Na próxima terça-feira, 15 de agosto, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos, promoverá a oficina “Economia Solidária e as políticas públicas no Vale do Sinos”.
A Oficina tem o propósito de apresentar a Economia Solidária, os seus dados e possibilitar o acesso e análise para os municípios e região do Vale do Sinos, em vista de qualificar os processos de planejamento, monitoramento e avaliação das políticas públicas nesta área. A atividade será coordenada pelo Professor Dr. Luiz Inácio Gaiger, pela mestranda Kellen Cristine Pasqualeto e pela MS Suziane Gutbier. O evento ocorrerá das 14h às 17h, na sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU. Inscreva-se aqui.
A Economia Solidária tem origem no século XIX, contra o avanço do capitalismo industrial, a exclusão e exploração no mundo do trabalho. No Brasil, ela surge somente no final do século XX. A Economia Solidária se contrapõe ao modelo econômico vigente na sociedade, a partir da presença ativa e organizada de pessoas associadas aos Empreendimentos Econômicos e Solidários – EES. Os EES possibilitam estabelecer uma nova cultura pautada por relações solidárias e coletivas.
Os EES se caracterizam por desempenhar atividades econômicas na produção de bens e serviços, cooperativas de fundo de crédito ou fundos rotativos populares e comercialização e consumo, possibilitando a compra ou a troca. Os EES são organizações coletivas formadas por associações, cooperativas, empresas autogestionárias, grupos de produção, clube de trocas, entre outras formas de organizações solidárias.
Clique aqui para conferir um vídeo produzido pela TV Unisinos sobre Economia Solidária.
O Brasil possuía, até 2013, 1,42 milhão de associados na Economia Solidária distribuídos em 19.708 EES, segundo o Atlas Digital da Economia Solidária. O Rio Grande do Sul era o estado com o maior número de associados (193.822) e também com o maior número de EES (1.696). A Região do Vale do Sinos representava 2,11% do total do país e 24,53% do total do estado na quantidade de EES. Já em número de associados o Vale do Sinos representava 0,18% do país e 1,37% do Rio Grande do Sul. Os municípios de São Leopoldo (979), Novo Hamburgo (796) e Canoas (350) eram responsáveis por 80,13% dos associados da Economia Solidária no Vale do Sinos. Esses mesmos municípios são também os que possuíam o maior número de EES, com destaque para o município de Campo Bom.
Acesse aqui o II Mapeamento da Economia Solidária na Região Sul.
Dando seguimento à sistematização e análise da movimentação no mercado de trabalho formal no mês de junho na região do Vale do Sinos, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - Observasinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, reuniu os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED, disponibilizados mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.
A partir do acompanhamento mensal da movimentação do trabalho formal – lembrando que o Vale do Sinos apresentou no mês de maio desligamentos da ordem de 1.183, revertendo a trajetória positiva até então –, o saldo de junho foi negativo (248 desligamentos), ilustrando, novamente, uma contração de 9,6% no total semestral. Esse apontamento tem reflexo especialmente sobre Canoas, que representa aproximadamente 25% dos desligamentos feitos no Vale do Sinos no primeiro semestre de 2017. O município já registrava a movimentação mais negativa, e de maio para junho aumentou em 99,2% o número de desligamentos, assim como Nova Hartz, onde o número de desligamentos mais que dobrou. Campo Bom e Dois Irmãos também aumentaram significativamente o número de desligamentos.
Na contramão, municípios que conseguiram manter o saldo positivo ainda em junho, aumentaram as admissões relativamente abaixo do aumento de desligamentos observados em outros municípios do Vale do Sinos: são os casos de Novo Hamburgo, com acréscimo de 16% de admissões de maio a junho, e de Estância Velha, com acréscimo de 11,5%. Esteio teve saldo negativo em maio, e em junho os desligamentos superaram as admissões.
Por sua vez, a capital Porto Alegre apresentou um avanço de 41,5% nos desligamentos em relação ao mês anterior, impactando na intensificação do saldo de movimentação negativo ao longo do ano de 2017. O estado do Rio Grande do Sul partiu de um saldo continuamente positivo para a realidade de mais de nove mil desligamentos em junho, tornando negativo o saldo de movimentação do trabalho formal do ano até então.
Observa-se, logo, contração no mercado de trabalho formal em nove dos catorze municípios do Vale do Sinos, na capital gaúcha e em grande escala no estado. Procurando justificar, o Vale do Sinos representa 12,9% e Porto Alegre, 21% dos desligamentos feitos no Rio Grande do Sul no primeiro semestre do ano. Considerando os dois últimos meses, o Vale do Sinos como um todo acumulou 1.431 desligamentos e o estado, 21.873 desligamentos, levando este último ao pior cenário do emprego para o ano.
Fazendo a segmentação setorial do mês de junho, o município de Ivoti não denunciou saldo de movimentação, e outros como Nova Santa Rita, São Leopoldo e Portão não foram significativos. O setor mais marcado por desligamentos continuou sendo a Indústria de Transformação: no Rio Grande do Sul o setor representou 31,6% dos desligamentos, e no Vale do Sinos 36,4% dos desligamentos industriais se deram em Campo Bom, 25,9% em Nova Hartz e 20,6% em Sapucaia do Sul. Novo Hamburgo reverteu a situação de 208 desligamentos do setor em maio e apresentou o melhor saldo do setor em junho.
