácio (1389-1404), também napolitano. Adotou política centralizadora para reforçar sua autoridade diante de antipapas. Era ávido por dinheiro e assim concedeu cargos e indulgencias a quem pedisse. Sepultado nas grutas Vaticanas.
Bonifácio IX, quis que se celebrasse o Jubileu de 1400 para que o período de 50 anos decidido em 1350 fosse respeitado. A Igreja permanecia dividida entre Roma e Avinhão, onde reinava um antipapa. Os cristãos franceses, espanhóis e parte dos italianos não tomaram parte na peregrinação jubilar dado que os seus soberanos, tendo aderido ao cisma, impediram aos seus súditos a participação no Jubileu. Bonifácio IX estendeu a peregrinação em busca de indulgências às basílicas de São Lourenço fora de Muros, Santa Maria em Trastevere e Santa Maria Rotonda, unidas às Basílicas maiores, já escolhidas nos Jubileus anteriores, nas sete igrejas de peregrinação de Roma. No Jubileu de 1400 teve início um novo tipo de peregrinação penitencial que, partindo de vários pontos da Itália setentrional, se dirigiam para Roma sob o lema: "Paz e Misericórdia".
Depois do Cisma do Ocidente, (período em que se chegou a ter três papas simultâneos), foi eleito em 1417, o Papa Martinho V (Odão Colonna 1417-1431), que recuperou a unidade da Igreja. Para demonstrar sua autoridade, o Papa Martinho V retomou a ideia do Papa Urbano V, e contando 33 anos depois do jubileu de 1390, convocou um novo jubileu. Não redigiu uma bula de convocação. O pregador para a preparação do jubileu foi Santo Bernardino de Siena. Papa nascido em Roma e nela vivendo depois de 130 anos de ausência e exílio dos papas. Abriu por primeira vez a porta Santa de São João de Latrão, onde ele seria enterrado em 1431.
Este Jubileu foi proclamado na Basílica de São João de Latrão por Nicolau V (Tomás Parentucelli 1447-1455), pela bula Immensa et innumerabilia, de 19-01-1449, considerado o primeiro papa humanista. A resposta dos fiéis foi excepcional, tanto que, o Jubileu de 1450 ficou na história como um dos mais participados e como a última grande manifestação coletiva da Idade Média. Nessa ocasião, Roma foi posta à prova pela presença de tão grande número de peregrinos, o que colocou problemas de ordem pública, sanitária além dos relacionados com o alojamento e obtenção de mantimentos de primeira necessidade. Ficou definido como o "Jubileu dos Santos", porque em Roma estiveram presentes, além de outros, Santa Rita de Cássia e Santo Antônio de Firenze. Este último definiu o Jubileu como o "Ano de Ouro", para indicar a restabelecida unidade da Igreja do Ocidente depois do Cisma. Durante o ano foi canonizado o pregador franciscano Bernardino de Sena. Em seu pontificado o Império Romano do Ocidente teve fim com a conquista de Constantinopla por Mahommet II. Papa sepultado nas Grutas vaticanas.
Após 1475 a periodicidade dos jubileus será de vinte e cinco anos. Proclamado por Paulo II, pela bula Ineffabillis Providentia, em 19-04-1470 que usa por primeira vez a palavra Jubileu. Será executado pelo Papa Sisto IV (Francisco della Rovere 1471-1484), natural de Savona, fazendo convergir para Roma (nas Basílicas de São Pedro, de São Paulo, de São João e de Santa Maria Maior) todo o mundo católico e suspendendo, durante o ano jubilar, todas as indulgências plenárias fora de Roma. A bula Quemadmodum operosi, de Sisto IV, confirmou a proclama anterior por Paulo II. Foi utilizada a nova tecnologia recém-produzida: a imprensa em 1444 por obra de Johannes Gutenberg. As Bulas jubilares, as intenções para a jornada do peregrino e as orações a recitar nos lugares sagrados foram pela impressas, em caracteres modernos, pela imprensa. Entra em uso a denominação de "Ano Santo", a cada 25 anos, mantido até hoje. Sisto IV favoreceu a construção de muitas obras urbanas e arquitetônicas para preparar a cidade para acolher os peregrinos. Entre estas a ponte, de Sisto, com a finalidade de facilitar o fluxo dos fiéis. Papa que governou com sua família de forma abertamente nepotista. Instituiu as festas e solenidades da Imaculada e São José. Edificou a capela no Vaticano que leva seu nome: Sistina. Sepultado em São Pedro.
