22 Mai 2025
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 21-05-2025.
Em sua primeira audiência geral, Leão XIV retomou o ciclo de catequeses jubilares sobre o tema "Jesus Cristo, nossa esperança", iniciado pelo Papa Francisco, onde se concentrou na parábola do semeador, que, segundo ele, "é uma espécie de introdução a todas as parábolas", e onde um "semeador perdulário", na maneira como semeia a semente, "é uma imagem do modo como Deus nos ama". "Estamos acostumados a calcular as coisas — e às vezes é necessário — mas isso não funciona no amor!" ele enfatizou.
"Ele nos ama assim: não espera que sejamos a melhor terra, sempre nos dá a Sua palavra generosamente. Talvez justamente por ver que Ele confia em nós, nasça em nós o desejo de sermos uma terra melhor. Esta é a esperança, fundada na rocha da generosidade e da misericórdia de Deus", continuou o Papa Prevost.
Nesse momento, Leão XIV apresentou a aclamada pintura "O Semeador ao Entardecer" ao público que lotou a Praça São Pedro (cerca de 40 mil pessoas), "aquela bela pintura de Van Gogh", observou ele, "que também me fala do esforço do camponês. E me impressiona que, por trás do semeador, Van Gogh tenha retratado o trigo já maduro. Parece-me uma imagem de esperança: de uma forma ou de outra, a semente deu frutos. Não sabemos muito bem como, mas é assim".
"No centro da cena, porém, não está o semeador, que está ao lado, mas toda a pintura é dominada pela imagem do sol, talvez para nos lembrar que é Deus quem move a história, mesmo que às vezes pareça ausente ou distante. É o sol que aquece a terra e faz a semente amadurecer", disse o Papa.
Para concluir sua catequese, Robert F. Prevost fez uma pergunta: "Em que situação da vida a palavra de Deus nos alcança hoje?" Peçamos ao Senhor a graça de acolher sempre esta semente que é a sua Palavra. E se percebermos que não somos terra fértil, não desanimemos, mas peçamos a Ele que continue trabalhando em nós para nos transformar em terra melhor", concluiu.
Em sua saudação aos diferentes grupos de peregrinos que chegaram de todos os continentes, Leão XIV alternou entre italiano, inglês e espanhol, destacando que "em um mundo dividido e ferido pelo ódio e pela guerra, somos chamados a semear
esperança e construir a paz!"
"A situação na Faixa de Gaza é preocupante", observou o Papa. "Repito meu apelo pela aprovação da ajuda humanitária, pelo fim da guerra e pela assistência às crianças, aos idosos e aos doentes".
E, finalmente, em seu discurso final aos fiéis italianos, ele tinha outra lembrança para seu antecessor: "E não podemos concluir este nosso encontro sem lembrar com grande gratidão o amado Papa Francisco, que retornou à casa do Pai há apenas um mês", observou ele, exatamente quando aquele mês havia passado desde a morte do Papa Bergoglio.
Queridos irmãos e irmãs,
Tenho o prazer de recebê-los em minha primeira audiência geral. Estou retomando o ciclo de catequeses jubilares sobre o tema "Jesus Cristo, nossa esperança", iniciado pelo Papa Francisco.
Hoje continuaremos meditando nas parábolas de Jesus, que nos ajudam a recuperar a esperança porque nos mostram como Deus age na história. Hoje eu gostaria de focar em uma parábola um tanto particular, porque ela é uma espécie de introdução a todas as parábolas. Refiro-me à do semeador (cf. Mt 13,1-17). Em certo sentido, nesta história podemos reconhecer o modo de comunicar de Jesus, que tem muito a nos ensinar para o anúncio do Evangelho hoje.
Cada parábola conta uma história tirada da vida cotidiana, mas quer nos dizer algo mais, nos remete a um significado mais profundo. A parábola suscita em nós questionamentos, convidando-nos a não nos determos nas aparências. Diante da história que está sendo contada ou da imagem que está sendo apresentada a mim, posso me perguntar: Onde estou nessa história? O que essa imagem diz sobre minha vida? O termo parábola na verdade vem do verbo grego paraballein, que significa lançar para a frente. A parábola lança diante de mim uma palavra que me provoca e me leva a questionar-me.
