A oficina Sistemas de (des)proteção social é uma atividade do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, ideado como um espaço de in-formação sobre os sistemas de (des)proteção social dos municípios e da região do Vale do Sinos.
Objetivo
Apresentar os sistemas de (des)proteção social dos municípios e região do Vale do Sinos, em vista de qualificar os processos de planejamento, monitoramento e avaliação das políticas públicas nesta área.
Programação
A oficina Dados Educacionais: Educação e Políticas Públicas é uma atividade do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, com o propósito de apresentar, debater e analisar os dados e as políticas públicas educacionais do Vale do Rio dos Sinos e da Região Metropolitana de Porto Alegre.
Objetivo
Oportunizar a apresentação, o debate e a análise dos dados da realidade da educação, apontando os desafios e as possibilidades da garantia desta política no contexto do Vale do Rio dos Sinos e região metropolitana de Porto Alegre.
Objetivos específicos
Ministrantes
Professora Flávia Werle, Dra. Alenis Cleusa de Andrade, Dra. Cristiane Welter, doutorandos Sandra Simone Hopner Pierozan e Júlio Magido Velho Muara.
Programação
A oficina Economia Solidária e as políticas públicas é uma atividade do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, ideado como um espaço de informação sobre a realidade da Economia Solidária e as políticas públicas dos municípios e região do Vale do Sinos.
Objetivos
Apresentar a Economia Solidária, os seus dados e possibilitar o acesso e analise para os municípios e região do Vale do Sinos, em vista de qualificar os processos de planejamento, monitoramento e avaliação das políticas públicas nesta área.
Programação
O Instituto Humanitas Unisinos – IHU lançou nos últimos dias a 503ª edição da Revista IHU On-Line com o tema de capa “A ‘uberização’ e as encruzilhadas do mundo do trabalho”. O tema, além de reforçar a importância do Dia do Trabalhador e o trabalho no mundo contemporâneo, reafirma o compromisso do IHU com o tema como uma de suas áreas de atuação, diante do momento social e político vivido pelo país com reformas da previdência e alterações na legislação trabalhista.
O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos, programa do IHU, dá seguimento à sistematização e análise da movimentação no mercado formal de trabalho no mês de março de 2017 na região do Vale do Sinos. Os dados mostram que no passado o mercado de trabalho continuou com saldo positivo, assim como aconteceu em janeiro e fevereiro de 2017. O retorno dos setores mais importantes da economia, como Serviços, Indústria de Transformação e Construção, foram as áreas que mais criaram postos de trabalho. Os dados ainda indicam que a maior parte desses novos empregos criados foram preenchidos por desempregados.
A tabela 1 mostra que o saldo positivo entre admitidos e desligados em emprego formal no mês de março foi de 902. Apenas três municípios do Vale do Sinos registraram saldo negativo: Dois Irmãos (-35), Nova Santa Rita (-135) e Novo Hamburgo (-84). O município de São Leopoldo sozinho foi responsável por 461 dos 902 novos postos de trabalho formal criados em março. Os dados do CAGED ainda revelam que quando se compara com o ano passado a situação é um pouco melhor. Isso significa que no ano de março de 2016 o saldo acumulado foi de 716 novos postos de trabalho. Já em março de 2015, o mercado de trabalho formal no Vale do Sinos tinha gerado 1.513 novos postos de trabalho.
A tabela 2 mostra a distribuição entre o saldo de admitidos e desligados no mês de março entre os oito setores do mercado de trabalho formal definido pelo Instituto Brasileiro de Economia e Estatística – IBGE. Assim como em janeiro e fevereiro deste ano, o mês de março volta a reforçar a retomada dos postos de trabalho nos setores mais importantes da economia.
O setor de Serviços foi responsável por 641 novos postos de trabalho, assim como a Indústria de Transformação (278) e a Construção Civil (142). Esses três setores sozinhos representaram 1.061 novos postos de trabalho formais no Vale do Sinos. Apenas os setores de Extrativa Mineral e Administração Pública obtiveram maior número de desligados do que admitidos; ainda assim o saldo ficou bem abaixo do que já foi registrado em meses e anos anteriores. Já o Comércio segue apresentando significativas reduções de postos de trabalho.