Já na Construção Civil, Canoas se mantém com a trajetória de desligamentos, enquanto São Leopoldo e Esteio exibem os saldos de movimentação positivos do Vale do Sinos. Para Canoas, foi grande o peso de desligamentos no setor de Serviços no total do município: perto de 80%, cinco vezes maior do que o número do mês anterior; inversamente, tal setor encontrou em Sapucaia do Sul seu melhor desempenho, compensando a contração de empregos na Indústria de Transformação e no Comércio ocorrida no município. Além de Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Portão também geraram vagas nos Serviços.
O Comércio novamente figurou em junho de 2017 com o saldo de movimentações mais positivo do Vale, com 64 admissões. Ocorreram 46 admissões em Estância Velha, 35 em Dois Irmãos, 34 em Canoas e 23 em Campo Bom, apesar dos significantes desligamentos em Sapucaia do Sul (49), Sapiranga (29) e São Leopoldo (20).
A Indústria de Transformação, junto ao Comércio (19,58%), Serviços (12,24%) e Construção Civil (7,47%), citados acima como origens das principais movimentações no Vale do Sinos, desenham mais de 70% dos desligamentos do Rio Grande do Sul no mês de junho. No estado, o segundo colocado em número de desligamentos – atrás apenas da Indústria de Transformação – continuou sendo o Agropecuário, extrativo vegetal, caça e pesca, com 25,57% destes, porém o Vale do Sinos registrou 12 admissões no setor, sendo inconclusivo o peso no total estadual.
“A conjuntura de crise econômica em 2016 continua atingindo também os jovens, com um aumento de 26.6% na taxa de desemprego entre 2015 (15,4%) e 2016 (19,5%). O contingente de jovens desempregados foi estimado em 106 mil, em 2016, acréscimo de 17 mil em relação ao ano anterior.” Os dados foram divulgados terça-feira, 08/08, pela Fundação de Economia e Estatística – FEE, no informe especial sobre o mercado de trabalho da população entre 15 e 29 anos, na Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA.
Em 2016, o aumento na taxa de desemprego entre os jovens foi superior ao observado para a população em geral e eles representavam mais da metade dos desempregados na Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA. Além disso, os jovens tiveram uma retração no nível ocupacional mais intensa do que a registrada para os adultos, com a redução de 48 mil jovens ocupados. Já o rendimento médio real teve queda de 5,4% para os jovens, no período, tendo aumentado o risco relativo de os jovens serem trabalhadores de baixos salários.
Quando são comparadas as taxas de ocupação dos jovens por sexo, constata-se que, em 2016, a crise econômica atingiu as mulheres com maior intensidade do que os homens: entre as primeiras, a taxa de ocupação teve queda de 50,2% em 2015 para 44,6% em 2016, e entre os últimos, de 59,1% para 54,4%. Em termos de alocação setorial dos jovens, os serviços são o setor que detém a maior parcela relativa dos ocupados desse grupo populacional (51,5% em 2016).
Na Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA, a população jovem, que compreende a faixa etária de 15 a 29 anos, teve crescimento até 2005 e a partir do ano seguinte passou a apresentar tendência de redução. Já a parcela relativa de jovens na População em Idade Ativa (PIA) permaneceu relativamente estável até 2005, com posterior redução, passando de 31,3% naquele ano para 24,8% em 2016, a menor proporção no período.
Em 2016, houve tendência de aumento na parcela de jovens que somente estudam, apesar da conjuntura adversa no mercado de trabalho, nos últimos dois anos. Esse segmento da população juvenil, que era de 17,5% em 2000, passou para 23,7% em 2015 e 26,3% em 2016.
Um dado positivo se refere ao aumento da escolaridade dos jovens. A parcela de jovens com ensino médio completo aumentou de 32,0% em 2000 para 45,6% em 2016, enquanto a parcela de jovens com o ensino superior completo aumentou de 3,6% para 6,2% no período. Por outro lado, a parcela de jovens com o ensino fundamental incompleto reduziu-se de 32,7% em 2000 para 14,8% em 2016.
Segundo a economista Iracema Castelo Branco, Supervisora do centro de Pesquisa de Emprego e Desemprego da FEE, “os jovens encontram-se numa fase particular do ciclo de vida, na qual se dá a transição da escola para o trabalho. Aqueles que têm condições de concluir os estudos, possivelmente terão melhores oportunidades ao chegar ao mercado de trabalho quando comparados àqueles que iniciam sua vida laboral antes de concluí-los”.
Acesse aqui o estudo completo.
O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, publica a Carta do Mercado de Trabalho, dos meses de maio e junho que é produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas. A Carta mostra o movimento do trabalho no Brasil, no Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas.
Conforme a publicação, o mercado de trabalho formal brasileiro registrou, entre admissões e demissões, saldo positivo no mês de junho de 2017, com 9.821 postos de trabalho com carteira assinada. Esse número representa uma ampliação de 0,03% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O Setor da Agropecuária foi o setor que mais abriu postos de trabalho, enquanto o da Construção Civil foi o setor que mais fechou postos de trabalho.
