12 Junho 2024
Acaba de ser lançado o livro Senza impedimenti: le donne e il ministero ordinato [Sem impedimentos: as mulheres e o ministério ordenado] (Ed. Queriniana 2024, 191 páginas), organizado por Andrea Grillo.
A obra reúne ensaios de Emanuela Buccioni, Cristina Simonelli, Luigi Mariano Guzzo, Serena Noceti, Luca Castiglioni e Andrea Grillo, com prefácio de Marinella Perroni.
Em seu blog Come Se Non, 10-06-2024, Andrea Grillo comenta que “aqueles que contribuíram para a redação do livro apresentam um pequeno texto em uma sequência de sete intervenções, no qual procuram provocar no leitor o estupor, o desejo de ler e a curiosidade à descoberta de uma tradição dinâmica e rica sobre o ministério eclesial. Textos breves, provocações pontuais, que ajudam a entrar na lógica de um texto coletivo, cheio de frescor e rigoroso, por meio do qual se expressa o amadurecimento do corpo eclesial diante de novas possibilidades e de novos desafios”.
Publicamos aqui a contribuição da teóloga italiana Marinella Perroni, professora emérita do Pontifício Ateneu Santo Anselmo. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
por Marinella Perroni
“Insiste no momento oportuno e inoportuno”: esse é um dos imperativos que ressoam no fim da segunda carta a Timóteo (4,2). E foi o que quisemos fazer com um pequeno livro que reúne seis ensaios assinados por teólogos bem conhecidos na Itália e que, sobre, abre seis pistas diferentes de aprofundamento crítico em seis âmbitos diferentes da pesquisa teológica (bíblico-exegético, histórico-patrístico, canônico-institucional, eclesiológico-ministerial, teológico-dogmático, histórico-sistemático).
Quisemos insistir nisso:
- porque é o momento oportuno, dado que já não existe Igreja nacional ou continental que não tenha tratado do acesso das mulheres aos ministérios ordenados, não existe congresso teológico ou assembleia eclesial em que o tema não tenha sido levantado e discutido.
- porque o momento não é oportuno, visto que o papa parece ter encerrado a questão antes mesmo que o Sínodo a discuta, mas nós estamos totalmente convencidos de que, em todo o caso, o magistério teológico tem a tarefa de interceptar as interrogações, de instruir as questões para que as discussões sejam pertinentes, de indicar caminhos viáveis para que as Igrejas obedeçam ao evangelho dentro da história de seu tempo. “Como é que vocês não sabem interpretar o tempo presente?” (Lc 12,56): a leitura dos sinais dos tempos sempre foi e sempre será o “caso sério” da teologia, e, se hoje o momento não é oportuno, mais cedo ou mais tarde será, e é bom estar preparado.
Quem conhece o contexto das exortações com que se encerra a segunda carta a Timóteo poderia inverter a discussão, visto que, logo depois, a recomendação apostólica é de manter firme a “sã doutrina”, de se guardar de escutar “os mestres segundo seus próprios caprichos” e de se recusar a “dar ouvidos à verdade para se voltar às fábulas”.
Nós também conhecemos bem os riscos inerentes ao trabalho teológico. E é precisamente por isso que nos impusemos a proceder com grande rigor: diante das contínuas declarações segundo as quais a Igreja não pode seguir em frente no caminho da abertura dos ministérios ordenados às mulheres, porque isso trairia a vontade de Jesus, pretenderia revogar o direito divino, iria contra a sagrada Tradição e a práxis constante que dela ganhou corpo, procuramos discutir todos esses “impedimentos”, muitas vezes apenas supostos, mas sempre apresentados como apodíticos, e raciocinar sobre o porte histórico de cada escolha que as Igrejas sempre tiveram que fazer e souberam fazer, desde que, a partir do fim do primeiro século da era cristã, iniciou-se o processo de fusão entre ortodoxia, sacralização e masculinização, considerado necessário para poder se inserir legitimamente na trama do Império Romano.
E depois, desde então, as escolhas que se seguiram foram muitas outras. Porque os tempos, goste-se ou não, mudam, e é dever dos teólogos interpretar seus sinais: “E por que vocês não julgam por si mesmos o que é justo?” (Lc 12,57).
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Ordenação de mulheres: no momento oportuno e também inoportuno. Artigo de Marinella Perroni - Instituto Humanitas Unisinos - IHU