16 Novembro 2024
O principal risco de falar às mulheres é, para os homens, o de escorregar no chamado mansplaining – neologismo criado nos EUA, traduzido para o italiano, não sem ironia, como "minchiarimento". Ou seja, os homens me explicam o mundo e me explicam também como sou feita.
O artigo é de Anita Prati, professora de Letras no Instituto Estatal de Educação Superior Francesco Gonzaga, em Castiglione delle Stiviere, na Itália, em artigo publicado por Settimana News, 13-11-2024.
Junto dos nossos leitores e leitoras, nos reunimos por dois dias na comunidade dehoniana de Albino (25-26 de outubro de 2024) para debater a alma e o coração do pontificado de Francisco (cf. Settimana News aqui). Para expandir e aprofundar o diálogo compartilhado, publicamos alguns dos textos das intervenções feitas durante esses dois dias. Após a meditação de nossa redatora, irmã Elsa Antoniazzi (aqui) e a palestra de Vincenzo Rosito (aqui), publicamos a intervenção de nossa redatora Anita Prati intitulada "Papa Francisco e as mulheres: palavras, palavras, palavras".
Apesar das aparências, há três sujeitos que se destacam neste título: as mulheres e Francisco, é claro, mas também e, antes de tudo, o papa.
Dizer "papa" significa implicar no discurso a forma "papado", ou seja, a instituição à qual, na Igreja Católica, foram atribuídas funções de governo, doutrina e culto.
A precisão não é irrelevante. Visto que muitos discursos recentes sobre as mulheres e as formas de sua participação na vida da Igreja assumem a história como referência inderrogável para escolhas e decisões que podem ou não ser tomadas, é importante ter consciência de que, ao dizer "papa", ou seja, "papado", não estamos falando de uma realidade transcendental e absoluta, que desceu à terra nos dias imediatamente após o Pentecostes, sob a forma de um homem de vestes brancas, com mitra e báculo.
Estamos falando de uma forma histórica que foi sendo construída e definida por meio de um longo e complexo percurso secular, tormentoso e muitas vezes violento, travado com as armas da diplomacia e da excomunhão, dos ditames teológicos e da força militar, marcado por cismas que foram dilacerando o tecido sinodal da Igreja primitiva.
O papado tem, hoje, o rosto de Francisco, ou seja, do homem Jorge Mario Bergoglio, nascido em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, filho primogênito de Mario, um piemontês que chegou à América do Sul menos de dez anos antes, e de Maria Regina Sivori, nascida em Buenos Aires, mas filha de migrantes de origem italiana, do Piemonte e do interior da Ligúria.
Este dado biográfico ilumina, entre outras coisas, também a particular relação que o papa Bergoglio tem com a língua italiana. Terceiro papa estrangeiro após Wojtyla e Ratzinger, Francisco tem uma relação diferente com o italiano em comparação com seus predecessores: o seu não é um italiano refinado e elegante aprendido formalmente, mas uma língua genuína, modelada no dialeto piemontês falado pelos avós e nutrida pelas relações familiares – uma observação relevante para a reflexão que estamos prestes a desenvolver.
Ao lado do papado e de Francisco, o título nos apresenta, como terceiro sujeito, as mulheres. Não a mulher, singular abstrata e perigosa em sua intangibilidade, mas as mulheres, um universo variado e indefinível tanto quanto o universo masculino. Um universo tão rico em infinitas diferenças de idade, etnias, culturas, histórias, sensibilidades, eventos e percursos de vida pessoais, que apenas um olhar pretensioso, nada realista e até um pouco arrogante, poderia querer comprimi-lo dentro de um paradigma singular – como se fosse possível esgotar a verdade das mulheres em uma única definição de mulher, ideal e inexistente em sua abstrata singularidade.
A reflexão sobre as relações que se entrelaçam entre esses três sujeitos abre e aprofunda perspectivas muito complexas; procurei identificar um ponto de vista através do qual delimitar e condensar um percurso de pensamento significativo, embora breve.
Esse percurso é expresso pelo subtítulo palavras, palavras, palavras. Fazendo referência à famosa canção de Mina e Alberto Lupo nos anos 70, a tripla repetição visa identificar e sintetizar três situações discursivas particulares.