A América tinha sido invadida e colonizada há oito anos por Cristovão Colombo: O português Pedro Alvares Cabral chega ao Brasil de abril de 1500. O Ano Santo de 1500 se vê diante de um novo século e de um mundo vasto amplificado por navegadores italianos, portugueses e espanhóis numa inicial globalização. Foi proclamado o Jubileu pela bula Consueverunt Romani Pontifices, em 12-04-1498. Em 24-12-1499, o papa Alexandre VI (Rodrigo de Borja 1492-1503) inaugura solenemente, o Jubileu e usa um novo rito por primeira vez na história: a abertura da Porta Santa, na Basílica de São Pedro, que a partir desta data passou a exercer a função desempenhada pela porta áurea de São João de Latrão. O Papa quis, além disso, que a abertura das "portas santas" fosse prevista em cada uma das quatro Basílicas Maiores fixadas para a visita jubilar. Passar através da Porta Santa tornar-se-á um dos acontecimentos mais importantes do Ano Santo. Este papa soleniza todos os ritos do Jubileu. Foi ele quem decidiu manter uma porta emparedada nos anos que não fossem jubilares e abertas com marteladas a cada 25 anos. É inaugurada a Rua Alexandrina, que ligava o Castelo do Santo Anjo à Basílica de São Pedro. Este papa foi um príncipe renascentista tendo quatro filhos antes de ser nomeado papa, entre os quais os cruéis e despóticos César e Lucrécia Bórgia. O papa foi duramente atacado por Girolamo Savonarola por sua conduta imoral e arrogante. Foi sepultado em Santa Maria de Monserrate, em Roma.
O papa Clemente VII (Júlio de Médici – 1523-1534), proclama o evento pela bula Inter Sollicitudines, em 17-12-1524. Ele abre a Porta Santa em tempo de graves conflitos religiosos e políticos. Tempo da profunda cisão ocorrida pela Reforma que teve como protagonista o monge agostiniano Martinho Lutero, na Alemanha, a partir de 1517 e muitas outras vozes dissonantes em Genebra e Inglaterra. A unidade já rompida com as igrejas ortodoxas, será ainda mais dilacerada. Um dos pontos da Reforma era justamente a discussão sobre as indulgências. Todos clamavam por uma Reforma profunda na Igreja. Havia concomitante no campo político o conflito entre Carlos V de Habsburgo e Francisco I de França que deu lugar à primeira ruptura política da época moderna na Europa. Roma foi invadida e saqueada, dois anos depois do Ano Santo, pelas tropas imperiais de Carlos V. O Jubileu realizou-se regularmente tendo a Porta Santa sido aberta em clima pacífico. O papa foi sepultado em Roma, na Igreja de Santa Maria sobre Minerva.
Bula de convocação Si pastores ovium, de 24-02-1550. Dois papas foram os promotores do Jubileu: Paulo III (Alexandre Farnese 1534-1549) e Júlio III (João Maria Ciochi Del Monte 1550-1555). O primeiro preparou-o até 1549, ano de sua morte, depois de uma Roma dilacerada pela invasão de 1527, e ao dar início à (contra) reforma da Igreja Católica através do Concílio de Trento (1545-1563). Nenhum bispo da América Latina foi convidado para evitar o debate sobre a escravidão dos povos indígenas. Tema silenciado pela Europa. O segundo celebrou-o a partir de fevereiro de 1550, imediatamente quando eleito. O Ano Santo prolongou-se até à Epifania de 1551 compensando assim o atraso inicial. Este Jubileu foi uma ocasião para a realização daquela renovação da vida religiosa que teria encontrado expressão no Concílio de Trento. O esforço realizado pelos romanos no acolhimento foi enorme, especialmente para com os mais pobres. Papa Paulo III favoreceu enormemente seus quatro filhos que tivera antes do pontificado com ações nepotistas. Amante das artes, encarregou Michelangelo do afresco do Juízo Universal e da cúpula de São Pedro. Foi sepultado na Basílica de São Pedro. O papa Júlio III era também amante da música, do teatro e das artes. Sepultado nas Grutas Vaticanas.