No Rio Grande do Sul, o saldo registrado foi negativo, entre as admissões e demissões, de 9.513 postos de trabalho, o que representa um decréscimo de 0,37% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor da Indústria de Transformação foi o que mais fechou vagas no mercado formal de trabalho. Neste ano no estado do Rio Grande do Sul foram abertas 1.107 vagas de trabalho com carteira assinada. A Região Metropolitana de Porto Alegre apresentou um decréscimo de 2.500 postos de trabalho com carteira assinada, uma redução de 0,22% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor de Serviços foi o que mais fechou postos de trabalho com carteira assinada. No ano foram abertas 3.928 vagas de trabalho com carteira assinada
Confira o conteúdo completo da Carta do Mercado de Trabalho de junho.
Segundo a Carta do Mercado de Trabalho, no mês de maio, o mercado de trabalho do Brasil registrou, entre admissões e demissões, saldo positivo, com 34.253 postos de trabalho com carteira assinada. Isso representa uma ampliação de 0,09% sobre o estoque de empregos de abril.
O mercado de trabalho formal do Rio Grande do Sul registrou saldo negativo, entre admissões e demissões, de 12.360 postos de trabalho, o que representa um decréscimo de 0,48% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor da Indústria de Transformação foi o setor que mais fechou vagas no mercado formal de trabalho. Neste ano no Rio grande do Sul foram abertas 10.363 vagas com carteira assinada. Na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), o mercado de trabalho formal apresentou um decréscimo de 2.354 postos de trabalho com carteira assinada, representando uma redução de 0,21% sobre o estoque de empregos do mês anterior.
Confira o conteúdo completo da Carta do Mercado de Trabalho de maio.
Em conjunto com o retorno das aulas na universidade, a Ecofeira Unisinos retoma suas atividades culturais nesta quarta-feira (09/08), com a oficina “Vinagre, óleo e sal aromatizados”, ministrada pela bióloga do Instituto Anchietano Unisinos, Denise Schnorr. A ação ocorre das 12h30min às 13h30min, simultaneamente com a feira de produtos orgânicos.
Além da promoção de eventos para conscientização do uso de produtos orgânicos e também de afirmação de um projeto de desenvolvimento local e regional sustentável, a Ecofeira Unisinos serve como um espaço permanente de mostra e comercialização de produtos agroecológicos de produtores da região do Vale do Sinos.
A feira foi lançada no dia 08/06 de 2016 como um projeto coletivo por instâncias da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, produtores agroecológicos da região e entidades parceiras, com o objetivo de se tornar uma das alternativas para uma alimentação mais saudável. Conforme dados do Instituto Nacional do Câncer – INCA, desde 2009 o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com consumo médio mensal de 5,2 quilos de veneno agrícola por habitante.
A mostra e comercialização da Ecofeira acontece às quartas-feiras, das 10 às 18h, no corredor central da Unisinos São Leopoldo, em frente ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU, e às sextas-feiras, das 11 às 14h, na UNITEC.
Mais informações e programação para o resto do semestre podem ser acessadas clicando aqui.
De maneira a complementar os estudos sobre trabalho, se faz necessário investigar o perfil e a realidade dos trabalhadores que estão começando a trilhar sua carreira profissional: os jovens. O Estatuto da Juventude prevê, por meio da Lei Nº 12.852 de 5 de agosto de 2013, os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE, considerando as pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Para isso, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - Observasinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, reuniu os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED disponibilizados mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, classificando as idades em até 17 anos e entre 18 e 29 anos, e, assim, percebendo as diferenças e semelhanças envolvidas.
Entre os 109 jovens com até 17 anos em junho de 2016, 93 eram homens (85,32%) e 16 eram mulheres (14,67%). Já em junho de 2017 o número de mulheres passou para 129 (+706,25%), ou seja, um aumento de mais de 7 vezes, e os homens passaram de 93 para 162 no mesmo período. O município de Novo Hamburgo saiu de apenas 3 mulheres para 48, Canoas de 16 para 27 e Sapiranga de 4 para 16 mulheres contratadas, na comparação entre junho de 2016 e junho de 2017. Já os jovens entre 18 e 29 anos em junho de 2016 eram 329 homens (68,40%) e 152 mulheres (31,60%), enquanto no mês de junho de 2017 a presença dos homens passou para 163 (-50,46%) e a das mulheres para 86 (-40,49%). Os municípios de Esteio e Novo Hamburgo foram destaques na criação de novos postos de trabalho para as mulheres entre junho de 2016 e junho de 2017.
Os dados disponibilizados pelo CAGED apontam que os jovens com idade até 17 anos ganham no máximo dois salários mínimos no Vale do Sinos. Os dados mostram que em junho de 2017 entre admitidos e desligados somente um jovem com até 17 anos ganhava dois salários mínimos. Por outro lado, é importante destacar que caiu de 93 para 32 o número de jovens que ganhavam até 0,50 salário mínimo, ao passo que cresceu de 61 para 90 o número de jovens com até 17 anos ganhando mensalmente entre 1,01 e 1,5 salário mínimo. Ainda assim, a maior parte dessa faixa etária, com 168 jovens (57,73%), ganhava entre 0,51 e 1,0 salário mínimo.
A distribuição salarial de quem possui entre 18 e 29 anos varia entre 0,50 até acima de 20 salários mínimos. Entretanto, houve variação positiva somente em três faixas salariais em junho de 2017. Um jovem apenas ganhava 0,50 salário mínimo e 14 jovens ganhavam até 7,0 salários mínimos. A concentração maior estava na faixa entre 1,0 e 1,5 salário mínimo. Tal fato possibilitou um saldo positivo de 438 entre admitidos e desligados nessa faixa. Ao incluir os saldos negativos das outras faixas salariais, chegamos ao número de 251 jovens entre 18 e 29 anos com emprego formal.
