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Pela primeira vez no ano, há redução de postos de emprego formais no Vale do Sinos. Desta forma, em abril de 2016 constata-se que o aumento de postos de emprego no subsetor da indústria de calçados não acompanhou a queda em outros setores, como registrado no primeiro trimestre do ano. O setor de calçados tem importância elevada na geração de empregos na região.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou a base de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED do Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS para verificar a movimentação no mercado formal de trabalho na região do Vale do Sinos em abril de 2016.

Além da redução em abril de 2016, destaca-se que nos últimos meses, mesmo quando houve aumento de postos de emprego, o nível de renda gerado diminuiu. Isto ocorre porque o nível salarial dos desligados é maior que o dos admitidos.

A tabela 01 apresenta a movimentação no mercado de trabalho formal no Vale do Sinos em abril de 2016, que destaca redução de 387 postos, sendo as maiores reduções em São Leopoldo e em Nova Hartz.

Depois de três meses de aumento de postos de emprego formais, o Vale do Sinos volta a apresentar recuo. Desta vez, o subsetor da indústria de calçados, que até então havia compensado a redução dos outros setores, não apresentou um aumento de postos de emprego tão expressivos. Ao menos, o resultado de abril de 2016 não apresentou redução tão elevada quanto no mesmo mês de 2015.

Dois municípios apresentaram altas de postos de emprego mais elevadas: Canoas e Sapiranga. Em Canoas, o setor da construção civil contribuiu para tal avanço, visto que houve aumento de 451 postos de emprego. Os setores de serviços e comércio também apresentaram melhora, com criação de 155 e 25 postos, respectivamente. Já em Sapiranga, não houve tamanha contribuição de nenhum setor em especial, mas a indústria de transformação foi a que apresentou maior aumento absoluto, com criação de 55 postos.

Em 2016, na região, a criação de postos de emprego chega a 2.419. No entanto, tal resultado não diminuiu muito o saldo negativo gerado nos últimos 12 meses, que já chega à redução de 16.467 postos, sendo que apenas em Nova Santa Rita houve aumento de emprego formal no período.

O município de Nova Santa Rita contou com o aumento de postos na construção civil, com avanço de 202 postos. O setor de serviços, com geração de 34 postos, também contribuiu para saldo positivo neste território.

O infográfico abaixo apresenta a variação de postos de emprego formais no Vale do Sinos, em abril de 2016.

A tabela 02 apresenta a movimentação no mercado de trabalho formal no Vale do Sinos em abril de 2016 conforme os setores econômicos definidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Verifica-se que a construção civil obteve o maior aumento de postos de emprego, com acréscimo de 345.

Dos 8 setores econômicos, 4 apresentaram aumento de postos e a outra metade, recuo. O subsetor da indústria de transformação voltou a apresentar recuo, desta vez com redução de 579 postos, sendo 244 apenas em Nova Hartz. O município, que possui forte presença da indústria de calçados, obteve redução de 243 postos neste setor no mês de abril. A indústria de calçados é um dos setores subeconômicos que compõem o setor da indústria de transformação.

Araricá, outro município com forte presença da indústria calçadista, apresentou recuo de 111 postos na indústria de transformação e redução ainda mais intensa na indústria de calçados, com redução de 114 postos. Nos outros 7 setores, a variação foi nula ou muito próxima disso, com redução no setor do comércio e aumento no de serviços e da agropecuária.

A pauta do trabalho, um dos eixos norteadores do Instituto Humanitas Unisinos, será tema da Oficina – Indicadores do Trabalho e Trabalhadores do Vale do Rio dos Sinos, que ocorrerá no dia 07 de junho na Sala Ignácio Ellacuría e Companheiros – IHU, Unisinos, das 19h30min às 22h, com a presença do Prof. Dr. Moisés Waismann - UNILASALLE. Saiba mais e se inscreva aqui.

Por Marilene Maia e Matheus Nienow

O evento "Apresentação de trabalhos para publicação pelo ObservaSinos/Instituto Humanitas Unisinos – IHU" é uma atividade do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

A partir de um edital, propõe-se a participação de interessados em contribuir com a sistematização de análises das realidades do Vale do Rio dos Sinos e da Região Metropolitana de Porto Alegre, em vista da publicação nas Notícias do Dia do IHU e da homepage do ObservaSinos.

 

Inscrições: De 11/04/2016 a 30/09/2016.

 

Objetivos

Este edital tem o objetivo de ampliar a análise e o debate sobre as realidades do Vale do Rio dos Sinos e da Região Metropolitana de Porto Alegre a partir das contribuições de acadêmicos e trabalhadores por meio de sistematizações de pesquisas e/ou experiências de intervenção.

 

Normas para publicação

Acesse o edital aqui.

Acesse a ficha de inscrição aqui.

Informações adicionais

  • Data do Evento 11 de abril de 2016 a 30 de setembro de 2016

De acordo com dados da Prova Brasil 2011, 55% dos professores de 5° e 9° anos atuam 40 horas-aula ou mais semanalmente na região do Vale do Sinos; destes, 14% atuam mais de 40 horas-aulas semanais.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os microdados disponíveis para a Prova Brasil 2011 através do sítio do Ministério da Educação – MEC para traçar o perfil dos professores do Vale do Rio dos Sinos.

Reconhecer o perfil dos professores torna-se essencial para compreender o efetivo trabalho deles nos diversos territórios em que atuam como educadores. De acordo com a Prova Brasil, há 2.065 professores na região dos Sinos, de 5° e 9° ano, dos quais aproximadamente 1.350 responderam aos questionários.

A Prova Brasil é uma avaliação para diagnóstico, em larga escala, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, que é organizador da prova e vinculado ao Ministério da Educação – MEC. Nesta prova são aplicados questionários de conhecimentos gerais em português e matemática para os alunos, assim como questionários socioeconômicos. Os professores e diretores das turmas e escolas devem responder a questionários que coletam dados demográficos, perfil profissional e de condições de trabalho, sendo que os primeiros devem responder a um questionário com 152 perguntas.