Quando olhamos para o retrovisor e analisamos o mês de março de 2016, percebe-se que alguns indicadores do mercado de trabalho na região ainda estão retrocedendo. A Indústria de Transformação no ano passado apresentou um saldo positivo de 558 novos postos de trabalho e o saldo negativo no Comércio era de 60. O setor de Serviços apresentou no ano passado 288 novos postos de trabalho frente a 641 em 2017. A Construção Civil amargava a perda de 95 postos de trabalho frente a criação de 142 em 2017. O saldo total entre admitidos e desligados no ano passado foi 716, enquanto este ano foi de 902.
Os dados do CAGED possibilitam mostrar a forma como foram concebidos esses novos postos de trabalho no mês de março de 2017. Entre os 13.608 empregos criados no mês de março de 2017 no Vale do Sinos, 12.256 estavam sendo admitidos por reemprego. São os trabalhadores que a pouco tempo atrás estavam desempregados e foram admitidos novamente Os desligamentos, por sua vez, têm se caracterizado por demissões por parte dos empregadores. As 12.706 demissões que ocorreram foram principalmente por demissão sem justa causa, término no contrato de trabalho e contrato com prazo determinado.
A Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana Porto Alegre – PED-RMPA mostra que para o mês de março de 2017 houve redução do total dos ocupados e novamente estabilidade na taxa de desemprego. O rendimento médio real referente ao mês de fevereiro diminui para o total de assalariados e ocupados e aumentou para os autônomos.
O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, compartilha a pesquisa publicada pela Fundação de Economia e Estatística – FEE na manhã de quarta-feira, 26.
A taxa de desemprego total manteve-se em 10,8% da População Economicamente Ativa (PEA), entre fevereiro e março de 2017, com a redução da ocupação (menos 11 mil, ou -0,7%) um pouco inferior à diminuição da PEA (menos 12 mil, ou -0,7%). A taxa de participação diminuiu de 51,6% para 51,3% no período em análise, atingindo o menor patamar da série histórica. É o que revelam os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-RMPA) de março divulgada nesta quarta-feira, 26, na FEE, com a parceria da FGTAS e DIEESE. O número total de desempregados foi estimado em 197 mil pessoas, 1 mil a menos em relação ao mês anterior.
A queda do nível ocupacional foi de 0,7%, somando um contingente estimado em 1.627 mil ocupados. A pesquisa revela redução nos serviços (menos 24 mil ocupados, ou -2,7%) e na indústria de transformação (menos 7 mil ocupados, ou -2,4%) e acréscimo no comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (mais 12 mil ocupados, ou 3,7%) e na construção (mais 6 mil ocupados, ou 4,9%).
Houve redução no total de assalariados (menos 28 mil, ou -2,4%), tanto no setor privado (menos 25 mil, ou -2,5%) quanto no setor público (menos 4 mil, ou -2,2%). A redução no setor privado atingiu o emprego com carteira (menos 19 mil, ou -2,1%) e sem carteira (menos 6 mil, ou -6,5%). Já entre os trabalhadores autônomos (mais 17 mil, ou 8,3%) e empregados domésticos (mais 2 mil, ou 2,0%) registrou-se aumento.
Entre janeiro e fevereiro de 2017, o rendimento médio real diminuiu para o total de ocupados (-2,0%) e assalariados (-3,0%) e aumentou para os trabalhadores autônomos (1,4%). Em termos monetários, esses rendimentos passaram a corresponder a R$ 1.841, R$ 1.840 e R$ 1.635 respectivamente.
“É o quinto mês de queda da ocupação, embora a taxa se mantenha relativamente estável, só acontece porque tem uma redução muito grande da PEA”, explica a economista do DIEESE Virgínia Donoso. “Há uma saída muito significativa de pessoas do mercado de trabalho, o que demanda uma análise do perfil dos inativos, para entender as motivações desses processos. Se não fosse esse movimento as taxas de desemprego seriam bem maiores. Inclusive, se esse movimento reverter, pode ocorrer aumento da taxa de desemprego”, alerta.
