Francisco na Mongólia: repensando o centro. Artigo de Danilo Di Matteo

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09 Setembro 2023

"A visita do Bispo de Roma [à Mongólia], daquele homem que vem do outro lado do globo, do extremo Ocidente e, juntos, do extremo Sul do planeta, marca também um momento decisivo para a Igreja de Roma", escreve Danilo Di Matteo, médico e filósofo italiano, em artigo publicado por Settimana News, 07-09-2023. 

Eis o artigo.

O Papa Francisco fala frequentemente das periferias do mundo. Sua viagem à Mongólia, porém, nos leva à questão: qual é o “centro”? O que é a “periferia”? Como se sabe, Ulan Bator quase funciona como um amortecedor entre dois impérios: o russo e o chinês.

O próprio nome da capital – Ulan Bator, precisamente, o Herói Vermelho – é uma homenagem ao popular líder comunista que seguiu o exemplo dos soviéticos no início da década de 1920.

E ainda hoje o Estado, não surpreendentemente desnuclearizado, move-se num equilíbrio nem sempre fácil entre os dois gigantes: o velho urso ferido e a superpotência que luta pela supremacia com os EUA. De certa forma, pode-se dizer: além dos subúrbios!

Claro, esta é uma realidade distante do nosso horizonte visual, mesmo do ponto de vista religioso. Confirmando os limites da perspectiva eurocêntrica e, ao mesmo tempo, as formidáveis intuições do Concílio Vaticano II.

O caso da Mongólia e, de forma mais geral, do Extremo Oriente pareceria confirmar definitivamente o movimento captado por Michel Foucault na época: mais do que novidade em sentido absoluto, acontece que, ao longo de décadas ou séculos, o que estava nas margens tende a se deslocar para o centro e, inversamente, o que estava no centro é empurrado para as margens. Incessantemente, como um esforço coletivo e duradouro de Sísifo.

Essa realidade alargada e periférica – periférica mesmo em relação a Moscou e Pequim, que tanto influenciaram o nosso século XX e que ainda hoje representam, de fato: hoje mais do que nunca, momentos de viragem decisivos na história – está a assumir a sua centralidade.

E a visita do Bispo de Roma, daquele homem que vem do outro lado do globo, do extremo Ocidente e, juntos, do extremo Sul do planeta, marca também um momento decisivo para a Igreja de Roma, quase servindo de pendente à viagem a Lisboa. Ali estão as multidões, os grandes números, tão importantes no cristianismo católico; aqui pouco mais de mil fiéis. Menos ainda os luteranos da Groenlândia mencionados num ensaio do historiador e teólogo valdense Paolo Ricca.

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