O ex-aliado de Netanyahu quebra o tabu israelense: “Em Gaza, é limpeza étnica”

Foto: Wikimedia Commons

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

06 Dezembro 2024

Moshe Yaalon, na Defesa de 2013 a 2016: “A IDF evacua os palestinos e destrói as casas”. Ira do Estado-Maior: acusem os políticos. Entendimento Hamas-Fatah sobre o futuro da Faixa de Gaza.

A reportagem é de Fabiana Magrì, publicada por La Stampa, 04-12-2024.  A tradução é de Luisa Rabolini

Se há um primado do qual o Tsahal, o exército israelense, se orgulha, é o de ser “o exército mais moral do mundo”. Recentemente, quem questionou o calibre das forças israelenses foi o ex-chefe do Estado-Maior do Exército e ex-ministro da Defesa, Moshe “Bogie” Yaalon (no governo de Netanyahu de 2013 a 2016), que declarou e reiterou que em Gaza as FDI estão cometendo “crimes de guerra” e “limpeza étnica”. Se não chegou a ser um tsunami, no mínimo suas palavras geraram um terremoto em Israel, cujas réplicas continuam a ser registradas. “Acho que a declaração de Yaalon deveria ter sido dirigida ao nível político, não ao exército. Mas o que ele disse está correto. O governo está pressionando o exército a fazer uma espécie de limpeza, uma limpeza étnica, pode-se dizer. Mas acusar os militares é errado”. Haim Tomer, entrevistado ontem em Tel Aviv, à margem da conferência do Dia do Governo de Qualidade, serviu no Mossad em vários cargos, em Israel e no exterior, entre 1986 e 2011. Ele foi, entre outras coisas, chefe da Divisão de Contraterrorismo e Inteligência, terminando seu serviço no governo como chefe da Divisão de Ligação Internacional e Operacional, até 2014.

Yaalon quis soar um alarme. Ele mesmo recalibrou as acusações em sucessivas entrevistas na televisão e alinhou a mira ao falar de “interferência dos políticos, que estão corrompendo o exército”. Estamos falando de Gaza, um front ainda quente após quatorze meses de guerra e um saldo de 44.502 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas. “Não estou falando de assassinato em massa”, esclareceu ele ao Canal 12 após as reações do Estado-Maior, “mas sim de evacuar uma população de suas casas, destruir suas casas: é isso que está acontecendo em Beit Hanoun, Beit Lahiya”.

Perguntado sobre o mandado de prisão emitido pelo Tribunal penal internacional para o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu, atenuou: “Acho que, moralmente, coisas ruins aconteceram aqui, do nosso ponto de vista”.

“As IDF operam em conformidade com o direito internacional e evacuam os civis conforme as necessidades operacionais, para sua própria proteção”. Em resumo, o Tsahal rejeita as “graves afirmações” segundo as quais se está realizando uma limpeza étnica na Faixa de Gaza. E ele não é deixado sozinho. “São mentiras descaradas. Os soldados não matam e não realizam limpeza étnica. Ponto final”, comentou o presidente israelense Isaac Herzog.

Ontem, o exército do Estado judeu divulgou uma atualização sobre uma série recente de ataques na região central de Gaza e incursões na área do corredor de Netzarim, nas quais eliminou vários agentes do Hamas, incluindo pelo menos sete membros das forças de elite Nukhba que haviam participado do ataque de 7 de outubro.

Nos últimos dias, a conferência internacional no Cairo, da qual a Itália também participou, tratou de Gaza, pensando no “dia seguinte” e na reconstrução. Ao que parece - conforme relatado pelo jornal Al-Araby Al-Jadeed - o Hamas e o Fatah chegaram a um acordo para governar a Faixa após a guerra, por meio de um comitê que teria autoridade sobre questões relativas às ajudas humanitárias, educação, saúde e economia. O cenário regional continua a se complicar. Ainda mais com a evolução da situação na Síria.

Ontem, o Tsahal reivindicou a responsabilidade por um ataque aéreo perto de Damasco. O alvo, atingido e eliminado, era Salman Jumaa, o contato do Hezbollah com o exército sírio, que se acredita ser uma figura “chave” na transferência de armas para o Hezbollah através da Síria.

Leia mais