14 Mai 2024
"Bergoglio, na sua bula, menciona especialmente os jovens e os presos que, obviamente cada um por razões distintas, por ocasião do Ano Santo deveriam ser ajudados a encontrar motivos de esperança", escreve Luigi Sandri, jornalista italiano, em artigo publicado por L'Adige, 13-05-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Que o Jubileu seja para todos uma oportunidade para reanimar a esperança”. Esses são os votos que aparecem em toda a bula “Spes non confundit” com a qual o Papa Francisco, na quinta-feira, 9 de maio, anunciou oficialmente o Jubileu de 2025, que terá início em 24 de dezembro.
No próximo dia 24 de dezembro será aberta a “porta santa” da basílica vaticana e terá início o Jubileu que será concluído em 6 de janeiro de 2026.
O conceito e a própria palavra da iniciativa que agora, num contexto completamente diferente, é novamente proposta, tem as raízes antigas no livro bíblico de Levítico: previa que, a cada cinquenta anos, houvesse um ano de descanso da terra e a libertação dos escravos. Não está muito claro se e como os hebreus antes da era comum, celebravam o Jubileu; é certo, porém, que as Igrejas cristãs por mais de um milênio esqueceram a ideia.
Foi o Papa Bonifácio VIII, em 1300, quem determinou o primeiro Jubileu. Porém, distante daquele bíblico, tinha como objetivo principal a peregrinação para ir a Roma para rezar nos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo, e assim “adquirir” as indulgências (o cancelamento da pena, caso contrário a ser paga na vida após a morte, pelos pecados até mesmo perdoados na confissão).
A Europa foi atravessada por um enorme frêmito: peregrinos penitentes de todos os países se puseram em caminho (alguns a cavalo e outros a pé) para chegar à Cidade Eterna: o próprio Dante Alighieri participou e falou sobre isso na Divina Comédia. Mas, se para Bonifácio o “Grande Perdão”, de alguma forma antecipado seis anos antes por seu antecessor Celestino V, devia ter uma recorrência centenária, mais tarde os outros papas o fixaram a cada vinte e cinco anos. Os Jubileus, ao longo dos séculos, se realizaram segundo esse esquema, exceto em caso de guerra.
Bergoglio, na sua bula, menciona especialmente os jovens e os presos que, obviamente cada um por razões distintas, por ocasião do Ano Santo deveriam ser ajudados a encontrar motivos de esperança.
Mas ele também lembra as grandes tragédias do mundo, por exemplo a Ucrânia, embora sem mencioná-la: “Quero dirigir um convite especial aos fiéis das Igrejas Orientais. Eles, que tanto sofreram pela sua fidelidade a Cristo e à Igreja, devem sentir-se particularmente bem-vindos nesta Roma que é Mãe”.
E também, diante das guerras em curso, “é demais sonhar que as armas se calem e deixem de trazer destruição e morte? E que as nações mais abastadas decidam perdoar as dívidas dos países que jamais poderiam pagá-las?”.
Finalmente, o pensamento dirige-se ao primeiro Concílio de Niceia, do qual serão celebrados os mil e setecentos anos em 2025. Aquela Assembleia de 325, escreve o Papa, “é um marco na história da Igreja, porque lançou as bases do ‘Credo’ que ainda hoje professamos. Mas Niceia representa também um convite a todas as Igrejas e comunidades eclesiais a prosseguirem no caminho rumo à unidade visível”.
Uma meta que - nota-se no mundo ecumênico - só será alcançada se cada Igreja, a partir daquela romana fizer as reformas necessárias para ser mais fiel ao Evangelho.
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A esperança do Jubileu. Artigo de Luigi Sandri - Instituto Humanitas Unisinos - IHU