A Prova Brasil é realizada a cada 2 anos, sendo que os últimos microdados divulgados são de 2011, sendo disponível a consulta para cada escola e território geográfico: municípios, estados e país. Os dados aqui apresentados referem-se aos questionários respondidos pelos professores de 5° e 9° ano em 2011 a fim de traçar o perfil do professor na região do Vale do Sinos.

A tabela 01 apresenta os professores do Vale do Sinos por sexo em 2011. Quase 90% dos professores são do sexo feminino.

A tabela 02 apresenta os professores do Vale do Sinos por faixa etária em 2011. De acordo com os dados apenas das respostas válidas, 35,68% dos professores de 5° e 9° estavam na faixa etária de 30 a 39 anos, enquanto outros 33,61% na faixa de 40 a 49 anos.

Destaca-se que quase 3% afirmaram estar na faixa etária de até 24 anos. Outros 6,72% dos professores afirmaram estar com 55 anos ou mais.

A tabela 03 apresenta o número de escolas em que cada professor do Vale do Sinos trabalhava em 2011. Apesar da maioria dos professores (56%) trabalharem em apenas uma escola, há professores que atuam em mais de um estabelecimento de educação.

Quase 39% dos professores trabalham em 2 escolas, sendo que somados àqueles que trabalham em 2 escolas ou mais, chega-se a um percentual de 44%. Do total, 0,30% atuam em 4 escolas ou mais.

A tabela 04 apresenta as horas trabalhadas semanalmente por professor no Vale do Sinos em 2011. Na região, 55% dos professores atuam 40 horas-aula semanais ou mais; destes, 14,47% atuam mais de 40 horas-aula, ou seja, a cada 7, aproximadamente 1 trabalha mais de 40 horas-aula semanais.

Além dos dados disponibilizados pelo Ministério da Educação, a plataforma QEdu também disponibiliza, de forma interativa, os dados da Prova Brasil assim como os de outras pesquisas e estudos realizados pelo INEP.

Por Marilene Maia e Matheus Nienow

Desemprego diminui pouco em abril e fica em 10,5% na Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA. O nível ocupacional apresentou elevação; 2,2%. O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, compartilha a nota publicada pela Fundação de Economia e Estatística - FEE.

Eis o texto.

A taxa de desemprego total apresentou relativa estabilidade entre março e abril de 2016, passando de 10,7% para 10,5% da População Economicamente Ativa (PEA). Os dados da PED RMPA foram apresentados pela FEE, FGTAS e DIEESE nesta quarta, 25.

A taxa de desemprego aberto permaneceu, em abril, no mesmo patamar do mês anterior, 9,5% da PEA, com um número total de desempregados também estável: 198 mil pessoas. Porto Alegre foi a única Região metropolitana que se manteve estável e registra a menor taxa de desemprego entre as cinco regiões pesquisadas. A maior taxa é em Salvador, com um desemprego ascendente, que chegou a 23,4% neste mês.

Os resultados se mantiveram estáveis na RMPA pela elevação do nível ocupacional (mais 37 mil, ou 2,2%), suficiente para absorver o contingente de pessoas que ingressaram no mercado de trabalho (mais 37 mil, ou 2,0%). O contingente estimado foi de 1.686 mil ocupados. Dentre os setores analisados, foi registrada elevação do nível ocupacional nos serviços (+3,2%), na indústria de transformação (+6,3%) e na construção (+9,4%). Já no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas houve redução (-6,2%).

Apesar do resultado estável, o perfil da situação do mercado de trabalho permanece com as mesmas características. Não há uma mudança na economia que justifique uma reversão, apontam os pesquisadores. “Está tudo em compasso de espera. São oscilações, não quer dizer se parou ou não de piorar. Dada a conjuntura econômica, não existe uma tendência clara para que haja reversão do cenário de deterioração do mercado de trabalho”, explica a economista da FEE Iracema Castelo Branco.

Segundo a posição na ocupação, em abril, houve aumento do contingente de assalariados (1,4%), devido aos acréscimos no setor privado (0,9%) e no setor público (4,7%).

Entre fevereiro e março de 2016, o rendimento médio real apresentou elevação para o total de ocupados (1,9%) e assalariados (2,6%) e redução para os trabalhadores autônomos (-2,0%). Esses rendimentos passaram a corresponder a R$ 1.935, R$ 1.834 e R$ 1.730 respectivamente.

Em dois anos, deterioração acelerada do emprego

No comparativo com o mesmo mês de anos anteriores, as variações de queda na ocupação são bem significativas, aponta a economista do DIEESE Virgínia Donoso. Em 2014, a taxa de desemprego registrada em abril foi de 6,1% e em 2015, chegou a 7,3%, bem abaixo do índice de abril deste ano, que alcançou 10,5%. O contingente de desempregados em 2014 era de 118 mil pessoas e atualmente alcança 198 mil, um incremento de 80 mil pessoas sem emprego. Segundo Virgínia, a variação negativa tão acelerada é inédita nos 25 anos de pesquisa da PED.

“A taxa de desemprego mais baixa da série histórica foi no ano de 2014, 5,9%, há apenas dois anos. Então há um processo rápido de deterioração”, destaca. Iracema Castelo Branco também chama a atenção que os índices atuais não estão mais agravados porque temos uma situação demográfica favorável. “Nos anos 90, época das piores taxas de desemprego, havia um número maior de jovens. Hoje, o envelhecimento da população contribui para que as taxas de desemprego não sejam ainda maiores”, observa a economista da FEE.

Confira os dados completos.

A Oficina Realidades e Bases de Dados do IBGE é uma atividade do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, ideado como um espaço de informação e formação sobre os indicadores socioeconômicos e sua aplicabilidade técnica e política, especialmente a partir do acesso e análise dos dados de pesquisas realizadas pelo IBGE.