Para a economista da FEE, Iracema Castelo Branco, o cenário econômico indica difícil recuperação do mercado de trabalho. Tanto o setor público como o privado registraram queda de ocupação e os rendimentos também recuaram. “Proporcionalmente, o setor público contribuiu mais para a queda da ocupação do que o setor privado. Os autônomos, que consistem no grupo que mais cresceu, foram igualmente os que tiveram maior queda dos rendimentos, -11,2%. Esse empreendedorismo que surge como alternativa acaba não se confirmando. Os componentes da demanda não mostram possibilidade de crescimento econômico, que é o que determina a geração de emprego. A queda nos rendimentos é uma variável insuficiente para deter a queda na ocupação. O cenário é de deterioração”, avalia.
A coordenadora nacional da PED, economista do DIEESE Lúcia Garcia, chama atenção para o fato de Porto Alegre ser uma espécie de sentinela do mercado de trabalho no país. “Sintomas acontecem aqui primeiro, muito em função do encadeamento da nossa cadeia produtiva. Quando há um tombo aqui, acaba por acontecer em seguida nas outras capitais e regiões metropolitanas. Neste momento, se percebe claramente que o mercado de trabalho em Porto Alegre se direciona para a elevação do patamar de desemprego. Estamos patinando, rumo à degradação, que é a precarização muito forte”, afirma.
Para Lúcia, o aumento do número de autônomos e do serviço doméstico ao lado da redução de seus rendimentos, são elementos que demonstram o cenário desfavorável e que podem se agravar caso sejam implementadas as reformas em discussão. “Somos técnicos que oferecem informações qualificadas para a sociedade. E essas informações nos levam a tomar posição. Nossa posição é que as reformas não só precarizam, como trazem novas perversidades para esse mercado e pioram a condição social e econômica da população”, afirma. Lúcia ainda destaca que a CLT não é ultrapassada, apesar da sua origem nos anos 40. “É uma carta de direitos constantemente atualizada”, enfatiza.
Acesse a pesquisa completa aqui.
A Fundação de Economia e Estatística – FEE apresentou os dados do emprego domestico para Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA nesta quarta-feira. Os dados da pesquisa indicam aumento 2,3% no emprego domestico em 2016, enquanto o nível de retração ocupacional foi o maior desde 1993. O informe ainda mostra a forma de contratação, região de moradia e de trabalho, jornada média de trabalho, rendimento médio real por hora e contribuição para a Previdência Social.
De acordo com as informações captadas pela pesquisa, em 2016 a participação dos serviços domésticos foi 5,5% no total dos ocupados na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), com as mulheres representando 97,3% do segmento. Enquanto o nível de ocupação feminina total registrou retração de 4,7% (menos 38 mil ocupadas), a participação do emprego doméstico na ocupação feminina apresentou crescimento, pelo segundo ano consecutivo, ao passar de 10,8% em 2015 para 11,6% em 2016. Esse crescimento por dois anos seguidos acompanha a trajetória de comportamento adverso por dois anos consecutivos do mercado de trabalho, frente uma conjuntura de forte recessão da atividade econômica. “O serviço doméstico é uma importante alternativa de trabalho, principalmente, para as mulheres maduras e com baixa escolaridade”, pontua a economista da FEE Iracema Castelo Branco. A pesquisa estimou em 90 mil as trabalhadoras domésticas na RMPA, em 2016, um pequeno acréscimo de 2 mil em relação ao ano anterior. “Elas são contratadas como mensalistas com ou sem carteira de trabalho assinada, ou trabalham por conta própria como diaristas”, diz Iracema. Em 2016, o contingente estimado foi de 45 mil empregadas com carteira assinada, 14 mil empregadas sem carteira e 31 mil trabalhadoras diaristas.