Palavras. Palavras. Palavras. Três áreas de discurso, três complementos gramaticais, três diferentes estatutos ontológicos: um complemento de argumento (as palavras do papa Francisco sobre as mulheres); um complemento de termo (as palavras do papa Francisco para as mulheres); um complemento de companhia (as palavras do papa Francisco com as mulheres).
Falar sobre as mulheres ou, melhor, sobre a mulher, nessa forma singular abstrata e irreal de que se falou, é um exercício ao qual os homens de todos os tempos sempre se dedicaram com prazer. Um dos textos mais antigos da literatura grega é um longo fragmento em trimêtros iâmbicos do poeta do século VII a.C. Semonides de Amorgo, uma pequena ilha das Cíclades. Este texto poético, também chamado de Sátira ou Crítica das mulheres, pode ser considerado um verdadeiro manifesto programático da misoginia grega e universal.
São dez os tipos de mulheres criados por Zeus – canta Semonides – e de quase todas se deve tomar cuidado. A única que se salva é a mulher abelha; para o restante, cada tipo de mulher é comparado a um animal ou a elementos naturais que tornam imediato e plástico o chamado aos vícios que a mulher, como mulher, encarna: a mulher porca, a mulher cão, a mulher égua, a mulher raposa, a mulher jumenta, a mulher doninha, a mulher macaca, a mulher terra, a mulher mar.
Falar sobre alguém é, no fundo, um exercício relativamente fácil: se o outro é, simplesmente, "a coisa de que se fala", o processo de objetificação é imediato. Os homens da Igreja nunca se esquivaram desse exercício de descrição, definição e catalogação da mulher e do feminino. Oscilando de forma ambígua entre os polos Eva e Maria, ora estigmatizaram a mulher como ianua diaboli, ora celebraram e exaltaram a sua dimensão virginal ou materna.
E o papa Francisco? Não é difícil perceber como as palavras pronunciadas pelo papa sobre o tema "mulher" nestes onze anos de pontificado convergem todas para um número pequeno de pontos, sobre os quais o papa retorna constantemente sempre que o tema é abordado.
A bem da verdade, até suas últimas palavras sobre o tema, solicitadas pelos estudantes da universidade católica de Lovaina no último 28 de setembro durante a viagem à Bélgica e Luxemburgo, apenas reconfiguram o que foi dito nos dias cheios de promessas do início de seu pontificado.
Gostaria de retomar uma entrevista já distante, de julho de 2013, analisando dois trechos significativos. As observações que delas retiraremos podem ser tranquilamente aplicadas a todos os discursos sobre as mulheres que o papa Francisco pronunciou nos anos seguintes.
Era 28 de julho de 2013. Durante a coletiva de imprensa realizada no voo de volta do Rio de Janeiro, a um jornalista francês que lhe perguntou quais medidas concretas ele tomaria em relação às mulheres, como o diaconato feminino ou a nomeação de uma mulher à frente de um dicastério, o papa Francisco respondeu:
Uma Igreja sem as mulheres é como o Colégio Apostólico sem Maria. O papel da mulher na Igreja não é apenas a maternidade, a mãe de família, mas é mais forte: é justamente o ícone da Virgem, da Senhora; aquela que ajuda a fazer crescer a Igreja! Mas pensem que a Senhora é mais importante do que os Apóstolos! Ela é mais importante! A Igreja é feminina: é Igreja, é esposa, é mãe. (...) Acredito que ainda não fizemos uma teologia profunda da mulher, na Igreja. (...) É preciso fazer uma profunda teologia da mulher. Isso é o que eu penso.
E, a uma jornalista brasileira que lhe perguntou o que ele pensava sobre a ordenação das mulheres:
Eu gostaria de explicar um pouco o que disse sobre a participação das mulheres na Igreja: não pode se limitar ao fato de que ela seja acólita ou presidente da Caritas, catequista... Não! Deve ser mais, mas profundamente mais, até misticamente mais, com isso que eu disse sobre a teologia da mulher. E, em relação à ordenação das mulheres, a Igreja falou e diz: “Não”. Foi dito por João Paulo II, mas com uma formulação definitiva. Aquela porta está fechada, mas sobre isso quero te dizer uma coisa. Eu disse isso, mas repito. A Senhora, Maria, era mais importante do que os Apóstolos, os bispos, os diáconos e os padres. A mulher, na Igreja, é mais importante do que os bispos e os padres; como, é isso que devemos tentar explicitar melhor, porque acredito que falta uma explicitação teológica disso.