Objetivos

O propósito da oficina é promover o acesso as pesquisas, bases de dados e ferramentas do IBGE e seus parceiros.

Confira a programação.

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Informações adicionais

  • Data do Evento 21 de junho de 2016

O ObservaSinosObservatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, comprometido com levantamento, sistematização e análise dos indicadores socioeconômicos do Vale do Rio do Sinos, apresenta informações sobre a participação de mulheres e dos jovens na realidade política da região. Entende-se que essa realidade pode subsidiar os processos de formação e participação política na vida cotidiana, assim como nos processos eleitorais, que em 2016 terão os municípios como esferas prioritárias.

O decreto número 21.076 do ano de 1932 instituiu o voto feminino no Brasil. Há 84 anos, tal acontecimento foi um avanço, embora de maneira restrita, pois somente mulheres casadas, viúvas e solteiras com renda própria poderiam votar. Já em 1988, com a Constituição Federal do Brasil, a conquista ao voto das mulheres foi ampliada através do Artigo 5º, que defende a igualdade de direitos entre homens e mulheres.

Nas últimas três eleições houve uma maioria feminina da população eleitora. Em 2008, por exemplo, no universo de 130 milhões de eleitores, 51,7% eram mulheres. Essa maioria vem se mantendo estável ao longo dos anos. No pleito de 2010, elas somaram 51,8% dos 135 milhões de eleitores. Nas eleições de 2012, as mulheres representaram 51,9% dos 140 milhões de eleitores. Em 2014, os números permaneceram praticamente os mesmos da eleição anterior.

No entanto, segundo o Tribunal Superior Eleitoral - TSE, as mulheres ocupam baixos percentuais de vagas nos cargos eletivos no Brasil: 10% são ocupados por deputadas federais e 14% por senadoras. De maneira idêntica, essa situação se reflete nas Assembleias Legislativas Estaduais e nos poderes Executivos e em número ainda menor nas Câmaras de Vereadores. O presidente do TSE, ministro Marco Aurélio, chama atenção que para cargos via concurso público, especialmente na magistratura, as mulheres despontam ao assumir funções importantes. “Por que não na política? Há alguma coisa errada e, a meu ver, a coisa errada é que se observa apenas o aspecto formal da lei, não o conteúdo, não o objetivo exato que é efetivo à participação [política] e participação como candidatas”, destaca o ministro.

Os pesquisadores Rachel Meneguello e Bruno Speck, do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, realizaram diversas entrevistas com mulheres candidatas e mulheres já com algum cargo parlamentar. Nesse contato, algumas dimensões ao acesso à política ficaram claras, no primeiro momento, a trajetória política convencional e tradicional. Neste caso, é a relação de família: o marido, o pai, o avô e até o bisavô político conta muito na inserção à atividade política. “Como exemplo, Marta Suplicy, apesar da imagem pública de destaque como mulher de televisão, entrou na política com o apoio de Eduardo Suplicy – são relações que não acontecem somente no Nordeste, onde se supõe que concentra traços da política tradicional e familiar”, lembra Rachel. Agora, quando não existe esta tradição política na família, a professora lembra os casos das mulheres com militância ativa nos movimentos sociais e com ingresso em partidos de esquerda.

Ainda existe o preconceito em relação a si mesma e entre as próprias mulheres. É o caso, sobretudo, das mulheres casadas e com filhos, que possuem atribuições domésticas e enfrentam grandes dificuldades para conseguir conciliar a carreira política, o casamento e suas famílias. Dentre as entrevistadas para pesquisa, mais de 20% são separadas. “Eleita, a mulher não se ocupa apenas de legislar, ela tem uma vida dentro do partido e precisa compatibilizar as atividades com sua vida privada”, afirma Rachel. No entanto, para a pesquisadora, o maior preconceito contra as mulheres aparece principalmente com as negras. Foram entrevistadas 16 mulheres que se declararam negras e que de alguma maneira foram tratadas com diferença. Primeiro, por serem mulheres, na pouca importância quanto às suas opiniões, e segundo, pelo racismo velado, que é difícil de medir.

Em 2016, a deputada estadual Silvana Covatti, do Partido Progressista – PP, assumiu a Presidência da Assembleia Legislativa do Estado, em um momento histórico para a política gaúcha. Silvana entra para a história como a primeira mulher a presidir o Poder Legislativo, desde a instituição do Palácio Farroupilha, há 180 anos. No entanto, das 55 cadeiras da Assembleia do Rio Grande do Sul, 9 são ocupadas por mulheres. Isto é, um pouco mais de 16% da presença das mulheres. Já nas Comissões Permanentes da Assembleia do RS, nenhuma delas é ocupada por mulheres.

No Vale do Sinos, segundo os dados do TSE, 517 mulheres foram candidatas à Câmara de Vereadores dos 14 municípios da região. Entretanto, apenas 14 conseguiram se eleger, ou seja, 2,7% das candidatas. Canoas, por ser o município de maior população na região, teve 112 mulheres candidatas ao Legislativo; no entanto, nenhuma delas conseguiu se eleger. Os municípios de Araricá, Campo Bom e Sapucaia do Sul não tiveram nenhuma mulher eleita na última eleição municipal.

Speck não dispõe de informações que possam explicar por que poucas mulheres se candidatam, mesmo havendo a Lei de Cotas, que determina que cada partido ou coligação destine pelo menos 30% das vagas para candidatas mulheres. “O dado mais citado no caso brasileiro é de 18% de mulheres entre os candidatos, ou seja, a maioria dos partidos e das circunscrições não cumpre a legislação. Um comentário recorrente nos movimentos feministas diz respeito a pouca penalização por este descumprimento nas eleições passadas.” A esse respeito, a professora Rachel chama atenção que algumas entrevistadas na pesquisa declararam abertamente que o seu papel é o de preenchimento de cotas. “E há o fato de que esta lei não prevê qualquer sanção, caso seja descumprida. Talvez venha a ter nas próximas eleições, com o Ministério Público acompanhando o preenchimento das listas e criando uma reprimenda ou outro tipo de medida.”