De acordo com as características sociodemográficas, as mulheres não negras seguem sendo maioria das trabalhadoras domésticas em 2016 (79,1%), embora exista uma sobrerrepresentação das mulheres negras nessa atividade, já que somam 20,9% das domésticas e 12,6% das mulheres na População Economicamente Ativa (PEA). Já com relação à idade, a pesquisa revela que o serviço doméstico passou a ser atrativo para mulheres com menos de 40 anos, já que a parcela relativa das trabalhadoras acima dessa idade reduziu de 77,2% em 2015 para 75,3% em 2016, comportamento que não era observado desde 1996. A maior parte das trabalhadoras domésticas segue sendo de baixa escolaridade, 43,5% não haviam concluído o ensino fundamental em 2016 contra 47,4% em 2015. “A redução desse indicador deveu-se ao aumento daquelas com o ensino fundamental completo, que passou de 27,0% para 30,0%, no período analisado. Esse comportamento deve estar relacionado ao fato de mulheres com menos de 40 anos terem ingressado no serviço doméstico em decorrência do fechamento de postos de trabalho em outras ocupações”, alerta Iracema.
Em 2016, a jornada média semanal de trabalho das domésticas aumentou em uma hora em relação ao ano anterior. Desde 2013, com a aprovação da Emenda Constitucional n° 72, a jornada de trabalho das empregadas domésticas limita-se em 44 horas semanais. Em 2016, 23,0% das empregas domésticas com carteira assinada tiveram uma jornada de trabalho acima de 44 horas semanas, índice que ficou estável em relação a 2015 e que representa um avanço quando comparado ao índice de 35,4% de 2012, portanto, anterior à legislação.
Já o rendimento médio real para o total de trabalhadoras domésticas apresentou redução de 6,3%. Em valores monetários, o rendimento médio real correspondeu a R$ 1.126.
Considerando o rendimento médio real por hora de trabalho, observaram-se retrações ainda mais acentuadas, principalmente para as diaristas que registraram perdas de 12,5% em 2016. Já as empregadas domésticas com carteira assinada tiveram queda de 9,4% no salário médio real por hora, no mesmo período.
Com relação à proteção social, a situação das mensalistas sem carteira assinada é uma das mais precárias, considerando as garantias de seus direitos trabalhistas. Situação análoga é verificada entre as diaristas, no que se refere à sua baixa capacidade de contribuição. Observou-se que nessa categoria aumentou aquelas que não contribuem para a Previdência Social, passando de 74,7% em 2015 para 79,3% em 2016. Essa condição pode ser agravada com a proposta de reforma que está em debate, “uma vez que são mulheres maduras e teriam idade avançada para iniciar uma contribuição com vistas à aposentadoria. A tendência é ficarem à margem de alguma proteção social, gerando custos em outros segmentos, como a saúde pública”, analisa a economista do DIEESE, Virgínia Donoso.
Acesse a pesquisa completa aqui.
Na quinta-feira, 06/04, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, promoveu o painel “Diagnóstico Socioterritorial e os desafios às políticas públicas”. A atividade foi ministrada pelo sociólogo da secretaria de Desenvolvimento Social de São Leopoldo, Paulo Crochemore da Silva, que, no ano de 2016, em parceria com o ObservaSinos, realizou a construção do Diagnóstico Socioterritorial de São Leopoldo. O evento contou com a participação de cerca de 50 pessoas, dentre elas, trabalhadores e gestores de diversas áreas relacionadas às políticas públicas. Também é possível destacar a variedade das cidades dos presentes, com destaque para São Leopoldo que se encontravam em maioria.
O objetivo do evento, que contou com a parceria da Prefeitura Municipal de São Leopoldo, foi apresentar o diagnóstico socioterritorial como ferramenta de aproximação, sistematização e análise dos dados e realidades do município e da região do Vale dos Sinos. Os diagnósticos socioterritoriais podem ser instrumentos de planejamento, monitoramento, avaliação das políticas públicas, assim como para o exercício do seu controle social. Para debater o tema proposto, Paulo partiu da definição básica de Políticas Públicas, afirmando que: “são ações governamentais e seus efeitos. Mais especificamente: aplicação de métodos científicos às formulações e às decisões do governo sobre problemas públicos”.
Ele também afirma que é importante referir que o surgimento da ideia de política pública tem relação com a ideia de desenvolvimento. “As políticas públicas e as políticas sociais se constituem com o entendimento de que não bastaria apenas o desenvolvimento econômico de uma região ou que o desenvolvimento como um todo não poderia ser medido exclusivamente através de indicadores econômicos, como PIB, por exemplo”, disse.