Se consideradas as movimentações no emprego formal para trabalhadores de até 17 anos de idade, o Ensino Médio Incompleto foi o grau de instrução que representou maior quantidade de admissões em junho de 2017 no Vale do Sinos (237), pelo menos vinte vezes superior ao do mesmo mês do ano passado. Assim, de uma participação de 9,17% em junho de 2016 nas admissões dos municípios do Vale do Sinos, passou para 81,44% em junho de 2017. Novo Hamburgo representou 29,11% dos postos de trabalho criados, Campo Bom 28,27% e Canoas 8,44%; juntos, os três municípios somam mais de 65% das admissões de jovens de até 17 anos do Vale do Sinos. Para jovens com Ensino Médio Completo, o crescimento entre os anos foi de 15,15%, sendo identificada a maior incidência de movimentações novamente em Novo Hamburgo.
Por outro lado, jovens analfabetos não apresentaram movimentações tanto de admissão quanto de desligamento no mesmo período. Outros com até o 5º ano Fundamental Incompleto ou Completo e de 6º a 9º ano do Ensino Fundamental Incompleto ou Completo sofreram queda na participação entre um ano e outro, sendo percebida maior volatilidade para jovens trabalhadores com instrução de 6º a 9º ano do Ensino Fundamental com a contração dos postos e trabalho em 98,25% entre junho de 2016 e junho de 2017. Os municípios que registraram os desligamentos foram São Leopoldo, Campo Bom, Esteio e Sapucaia do Sul. Em junho de 2016, tal instrução representava mais da metade das admissões de jovens no Vale do Sinos, cedendo espaço para o posterior crescimento das admissões de jovens com instrução a partir do Ensino Médio.
O reflexo de tal reconfiguração, que combina mais jovens nos ambientes de trabalho à crescente qualificação destes, pode ser motivado pela inserção de aprendizes, que tem como requisitos: ter idade entre 14 e 24 anos e estar cursando Ensino Fundamental, Médio ou Superior (o nível de escolaridade fica a cargo da empresa que o contratar). A iniciativa leva obrigatoriamente à contratação do Jovem Aprendiz por CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, sendo a carga horária reduzida e o salário definido pela empresa. Cabe destacar que o interesse em incluir mais jovens nas organizações possa ter viés de redução de custos através do pagamento de um salário mais baixo relativamente do que em outros tipos de contratações; ainda assim, o Jovem Aprendiz tem sido para muitos jovens a porta de entrada da carreira profissional.
Confirmando a tendência anterior sobre a crescente inserção de jovens de até 17 anos com maior escolaridade, estendemos as evidências para jovens entre 18 e 29 anos de idade. Nessa faixa etária, jovens com Ensino Médio Completo ilustraram uma contração de 50% na criação de postos de trabalho, passando de um saldo de movimentações de 398 em junho de 2016 para 197 em junho de 2017. Abaixo do Ensino Médio Completo, todos os níveis de escolaridade passaram de singelas admissões a significantes desligamentos, mostrando novamente a preferência por jovens mais qualificados para os postos de trabalho. Os municípios com mais desligamentos foram: Nova Hartz, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Canoas.
Para jovens com idades entre 18 e 29 anos, o crescimento de admissões entre junho de 2016 e junho de 2017 se deu apenas para aqueles com Ensino Superior Incompleto, partindo de 45 para 121, o que significa que quase triplicaram. Interessante confirmar esse dado comparando a participação de um ano para outro: em junho de 2016, 9,36% dos postos de trabalho do Vale do Sinos para essa faixa etária foram assumidos por jovens com Ensino Superior Incompleto e, em junho de 2017, esse percentual foi de 48,6%; os municípios com mais admissões foram, respectivamente, São Leopoldo, Esteio, Sapiranga, Campo Bom e Estância Velha. Já para jovens com Ensino Superior Completo o percentual de crescimento de admissões de um ano para outro foi de 84,8%; os principais municípios onde as admissões se deram foram Campo Bom, Novo Hamburgo, Canoas, São Leopoldo e Sapucaia do Sul. Se somadas as movimentações de jovens com Ensino Superior Incompleto e Completo em junho de 2017, São Leopoldo representa aproximadamente uma em cada três admissões no Vale do Sinos, chegando a 56 admissões, seguido de Esteio, com 30 admissões, e Novo Hamburgo, com 25.
O Vale do Sinos possuía, em junho de 2016, 109 jovens de até 17 anos no mercado formal distribuídos entre os oito setores analisados. Em junho de 2017, esse número passou para 291. Tal aumento pode ser explicado também como reflexo da crise econômica. A maior inserção de jovens até 17 anos no mercado formal nesse último um ano deve-se ao desemprego de membros familiares, queda do salário real, maior procura por empregos com carteira assinada ou o fato de as empresas estarem contratando mais jovens por conta de uma mão de obra mais barata, tendo em vista que esses ainda estão em processo de formação.
O setor que mais empregou jovens até 17 anos foi a indústria de transformação. No mês de junho de 2017 o setor foi responsável por 48,79% (142) dos admitidos, enquanto no mesmo período do ano passado foram 72,48% (79) dos admitidos. A comparação mostra que apenas em números absolutos houve aumento de jovens até 17 anos no mercado de trabalho formal.