Essa baixa presença também refletiu nas eleições para as prefeituras no Vale do Sinos em 2012, quando 9 mulheres foram candidatas e 36 homens foram candidatos. Na região, 4 municípios são administrados por mulheres: Dois Irmãos, Nova Santa Rita, Portão e Sapiranga. Já Araricá, Estância Velha, Esteio, Ivoti e São Leopoldo não tiveram nenhuma candidata mulher concorrendo à prefeitura dos municípios na região.

A pesquisa dos professores também analisou o tema do financiamento de campanha. Para Speck as mulheres recebem menos recursos que os homens. Segundo o pesquisador, há uma estreita relação entre arrecadação e voto: o candidato que se elege sempre consegue arrecadação bem maior do que os não eleitos. “Tomo o cuidado de não definir isso como uma causalidade, pois não sabemos se é a percepção do doador de que o candidato tem grande chance de se eleger que causa o financiamento, ou se o financiamento é que causa o resultado eleitoral, ou seja: se dinheiro rende voto ou se a expectativa de voto rende arrecadação. Entretanto, a correlação é estreitíssima e induz a pensar que o financiamento é corresponsável pelo baixo desempenho das mulheres.”

Em uma artigo publicado no sítio do IHU, os integrantes Mayrá Lima e Paulo Victor Melo, do Intervozes, apontam que a cada eleição a participação do financiamento empresarial dos candidatos e dos partidos têm crescido. Em 2008, as empresas doaram 86% dos recursos totais das campanhas. Em 2010, o montante representou 91%, já em 2012, esse percentual chegou a 95%.

Da mesma forma que as mulheres, os jovens acreditam que a reforma política é fundamental para mudar o modo como se faz política no Brasil. Para Beatriz Lourenço do Nascimento, militante do Levante Popular da Juventude, as manifestações de junho de 2013 demonstraram a inconformidade com a maneira que se faz política atualmente. "Nós, do Levante, acreditamos muito na organização da juventude, em uma juventude organizada que tome às ruas, se organize nas universidades, nos bairros no campo, a sua maneira, com novos métodos. Da forma como a política está sendo feita hoje, a juventude não consegue participar realmente”, pontua Beatriz.

Foto: Alex Garcia - Manifestação a favor da democracia e contra o impeachment de Dilma Rousseff em Porto Alegre

Para isso, o Levante esteve envolvido na construção do Plebiscito Popular pela Reforma Política, contando com a participação de mais de 7 milhões de votos, dos quais 97% votaram pela reforma política e quase 3% disseram não. Os movimentos sociais e partidos envolvidos na mobilização encaminharam os resultados do Plebiscito para o Poder Executivo. A reforma proposta pelos movimentos sociais se fundamenta em três questões: o fim do financiamento empresarial das campanhas eleitorais e da atividade política em geral que, desse modo, acaba com a influência do poder econômico no processo eleitoral; ampliação dos meios e espaços de controle social e de participação direta da sociedade na política; desburocratização da política ao garantir mecanismo de participação das minorias como mulheres, negros(as), indígenas, jovens, LGBTs e demais setores populares no sistema político.

No que diz respeito à participação dos jovens, Mayrá e Melo apontam que menos de 3% dos deputados federais e senadores são jovens. No Vale do Sinos, dos 164 vereadores eleitos em 2012, 6 encontravam-se na faixa de 21 a 24 anos de idade e 25 na faixa entre 25 e 34 anos de idade. Isto é, percentualmente, menos de 20% da participação dessa faixa etária nas câmaras de vereadores na região. No entanto, cabe destacar que, segundo o Estatuto da Juventude, é considerado jovem aquele que possui idade entre 15 e 29 anos de idade.

Na tabela 3, é possível observar que nenhum município do Vale do Sinos possui vereador(a) com idade entre 18 e 20 anos. No entanto, Novo Hamburgo tem 4 dos 6 vereadores(as) entre 21 e 24 anos de idade e 4 entre 24 e 34 anos de idade, atingindo, ao lado de Campo Bom, Esteio e Novo Hamburgo, um total de 11 dos 25 vereadores(as) nessa faixa etária. Já a faixa intermediária, daqueles que estão entre 35 e 44 anos de idade, representa 27,4% dos vereadores(as) eleitos em 2012. Ivoti, Novo Hamburgo e Sapiranga são os municípios com maior número de representantes nessa faixa etária. Estância Velha destaca-se por possuir 4 dos 9 vereadores(as) entre 60 e 79 anos de idade.

A tabela 4 apresenta a faixa etária de prefeitos(as) eleitos em 2012. Nenhum(a) prefeito(a) do Vale do Sinos possui idade entre 18 e 34 anos de idade. Apenas Ivoti e Nova Hartz possuem prefeitos mais novos, entre 35 e 44 anos. Dos 14 prefeitos(as) eleitos, 10 têm idade entre 45 e 59 anos; e Estância Velha e Novo Hamburgo  têm prefeito(a) entre 60 e 69 anos de idade.

No Vale do Sinos, 4 partidos conquistaram prefeituras: o Partido dos Trabalhadores – PT com 5 prefeituras (Canoas, Esteio, Nova Hartz, Nova Santa Rita e Sapiranga), o Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB também com 5 prefeituras (Araricá, Campo Bom, Dois Irmãos, Novo Hamburgo e Portão), o Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB com 3 prefeituras (Estância Velha, Ivoti e São Leopoldo) e o Partido Progressista – PP com o município de Sapiranga.

Por João Conceição e Marilene Maia

Aumento de postos de emprego no Vale do Sinos pelo terceiro mês consecutivo apoia-se na movimentação positiva do setor da indústria de transformação. No entanto, nos últimos 12 meses, o recuo ainda é de 17.599 postos. Apesar do aumento de postos de emprego, o nível de renda manteve-se em decréscimo no período.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED do Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS para verificar a movimentação no mercado formal de trabalho no Vale do Sinos no mês de março de 2016.