É o primeiro Jubileu depois do Concílio de Trento. Roma preparou-se com particular cuidado e austeridade. Em 1573 deram ordens severas aos donos de albergues para não subirem os preços. Foram construídas novas estradas para favorecer o itinerário dos peregrinos, entre as quais a Via Merulana, que liga o Palácio de Latrão à Basílica de Santa Maria Maior. O Papa Gregório XIII (Hugo Boncompagni 1572-1585) edita a bula Dominus ac Redentor, em 10-05-1574. Na vigília do Ano Santo, pediu aos cardeais um novo estilo de vida para edificar os fiéis. Os gastos do Carnaval romano foram destinados ao Hospital dos Peregrinos sob os cuidados de Felipe Neri. Entre os cardeais presentes em Roma estava São Carlos Borromeu, arcebispo de Milão. Este Jubileu é caracterizado pelas presenças das novas agregações laicais e religiosas, entre elas a Fraternidade da Santíssima Trindade, a dos Peregrinos, a dos Convalescentes, e a Congregação do Oratório, fundada por São Filipe de Neri. Há registro de 400 mil peregrinos neste ano, lembrado que toda Roma tinha 80 mil habitantes. Este papa iniciou a construção do Palácio do Quirinal. Realizou a reforma do calendário que leva seu nome: Gregoriano. Sepultado na Basílica de São Pedro.
Os "Avisos de Roma", jornal diário, relatam que o Ano Santo de 1600 foi o mais bem sucedido, seja pela participação dos fiéis, seja pela particular devoção dos peregrinos. São duas as razões para isso: a Igreja começa a colher os frutos trazidos pelo Concílio de Trento; o substancial clima de paz que envolve a Europa depois de anos de guerra e divisão. Em Roma, as instituições de hospedagem, fundadas por várias confrarias, desempenham uma tarefa determinante para resolver o problema do alojamento e do sustento dos peregrinos, que são pobres e não podem ter acesso aos albergues. O papa organizador foi Clemente VIII (Ippolito Aldrobrandi 1592-1605), proclamando a bula Annus Domini Placabilis, em 19 de maio de 1599. O papa serviu diretamente aos peregrinos, comendo todos os dias com doze pobres, e os cardeais não usaram a veste púrpura em sinal de penitência. Os judeus de Roma doaram 500 cobertores para os peregrinos. Na abertura da Porta Santa, houve 80 mil pessoas. Vale lembrar que este papa mandou condenar e matar Beatriz Cenci e o frade dominicano Giordano Bruno. Sepultado na Basílica de Santa Maria Maior.
O Ano Santo abriu com os "rumores" da Guerra dos Trinta Anos, que explodiu em 1618. Urbano VIII (Maffeo Barberini 1623-1644), pela bula Omnes Gentes, de 29-04-1624, proíbe as pessoas de trazerem armas e usar de violência. Uma epidemia de peste irrompe no sul de Itália, e o papa, para evitar que esta se propagasse a Roma, substituiu a visita à Basílica de São Paulo Extramuros com a de Santa Maria de Trastevere. Pela primeira vez, os efeitos espirituais do Jubileu foram estendidos àqueles que, por motivo de saúde ou de prisão, não pudessem chegar até Roma. Foi uma importante inovação que modificou profundamente o conceito da indulgência, que, na origem, estava ligada à peregrinação a Roma. Pelo breve pontifício Paterna Dominci Gregis Cura, substituiu a visita à Basílica de São Paulo pela ida a Santa Maria de Trastevere e/ou pela visita às sete igrejas. Grande amante das artes, foi mecenas de Bernini, Carlos Maderno, poetas e literatos de seu tempo. Estiveram presentes 500 mil peregrinos. Construiu a vivenda dos papas em Castel Gandolfo. Sepultado na Basílica de São Pedro.