As informações ainda mostram que a inserção de mais jovens de até 17 anos alterou substancialmente a distribuição dessa faixa etária entre os setores econômicos. O setor de serviços teve saldo positivo de 37 em junho de 2016; já quando se analisa junho de 2017, esse número passa para 64 (+72,97%). Outro setor foi o comércio, que registrou saldo negativo de menos 12 postos de trabalho, enquanto no mês de junho de 2017 o saldo foi de 70 novos postos de trabalho.
O município de Novo Hamburgo foi o que mais teve jovens até 17 anos admitidos no mês de junho de 2017 (75). Dois Irmãos era o município que ocupava essa posição até junho do ano passado. Outros municípios como Campo Bom, Canoas, Dois Irmãos, Ivoti, São Leopoldo e Sapiranga também reduziram o número de jovens com até 17 anos no mercado formal entre junho de 2016 e junho de 2017.
Ao analisar a faixa etária entre 18 e 29 anos, os dados desvendam outras realidades. O saldo entre admitidos e desligados em junho de 2016 foi de 481 jovens. O saldo positivo manteve-se em junho de 2017, entretanto o saldo caiu para 249 (-48,23% em relação ao mesmo período de 2016).
Os setores econômicos para faixa entre 18 e 29 anos também passou por transformações. Em junho de 2016, a indústria da transformação empregou 290 jovens nessa faixa etária. O setor correspondia a 60,29% dos 481 postos abertos no período. Essa situação muda consideravelmente em junho de 2017, quando o setor saiu de um saldo positivo de 290 para 31. Esses jovens de 18 a 29 anos passaram a ingressar nos setores de comércio e serviços. Esse primeiro setor saltou de um saldo positivo de 9 para 133 e o setor de serviços, de 89 para 124.
Apenas três municípios da região do Vale do Sinos (Dois Irmãos, Estância Velha e Esteio) conseguiram ampliar o número do saldo positivo entre admitidos e desligados na faixa etária entre 18 e 29 anos. Os municípios de Ivoti e Nova Hartz são os únicos municípios que seguem apresentando saldo negativo em comparação com junho de 2016 e junho de 2017.
Ampliando a análise, surge a necessidade de cruzar os dados capazes de traçar o perfil das juventudes trabalhadoras com as ocupações em que estão alocadas. As admissões de jovens de até 17 anos foram, em junho de 2017, fortemente concentradas na ocupação de escriturário, que presta atendimento aos clientes, confere documentos e relatórios, realiza lançamentos, acompanha a movimentação financeira, analisa registros, entre outros: com crescimento de postos de trabalho em pelo menos cinco vezes, representou 43% do total de admissões do Vale do Sinos em junho de 2017. Novo Hamburgo representou 21,6% desse resultado e Campo Bom, 18,4%. A ocupação de escriturário também significou 73,9% das admissões de jovens de até 17 anos de idade do município de Portão, 59,26% das admissões em Canoas, 36,5% das admissões em Campo Bom e 31,76% das admissões em Novo Hamburgo.
Para mostrar quão concentradas são as admissões da faixa etária em algumas ocupações, em junho de 2017, temos que: em Novo Hamburgo 15,29% das admissões foram de Vendedores e Prestadores de Serviços do Comércio e 14,12% de Trabalhadores nas Indústrias Têxtil, do Curtimento, do Vestuário e das Artes Gráficas; em Campo Bom, 60,32% das admissões foram de Trabalhadores de Instalações e Máquinas de Fabricação de Celulose e Papel; e, em Canoas, 55,56% das admissões foram de Vendedores e Prestadores de Serviços do Comércio. Inversamente, a ocupação que mais indicou desligamentos para jovens de até 17 anos foi a de Trabalhadores nas Indústrias Têxtil, do Curtimento, do Vestuário e das Artes Gráficas, passando de uma participação de 61,47% em junho de 2016 para 18,21% das admissões totais do Vale do Sinos em junho de 2017. Em junho de 2016, Dois Irmãos representava 73,13% das admissões dessa ocupação no Vale do Sinos.
Pautando agora as características ocupacionais para a faixa etária que engloba jovens de 18 a 29 anos, as admissões partiram de 481 em junho de 2016 para 249 em junho de 2017, sendo a queda conduzida em 14,77% por desligamentos de Vendedores e Prestadores de Serviços do Comércio, 13,38% por Escriturários, 12,22% por Trabalhadores dos Serviços e 11,1% por Trabalhadores nas Indústrias Têxtil, do Curtimento, do Vestuário e das Artes Gráficas. O saldo mais positivo do acumulado dos meses no Vale do Sinos foi o de Novo Hamburgo, com acréscimo de 220 postos de trabalho, e o único negativo foi o de Nova Hartz, com a perda de 73 postos de trabalho desencadeados pela contração de empregos de jovens nas Indústrias Têxtil, do Curtimento, do Vestuário e das Artes Gráficas. Tal apontamento, tangente ao Vale do Sinos, fez com que o número de postos de Trabalhadores nas Indústrias Têxtil, do Curtimento, do Vestuário e das Artes Gráficas caísse quase três vezes entre o período analisado.