A tabela 01 apresenta a movimentação no mercado de trabalho formal do Vale do Sinos em março de 2016. Pelo terceiro mês consecutivo, a região apresenta movimentação positiva no mercado de trabalho formal, com aumento de 716 postos.

Em janeiro e fevereiro de 2016 houve aumentos de postos de 941 e 1.149, respectivamente, no Vale do Sinos. Mesmo com o aumento de postos em março de 2016, este ainda é inferior ao registrado em março de 2015. No mês de março de 2016, 5 municípios registraram recuo de postos de emprego.

Somados os três primeiros meses, o acumulado de 2016 apresenta aumento de 2.806 postos de emprego. Mas o que este aumento significa?

A tabela 02 apresenta a movimentação no mercado de trabalho formal conforme nível de renda no 1° trimestre de 2016. O nível de renda decresceu em R$ 3.348.578,00 nestes meses.

É possível notar que na faixa salarial de 1 a 1,5 salários mínimos houve aumento de 3.960 postos de emprego, acima, inclusive, do aumento de postos de emprego como um total na região. Por outro lado, conforme os dados do CAGED, todas as faixas salariais acima de 1,5 salários mínimos obtiveram recuo de postos de emprego. Desta forma, mesmo com o aumento de postos de emprego na região, o nível de salários diminuiu no período.

A tabela 03 apresenta a movimentação no mercado de trabalho formal do Vale do Sinos em março de 2016 de acordo com os setores econômicos definidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. O setor da indústria de transformação foi o que mais contribuiu com o aumento de postos de emprego, com registro de 558 postos.

O setor de serviços obteve aumento de 288 postos de emprego, sendo estes, em sua maioria, nos municípios de Canoas e Novo Hamburgo. Além destes dois setores, os setores de serviços industriais de utilidade pública e da administração pública aumentaram postos de emprego em março de 2016.

O setor da construção civil apresentou redução de 95 postos, e o do comércio, redução de 60. O setor do comércio já acumulou recuo de 316 postos ao longo dos três primeiros meses do ano, sendo 117 destes em Canoas.

O resultado apresentado pelos dados do mercado formal de trabalho do CAGED no Vale do Sinos difere daquele apresentado pela Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED da Fundação de Economia e Estatística – FEE em relação à RMPA. De acordo com a pesquisa, o nível de ocupados apresentou recuo de fevereiro a março de 2016 e a taxa de desemprego passou de 10,1% para 10,7%.

Por Marilene Maia e Matheus Nienow

Os acidentes de trabalho no Vale do Sinos aumentaram em 2014, mesmo com recuo no cenário estadual. Dos 6.130 trabalhadores acidentados, 15 vieram a óbito no período. Em média, por dia, 17 trabalhadores sofrem acidente de trabalho.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul – TRT/RS para verificar o número de acidentes de trabalho notificados nos municípios, na região do Vale do Sinos e no Rio Grande do Sul.

A realidade do trabalho apresenta um perigo à saúde e à segurança de muitos trabalhadores brasileiros. Na região do Sinos, o cenário não é diferente. De acordo com Elsa Cristine Bevian, em entrevista ao IHU On-line, “a política pública de saúde do trabalhador não tem força suficiente para minimizar os impactos da reestruturação produtiva, evitando os acidentes do trabalho e doenças ocupacionais”. No entanto, salienta que “qualquer atitude visando prevenir os acidentes de trabalho e minimizar o sofrimento dos trabalhadores é bem-vinda”.

A publicação do Cadernos IHU ideias intitulada O trabalho nos frigoríficos: escravidão local e global? também propôs uma reflexão acerca das condições de trabalho, saúde e segurança no trabalho, desta vez com ênfase nos frigoríficos brasileiros.

Quanto aos motivos dos acidentes, cita-se o descumprimento da legislação e a utilização de instrumentos inadequados ou danificados como algumas das principais causas, segundo publicação do Serviço Social da Indústria – SESI e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE com o título Saúde e Segurança no Trabalho.

A tabela 01 apresenta o número de acidentes de trabalho no Vale do Sinos em 2014. Nesse ano foram notificados 6.130 acidentes na região, ou seja, 10,28% dos acidentes no estado. Os conceitos utilizados nas tabelas são apresentados abaixo e definidos pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social.

Acidentes com CAT Registrada – corresponde ao número de acidentes cuja Comunicação de Acidentes do Trabalho – CAT foi cadastrada no INSS. Não são contabilizados o reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença do trabalho, já comunicados anteriormente ao INSS.

Acidentes Sem CAT Registrada – corresponde ao número de acidentes cuja Comunicação de Acidentes Trabalho – CAT não foi cadastrada no INSS. O acidente é identificado por meio de um dos possíveis nexos: Nexo Técnico Profissional/Trabalho, Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP ou Nexo Técnico por Doença Equiparada a Acidente do Trabalho. Esta identificação é feita pela nova forma de concessão de benefícios acidentários.

Acidentes Típicos – são os acidentes decorrentes da característica da atividade profissional desempenhada pelo acidentado.

Acidentes de Trajeto – são os acidentes ocorridos no trajeto entre a residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa.

Acidentes Devidos à Doença do Trabalho – são os acidentes ocasionados por qualquer tipo de doença profissional peculiar a determinado ramo de atividade constante na tabela da Previdência Social.

Os acidentes caracterizados como Típicos com Comunicação de Acidentes de Trabalho - CAT registrada representaram 66,72% do total de acidentes na região do Sinos. De acordo com os dados, os municípios de Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo apresentaram 67,14% dos acidentes quando caracterizados como Típicos com CAT.

Os acidentes de trabalho no Trajeto também representam participação considerável do total, sendo de 17,11% na região. Em Araricá, aproximadamente 47,83% dos acidentes notificados ocorreram no trajeto do trabalho.

O número de acidentes relacionados às Doenças do Trabalho foi de 170 na região, sendo a maior parte em Canoas com um total de 88 notificações; 4 municípios não registraram notificações nesta categoria.

