24 Mai 2025
Em seu primeiro discurso na noite de sua eleição como Papa Leão XIV, o novo pontífice esboçou uma visão de seu papado em apenas 500 palavras.
A reportagem é de Christopher White, publicada por National Catholic Reporter, 23-05-2025.
Delineando uma agenda ambiciosa, Leão disse que queria:
Leão celebrou sua missa inaugural em 18 de maio como o novo papa e, no espaço de apenas uma semana, ele reforçou essas palavras iniciais com novas ações. No dia seguinte à inauguração, Leão se encontrou com os representantes dos grupos ecumênicos e inter-religiosos que viajaram a Roma para a ocasião.
"Como Bispo de Roma, considero que uma das minhas prioridades é buscar o restabelecimento da comunhão plena e visível entre todos aqueles que professam a mesma fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo", disse-lhes.
Tendo como pano de fundo o próximo 1.700º aniversário do Concílio de Niceia — que ajudou a formular o credo compartilhado pelas igrejas cristãs —, Leão disse que este é o momento de uma ação urgente para nos unirmos como um só corpo. O novo papa também deve viajar à Turquia para celebrar esse aniversário marcante ainda este ano, naquela que provavelmente será sua primeira viagem internacional.
Ele também aproveitou a ocasião para reafirmar seu compromisso com a sinodalidade, apesar daqueles no conclave que poderiam estar ansiosos para enterrar o projeto ao lado do falecido pontífice.
"Eu gostaria de assegurar minha intenção de dar continuidade ao compromisso do Papa Francisco de promover a natureza sinodal da Igreja Católica e desenvolver formas novas e concretas para uma sinodalidade cada vez mais forte nas relações ecumênicas", disse Leo.
Em conversa com outros líderes religiosos presentes, Leão também manifestou seu apoio ao documento histórico de 2019 sobre "Fraternidade Humana pela Paz Mundial e pela Convivência Comum", assinado por Francisco e Ahmed el-Tayeb, o grande imã de al-Azhar, no Egito. O documento, frequentemente ridicularizado por grupos católicos tradicionalistas, é amplamente considerado um grande avanço na relação da Igreja Católica com o mundo muçulmano.
E em um momento em que as relações entre judeus e católicos estavam tensas devido à guerra de Israel em Gaza e às frequentes críticas de Francisco, Leão aproveitou a ocasião para reatar as relações.
"O diálogo teológico entre cristãos e judeus continua sendo sempre importante e próximo do meu coração", disse ele. "Mesmo nestes tempos difíceis, marcados por conflitos e mal-entendidos, é necessário dar continuidade ao impulso deste nosso precioso diálogo".
Mas no dia seguinte — em sua primeira audiência geral de quarta-feira na Praça São Pedro — ele não hesitou em usar seu novo púlpito para dizer aos 40 mil peregrinos que estavam reunidos ali para não desviarem o olhar do que estava acontecendo em Gaza.
"A situação na Faixa de Gaza é cada vez mais preocupante e dolorosa", disse Leão. "Renovo meu sincero apelo para que seja permitida a entrada de ajuda humanitária digna e para que se ponha fim às hostilidades, cujo preço dilacerante está sendo pago por crianças, idosos e doentes".
O espírito de construção de pontes e diálogo que ele pregou desde o primeiro dia ganhou expressão concreta quando, na segunda-feira, 19 de maio, o primeiro papa da história dos Estados Unidos teve seu primeiro encontro com o vice-presidente americano JD Vance.
Antes de sua eleição, o então Cardeal Robert Francis Prevost usou sua conta nas redes sociais para criticar diretamente os esforços do convertido católico de usar a teologia para defender a repressão aos imigrantes promovida pelo governo Trump. "J.D. Vance está errado: Jesus não nos pede para classificar nosso amor pelos outros", era a manchete de um artigo do National Catholic Reporter que o cardeal havia compartilhado em 3 de fevereiro.
Apesar das potenciais tensões entre os dois, Vance aproveitou sua visita ao Palácio Apostólico para convidar o novo papa à Casa Branca — uma viagem que não parece provável em breve. Leão XIV deixou claro que há muita coisa para fazer no Vaticano. E para uma instituição que historicamente tem relutado em nem sequer considerar a possibilidade de eleger um americano para o cargo mais alto, é improvável que ele priorize uma viagem à sua terra natal imediatamente.
Em sua audiência geral, Leão prestou homenagem a Francisco, observando que se passava uma vez por mês desde sua morte na segunda-feira de Páscoa.
Em 22 de maio, o novo papa seguiu a prática de Francisco de elevar mulheres a cargos de alto escalão na Cúria Romana. Leão nomeou a Irmã Tiziana Merletti, canonista, como secretária do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Merletti, ex-superiora geral das Irmãs Franciscanas dos Pobres, sucede à Missionária da Consolata, Irmã Simona Brambilla, a primeira mulher a chefiar um dicastério.
O novo pontífice também fez uma visita não anunciada esta semana ao seu antigo escritório no Dicastério para os Bispos para celebrar a missa e conversar com sua antiga equipe. Talvez a espontaneidade do "papa das surpresas", como seu antecessor era conhecido, continue viva em Leão.