Destaca-se que Trabalhadores de Funções Transversais – tais como operadores de robôs, de veículos operados e controlados remotamente, condutores de equipamento de elevação e movimentação de cargas etc. – apresentaram o maior crescimento entre as ocupações de jovens de 18 a 29 anos: 26% de junho de 2016 para junho de 2017, saindo de uma participação de 24,32% do total de admissões em junho de 2016 para outra de 59,04% em junho de 2017. Assim, de um ano para outro, Novo Hamburgo perdeu participação (de 58,1% para 41,5%), mas segue como o principal município; Canoas passou de 9,4% para 22,45%; e São Leopoldo passou de 5,98% para 17,69%; assim, os três figuram com a maior participação da ocupação no Vale do Sinos. Análogo a essa evidência, temos o debate contemporâneo sobre a crescente substituibilidade do trabalhador por máquina, tão logo que crescem os postos para homens operarem máquinas que um dia talvez e provavelmente exercerão seu trabalho.
O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, acessou a pesquisa “Estudos sobre demanda potencial pela Educação de Jovens e Adultos em Porto Alegre: Subsídios para a luta pelo não desmantelamento da EJA municipal”, elaborada pelo Núcleo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e Adultos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - NIEPE-EJA/UFRGS. O estudo foi promovido para a realização de uma análise sobre as realidades da Educação de jovens e adultos - EJA de Porto Alegre.
Conforme a pesquisa, a demanda potencial é de mais de 300 mil pessoas para essa modalidade de ensino, sendo os maiores de 15 anos a parcela superior deste número. Atualmente, existem 6.233 alunos de EJA nas 32 escolas de Porto Alegre que trabalham com a modalidade.
Com o objetivo de contribuir na avaliação das políticas públicas voltadas à EJA, a publicação se baseia na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, que afirma que o acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo e qualquer cidadão pode acionar o poder público para exigi-lo. Além disso, compete ao poder público recensear anualmente os jovens adultos que não concluíram a educação básica, através de chamada pública.
O estudo indica que a demanda potencial por EJA se distribui de forma desigual em Porto Alegre e que a maior parte se concentra nas periferias do município. De acordo com os dados apresentados, a estimativa de população analfabeta na capital é de 22.743 pessoas e a estimativa da população sem ensino fundamental, maiores de 15 anos, é de 312.875 pessoas.
O Núcleo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e Adultos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul ainda afirma que, dada a demanda potencial e sua distribuição, fechar escolas ou centralizar o atendimento à EJA não é uma medida eficaz.
Os dados foram analisados através do Censo Demográfico de 2010 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD de 2016, ambos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
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A taxa de desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA era de 11,1% em maio de 2017, passou para 11,0% em junho, revelando mais uma vez uma relativa estabilidade. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (27) pela Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Porto Alegre – PED-RMPA pela Fundação de Economia e Estatística – FEE, pela Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social – FGTAS e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE.
Eis o texto:
Ao todo, estima-se que 195 mil pessoas estejam desempregadas na Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA, uma redução de cinco mil indivíduos em relação ao mês anterior. Esse resultado deve-se a saída de pessoas da força de trabalho (menos 31 mil, ou -1,7%) ter sido superior à redução da ocupação (menos 26 mil, ou -1,6%). Para a economista da FEE, Iracema Castelo Branco, a saída de pessoas do mercado de trabalho tem sido a tendência geral desde 2016, o que reduz a pressão para aumento do desemprego. “A parcela de idosos com 60 anos e mais está crescendo e quem pode está optando pela aposentadoria devido ao receio de mudanças na previdência social. Além disso, segue aumentando a proporção de jovens que somente estuda e não participa do mercado de trabalho”, explica.
Em relação aos setores de atividade econômica, junho registra aumento na indústria (mais 5 mil ocupados, ou 2,1%). Por outro lado, houve diminuição do nível ocupacional na construção (menos 11 mil ocupados, ou -9,0%), no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (menos 9 mil ocupados, ou -2,7%) e nos serviços (menos 9 mil ocupados, ou -1,0%).
O trabalho assalariado se manteve praticamente estável, com variação de 0,1% (mil postos de trabalho), em junho, enquanto houve relativa estabilidade do emprego no setor privado (mais 2 mil, ou 0,2%) “É importante destacar que, no setor privado, a variação decorre tanto do aumento de empregos com carteira (mais 5 mil, ou 0,6%), quanto da redução dos sem carteira (menos 3 mil, ou -4,1%)”, pontua Iracema Castelo Branco. O mês de junho apresentou retração entre trabalhadores do setor público (menos 3 mil, ou -1,8%), autônomos (menos 12 mil, ou -4,8%) e entre os empregados domésticos (menos 12 mil, ou -12,2%).
Entre junho de 2016 e junho de 2017, a taxa de desemprego total, na Região Metropolitana de Porto Alegre aumentou de 10,3% para 11,0% da População Economicamente Ativa.
Íntegra disponível aqui.
A Fundação de Economia e Estatística – FEE divulgou, no dia 13/07, a Carta de Conjuntura do mês de julho. A publicação tem como objetivo discutir a conjuntura econômica mundial, nacional e regional. Um dos destaques desta publicação foi a crise econômica e a desigualdade salarial na Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA. Os dados mostram que a taxa de desemprego subiu de 5,9% em 2014 para 8,7% em 2015 e para 10,7% em 2016. O contingente de trabalhadores formais desempregados na Região Metropolitana de Porto Alegre passou de 113 mil para 202 mil durante esse período.
