16 Junho 2018
Jesus continuou dizendo: "O Reino de Deus é como um homem que espalha a semente na terra. Depois ele dorme e acorda, noite e dia, e a semente vai brotando e crescendo, mas o homem não sabe como isso acontece. A terra produz fruto por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e, por fim, os grãos enchem a espiga. Quando as espigas estão maduras, o homem corta com a foice, porque o tempo da colheita chegou."
Jesus dizia ainda: "Com que coisa podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar? O Reino é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes da terra. Mas, quando é semeada, a mostarda cresce e torna-se maior que todas as plantas; ela dá ramos grandes, de modo que os pássaros do céu podem fazer ninhos em sua sombra."
Jesus anunciava a Palavra usando muitas outras parábolas como essa, conforme eles podiam compreender. Para a multidão Jesus só falava com parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, ele explicava tudo.
O comentário do Evangelho é elaborado por Maria Cristina Giani, MCR e corresponde ao XI Domingo do Tempo Comum - ciclo B, do Ano Litúrgico. (Marcos 4,26-34)
Como já sabemos, Jesus fala com freqüência por parábolas, como bom homem de seu tempo, falou como todos de sua época. Falar por parábolas era uma forma muito comum de explicar as escrituras, os rabinos contavam parábolas.
Ao longo do evangelho, encontramos muitas parábolas que explicam uma mesma idéia, ilustrada com comparações diferentes. É o caso do evangelho de hoje.
Trata-se de diferentes aspectos do grande mistério de Reino dos céus. Jesus não se cansou de nos falar do Reino e de seu Pai com imagens sempre novas.
Estas parábolas são colocadas por Marcos num contexto de "dupla" crise: por um lado, neste evangelho, Jesus inicia sua atividade com muito sucesso, para depois afrontar a hostilidade da família e de adversários.
Por outro lado, considerando que este evangelho é considerado o evangelho dos catecúmenos, eles iniciam seu caminho cristão com muito entusiasmo, prontos para tudo, assíduos, mais aos poucos vem as dúvidas, crises, frustrações, abandonos...
Levando em conta este contexto, podemos afirmar que as parábolas de Jesus buscam ajudar a superar, iluminar as crises da caminhada, são uma exortação à fé e à esperança.
Vamos, então, refletir sob esta perspectiva o evangelho de hoje. Talvez também nós, estejamos passando por um momento de crise, e o Senhor nos dá umas dicas de como vivê-lo, que atitudes seriam bom que adotássemos.
Busquemos descobri-las nas duas parábolas de hoje!
Em primeiro lugar, o Reino de Deus é comparado, nas duas vezes com sementes, na primeira não especifica qual, e na segunda se trata de um grão de mostarda. Em todo o caso, as sementes são pequenas... O reino começa pequeno, mais contendo, como a semente, uma grande potência de vida.
No entanto, o desenvolvimento e a fecundidade dessa semente não depende de nós! Não sabemos como isso acontece, e o que é pior ainda não cresce no nosso ritmo!
Qual seria a primeira dica do Senhor?
Jesus convida a sua comunidade, mesmo no meio da crise, a continuar sua caminhada, a não parar, sufocada pelos problemas, mesmo sem ver os resultados, a continuar trabalhando no projeto de Deus.
Porque assim como a terra, grande mãe produz fruto, Deus, a quem podemos chamar de Pai e de Mãe, fará nascer e crescer, silenciosamente, os frutos do Reino semeados entre suor e lágrimas.
Passemos agora a refletir sobre a segunda parábola. Nela acharemos mais orientações.
Da semente de mostarda, tida como a menor de todas as sementes, nasce e cresce a maior de todas as plantas! Nas colinas do mar da Galiléia a mostardeira atingia três metros de altura ou mais!
É grande o contraste entre a menor de todas as sementes e a maior de todas as plantas. O evangelista acrescenta: "ela dá ramos grandes, de modo que os pássaros do céu podem fazer ninhos em sua sombra".
Nessa parábola, Jesus encoraja a esperança de sua comunidade!
Qual é a semelhança entre o Reino de Deus e um grão de mostarda?
Ambos parecem quase nada, insignificantes no começo e tornam-se muito grandes em seus resultados!
As aves do céu representam as diferentes nações, povos que ao longo da história, vão aderindo ao projeto de Deus, semeado por Jesus e sua Igreja, pelo qual o Reino de Deus cresce, cresce, sem parar, lenta e progressivamente, porque a seiva desta grande árvore é o Amor de Deus, mais forte que a morte! (Ct 8,6).
Agora olhemos para nossa realidade. Podemos dizer que vivemos numa cultura caracterizada como cultura do instantâneo e do espetáculo, pelo qual esta proposta de um reino que inicia pequenino, que cresce lentamente, quase sem se perceber, é, sem dúvida, contra-cultural.
Por isso, as parábolas de Jesus são um convite, ou melhor, uma proposta ousada, que requer a resposta dos ouvintes.
Em primeiro lugar, convida-nos a erguer os olhos e ver os campos, pois já branquejam para a ceifa (cfr.Jo 4,35), propõe-nos descobrir o que já está crescendo lentamente, florescendo silenciosamente, e até dando fruto do reino ao nosso redor.
Paremos para pensar e lembrar dos acontecimentos de nossa vida, de nossa comunidade, de nosso país, de nosso mundo... Que sinais de vida, de solidariedade, de paz, de presença do Espírito Santo vemos?
Podemos lembrar o velho ditado chinês: 'Faz mais barulho uma árvore que cai, que um monte inteiro que cresce em silêncio!'.
Em segundo lugar, sem deixar-nos atrapalhar pela crise atual, a parábola nos exorta a continuar colaborando com nossa vida na expansão do reino de Deus, o resto Deus o fará!
Para colaborar no projeto de Deus, precisamos ser homens e mulheres de esperança, de "louca e divina" esperança. Este poema pode-nos ajudar a pedir ao Senhor este dom. Também podemos fazer uma oração espontânea.
Esperança
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que, quando todas as sirenas,
Todas as buzinas,
Todos os reco-recos tocarem,
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Mario Quintana
CANAL FEIJOO, Bernardo. O segredo do Reino de Deus. São Paulo: Paulinas, 1989.
KONINGS, Johan. Espírito e mensagem da liturgia dominical. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia, 1981.
QUNTANA, Mario. Nova Antologia Poética. São Paulo: Globo, 1998.
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Os segredos do Reino - Instituto Humanitas Unisinos - IHU