A partir dessas palavras, a análise do texto nos permite identificar cinco pontos que representam verdadeiros Leitmotiv constantes em todos os discursos do papa Francisco sobre as mulheres.
Primeiro: evitar a resposta, ou a arte de responder sem responder. É uma característica estilística recorrente na diplomacia, e o papa Francisco, como hábil diplomata, não foge dessa regra do jogo: em vez de permanecer no nível de concretude proposto pela pergunta, o discurso é desviado para um plano de vaguidade ideal, onde tudo se desfoca e se dissolve, onde se diz tudo sem dizer nada. Quando o papa Francisco fala sobre as mulheres, a transição do concreto para o ideal é sinalizada por uma marca gramatical inequívoca, ou seja, o uso do singular no lugar do plural (não as mulheres, mas a mulher). A esse respeito, veja-se o que foi observado no início sobre o terceiro sujeito do título.
Segundo: a associação mulher-Maria. Através desse paralelismo, são tocadas as cordas sensíveis do amor-próprio feminino, jogando com elogios e sentimentos de culpa. Por um lado, a comparação é gratificante, porque não só coloca as mulheres no mesmo nível de Maria, mas nos faz até sentir mais importantes do que os bispos e os padres; por outro lado, no entanto, insinua em nós um senso de culpa nem tão velado: tão grande é a honra que nos cabe pelo simples fato de sermos mulheres como a Senhora, que sentimos que devemos viver como uma arrogante e imperdoável manifestação de ingratidão até o simples fato de ousar pensamentos que aspirem a algo diferente dos papéis que nos foram tradicionalmente atribuídos. Uma vez inoculado o sentimento de culpa, o objetivo de desarmar e neutralizar desde a raiz qualquer desejo de reivindicação pode ser facilmente alcançado.
Terceiro: o não à ordenação. Quando a pergunta toca de maneira direta e inevitável o tema polêmico "ordenação das mulheres", o papa Francisco não desvia, mas opõe uma firme recusa. O "não", justificado por argumentos implicitamente antissinodais, pode ser resumido no seguinte silogismo:
Premissa maior: a Igreja falou e diz: “Não”.
Premissa menor: o "não" foi dito pelo papa João Paulo II, com uma formulação definitiva.
Conclusão: portanto, a Igreja coincide com o papa.
Mas, se a Igreja coincide com o papa, ou seja, com a instituição papado, é evidente como a tensão pela sinodalidade, palavra-chave do pontificado de Francisco, falha tristemente quando colocada à prova pelos fatos. Sem mencionar a imagem, decisivamente infeliz e nada evangélica, da porta fechada...
Quarto: a feminilização da Igreja. “Desmasculinizar” é um dos neologismos mais eficazes de papa Francisco. Vez por outra, ouvimos ele repetir que a Igreja deve ser desmasculinizada, e aqui podemos todos concordar. O que menos se entende é por que desmasculinizar a Igreja implica em sua feminilização. A Igreja é mulher, afirma o papa Francisco. Não é homem, é mulher, é feminina. Para sustentar essa afirmação, o papa Francisco traz razões gramaticais evidentes: diz-se a Igreja, não o Igreja.
A transparência da argumentação tem algo inquietante, se pensarmos que cem anos atrás, quando estava em curso um debate acirrado sobre o gênero gramatical a ser atribuído à nova palavra “automóvel”, um certo Gabriele D’Annunzio se fez um orgulhoso defensor do gênero feminino ("A Automóvel é feminino", escrevia), argumentando que possuía não só a graça da sedutora, mas também uma virtude desconhecida pelas mulheres em sua forma plena e sublime, ou seja, a obediência perfeita.