A parábola do semeador fala justamente da dinâmica da palavra de Deus e dos efeitos que ela produz. De fato, cada palavra do Evangelho é como uma semente que é semeada no solo da nossa vida. Jesus frequentemente usa a imagem da semente, com significados diferentes. No capítulo 13 do Evangelho de Mateus, a parábola do semeador introduz uma série de outras parábolas mais curtas, algumas das quais falam precisamente do que acontece no campo: o trigo e o joio, a semente de mostarda, o tesouro escondido no campo. O que é essa terra então? É o nosso coração, mas também é o mundo, a comunidade, a Igreja. A palavra de Deus, de fato, fecunda e provoca toda a realidade.
No início, vemos Jesus saindo de casa e uma grande multidão se reunindo ao seu redor (cf. Mt 13,1). Sua palavra fascina e desperta curiosidade. É claro que há muitas situações diferentes entre as pessoas. A palavra de Jesus é para todos, mas age de forma diferente em cada pessoa. Este contexto nos permite entender melhor o significado da parábola.
Um semeador, bastante original, sai para semear, mas não se preocupa onde a semente cai. Ele a joga até onde é improvável que dê fruto: no caminho, entre as pedras, entre os espinhos. Essa atitude surpreende os ouvintes e os leva a perguntar: por quê?
Estamos acostumados a calcular as coisas — e às vezes é necessário — mas isso não se aplica ao amor! A maneira como esse semeador “desperdiçador” lança a semente é uma imagem da maneira como Deus nos ama. É verdade que o destino da semente depende também da forma como é recebida pelo solo e da situação em que se encontra, mas sobretudo, com esta parábola, Jesus diz-nos que Deus semeia a semente da sua Palavra em todo o tipo de solo, isto é, em qualquer situação em que nos encontremos: às vezes somos mais superficiais e distraídos, às vezes deixamo-nos levar pelo entusiasmo, às vezes somos dominados pelas preocupações da vida, mas também há momentos em que estamos disponíveis e acolhedores. Deus confia e espera que mais cedo ou mais tarde a semente floresça. Ele nos ama assim: Ele não espera que sejamos o melhor solo, Ele sempre nos dá Sua palavra generosamente. Talvez seja justamente por ver que Ele confia em nós que nasce em nós o desejo de sermos uma terra melhor. Esta é a esperança, fundada na rocha da generosidade e da misericórdia de Deus.
Ao contar como a semente dá fruto, Jesus também está falando sobre sua vida. Jesus é a Palavra, ele é a Semente. E a semente, para dar fruto, deve morrer. Então, esta parábola nos diz que Deus está disposto a "se desperdiçar" por nós e que Jesus está disposto a morrer para transformar nossas vidas.
Tenho em mente aquela linda pintura de Van Gogh: O Semeador ao Pôr do Sol. Aquela imagem do semeador sob o sol escaldante também me fala do esforço do agricultor. E me impressiona que, atrás do semeador, Van Gogh retratou o trigo já maduro. Parece-me uma imagem de esperança: de uma forma ou de outra, a semente deu frutos. Não sabemos exatamente como, mas é assim. No centro da cena, porém, não está o semeador, que está ao lado, mas toda a pintura é dominada pela imagem do sol, talvez para nos lembrar que é Deus quem move a história, mesmo que às vezes pareça ausente ou distante. É o sol que aquece a terra e faz a semente amadurecer.
Queridos irmãos e irmãs, em que situação da vida a Palavra de Deus nos alcança hoje? Peçamos ao Senhor a graça de acolher sempre esta semente que é a sua Palavra. E se percebermos que não somos um solo fértil, não desanimemos, mas peçamos a Ele que continue trabalhando em nós para fazer de nós um solo melhor.