21 Mai 2025
Reitor do Dicastério dos Bispos que liderou até poucos dias atrás e para o qual agora deverá nomear um sucessor. À tarde, tomada de posse da Basílica de São Paulo. E enquanto isso surge a história da “profecia” de uma freira que o Papa fez aos fiéis peruanos.
A reportagem é de Andrea Gualtieri, publicada por La Repubblica, 20-05-2025.
Leão XIV retorna ao palácio onde exerceu o cargo de cardeal, no Dicastério dos Bispos. Uma visita inesperada que durou mais de duas horas: a oportunidade de resolver o que ficou pendente depois da eleição que, reunindo-se com os fiéis da diocese peruana de Chiclayo, Prevost definiu como "uma surpresa de Deus". À tarde, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, ele rezou por seu ministério petrino no túmulo do Apóstolo dos Gentios, pedindo "ao Senhor a graça de responder fielmente ao seu chamado". E apelou à "caridade fraterna" e ao "acolhimento de todos".
Prevost queria que a visita ao Dicastério Episcopal ocorresse sem alarde; seu carro entrou por volta das 9h por uma entrada secundária nas imediações da Praça São Pedro. Segundo relatos, o Papa também celebrou missa na capela do dicastério. Parece claro, no entanto, que a visita se concentrou no órgão que Prevost liderou por dois anos e para o qual agora ele terá que designar um sucessor. Este é o único dicastério da Cúria do Vaticano atualmente descoberto, depois que os outros prefeitos foram confirmados "até novo aviso". E é um contexto decisivo porque é chamado a avaliar os dossiês sobre as nomeações episcopais do mundo inteiro. "Prevost costumava avaliar minuciosamente cada candidatura e cada questão crítica, rejeitando qualquer pressão", disse o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, membro do Dicastério dos Bispos, ao Repubblica .
Para Leão XIV foi a terceira saída desde o início de seu pontificado. Ele estava em Genazzano dois dias depois da fumaça branca para rezar diante da Mãe do Bom Conselho, por quem tem uma devoção particular, e no caminho de volta parou na Basílica de Santa Maria Maggiore, no túmulo de Francisco. Na última terça-feira, porém, ele retornou à cúria geral agostiniana, localizada atrás da colunata de Bernini e que foi sua comunidade durante os anos em que liderou a ordem religiosa. Na ocasião, Prevost celebrou a missa e almoçou com seus irmãos, costume que também respeitava como cardeal quando, de fato, liderava o dicastério dos bispos.
Hoje, Leão XIV saiu novamente à tarde, desta vez para uma visita programada e anunciada: chegou a São Paulo Fora dos Muros para uma cerimônia na qual tomou posse da segunda basílica papal. Na primeira fila, entre os outros cardeais, estava também Angelo Becciu.
Na breve homilia proferida no túmulo do apóstolo dos gentios, co-padroeiro de Roma, destaca-se uma referência a São Bento – em referência aos monges beneditinos aos quais a basílica está confiada – e aos apelos da sua regra “à caridade fraterna” e “à hospitalidade para com todos”.
Falando sobre seu pontificado, ele disse: "Que o Senhor me dê a graça de responder fielmente ao seu chamado" e, citando a experiência de São Paulo, também falou da obediência da fé como "fruto do trabalho, das lutas internas e externas".
"Como já disse muitas vezes, é preciso saber aceitar a vontade de Deus", disse ontem Leão XIV, falando da eleição papal com uma delegação da diocese de Chiclayo, onde era bispo e a quem cumprimentou em espanhol, aparecendo pela primeira vez vestido de branco na galeria de São Pedro. Durante a audiência, que ocorreu no Vaticano, ele também se referiu à “profecia” de uma freira. Desde a morte do Papa Francisco, disse Prevost, “aquele mecanismo de longa tradição na Igreja começou, muito bonito, primeiro das congregações e depois do conclave, e eu nunca, honestamente, nunca me passou pela cabeça que o que aconteceu naquela ocasião aconteceria. E, mais uma vez, acho que o nosso Deus de surpresas fez uma surpresa realmente grande desta vez”.
A "profecia" remonta a 1998, quando Prevost, em Trujillo, era professor no seminário, diretor de estudos, pároco, vigário judicial e formador: "No final daquele ano, fui eleito provincial dos agostinianos e voltei para minha terra natal, Chicago, e lá, algumas semanas depois, encontrei uma freira, também provincial, que me disse: Padre Roberto, nosso Deus é um Deus de surpresas e um dia ele lhe dará outra. Palavras proféticas até agora, não é?".