Aqui está: aquele fantasma do feminino associado à obediência, à submissão, à quieta submissão e à passividade ainda circula, principalmente nos ambientes eclesiásticos, apesar de muitas teólogas terem destemidamente revelado a relação proporcional direta que une a exaltação mística do feminino em suas qualidades de receptividade, passividade, acolhimento, cuidado, espiritualidade, interioridade, e a recusa de um reconhecimento público da autoridade das mulheres.
E aqui chegamos ao quinto ponto.
Quinto: a teologia da mulher. É preciso fazer uma teologia da mulher, diz o papa Francisco, uma profunda teologia da mulher. E quem deve fazê-la? Os homens, naturalmente: eles são tão experientes na arte de falar sobre as mulheres e de explicar, até para as próprias mulheres, como são feitas as mulheres! E assim caímos no paradoxo de que, enquanto nos é proposta como novidade uma teologia da mulher, genitivo objetivo, singular abstrato, não se dá ouvidos à teologia das mulheres, ou seja, à teologia que as teólogas mulheres, genitivo subjetivo, vêm desenvolvendo há décadas.
Vou rapidamente para a conclusão. Rapidamente, sim. Porque, se a mulher/as mulheres como complemento de argumento geraram uma vasta literatura, a quantidade de produção literária especificamente dedicada à mulher/às mulheres como termo do discurso vê um considerável redimensionamento.
Entre os discursos do papa, aqueles dedicados exclusivamente às mulheres referem-se a textos voltados para as freiras ou as prisioneiras (eu me abstenho da piada...); no restante, a presença feminina pode ser considerada implícita quando os discursos são dirigidos de forma genérica a esposos, participantes de congressos, migrantes, católicos de vários lugares ou ao povo de Deus – o que prova que a Igreja em si não é nem masculina nem feminina, mas é simplesmente um povo formado por homens e mulheres, juntos.
O principal risco de falar às mulheres é, para os homens, o de escorregar no chamado mansplaining – neologismo criado nos EUA, traduzido para o italiano, não sem ironia, como "minchiarimento". Ou seja, os homens me explicam o mundo e me explicam também como sou feita.
O papa também não está isento desse risco. Encontramos um exemplo eficaz de mansplaining no Discurso do Santo Padre Francisco aos participantes da assembleia geral da União Superiore Maggiori d’Italia (USMI) de 13-04-2023. Vale notar: o hábito de usar o masculino inclusivo é tão consolidado em nosso idioma que a secretaria não percebe que a USMI é formada apenas por mulheres e, portanto, no título, é utilizado o artigo masculino plural ("i" partecipanti), em vez do feminino "le".
Aqui está um trecho emblemático:
"Claro, cada um dos vossos Institutos tem o seu carisma, e esse é o espírito com o qual vocês querem fazer a pergunta, com o espírito dos fundadores que vocês têm no coração, fazem a pergunta, hoje: 'Senhor, hoje o que devo fazer? O que devemos fazer?'. E as mulheres são boas nisso, sabem criar novos caminhos, sabem dar... São corajosas."
Segundo aspecto: em caminho sinodal. O Evangelho, em outro trecho, diz que "as mulheres correram para dar o anúncio aos seus discípulos" (Mt 28,8). Alguém que pensa um pouco mal diz: "Para conversar foram mandadas". Não, não, correram para dar um anúncio, não é fofoca: isso é outra coisa. (...) Essas mulheres não escolheram nem manter a alegria do encontro só para si, nem fazer o caminho sozinhas: escolheram caminhar juntas com os outros. Porque é próprio da mulher ser generosa, é assim. Às vezes, sim, há algumas neuróticas, mas isso acontece um pouco em todos os lugares, não? Mas a mulher é dar vida, abrir caminhos, chamar outros... (...) Às vezes me dá um pouco de medo quando falamos de espírito sinodal e logo se pensa: "Agora temos que mudar isso, isso, isso..." (...) Não, o caminho em espírito sinodal é ouvir, rezar e caminhar. Depois, o Senhor nos dirá as coisas que devemos fazer. Vi em algumas propostas: "Agora devemos tomar esta decisão, isso, isso, isso...". Não, isso não é caminho sinodal. Isso é "parlamento". Não esqueçamos que o caminho sinodal é feito pelo Espírito Santo: Ele é o chefe do caminho sinodal, Ele é o protagonista. E as mulheres, nessa dinâmica, seguem em frente com os Pastores, mesmo quando muitas vezes vocês não se sentem valorizadas e às vezes compreendidas, estão disponíveis para ouvir, para encontrar, para dialogar, para fazer projetos juntos.
