23 Março 2020
Em Altamira, as orientações são para que indígenas não viajem para o centro urbano, que as casas de apoio sejam fechadas e que as aldeias não recebam visitantes.
A reportagem foi publicada por G1 e reproduzida por Amazônia.org, 19-03-2020.
Em Altamira, no sudoeste do Pará, o novo coronavírus preocupa autoridades em relação aos povos indígenas. As populações têm baixa imunidade e são consideradas grupos de risco.
As orientações são para que indígenas não viajem para o centro urbano da cidade, que as casas de apoio sejam fechadas e que as aldeias não recebam visitantes.
Um comitê foi criado para coordenar as ações de prevenção na região. Somente casos graves, diagnosticados com o Covid-19, serão atendidos no Hospital Regional Público da Transamazônica, o único que possui leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na região e que foi escolhido como um dos hospitais referenciados no estado. Casos suspeitos mais leves devem ser atendidos nas unidades básicas de saúde.
A diretora técnica da 10ª Regional da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Gelma Silva, disse que se “o paciente que tenha viajado, principalmente para o exterior, ou para qualquer outra região do Brasil, deve permanecer sete dias em casa para verificar se não vai ter sintomas respiratórios, nesse caso, ele deve procurar unidades básicas de saúde. A não ser que ele tenha desconforto respiratório, aí pode procurar a Unidade de Pronto Atendimento”.
Sobre a questão indígena, uma das primeiras orientações é priorizar os cuidados com os que visitam com frequência a cidade. Na última semana, mais de 400 indígenas estavam em Altamira, sendo que a maior parte ficou alojada na Casa do Índio, que estava superlotada. Nesta terça, o cenário já era diferente. Vários grupos já começaram a retornar às aldeias e a casa de apoio vai ser fechada por precaução.
“A gente está tomando as providências em relação a manter os indígenas nas terras indígenas, e chamando a Funai como parceira e colaboradora, para que a gente entre em quarentena, tentando inibir também a entrada de qualquer empresa nas aldeias ou até mesmo dos indígenas irem até Altamira”, informou o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), Léo Xipaia.
Uma equipe do Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena (Desi) deve visitar durante esta semana as aldeias da região do Xingu e orientar lideranças e os indígenas sobre a importância de evitar viagens para a cidade.
Os indígenas deverão permanecer por tempo indeterminado nas comunidades como forma de reduzir os riscos de contaminação pelo Covid-19.
A decisão foi tomada pela maioria dos caciques que representam as 84 aldeias do Xingu durante reunião do Conselho de Saúde Indígena, ocorrida na última semana.
“Tendo em vista não só o coronavírus, mas outras doenças como dengue, por este motivo a gente está fechando essas casas de apoio para poder combater uma possível epidemia entre os povos indígenas, por serem mais vulneráveis, explicou Léo Xipaia.
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Baixa imunidade de povos indígenas do Pará ao novo coronavírus preocupa autoridades - Instituto Humanitas Unisinos - IHU