Este Jubileu abriu-se, ao contrário do anterior, em época de relativa paz, finda a Guerra dos Trinta Anos. Inocêncio X (João Baptista Pamphilli 1644-1655), pela bula Appropinquat Dilectissimi Filli, de 04-05-1649, abre o Ano Santo na presença de uma enorme multidão de peregrinos. Um dos fatos relevantes foi o restauro desejado pelo papa, da Basílica Catedral de Roma, São João de Latrão, que foi, pelo arquiteto Borromini, "vestida" de branco, como uma esposa. O papa aproveitou a ocasião da restauração da sua sede episcopal para manifestar o desejo de pacificação da Igreja universal. As indulgências foram estendidas às províncias belgas e às Índias Ocidentais, pela bula Salvator et Dominus. Houve perto de 700 mil peregrinos e alguns protestantes convertidos. Inocêncio X tinha, de fato, trabalhado para a pacificação da Europa durante a longa Guerra dos Trinta Anos. Em 1649 apoiou os venezianos contra a invasão dos turcos. Condenou o jansenismo. Sepultado na Igreja romana de Santa Agnese.
O Jubileu de 1675, proclamado pela bula Ad Apostolicae Vocis Oraculum, de 16-04-1674, acolheu, pela primeira vez, os peregrinos no interior da colunata da Praça de São Pedro, obra magistral de Gian Lorenzo Bernini. Os braços alargados da colunata são o símbolo mais evidente da disposição da cidade em relação às multidões, que a visitam todos os Anos Santos. Durante a vigília, Clemente X (Emilio Bonaventura Altieri 1670-1676) canonizou a primeira santa da América do Sul, Santa Rosa de Lima, e criou a primeira diocese da América do Norte, no Quebec. Na Quinta-Feira Santa, o papa foi à sede da Confraria dos Peregrinos para lavar os pés de doze pobres e mandou que fosse servido um jantar a dez mil pessoas. A rainha Cristina da Suécia abdicou do trono, converteu-se ao catolicismo e participou, no mesmo lugar, do lava-pés das peregrinas. Vivia no Palazzo Farnese. Houve 1,5 milhão de peregrinos. O papa foi eleito com 80 anos de idade. Foi sepultado na Basílica de São Pedro.
Um novo século "das luzes", fundado sobre o culto da razão, celebrou o Jubileu aberto por Inocêncio XII (Antonio Pignatelli 1691-1700), por meio da bula Regi Saeculorum, de 18-05-1699, e que morreu em 27-09-1700 sem fechar o Ano Santo. Foi chamado de “padre dos pobres”. O Ano Santo foi, pela primeira vez, perturbado pela morte de um Papa. Apesar de muito doente, concedeu a bênção aos peregrinos na varanda do Palácio Quirinale, durante a Páscoa. Sucedeu-lhe o Papa Clemente XI (Giovan Francesco Albani 1700-1721). Muitos peregrinos chegaram a Roma para o Jubileu. Entre eles a rainha polaca Maria Cristina, viúva de João III Sobieski, que entrou na Basílica de São Pedro descalça e, com traje de penitente, visitou as igrejas romanas. Um viajante inglês escreveu a respeito da devoção dos peregrinos: "A multidão continua a passar de joelhos pela Porta Santa de São Pedro com tal afluência que ainda não consegui abrir caminho para entrar". Havia tanta gente em Roma que era comparada a Paris. Este papa Clemente condenou os jansenistas em 1713. Sepultado no pavimento do coro de São Pedro.
Na bula de convocação do Jubileu, Peregrinantes a Domino, datada de 05-03-1749, o papa Bento XIV (Prospero Lambertini 1740-1758) sublinha a necessidade de se fazer penitência para que o Ano seja verdadeiramente "Santo": ano de edificação e não de escândalo. O Papa fez notar o valor da peregrinação como modo de superar as dimensões dos pecados quotidianos. O Jubileu com forte característica espiritual. Entre os pregadores mais escutados esteve Leonardo, de Porto Maurício, um franciscano reformado. Às suas pregações na Praça Navona assiste também o Papa. Padre Leonardo ergueu, durante o Ano Santo, 572 cruzes, a mais célebre das quais no Coliseu de Roma. Esta cruz ainda hoje é venerada. Papa pastor interessado nos reais problemas do povo. Aboliu a inquisição. Condenou a maçonaria. Manteve correspondência com Voltaire. Há relatos de cerca de um milhão de peregrinos, incluídos delegações das Antilhas, Egito e Armênia. As colunas de Bernini e a Cúpula de São Pedro foram iluminadas por milhares de tochas. O papa instituiu a procissão de Sexta-feira Santa com uma Via Crucis no Coliseu, para recordar o martírio dos primeiros cristãos no Império Romano. O papa foi sepultado em São Pedro.