Crochemore segue afirmando que “o desenvolvimento deve ser além do econômico. Ele deve ser o humano e o social. É preciso envolver outras coisas que não só a quantidade de riqueza, mas outros fatores, como meio ambiente, cultura e direitos humanos de maneira geral”, revela.
A partir disso, Paulo diz que o Diagnóstico Socioterritorial pode ser considerado como um subproduto do encontro de dois processos históricos e políticos que têm constituído as formas de governar. “Por um lado a demanda por racionalidade nas decisões governamentais e, por outro, a disputa na concepção de desenvolvimento e, portanto, na concepção de Estado”.
O sociólogo define Diagnóstico Socioterritorial como um instrumento para se construir o desenho que servirá como elaboração e avaliação de políticas públicas. De acordo com ele, o objetivo é dar subsídio para planejamento e avaliação de ações por parte de gestores, equipes técnicas e sociedade civil. “Deve-se produzir conhecimento, através de pesquisa e investigação, sobre as condições de vida de uma população para que se compreenda demandas e potencialidades”.
O desenho ao qual Paulo se refere, seria o passo a passo do desenvolvimento do diagnóstico, como: quais são os problemas encontrados, como serão atingidos, quais recursos serão alocados, número de pessoas e objetivos. A avaliação seria o ato de medir se a ação governamental foi plenamente eficaz.
Conforme a assistente social e professora, Dirce Koga, também com o apoio do ObservaSinos, teve colaboração no desenvolvimento do Diagnóstico Socioterritorial da cidade Canoas, o diagnóstico está localizado no âmbito da política de assistência social e tem se colocado como um plano central para criar metas a serem propostas referentes aos serviços, programas e benefícios. Uma publicação especial no Caderno IHU Ideias trata do tema de forma aprofundada e pode ser conferido aqui.
Segundo Dirce: “Tais dispositivos técnicos se configuram na variável suprema para a tomada de decisão dos gestores e técnicos, o que dispensa outras referências ou alternativas diante das dinâmicas dos contextos em que vivem os cidadãos, de novas situações e imprevistos, que fazem parte do cotidiano da gestão. Prevalecem os critérios pré-estabelecidos, e são as diversas ou novas condições emergentes da realidade que necessitam ser adequadas. Quando isto não ocorre, o critério de inclusão se transforma rapidamente em critério de exclusão”.
Como desafio políticas públicas, Paulo Crochemore conclui que ele deve ser feito às pessoas que constroem as políticas públicas. Nesse contexto, o diagnóstico traria dois problemas: como produzir conhecimento e o que fazer com esse conhecimento? “Esse problemas implicam tanto um desafio à construção de um conhecimento eticamente orientado quanto um desafio à atuação compromissada com parcelas da população a partir do conhecimento produzido”.
Durante a palestra, surgiu o debate entre membros de diferentes Secretarias de São Leopoldo, abordando a dificuldade de interlocução entre os departamentos de todos os municípios. Também foi exposto que, através do novo Plano Diretor do município, todas as informações sejam sistematizadas pelos gestores e enviadas à um órgão responsável, que ainda será criado, para socializar com as outras secretarias. A respeito disso, outros gestores provocaram a proposta para pensar além do que está posto, não só utilizando os mesmos instrumentos, mas socializar outros meios de alimentação de dados e criar um grupo de trabalho para fomentar essa ideia. Sobre o tema, Paulo frisou: “Isso é relação de força. Mesmo com todas as dificuldades, estamos discutindo a qualidade do serviço, para que ele seja efetivado. Essa é a nossa função como servidores públicos”.
Para Paulo, os desafios ligados ao Diagnóstico Socioterritorial estão mais conectados ao campo da ética e da política do que na construção burocrática em si. “Falta, do ponto de vista ético, o respeito, compromisso e aliança com as populações que têm seus direitos negados ou restringidos. É preciso avaliar o contexto e não só os números”. E, por fim, do ponto de vista metodológico como uma: “perspectiva do território usado como forma de partir da realidade dessas populações, suas forças e potencialidades latentes”.
É possível conferir o Diagnóstico Socioterritorial de São Leopoldo neste link e o do município de Canoas neste link.
