“Incluir a plena igualdade das mulheres no Sínodo sobre a sinodalidade”. Carta de Colm Holmes e Martha Heizer ao Papa Francisco sobre a ordenação das mulheres
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"O papel das mulheres é fundamental no processo sinodal e deveria ser discutido como um todo e não subdividido em mulheres diáconas, mulheres no processo de tomada de decisão, mulheres que precisam de assistência, etc. Ignorar a questão da igualdade das mulheres, que significa o seu acesso à ordenação sacerdotal, significa excluir as mulheres da sinodalidade e ignorar a voz do "sensus fidei" do povo de Deus.", escrevem Colm Holmes e Martha Heizer, presidente e vice-presidente da We Are Church International, respectivamente, em carta publicada por Noi Siamo Chiesa, 27-06-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis a carta.
Caro irmão Francisco,
A exclusão das mulheres da ordenação (cânone 1024), do governo da Igreja (c. 129 e 274§1) e da pregação da homilia (c. 767§1) é discriminatória, contrária à inclusão de todos e todas por Jesus e priva a Igreja dos benefícios da diversidade de gênero e do equilíbrio na liderança.
Todos e todas receberam o mesmo Batismo, o mesmo Espírito e a mesma Vocação. Excluir as mulheres da possibilidade de responder a essa Vocação viola a dignidade feminina e é inaceitável no século XXI.
Você justamente chamou a Igreja a caminhar juntos na comunhão, na participação e na missão. No entanto, se as mulheres continuar a serem mantidas numa posição infantil, nunca poderão esperar fazer parte de uma Igreja sinodal onde estejam em comunhão e participem igualmente na missão. Uma Igreja sinodal requer uma mudança nas estruturas, para que as mulheres participam de maneira paritária na tomada de decisões, não apenas na sua construção.
Sabemos que o tema '”mulheres diáconas” foi atribuído a um dos 10 grupos de estudo que apresentarão relatório em 2025. Pedimos transparência sobre os grupos de trabalho sinodais, sobre os seus membros e os seus mandatos. Conhecemos a abundância de estudos, pesquisas, história, etc. que apoiam a restauração do diaconato das mulheres e, por isso, questionamo-nos por que razão se continua a procrastinar sobre esse tema.
O papel das mulheres é fundamental no processo sinodal e deveria ser discutido como um todo e não subdividido em mulheres diáconas, mulheres no processo de tomada de decisão, mulheres que precisam de assistência, etc. Ignorar a questão da igualdade das mulheres, que significa o seu acesso à ordenação sacerdotal, significa excluir as mulheres da sinodalidade e ignorar a voz do "sensus fidei" do povo de Deus.
Colocamos o nosso pedido diante de você, Papa Francisco, porque foi você que delineou uma Igreja sinodal que "caminha junto", escuta e dialoga; e, portanto, convida todos a "falar com coragem e franqueza" (documento preparatório p. 20). É nesse espírito que lançamos o nosso apelo para que a posição de plena igualdade das mulheres na Igreja seja devidamente considerada no Sínodo de 2024.
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