No Vale do Sinos ocorreram 15 óbitos em 2014 relacionados aos acidentes de trabalho, sendo estes em 8 municípios diferentes da região. Sapucaia do Sul e Nova Santa Rita registraram 3 óbitos cada.

A tabela 02 apresenta o número de acidentes de trabalho de 2014 em relação aos de 2013 no Vale do Sinos. Diferentemente do cenário estadual, a região dos Sinos apresentou aumento de 0,10% no período.

O Rio Grande do Sul obteve redução de 0,49% no número de acidentes de 2013 a 2014. Mas esta variação negativa não se verificou no Vale do Sinos, no qual houve aumento de 0,10%. Os municípios com os maiores aumentos percentuais da região foram Sapucaia do Sul (10,21%) e Estância Velha (10,08%).

Na contramão do aumento, Araricá e Nova Hartz foram os que mais reduziram percentualmente o número de acidentes no período: -17,86% e -17,95%, respectivamente. Estes dois municípios são os que observaram o menor número de acidentes na região nos dois anos.
Mesmo com o aumento de acidentes na região do Sinos, o número de óbitos passou de 16 em 2013 para 15 em 2014. Esta redução se contrapôs ao aumento no estado, de 141 óbitos para 159 no período.

A saúde e a segurança no trabalho ainda são realidades precárias no mundo do trabalho quanto à sua efetividade e eficácia. A partir dos dados, identificar meios de promover a saúde e segurança, a fim de evitar acidentes de trabalho, mas também contribuir com o bem-estar dos trabalhadores, torna-se tarefa indispensável com o intuito de tornar o ambiente do trabalho mais seguro e protegido.

Em 2015, o ObservaSinos, em parceria com a Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e o Centro de Referência da Saúde do Trabalhador da Região do Vale do Rio dos Sinos e Canoas – CEREST, realizou o Ciclo de Estudos: Saúde e segurança no trabalho na região do Vale do Rio dos Sinos a fim de promover um espaço e processo de formação em saúde e segurança no trabalho, em vista da melhoria da saúde e de segurança nas empresas e na vida dos(as) trabalhadores(as) no contexto da região do Vale do Sinos. Este evento contou com a participação de cipeiros do setor da indústria, trabalhadores e estudantes das áreas de saúde e segurança.

Em 2016, a segunda etapa do evento ocorre de 29 de março a 05 de julho a fim de dar continuidade ao espaço e processo de formação em saúde e segurança no trabalho, em vista da melhoria da vida dos(as) trabalhadores(as), do ambiente das empresas e do contexto da região do Vale do Sinos.

Por Marilene Maia e Matheus Nienow

Houve a redução de 32 postos de trabalho na RMPA em março de 2016, o que representa redução percentual de 0,00% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, publica, abaixo, a “Carta do Mercado de Trabalho”, elaborada pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, tendo como referência os dados do mês de março de 2016.

Eis a carta.

A carta do mercado de trabalho produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, apresenta os dados do mês de março de 2016 divulgados no dia 22 abril de 2016, do mercado de trabalho formal no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas, e tem como fonte os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os setores econômicos são aqueles definidos pelo IBGE. O conceito de admitidos engloba o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência. A noção de desligados indica o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte, ou transferência. A diferença entre os admitidos e desligados é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho. Estas definições e conceitos são definidos pelo MTE e são aplicadas as tabelas 01, 02, 03 e 04.

Verifica-se na tabela 01 que o mercado de trabalho formal brasileiro registrou, entre admissões e demissões, saldo negativo no mês de março de 2016, com 118.776 postos de trabalho com carteira assinada o que representa uma queda de 0,30% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor da Administração Pública (4.335) foi o único setor que abriu postos de trabalho enquanto o setor do Comércio (41.978) foi o setor que mais fechou postos de trabalho. No ano foram fechados 319.150 postos de trabalho com carteira assinada.

Observa-se na tabela 02 que o mercado de trabalho formal rio-grandense no mês de março de 2016 registrou saldo positivo, resultado entre as admissões e demissões, de 4.803 postos de trabalho o que representa uma elevação de 0,18% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor da Indústria de Transformação (5.598) foi o que mais abriu postos de trabalho e a Agropecuária (2.129) foi o setor que mais fechou vagas no mercado formal de trabalho. No estado este ano foram abertas 18.614 vagas com carteira assinada.

Percebe-se na tabela 03 que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de março de 2016 apresentou um decréscimo de 32 postos de trabalho com carteira assinada, uma redução de 0,00% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor da Indústria de Transformação (351) foi o que mais ampliou os postos de trabalho ao mesmo tempo em que o Comércio (300) no mês foi o setor que mais fechou postos de trabalho com carteira assinada. No ano foram fechadas 1.359 de trabalho com carteira assinada.

Nota-se na tabela 04 que o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo líquido negativo, entre admissões e demissões, no mês de março de 2016, com a redução de 70 postos de trabalho com carteira assinada. O setor do Serviços (110) foi o que mais abriu postos de trabalho e a Indústria de Transformação foi a que mais fechou vagas com 125 postos de trabalho. No ano o município fechou 451 vagas de trabalho com carteira assinada.

O Mapa da Violência dá vistas às realidades de violência das mulheres e dos jovens por suicídio, homicídio por cor/raça e acidentes de transporte. Dada a relevância do tema e a importância de análise desta realidade para uma intervenção, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Mapa da Violência de 2008 a 2013 traçando um quadro sobre a realidade da violência no Vale do Sinos.