Desde 2010 o Brasil apresenta desaceleração da atividade econômica, situação que foi agravada a partir de 2014, com eleições presidenciais, políticas de austeridade e incertezas na política. Ao longo desse período, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, apresentou mensalmente a movimentação do mercado de trabalho formal.
Os dados reunidos são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED, disponibilizados mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE.
Os dados dos trabalhadores admitidos referem-se àqueles que se inseriram no mercado formal de trabalho. Já o número de desligados refere-se a dispensa com justa causa ou sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, transferência, aposentadoria ou morte.
O resultado entre admitidos e desligados resulta no número de postos de trabalho que foram criados ou extintos. Se o resultado for positivo, indica criação de novos postos de trabalho, se for negativo, indica a quantidade de postos de trabalho extintos.
A tabela abaixo apresenta a movimentação no mercado de trabalho no Vale do Sinos em janeiro e fevereiro de 2017 para os 14 municípios da região. Após dois anos de crescente taxa de desemprego no mercado de trabalho, a região voltou a apresentar número positivo de admitidos.
Apenas dois municípios do Vale do Sinos ainda seguem com saldo negativo no mercado formal: Canoas com 221 e Esteio com 148 postos de trabalho reduzidos entre janeiro e fevereiro de 2017. Chama atenção que municípios com população e com economia pequena contribuíram bastante para o saldo positivo no início de 2017. Foi o caso de Sapiranga (920), Estância Velha (425) e Nova Hartz (243). Esses municípios foram responsáveis por 51,00% dos empregos formais criados.
A tabela 2 mostra essa movimentação pelos oito setores definidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. É possível analisar que os setores mais importantes da economia apresentam tendência de elevação nas contratações. É o caso da Indústria de Transformação, com saldo de 2.723 novos postos de trabalho criados, o setor de Serviços, com 596, e a Construção Civil, com 276. Mais da metade dos postos de trabalho criados nesse último setor foram no município de Nova Santa Rita.
Apesar desse saldo positivo depois de meses de elevação do número de desempregados no Vale do Sinos, os dados do CAGED ainda permitem fazer a identificação sobre o tipo de emprego que foi criado nos últimos meses.
O que chama mais atenção é que 95,34% desses trabalhadores ganham entre 0,50 e 3,0 salários mínimos. Isso significa que os empregos criados nesse período são de baixa remuneração. As pessoas que foram demitidas estão sendo contratadas por salários mais baixos. Os grandes municípios do Vale do Sinos concentram a maioria desses casos. Deve-se destacar também o município de Campo Bom, que apresentou 1.127 trabalhadores ganhando entre 1,01 e 1,50 salários mínimos. Esse número foi superior ao de municípios de Esteio e Sapucaia do Sul, os quais possuem uma população significativamente maior.
Além dos baixos salários apresentados nos empregos criados no período, apresenta-se também a alta carga horária de trabalho desses trabalhadores. Os dados sistematizados na tabela abaixo mostram que 86,75% dos postos de trabalhos criados em janeiro e fevereiro possuem faixa semanal de 41 a 44 horas. Portanto, os empregos criados indicam precarização por possuírem baixa remuneração e alta jornada de trabalho.
A Ecofeira Unisinos é um espaço de mostra e comercialização de produtos oriundos da agricultura familiar e também de outras formas de produção coletiva pautada pela sustentabilidade. Criada por um coletivo de projetos sociais, cursos e militantes ambientais da Universidade, a Ecofeira foi palco no dia 5 de abril do Círculo Cultural, que é coordenado prof. Dr. Telmo Adams. Pela primeira vez o Círculo Cultural também fez parte da abertura da Semana Acadêmica do Programa de Pós-Graduação – PPG em Educação da Unisinos.
O Círculo Cultural, que acontece mensalmente há dois anos na Universidade, passou a acontecer em 2016 no espaço da Ecofeira. O Círculo tem como objetivo aproximar a academia com as expressões dos diferentes grupos sociais. Por isso, o Círculo aconteceu em meio aos cantos, poesias, rimas, saudações que juntaram alunos e professores de Mestrado e de Doutorado em Educação com feirantes.
