30 Junho 2022
A polêmica do líder do Popolo della Famiglia.
Giacomo Travisani, vencedor do concurso internacional para a criação do logo, explicou o significado de seu trabalho: "Imaginei pessoas de todas as cores, nacionalidades e culturas, saindo dos quatro cantos da terra e indo em direção ao futuro, aos outros, ao mundo, como as velas de um grande navio comum, empurradas graças ao vento da esperança que é a cruz de Cristo e o próprio Cristo”. Depois de uma primeira seleção, foi Bergoglio quem escolheu o logo entre os três finalistas.
A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada por Il Fatto Quotidiano, 29-06-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Nas redes sociais há uma polêmica sobre o logo do Jubileu de 2025, mas foi o Papa Francisco quem o escolheu. Mario Adinolfi não concorda e em seu perfil no Twitter ataca com força: "Mas, caramba, é o Jubileu ou um Gay Pride? Tinham que escolher justamente o arco-íris para o logo? De qualquer forma, fique claro, eu sou aquele azul: o último do trenzinho". Seus próprios seguidores não concordam: “Em 2000 também não foi um logo arco-íris? Não vejo nenhum problema aí. A Igreja é a casa de todos, como o próprio Jesus que entrou em casa e em relação com todos, desde os primeiros da sociedade até os últimos (descartado pelos outros, mas não por ele)”. Polêmicas à parte, quais são os fatos?
Giacomo Travisani, vencedor do concurso internacional para a criação do logotipo, explicou o significado de seu trabalho: "Imaginei pessoas de todas as cores, nacionalidades e culturas, saindo dos quatro cantos da terra e se movendo em direção ao futuro, aos outros, ao mundo, como as velas de um grande navio comum, empurradas graças ao vento da esperança que é a cruz de Cristo e o próprio Cristo. Quando quis personificar a esperança, tive imediatamente uma imagem clara: a cruz; a esperança, disse a mim mesmo, está na cruz. Imaginei o Papa, o Pedro de hoje, guiando o povo de Deus para a meta comum, abraçando a cruz, que se torna uma âncora, como referência sólida para a humanidade; e nós, povo, nos segurando entre nós e com ele como se estivéssemos seguros àquela âncora, nós também evocando simbolicamente os peregrinos de todos os tempos”.
Logo, em português, do Jubileu 2025
(Foto: Site Jubilee 2025 | Vaticano)
“No Evangelho de Marcos - acrescentou Travisani - Jesus nos diz: 'Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?' Como ainda deveríamos ter medo então? Somos 'Peregrinos da Esperança' porque carregamos conosco os medos do próximo no desejo de compartilhá-los e torná-los nossos, isso indica as figuras que se seguram entre si olhando para a cruz como uma tábua de salvação. Tentei encontrar uma solução gráfica intuitiva, simpática, mas ao mesmo tempo prática e dinâmica. A ideia do logotipo é de criar uma síntese da história dos protagonistas (há um antes e um depois) de acordo com o seu objetivo".
"A escolha cromática é ditada pelo significado que quis interpretar através das personagens: o vermelho é amor, ação e partilha; o amarelo/laranja é a cor do calor humano; o verde evoca paz e equilíbrio; azul é a cor da segurança e proteção. Por fim, o preto/cinza da cruz/âncora que representa a autoridade e o aspecto interior. Uma luz na qual é até possível se esconder. As nuances lembram eventos alegres e solenes, satisfazem plenamente a visão e seu conceito, simples e eficaz ao mesmo tempo, torna o logo fácil de reconhecer. É de fácil utilização para qualquer mídia digital e impressa, pois é criado com a técnica vetorial, podendo ser utilizado em diversos tamanhos e mídias de acordo com as necessidades”.
O arcebispo Rino Fisichella, a quem o Papa confiou a direção do Ano Santo de 2025, como já havia feito com o ano extraordinário de 2015-2016, especificou que "o logotipo do Jubileu expressa a identidade e o tema espiritual peculiar, encerrando o sentido em torno do qual se desenvolve e se realiza esse encontro histórico. Após a carta do Papa Francisco na qual ele confiava a organização do Jubileu a este Dicastério, imediatamente nos preocupamos em como proceder para criar o logotipo. Optou-se por envolver a todos, sem distinção, através da realização de um concurso internacional. De 22 de fevereiro a 20 de maio, foram fornecidas indicações para participar com o próprio desenho. O concurso contou com a participação de estudantes, estúdios gráficos, institutos religiosos, profissionais e estudiosos de arte que tiveram que se confrontar com o tema da peregrinação e da esperança, que certamente não é de fácil representação”.