A morte de jovens no Vale do Sinos

A morte de jovens é questão de saúde pública, violação dos direitos humanos, de sofrimento irreparável aos familiares e amigos, e é um impeditivo para que a juventude consiga usufruir dos avanços sociais e dos direitos de contribuir para o desenvolvimento do país. Levando em conta estas situações, a Secretaria Nacional de Juventude da Secretaria-Geral da Presidência da República e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial promoveram o Mapa da Violência: Os Jovens do Brasil, que apresenta dados de homicídio por cor/raça, suicídio e acidente de transporte dos jovens de 5.565 municípios brasileiros. A última versão, publicada em 2015, contempla os dados do ano de 2008 a 2012. Reúne informações dos jovens entre 25 e 29 anos de idade, adequando ao novo conceito de juventude definido a partir da aprovação do Estatuto da Juventude em 2013.

Segundo o Mapa da Violência 2012, os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens no Brasil, atingindo especialmente negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Os dados mostram que mais de 30 mil jovens foram vítimas de homicídio no país. Os dados apontam para o crescimento em quase todos os anos analisados, com destaque para o ano de 2012, quando houve um aumento de mais de 2,6 mil casos em relação a 2011. No Rio Grande do Sul, o número de mortes por homicídio de jovens foi de mais 1,1 mil.

Conforme a Tabela 1, em 2012, 294 jovens foram vítimas de homicídio no Vale do Sinos, sendo o ano que apresentou o maior número de casos na região. Apenas os municípios de Novo Hamburgo e São Leopoldo foram responsáveis por mais de 68% dos casos. Entre 2009 e 2011, quatro municípios do Vale do Sinos não registraram casos de homicídios: Araricá, Campo Bom, Canoas e Dois Irmãos.

Julio Jacobo Waselfisz, em entrevista ao IHU On-line, apontou dois fenômenos para esse acontecimento: um estrutural e outro institucional. O primeiro fator é por razões econômicas, pois a renda dos brancos é 70% superior à dos negros. Essa disparidade de renda não reflete apenas no acesso à segurança privada, mas também à educação, saúde e previdência. O segundo fator apontado pelo sociólogo é estrutural: ‘’há um interesse estatal dos governos de politizar a segurança no sentido de prevenir possíveis reveses nessa área. A mídia, por sua vez, quando noticia a morte de um branco abastado, faz isso com muita ênfase, e quando se trata da morte de um negro da favela, não noticia, porque deixou de ser notícia, já que morrem negros todos os dias. A própria mídia colabora para que haja um segundo processo de seletividade: os bairros brancos têm de ter segurança, porque há um interesse político de que a segurança tenha um impacto na opinião pública, enquanto nos bairros negros não há nenhuma segurança, porque ela está concentrada nos bairros abastados. Isso pode ser chamado de racismo estrutural que segrega economicamente o negro e pouco permite acesso a benefícios sociais básicos’’.

A Tabela 2 mostra que 50 negros foram vítimas de homicídio no Vale do Sinos. O município de Canoas concentra o maior número da população negra entre os 14 municípios da região. Desse modo, é responsável por quase 50% dos casos de homicídios de negros.

Os óbitos de jovens no trânsito são impactantes. Waselfisz destaca que o aumento de mortes de jovens no trânsito deve-se especialmente ao uso expressivo de motocicletas e aos limites da mobilidade urbana, sem resposta por meio de políticas públicas: “A filosofia da época era de que a motocicleta representaria algo como o automóvel do pobre. Junto a isso, tinha-se a intenção de resolver vários problemas urbanos, como os de mobilidade e do transporte do trabalhador. Ao invés de investir em transporte público, construir metrô e trem para sustentar o movimento econômico e a implantação de grandes indústrias no país, encontrou-se uma solução fácil: o transporte do trabalhador seria financiado pelo próprio trabalhador pela aquisição de motocicletas, sem a necessidade de construir grandes vias, viadutos e metrôs”, destaca.

No Vale do Sinos, 1.104 jovens morreram em acidentes de transporte. Conforme a Tabela 3, esses óbitos vêm se reduzindo de 2008 a 2012. Os maiores números estão nos municípios mais populosos da região, como Canoas (278); Novo Hamburgo (244) e São Leopoldo (217). Há municípios com população relativamente menor que apresentaram casos elevados: Esteio, Campo Bom e Sapiranga. Dos cinco anos analisados, somente em Nova Santa Rita não houve nenhum óbito no ano de 2012.

Segundo estatísticas da Organização Mundial da Saúde – OMS, tirar a própria vida já é a segunda principal causa de morte em todo o mundo para pessoas de 15 a 29 anos de idade. "Antes as taxas eram maiores na terceira idade. Hoje a gente observa que, entre os jovens, elas sobem assustadoramente", afirma a psiquiatra Alexandrina Meleiro. O Mapa da Violência aponta nessa mesma direção para o Brasil, onde somente em 2012 mais de 10,3 mil jovens cometeram suicídio.

O suicídio de jovens vem aumentando mais do que a morte por acidentes de trânsito e a de homicídios, com taxas de 4 a 6 vezes maior. Estima-se que ocorram 24 suicídios por dia. O número de tentativas é até 20 vezes maior que o de mortes, segundo o levantamento da OMS.

No Rio Grande do Sul esse número vem aumentando desde 2008 ao atingir, em 2012, 1,2 mil suicídios de jovens. Desses casos, 90 aconteceram no Vale do Sinos. Na região, novamente, os municípios mais populosos tiveram a maior quantidade de casos. Araricá e Nova Santa Rita apresentaram apenas um caso de suicídio de jovens entre 2008 e 2012, conforme a Tabela 4.

Esta realidade tem possibilidade de transformação. O psiquiatra Ricardo Nogueira, em entrevista ao IHU On-line, falou do perfil e do tipo de ajuda que este indivíduo necessita: “Quase 100% dos pacientes que foram a óbito através do suicídio procuraram ajuda uns seis meses antes. (...) O problema é que falta um treinamento, não só na área de saúde, mas na rede de segurança e educação”, destaca. Nogueira lamenta que a Internet, por exemplo, atrapalhe o processo de cuidado para com indivíduos com tendências suicidas. “Uma orientação seria, ao invés de suicídio, falar da promoção da vida. Mas há uma contradição, pois sempre, em qualquer situação, há um outro lado, que, neste caso, é o estímulo de algumas mídias, como a Internet, uma área muito perigosa”, garante. Há outra circunstância apontada pela Associação dos Genitores de Homossexuais, pois apenas 20% dos jovens aceitam a própria condição de homossexual, 22% pensam em atos de suicídio, e destes 5% efetivamente tiram a própria vida.