Durante a abertura, a aluna do doutorado em educação da Unisinos, Luciane Rocha contou um pouco de como se iniciou o Círculo Cultural. “Espaço de cultura, arte, educação e construção coletiva, o Círculo Cultural nasceu em 2015 com a realização de um sonho acalentado com vários anos, a partir do Grupo de Pesquisa e Seminário Temático Educação na América Latina e (Des)colonialidade. As atividades extras surgiram através das propostas feitas pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unisinos, Telmo Adams”.
Telmo abriu sua participação no evento fomentando a cultura latino-americana na sua origem, com base em um espectro da cultura caribenha. Ele destacou que são povos originários que todos conhecem bem e, com isso em mente, trouxe a canção “Guaranis”. De acordo com ele, a canção remete aos biomas, tema discutido na Campanha da Fraternidade de 2017 e também pelo Instituto Humanitas Unisinos através dos seus painéis de debate: Os Biomas Brasileiros e a Teia da Vida.
Um dos poemas declamados foi escrito pela graduada em arte, filosofia e membro da equipe do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas - Neabi, Renata Moura. Ela aproveitou a presença dos expositores de produtos da cultura africana para declamar o poema Axé, que faz uma crítica ao racismo e à importância de se lutar por direitos iguais e empoderamento da cultura afro-brasileira.
A coordenadora do ObservaSinos, Marilene Maia, deu as boas-vindas aos alunos do PPG em Educação e enalteceu o movimento realizado pelos feirantes da Ecofeira que dá uma outra “cor” às quartas-feiras na Unisinos. Sua proposta é mostrar, comercializar e debater a produção orgânica, enquanto estratégica para a afirmação de um outro desenvolvimento da região, que necessita articular as dimensões econômica, social, política, cultural e ambiental da vida.
Marilene também aproveitou o momento para convidar as pessoas a participarem das outras eventos culturais que a EcoFeira promove ao longo nos intervalos do meio-dia. “Nós temos atividades como oficina de plantas medicinais e consumo consciente, por exemplo. Mas aqui também é um momento mágico da construção e expressão da cultura que se faz aqui e a reunião de todos aqui é muito importante. Parabéns a todos e voltem sempre”.
O professor Telmo destacou o fato de que o Instituto Humanitas - IHU preparou um estande com suas publicações no espaço da Ecofeira para que o público pudesse retirar e fazer uso nas aulas ou em outras atividades. Ele também ressaltou a importância do Instituto como um instrumento de pesquisa. “Entrando no sítio online do IHU, vocês encontrarão um mundo à sua porta, com notícias e todos os tipos de pesquisa. A nossa parceria com o IHU será sempre importante, principalmente por causa da pesquisa, relacionada com a nossa localidade e também com a análise da conjuntura mundial e que nos desafia a colocar em construção com todos”.
Confira a programação da EcoFeira aqui.
Na última segunda-feira, dia 27/03, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, deu início a 3ª edição do Ciclo de Estudos de Saúde e Segurança no Trabalho do Vale do Rio dos Sinos. O evento reuniu palestrantes das entidades parceiras na criação do Ciclo, como Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e região, Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM e Centro de Referência da Saúde do Trabalhador Região do Vale do Rio dos Sinos e Canoas – CEREST.
Durante as atividades foram apresentadas questões relacionadas à saúde e segurança do trabalhador, com foco no trabalho desenvolvido pelas Comissões Internas de Prevenção de Acidente - CIPAs das empresas do Vale do Rio dos Sinos. Tendo em vista o trabalho como uma das cinco grandes áreas orientadoras de reflexão e ação do IHU e do ObservaSinos, o Ciclo de Estudos se propôs a informar sobre as concepções e realidades da Saúde e da Segurança no Trabalho, revelar a importância dos Mapas de Risco e Mapas da Saúde do Trabalhador e debater a atual conjuntura e os caminhos que devem ser seguidos nas condições de saúde e segurança no trabalho.
Abrindo a sequência de palestras, o chefe de fiscalização da gerência regional de Novo Hamburgo do Ministério do Trabalho, Rafael Araújo, explicou a atuação do MT em relação a fiscalização das condições de trabalho e das responsabilidades, como aplicar multas às empresas, embargar obras ou interditar estabelecimentos, máquinas, setores de serviços e outras atividades que possam apresentar algum risco grave ou iminente para a saúde e integridade física dos trabalhadores.