O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, compartilha a pesquisa desenvolvida pelo economista da FEE, Raul Luís Assumpção Bastos.
Durante a crise econômica, ocorreu acentuada deterioração do mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). De acordo com os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego na RMPA (PED-RMPA), a taxa de desemprego total elevou-se de 5,9% em 2014 para 8,7% em 2015 e para 10,7% em 2016. Na comparação de 2014 com 2016, o contingente de desempregados na Região teve um acréscimo de 89 mil pessoas, passando de 113 mil para 202 mil desempregados.
Quanto aos rendimentos do trabalho, os salários reais tiveram um comportamento bastante adverso na conjuntura de crise econômica. O salário médio real, que havia tido uma leve variação negativa em 2014, evidenciou uma queda abrupta de 8,2% em 2015 e de 7,3% em 2016, situando-se no menor patamar da série histórica da Pesquisa, cuja primeira média anual é a de 1993. A questão que este texto propõe é se essa enorme redução do salário médio real implicou, também, em aumento da desigualdade da estrutura salarial na RMPA. Para procurar respondê-la, serão apresentadas, a seguir, evidências sobre esse tema.
De acordo com o que se pode constatar no Gráfico 1, o Coeficiente de Gini dos salários-hora reais na Região Metropolitana de Porto Alegre mostra uma inequívoca tendência de queda durante a crise econômica, tendo passado de 0,3847 em 2014 para 0,3730 em 2015 e para 0,3418 em 2016. Portanto, a questão acima proposta tem uma clara resposta: a conjuntura de crise econômica não trouxe consigo elevação da desigualdade dos rendimentos do trabalho assalariado; pelo contrário, ela provocou uma considerável redução da desigualdade salarial.
Caberia, brevemente, investigar o que houve com a estrutura salarial da Região Metropolitana de Porto Alegre na crise econômica para procurar encontrar as causas da queda na sua desigualdade. Tendo como referência esse propósito, a estrutura salarial da Região foi seccionada em pontos com igual espaçamento, de 5,0%, os quais serão denominados de vintis. Ao se observar o comportamento dos vintis dos salários-hora reais, será possível conhecer a evolução das diferentes partes da estrutura salarial na crise econômica.
A esse respeito, ao se compararem as taxas de variação dos vintis dos salários-hora reais da base e do topo da estrutura salarial da Região Metropolitana de Porto Alegre, constata-se que aqueles localizados no topo tiveram uma redução extremamente acentuada, diferentemente do que ocorreu com aqueles localizados na base (Gráfico 2). Nesse sentido, por exemplo, enquanto o 19.° vintil dos salários-hora reais teve uma queda de 26,3% na comparação de 2016 com 2014, o 1.° vintil dos salários-hora reais registrou uma redução de somente 2,8% nessa mesma referência comparativa. Pode-se perceber que esses comportamentos se configuraram em um padrão — ainda que com magnitudes distintas — para os vintis localizados no topo e na base da estrutura salarial da Região Metropolitana de Porto Alegre durante a crise econômica.
Como decorrência desses comportamentos, houve uma redução da desigualdade da estrutura salarial da Região Metropolitana de Porto Alegre — ou seja, da sua dispersão — durante a crise econômica. Isso pode ser confirmado pela evolução de uma medida de dispersão salarial — a razão 19.°/1.° vintil dos salários-hora reais —, que apresentou uma queda de 6,92 em 2014 para 6,43 em 2015 e, posteriormente, para 5,25 em 2016.
Por fim, é importante assinalar que a pequena redução do 1.° vintil dos salários-hora reais na Região Metropolitana de Porto Alegre, durante a crise econômica, deve-se, possivelmente, ao fato de desse vintil estar em torno do salário-hora mínimo real. Ou seja, é provável que a existência dessa forma de regulação institucional dos salários, no País, tenha limitado perdas de maior magnitude na base da estrutura salarial, na conjuntura da crise econômica, em 2015 e 2016.
Acesse aqui o texto no site da FEE.
O Brasil, desde 2009, é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com consumo médio mensal de 5,2 quilos de veneno agrícola por habitante. Esta é a informação do Instituto Nacional do Câncer - INCA no documento que lançou contra o uso de agrotóxicos no Brasil. De acordo com o documento, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal – Sindiveg aponta que foram vendidos, em 2002, 313.824 toneladas de agrotóxicos, com um faturamento de US$ 2,5 bilhões. O Sindiveg diz que até 2014 o crescimento da venda de agrotóxicos foi ininterrupto, com 914.220 toneladas vendidas e um faturamento de US$ 12,2 bilhões. Isso significa que em 15 anos o volume comercializado de agrotóxicos aumentou 191% e o faturamento em dólares aumentou 388%.
As feiras agroecológicas e/ou orgânicas têm sido uma das alternativas para uma alimentação mais saudável. Segundo o Projeto Tenda Viva, a Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA contava, em 2016, com 14 feiras orgânicas nos municípios de Canoas, Novo Hamburgo, Porto Alegre e São Leopoldo. A Ecofeira Unisinos é uma das feiras orgânicas que acontece na RMPA. Ela foi lançada em 08-06-2016 como um projeto coletivo por instâncias da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, produtores agroecológicos da região e entidades parceiras, como a EMATER.