Pela primeira vez a bula de proclamação feita em italiano: L'Autore della nostra vita pelo papa Pio VI (João Angelo Braschi 1775-1799), eleito em fevereiro, abre a Porta Santa em São Pedro para o Jubileu mais curto da história. A preparação tinha sido feita cuidadosamente pelo seu predecessor, Clemente XIV (João Vincenzo Ganganelli 1769-1774), pela bula Salutis Nostae Auctor, de 30-04-1774, com um ciclo de pregações, de procissões e de missões em praças de Roma. As missões respondiam a uma exigência: preparar a cidade para o Ano Santo. Realizaram-se obras públicas, entre as quais a restauração dos hospitais de Santo Espírito e São João. O Jubileu de 1775 é lembrado também pela presença de um bom grupo de Patriarcas e Bispos católicos dos ritos orientais. Ao final da vida, feito prisioneiro, morre no exílio na fortaleza de Valence, no Delfinato. Sepultado em São Pedro.
O Jubileu de 1800 não foi celebrado por causa das profundas perturbações que a Europa atravessava depois da Revolução Francesa. Em 1797 as tropas francesas ocuparam Roma e a cidade tornou-se o centro da República romana. O Papa que deveria convocar o Jubileu, Pio VI, morreu em exílio no ano de 1799. O ano Jubilar passou assim entre a ausência forçada do Papa de Roma, as difíceis condições políticas e a incerteza dos acontecimentos bélicos. Estes problemas não permitiram a Pio VII pensar em celebrar o Ano Santo, mesmo com algum atraso. Todavia, e para assinalar aquele que seria o encerramento do ano jubilar de 1800, Pio VII concedeu algumas indulgências especiais, entre as quais aquela concedida aos peregrinos do Santuário de Nossa Senhora da Ortiga, situado em Ourém, em Portugal. As chancelarias europeias do período da Restauração viam com preocupação a convocação do Jubileu de 1825, pelo notável número de pessoas que se teriam colocado em movimento. Num tempo de Revoluções liberais e de conspirações, cada viajante seria suspeito. As fronteiras são fechadas; as estradas vigiadas; os asilos desaparecem. Contudo, Leão XII (Anibal Sermattei de Genga 1823-1829) quis e realizou. A bula Qod Hoc Ineunte, de 24-05-1824, faz referência às dificuldades, e estimula a celebração do jubileu com alegria. Entre as novidades, a indulgência concedida àqueles que teriam venerado um dos Ícones mais antigos do mundo, aquele de Nossa Senhora da Clemência, do século VII, na Basílica de Santa Maria em Trastevere. Este papa conservador condena seitas e sociedades secretas. Eliminou todos os leigos de cargos administrativos clericalizando o Vaticano e Roma. O Jubileu recebeu mais cerca de 500 mil peregrinos. A Basílica de São Paulo extramuros não pôde ser usada, pois fora destruída por incêndio em 1823. Transferida as visitas para Santa Maria em Trastevere. Sepultado em São Pedro.
O Jubileu de 1850 não foi proposto, nem celebrado. O papa Pio IX (João Maria Mastai Ferretti 1846-1878) fora exilado por alguns anos em Gaeta e voltou a Roma em abril de 1850, demasiado tarde para proclamá-lo. O afastamento do Papa de Roma foi consequência do amplo fenômeno de agitação geral que atingiu a cidade e os Estados pontifícios do Vaticano a partir de 1848. Era a chamada "questão romana" na qual foi posta em discussão "o poder temporal do Papa". Era o fim da cristandade que ainda apresentava seu último suspiro de poder temporal. O papa se isola nos Palácios Vaticanos, dos quais sequer saiu para o Ano Santo de 1875. O papa Pio IX fez proclamar o Jubileu pela bula Gravibus Ecclesiae, em 24-12-1874, sem abertura nem encerramento de Porta Santa, em consequência da ocupação da Roma pelas tropas de Victor Emmanuel II. Papa foi sepultado em São Lourenço fora dos Muros.