Rafael também apresentou as principais fontes de queixas que levam os auditores do Ministério do Trabalho a fazerem suas fiscalizações nas empresas e revela que isso não vem em sua maioria do trabalhador. “Muito pouco nós temos queixas para a execução do nosso trabalho em relação a saúde e segurança são provenientes dos trabalhadores. Muitas das ações que nós fazemos são através de análises de acidentes através de indicadores internos do Ministério Público do Trabalho ou eventualmente reclamações vindas de sindicatos”, revela.
Para complementar a parte relacionada às realidades da Saúde e da Segurança no Trabalho, o integrante da equipe do ObservaSinos, João Conceição apresentou o trabalho de sistematização dos dados realizado pelo Observatório e revelou algumas informações mais relevantes que foram levantados, como: 17 acidentes de trabalho por dia no Vale do Sinos e Como foram os investimentos dos municípios do Vale do Sinos em ano de austeridade?, por exemplo.
Representando o Centro de Referência da Saúde do Trabalhador Região do Vale do Rio dos Sinos e Canoas – CEREST, Cleber Brandão, falou sobre o número de fiscalizações do CEREST, que de cada dez, oito são feitas pelo Ministério Público do Trabalho, algo que se evidencia pela defasagem do modelo atual das CIPAs.
Para Cleber, a sociedade atual ainda comete os mesmos erros cometidos no passado em relação à segurança e saúde do trabalhador. “Nesse sentido, nós estamos vivendo, há bastante tempo, de extrema pauperização, precarização das relações de trabalho. E infelizmente, nos discursos postos o que nós vemos é uma culpabilização do trabalhador pelos acidentes e nunca a falta de segurança em diversas empresas, por exemplo”.
Ele também realizou uma dinâmica de informação sobre os Mapas de Risco e de Saúde e afirmou que é importante que os trabalhadores se insiram no Ciclo de Estudos, para enxergarem novas perspectivas e possam voltar para os seus locais de trabalho para provocar as discussões levantadas no Ciclo.
Um dos dirigentes do Conselho Municipal de Saúde de São Leopoldo – CMS/SL, Valdemir Pereira, explicou que o Conselho é um órgão colegiado, representativo da instância de controle social do Sistema Único de Saúde - SUS, fiscalizador e de formulação estratégica na área da saúde municipal, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros e que faz parte do Cerest. “Nós enxergamos muito pouco em relação ao trabalho na saúde e segurança do trabalhador. Queremos ampliar as parcerias, principalmente com o Cerest e trabalhar de forma mais ativa neste sentido”.
Representando a direção da CUT, Antonio Munari, trouxe sua experiência com a legislação das CIPAs e da saúde e segurança do trabalhador, apresentando conceitos e informações referentes às leis que regem as Comissões Internas de Prevenção de Acidente. De acordo com Munari, a CIPA “serve como um instrumento de defesa da saúde e segurança do trabalhador e é fundamental para a organização do local de trabalho”.
Ele também ressalta que um dado relevante, afirmando que os afastamentos dos trabalhadores por problemas de saúde mental, no Brasil, só estão abaixo dos afastamentos por sequelas de causas externas, totalizando mais de 211 mil afastamentos por causas de problemas por pressão, assédio, agressão moral e etc.
Segundo o representante do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo, Genilson Vargas, é preciso criar uma cultura de prevenção e conscientização dos trabalhadores: “Falta conscientização, é preciso uma criação de cultura para que se enxergue de outra maneira a saúde e segurança do trabalhador. Nós discutimos aqui no Ciclo políticas públicas sobre isso, pois o assunto não é só dentro das fábricas, mas sim no todo da vida dos funcionários. Temos que procurar o nosso espaço e lutar pelos nossos direitos”.
Após o término das apresentações, foi aberto um espaço para que se realizasse o debate dos temas discutidos, bem como a programação das próximas duas etapas que se seguirão na 3ª edição do Ciclo de Estudos de Saúde e Segurança no Trabalho do Vale do Rio dos Sinos.
10 de abril – Encontro presencial
18 de abril – Encontro presencial