A Ecofeira acontece às quartas-feiras, das 10h às 18h, no corredor central da Unisinos (em frente ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU) São Leopoldo. O espaço semanal é uma mostra da produção agroecológica e orgânica da região do Vale do Rio dos Sinos, de comercialização justa e de consumo consciente, articulando as experiências de informação e formação dos produtores, da comunidade acadêmica e comunidade local para uma alimentação saudável e desenvolvimento afirmador da sociedade sustentável. Um dos diferenciais da Ecofeira Unisinos é que ela vai além da mostra e comercialização de alimentos. O seu espaço é de informação e formação ao fazer atividades culturais simultâneas à feira. O propósito é incentivar a formação sobre a agricultura orgânica e suas implicações com o desenvolvimento.
Durante esse primeiro ano de Ecofeira Unisinos, foi possível participar da degustação de alimentos com Plantas Alimentícias Não Convencionais - PANC’S oferecida pelos alunos do Curso de Gastronomia e Nutrição sob coordenação da Profa. Dra. Signorá Konrad. Outra atividade de destaque na Ecofeira foram as Oficinas realizadas pela pesquisadora Denise Schnorr, do Instituto Anchietano de Pesquisa Unisinos.
Uma das oficinas realizadas por Schnorr oportunizou a aproximação com algumas plantas do grupo da estação e da sua ação junto às doenças da época. Uma das questões abordadas foi o possível risco de extinção da erva marcela por conta do extrativismo, do comércio exploratório e do uso de agrotóxicos. “O que se percebe nas áreas rurais é que existe uma retirada, bastante grande, muitas vezes de forma errada, na época de colheita da planta. Em vez de tirar os ramos, toda planta é arrancada para o comércio, sem cuidados”, apontou Denise Schnorr. Clique aqui para assistir vídeo da Oficina: Plantas Medicinais da Pesquisadora Denise Schnorr.
Outra atividade desenvolvida pela Ecofeira é o Cine-Vídeo, coordenado pela professora Raquel Chesini, do Curso de Gastronomia. Um dos filmes apresentados foi “Alimentos Orgânicos”, que mostrou a produção orgânica e os conceitos, com depoimentos de produtores e consumidores do Brasil, com destaque para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O Círculo Cultural também acontece na Ecofeira Unisinos. A atividade prevê músicas, cantos, poesias, danças etc. durante a feira. O objetivo do Círculo Cultural é “buscar o protagonismo e o envolvimento das e dos estudantes, professoras e professores, bem como dos demais trabalhadoras e trabalhadores da Universidade e pessoas convidadas", comentou Telmo Adams, coordenador do Círculo Cultural.
Conforme a coordenadora da atividade, Profa. Dra. Signorá Konrad, a filosofia Ayurvedica teve sua criação no oriente, há mais de cinco mil anos, e se preocupa com o cuidado físico, mental e emocional das pessoas. Nesse aspecto, a alimentação baseada na Ayurveda se diferencia da cultura ocidental. “Tudo começa a partir do cuidado do corpo. No enfoque ocidental há uma separação entre corpo e mente. Para os orientais não existe esta separação, depende do conjunto do que a pessoa consome. O enfoque na alimentação ocidental é regido através de normas que mudam constantemente e que são baseadas na ciência”, explica Signorá.
Dentre os princípios que regem a filosofia Ayurvedica, a alimentação tem um papel essencial. A professora Signorá explica que ela é importante, pois é conduzida pelos seis sabores (doce, ácido, salgado, picante, amargo e adstringente) e pelos cinco elementos da natureza (ar, agua, éter, fogo e terra), que estão contidos nos alimentos. Com a junção desse conhecimento, as pessoas podem buscar o equilíbrio da alimentação e, com isso, melhorar a saúde. “A filosofia diz que a dieta tem que ser individualizada. No oriente, existe o conhecimento de que cada alimento vem com toda sua bagagem de sabor, temperatura (alguns aquecem outros resfriam) e, dependendo de cada pessoa, ele vai ser harmonizado ou desarmonizado de acordo com os sabores que ingerirem. O ideal é que se tenha os seis sabores numa refeição”, revela.
A oficina também contou com a participação especial do Dr. Marco Scouto, que abordou o tema “A importância da nutrição Sensu Lato na Saúde”. De acordo com o médico, o equilíbrio na alimentação e o consumo de produtos naturais são fundamentais para a saúde das pessoas. “O ideal de um médico é que a medicina deixe de existir e as pessoas tenham simplesmente saúde. Mas a gente vive um processo de saúde e doença. Em primeiro lugar, o melhor alimento é o leite materno e, em segundo, o melhor é o fruto colhido direto do pé”.
Para Scouto, é importante que a população se alimente com produtos que façam bem ao corpo e que não sejam industrializados. “Disse o pai da medicina, Hipócrates: ‘Nós somos o que comemos, e faz do teu alimento o teu medicamento’. E eu digo mais: come aquilo que faz bem para ti, que faz bem para teu corpo e não apenas aquilo que tu queres”, afirma.
A programação cultural da Ecofeira Unisinos reinicia na segunda semana de agosto com a Oficina sobre Plantas Medicinais. A mostra e comercialização de produtos segue acontecendo ao longo do mês de julho, todas as quartas-feiras, no corredor central, em frente ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU, e nas sextas-feiras, em frente ao TecnoSinos.
Acompanhe aqui a programação da Ecofeira Unisinos.