O Jubileu de 1850 não foi proposto, nem celebrado. O papa Pio IX (João Maria Mastai Ferreti 1846-1878) fora exilado por alguns anos em Gaeta e voltou a Roma em abril de 1850, demasiado tarde para proclamá-lo. O afastamento do Papa de Roma foi consequência do amplo fenômeno de agitação geral que atingiu a cidade e os Estados Pontifícios do Vaticano a partir de 1848. Era a chamada "questão romana" na qual foi posta em discussão "o poder temporal do Papa". Era o fim da cristandade que ainda apresentava seu último suspiro de poder temporal. O papa se isola nos Palácios Vaticanos, dos quais sequer saiu para o ano Santo de 1875. O papa Pio IX fez proclamar o Jubileu pela bula Gravibus Ecclesiae, em 24-12-1874, sem abertura nem encerramento de Porta Santa, em consequência da ocupação de Roma pelas tropas de Victor Emmanuel II. Papa foi sepultado em São Lourenço fora dos Muros.
O novo século celebra o renascimento do Jubileu. Após setenta e cinco anos, reabriu-se a Porta Santa. O papa Leão XIII (Joaquim Pecci Spoletto 1878-1903), em 24-12-1899, inaugura o primeiro Ano Santo após o fim do poder temporal, já anteriormente tendo lançado a histórica Encíclica Social Rerum Novarum, requalificando a visibilidade da Igreja e do pontificado em um mundo em mutação. O evento foi lançado com a bula Prosperante ad Exitum Saeculo, de 11-05-1899. A preparação logística e a organização foram pagas pelo Governo italiano. A abertura da Porta Santa fez-se num clima de reconciliação, como também de solenidade e de festa. Roma, nessa ocasião, foi visitada por peregrinos de todas as partes do mundo. A fachada e cúpula de São Pedro foram iluminadas por luz elétrica pela primeira vez na história. Em todas as montanhas da Itália, foram instalados monumentos ao Redentor, do Piemonte até a Sicília. Sepultado em São João de Latrão.
É a definição do Jubileu proclamado através da bula Infinita Dei Misericordia, de 29-05-1924, pelo papa Pio XI (Achille Ratti 1922-1939), num clima de renovada reconciliação entre a Igreja e o Estado Italiano. A imprensa italiana deu amplo espaço ao evento, mostrando o novo clima de acordo que se restabeleceu em Roma. Pio XI destacou o Jubileu, dando-lhe um cunho missionário, visto que as missões constituíam um dos grandes temas do seu pontificado. A ele se deve a consagração dos primeiros bispos chineses. O ano Jubilar foi também coroado por uma série de solenidades religiosas. Entre as mais sugestivas, as canonizações de Santa Teresa de Lisieux, do Cura d'Ars e de São João Eudes. Impressionante foi a participação dos peregrinos que naquele ano vieram a Roma: mais de meio milhão de pessoas. Papa inaugurou com Marconi em 1931 a Rádio Vaticano.
Ano jubilar por ocasião dos 1900 anos da morte e ressurreição de Jesus, proclamado pelo Pio XI (Achille Ratti 1922-1939). Bula Quod Nuper, de 06-01-1933. Tempo conflitivo e dramático em toda a Europa, pela depressão econômica ao final da Primeira Guerra Mundial. Surgimento do fascismo e do nazismo como totalitarismos de direita. Presença de dois milhões de peregrinos, de modo particular em 500 vagões ferroviários.
Pio XII (Eugenio Pacelli 1939-1958) abriu o Ano Santo com o horizonte carregado de tensões pelas feridas abertas pela Segunda Guerra Mundial, em particular pelo genocídio do povo judeu pelos nazistas. Uma mensagem de paz foi incluída neste Jubileu, lançada pela bula Jubilaeum Maximum, em 26-03-1949. Era o ano do "grande regresso e do grande perdão" para a humanidade, bem como dos afastados da fé cristã. Foi editado um cartão do Peregrino para andar por toda a Itália. A Europa foi dividida em duas partes: os católicos do Leste não puderam ir a Roma. Apesar destas dificuldades, a participação dos peregrinos foi extraordinária, e a audiência com o papa, a partir deste Jubileu, passou a fazer parte integrante da vida dos fiéis. Videre Petrum (ver Pedro) tornou-se objetivo de muitos. Durante o ano Jubilar, Pio XII proclamou o Dogma da Assunção de Maria, na Praça de São Pedro, na presença de aproximadamente quinhentos mil fiéis e de 622 Bispos do mundo inteiro. O papa atacou nazismo e comunismo com vigor. Sepultado nas Grutas Vaticanas.