Homicídio de mulheres no Vale do Sinos

Após dez anos de sua promulgação, a Lei Maria da Penha é considerada pelos ativistas da igualdade de gênero como um modelo internacional. As estatísticas mostram aumento das denúncias da violência contra a mulher, que alcança mais de 330 mil denúncias nos primeiros seis anos. Assim, esses números podem ser justificados pela possibilidade do direito à denúncia, especialmente por meio do Disque 180 para denunciar agressões. Em 2006, época de promulgação da Lei, foram recebidas quase 3 milhões de ligações. Por outro lado, alguns especialistas analisam esse aumento pela implementação do conjunto das políticas públicas que contribuem para o empoderamento das mulheres, que possibilitou que elas criassem coragem para denunciar os casos de violência.

Existem, no entanto, alguns impedimentos para o enfrentamento às realidades de violência ainda vividas pelas mulheres. Especialistas afirmam que um dos impedimentos é o Judiciário, pois os casos são tratados com muita lentidão. Ainda, acrescentam que muitos juízes tratam da questão com machismo e preconceito, sempre priorizando tentativas de conciliações em situações de evidências de violência. "Há casos de mulheres que denunciam o agressor e esperam mais de seis meses por uma audiência, e o juiz ainda tende a ignorar a gravidade da denúncia e primar pela conciliação e a retirada da queixa. Sobretudo no Nordeste, vemos até o assédio de policiais contra as mulheres no momento da denúncia, quando elas estão fragilizadas", diz Márcia Tavares, pesquisadora do Observatório Lei Maria da Penha. Na mesma linha, a doutora em Sociologia e especialista em gênero Wânia Pasinato acrescenta que o Judiciário não está preparado para aplicar uma legislação de proteção às mulheres: "Eles veem apenas a dimensão criminal. O posicionamento de juízes e da segurança pública precisa ser modernizado. É necessário haver mais esforço, o que não está acontecendo. Muitos magistrados desconhecem totalmente a lei".

Essas considerações refletem no Mapa da Violência: Homicídio de Mulheres no Brasil, de 2015, com dados de 2009 a 2013. O levantamento averiguou, nos 5.565 municípios brasileiros, o número de homicídios de mulheres ocorridos entre 2009 e 2013. Segundo o estudo, o Brasil acumulou mais de 4,8 mil homicídios de mulheres no ano de 2013. Já o Rio Grande do Sul somou 210 casos nesse mesmo período.

Pasinato destaca ainda que existem limites nestes dados, já que há carência de informações oficiais sobre a morte das mulheres: “As estatísticas da polícia e do Judiciário não trazem, na maior parte das vezes, informações sobre o sexo das vítimas, o que torna difícil isolar as mortes de mulheres no conjunto de homicídios que ocorrem em cada localidade. Além disso, na maior parte dos países não existem sistemas de informações judiciais que permitam conhecer quantos processos judiciais envolvendo crimes contra mulheres chegam a julgamento e quais as decisões obtidas.”

A Tabela 5 sistematiza os dados sobre homicídios de mulheres no Vale do Sinos. O primeiro município da região a aparecer no levantamento é Canoas, com 42 homicídios de mulheres, seguido por São Leopoldo com 39 e Novo Hamburgo com 35. Entretanto, cabe destacar que os três municípios são os que mais possuem habitantes na região. Araricá e Ivoti são os únicos municípios do Vale do Sinos que, de 2009 a 2013, não tiveram nenhum homicídio contra as mulheres. Entretanto, municípios como Portão e Nova Hartz apresentaram um caso de homicídio.

Para reverter essa situação, o Estado do Rio Grande do Sul implementou em 2012 as Patrulhas Maria da Penha, numa ação da Brigada Militar para fiscalização do cumprimento de medidas protetivas determinadas judicialmente, assim como ação policial preventiva, para evitar reincidências e novas violências contra as mulheres [1]. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública - SSPRS, para o primeiro semestre de 2014, os crimes de lesão corporal, agressão, estupro e feminicídio tiveram redução média de 13%.

A capitã Isabele Evers, coordenadora regional de Porto Alegre da Patrulha da Penha, destaca que após a criação da Patrulha em seu Batalhão, a experiência foi estendida para outros pontos do Estado. No Vale do Sinos, quatro municípios até o ano de 2015 possuíam a Patrulha, atendendo Canoas, Esteio, Novo Hamburgo e São Leopoldo. "Os policiais são escolhidos através do seu perfil e realizamos um curso de capacitação. A partir daí, esses policiais passam a trabalhar exclusivamente na cobrança e na fiscalização das medidas protetivas a favor das mulheres em seus municípios. Então se criam as condições de acompanhar o cumprimento dessas medidas e a punição ao agressor de forma mais efetiva e com muito mais eficiência. Como a presença é constante, com viaturas identificadas (adesivadas), aquele vizinho de um agressor preso vai pensar duas vezes antes de cometer qualquer ato de violência contra as mulheres em sua residência. Acabou a sensação de impunidade", ressalta Isabele.

Foto: Claudio Fachel/Palácio Piratini

 

O ObservaSinos acessou os dados para traçar um quadro sobre a realidade das mulheres na região do Vale do Sinos. Essa análise apresenta informações mais detalhadas sobre as notificações de violência contra as mulheres, podendo ser acessada aqui.

[1]Políticas já implementadas no Rio Grande do Sul: Observatório da Violência contra a Mulher, Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, Sala Lilás, Projeto Metendo a Colher e Programa de Acolhimento às Vítimas de Violência nas Delegacias de Polícia.

Por João Conceição e Marilene Maia