Francisco é a essência do cristianismo. Artigo de Danilo Di Matteo

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04 Julho 2024

"Em suma: nem mesmo a essência é garantida. Mas a exortação a buscá-la, a segui-la, deveria nos comprometer e envolver enquanto mulheres e homens de fé, contribuindo, entre outras coisas, para dar força e sentido ao caminho ecumênico", escreve Danilo Di Matteo, médico e filósofo italiano, em artigo publicado por Settimanna News, 02-07-2024.

Eis o artigo.

Acabei de ler algumas linhas no Messaggero sobre a exortação do Bispo de Roma para retornar à essência do cristianismo, além das “estratificações” subsequentes, que tendem a se revelar decepcionantes. Não é a primeira vez para Francisco, muito pelo contrário. E não é a primeira vez para áreas não negligenciáveis do mundo católico.

Na ocasião do Concílio Vaticano II, preferiu-se o vocábulo atualização à palavra reforma. Teria sido talvez explícita demais a referência às experiências de fé surgidas da Reforma de Lutero, de Calvino e de outros, no século XVI.

A atualização, de qualquer forma, expressa uma das duas instâncias contidas na palavra reforma; a outra é uma espécie de apelo ao “retorno” ao cristianismo das origens. Provavelmente os primeiros reformadores tendiam a idealizar um pouco esse retorno, mesmo na consciência, derivada dos textos bíblicos, dos contrastes e dificuldades que caracterizavam as primeiras comunidades cristãs. O pólemos grego encontra plena cidadania, por assim dizer, nas Escrituras.

Particularmente eficaz é o termo essência (οὐσία, diriam os antigos gregos): o que distingue de modo peculiar um fenômeno, uma experiência, uma coisa, além dos acidentes, que podem estar presentes ou não, sem, contudo, modificar “o cerne” dessa coisa ou fenômeno.

Claro, logo após, abre-se o debate sobre onde exatamente se situa esse cerne. Uma questão que não pode ser resolvida de uma vez por todas, exigindo continuamente redefinições e ajustes. Para dar uma ideia de sua complexidade, lembro apenas como a religiosidade farisaica, geralmente conotada negativamente no âmbito cristão, na realidade representa, enquanto, como dizer?, “gênero literário” que inclui em si mesma a polêmica (retorna o pólemos), um momento constitutivo do percurso “dialético” (dialogal) através do qual a mensagem cristã é elaborada.

Em suma: nem mesmo a essência é garantida. Mas a exortação a buscá-la, a segui-la, deveria nos comprometer e envolver enquanto mulheres e homens de fé, contribuindo, entre outras coisas, para dar força e sentido ao caminho ecumênico.

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