A trama do discurso, baseada em expressões infantilizantes e paternalistas (as mulheres são boas, sabem criar novos caminhos...), mantém juntas imagens idealizadas (a mulher é dar vida, abrir caminhos, chamar outros) e piadas desvalorizantes, longe de serem engraçadas (Para fofocar foram mandadas; algumas neuróticas existem). Tudo firmemente ancorado na pretensão de explicar às mulheres o seu próprio ponto de vista e o que faz parte de sua natureza (é próprio da mulher ser generosa; estão disponíveis para ouvir, para encontrar, para dialogar, para fazer projetos juntos), no caso específico com o objetivo de evitar derivações perigosas de uma aplicação rígida do princípio da sinodalidade: que não venha à mente dessas benditas Superiores transformar o caminho sinodal em uma democracia, que não pensem que estão em um parlamento onde podem dizer e decidir algo...
Por fim, o complemento de companhia, o mais difícil, o menos praticado, o mais vital. Falar com as mulheres, vê-las não como objeto ou termo do próprio discurso, mas como verdadeiras interlocutoras. Uma verdadeira interlocução exige não apenas o exercício da escuta, sobre o qual o Papa Francisco insiste tanto e de maneira justa, mas também o não fácil exercício da deslocalização do olhar. Deslocar o olhar assumindo pontos de vista "outros", libertando-se dos automatismos inconscientes que impõem aos olhos estreitezas e caminhos obrigatórios e condicionam a percepção e a visão da realidade.
Entre os tímidos sinais que o Papa Francisco parecia dar nessa direção, penso, em particular, na solicitação feita no final do ano passado a Lucia Vantini e Linda Pocher, juntamente com Luca Castiglioni, para oferecer ao conselho dos cardeais uma reflexão sobre a presença e o papel das mulheres na Igreja – reflexão que, por expresso desejo do Papa, foi transformada em um livro, do qual Francisco próprio assinou a introdução.
Gostaria de concluir aqui minha reflexão, com uma nota de confiança, trazendo algumas citações significativas do pensamento apaixonado de Vantini e Pocher, e falando sobre o saudável senso de "desorientação" que os homens experimentam quando realmente entram em diálogo com as mulheres – uma desorientação que se torna sinal de uma mudança concreta de perspectiva, de uma verdadeira conversão do olhar e do pensamento, como o próprio Papa Francisco diz em sua introdução:
“Colocando-nos realmente em escuta das mulheres (NB: o negrito é meu), nós homens nos colocamos em escuta de alguém que vê a realidade de uma perspectiva diferente e assim somos levados a revisar nossos projetos, nossas prioridades. Às vezes estamos desorientados. Às vezes, o que ouvimos é tão novo, tão diferente do nosso modo de pensar e ver, que nos parece absurdo e nos sentimos intimidados. Mas essa desorientação é saudável, nos faz crescer. São necessárias paciência, respeito mútuo, escuta e abertura para realmente aprendermos uns com os outros e para avançarmos como um único Povo de Deus, rico em diferenças, mas que caminha junto.”
Eu gostaria que essas palavras realmente marcassem uma mudança de passo. Mas a maneira, no mínimo, constrangedora com que a questão do ministério ordenado para as mulheres foi conduzida ou, seria melhor dizer, abortada durante os trabalhos sinodais do último mês, é um sinal inequívoco de que na Igreja de Papa Francisco não há espaço para um verdadeiro diálogo com as mulheres: a Igreja, que Francisco dizia querer sinodal, permanece, de fato, um "papado".
E, então, palavras como sinodalidade, desmasculinizar, descristianizar? Palavras, apenas palavras.
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Francisco depois de Francisco: mulheres. Artigo de Anita Prati - Instituto Humanitas Unisinos - IHU