O ano de 1975 foi proclamado como Ano Santo pelo papa Paulo VI (Giovanni Battista Montini 1963-1978) com a bula Apostolorum Limina, de 23-05-1974. Esse jubileu foi marcado pelo tema do Renovamento e da Reconciliação, como forma de adaptação às transformações culturais e sociais do mundo pós-Concílio Vaticano II. Paulo VI incentivou uma vivência mais profunda da fé e um compromisso com a justiça e a paz no contexto das mudanças globais e das tensões da Guerra Fria. O pontífice promoveu encontros ecumênicos e inter-religiosos, refletindo o desejo de unidade. Uma característica singular desse jubileu foi o foco no envolvimento das comunidades locais, tornando a celebração mais acessível a fiéis que não podiam viajar a Roma. Os peregrinos que compareceram foram marcados pela diversidade cultural e pelo desejo de comunhão. Paulo VI, primeiro papa a visitar todos os continentes, foi sepultado nas Grutas Vaticanas.
Papa São João Paulo II (Karol Joseph Wojtyla 1978-2005) pela bula Aperite Portas Redentor, de 06 de janeiro de 1983. Memória dos 1950 anos da morte e ressurreição de Jesus, o Cristo Redentor.
O Jubileu celebra os 2000 anos da Encarnação, promovido pelo Papa João Paulo II (Karol Joseph Wojtyla 1978-2005) pela Carta Apostólica Tertio Millennio Adveniente, de 10-11-1994. Jubileu em duas fases: na primeira fase entre 1994 (data da publicação da Carta Apostólica) a 1996, seriam anos ante preparatórios e de consciencialização da Igreja. Na segunda fase, um convite a celebrar um triênio 1997 (Ano de Jesus Cristo, do sacramento do Batismo e da Virtude Teologal da Fé), 1998 (Ano do Espírito Santo, do sacramento da Confirmação e da Virtude Teologal da Esperança) e 1999 (Ano de Deus Pai, do sacramento da Reconciliação e da Virtude Teologal da Caridade). A proclamação efetiva através da bula Incarnationis Mysterium, de 29-11-1998. Iniciou em 24-12-1999 e concluiu-se em 06-01-2001. Foi construído um Sino do Jubileu 2000 para os jardins do Vaticano. O papa pronunciou solenemente em São Pedro o “mea culpa” pelos erros cometidos pela igreja durante os séculos, de modo particular pelo apoio à escravidão dos povos negros da África e dos indígenas de todos os continentes.
Em 2015, o Papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio 2013) convocou um Jubileu Extraordinário, com ênfase na Misericórdia, para o período de 08-12-2015 a 20-11-2016. Convocação feita pela Bula Misericordiae Vultus (O Rosto da Misericórdia). Em 08-12-2015, foi aberta a Porta Santa na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Durante a abertura da Porta, um fato inédito na História da Igreja ocorreu: a presença de dois papas na cerimônia. Além de Francisco, também o bispo emérito Bento XVI. Em 13 de dezembro do mesmo ano, foi aberta a Porta Santa na catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão, e em todas as Igrejas Catedrais do Mundo. Em 01-01-2016 foi aberta a Porta Santa da Basílica Papal de Santa Maria Maior, em Roma.
Tema "Peregrinos da Esperança". Proclamação do jubileu ordinário pela bula pontifícia Spes no confundit – A esperança não decepciona, de 09-05-2024. Inaugurado o Ano Santo em 24-12-2024, com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro pelo Papa Francisco. No domingo 28 de dezembro do ano de 2025, o fechamento de três portas santas. O ano terminará efetivamente em 06-01-2026 na Basílica de São Pedro, em Roma. Este Ano Santo celebra também os 1700 anos do Concílio de Niceia.
A programação do Jubileu de 2025 inclui diversos eventos ligados aos sinais dos tempos:
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Os 30 jubileus ou Anos Santos na História da Igreja de 1300 ao ano 2025. Pesquisa de Fernando Altemeyer Junior - Instituto Humanitas Unisinos - IHU