O prelado revelou que “294 propostas chegaram de 213 cidades e 48 países diferentes. A faixa etária dos participantes foi dos 6 aos 83 anos. De fato, muitos desenhos feitos à mão por crianças de todo o mundo foram recebidos e foi realmente emocionante analisar esses desenhos, fruto da fantasia e da fé simples. Ao avaliar os vários projetos, foi possível reconhecer alguns elementos gráficos recorrentes: além da presença da cruz como meta a alcançar, muito espaço foi dado ao tema da peregrinação, representado com pegadas, trilhas, estradas, peregrinos caminhando com saco e cajado… todos mais ou menos estilizados; não faltaram barcos e embarcações com velas ao vento! Muitos usaram a metáfora da luz irradiando de uma estrela, de um farol ou de uma janela aberta. Por fim, havia também imagens da concha, da árvore, da chama, da pomba e das montanhas. Vibração de cores e dinamismo unem muitos trabalhos. Em suma, realmente não faltou imaginação e criatividade”.
“Encerrado o Concurso - explicou Fisichella - a comissão julgadora foi convocada com a tarefa de avaliar a adequação dos projetos. A Comissão, composta por iconógrafos, designers gráficos, especialistas em arte e marcas, arquitetos e alguns párocos, avaliou as propostas segundo três critérios: pastoral, para que a mensagem do Jubileu pudesse ser facilmente compreendida; técnico-gráfico, que garantisse um bom acabamento gráfico para a reprodutibilidade; estético, para que o design fosse bem feito e cativante".
"Durante a fase de julgamento, os trabalhos foram avaliados anonimamente e caracterizados apenas por um número progressivo para não permitir o reconhecimento do autor. Na audiência que me foi concedida em 11 de junho, apresentei os três projetos finais ao Papa Francisco para que ele escolhesse aquele que mais o impressionava. A escolha também não foi fácil para ele: depois de ter observado os projetos várias vezes e manifestado sua satisfação, a escolha recaiu sobre a proposta de Giacomo Travisani”.
Monsenhor Fisichella também quis “dar uma primeira leitura teológica do logo para permitir sua recepção coerente. O logo representa quatro figuras estilizadas para indicar a humanidade vinda dos quatro cantos da terra. Eles se abraçam, para indicar a solidariedade e a fraternidade que deve unir os povos. Pode ser notar que o primeiro da fila está agarrado à cruz. É o sinal não só da fé que abraça, mas da esperança que nunca pode ser abandonada, porque dela precisamos sempre e sobretudo nos momentos de maior necessidade".
"É útil observar as ondas que estão abaixo e são agitadas para indicar que a peregrinação da vida nem sempre se move em águas tranquilas. As vicissitudes pessoais e os acontecimentos mundiais muitas vezes impõem com maior intensidade o chamado à esperança. É por isso que deve ser enfatizada a parte inferior da cruz, que se estende para formar uma âncora, que se impõe ao movimento das ondas. Como sabemos, a âncora é frequentemente usada como uma metáfora para a esperança. A âncora da esperança, de fato, é o nome dado no jargão marítimo à âncora reserva, usada pelas embarcações para realizar manobras de emergência para estabilizar o navio durante as tempestades".
"Não se deve negligenciar o fato de que a imagem mostra o quanto o caminho do peregrino não é um fato individual, mas comunitário, com a marca de um dinamismo crescente que tende cada vez mais para a cruz. A cruz não é estática, mas também ela é dinâmica, inclina-se para a humanidade como para ir ao seu encontro e não a deixar sozinha, mas oferecendo a certeza da presença e a segurança da esperança. Por fim, com a cor verde, fica bem visível o lema do Jubileu 2025, Peregrinantes in spem”.
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Logo do Jubileu de 2025: “Mas é um Gay pride?”. Aqui está o significado do símbolo. Quem a escolheu? O Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU