Dando seguimento à sistematização e análise da movimentação no mercado de trabalho formal no mês de junho na região do Vale do Sinos, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - Observasinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, reuniu os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED, disponibilizados mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.
A partir do acompanhamento mensal da movimentação do trabalho formal – lembrando que o Vale do Sinos apresentou no mês de maio desligamentos da ordem de 1.183, revertendo a trajetória positiva até então –, o saldo de junho foi negativo (248 desligamentos), ilustrando, novamente, uma contração de 9,6% no total semestral. Esse apontamento tem reflexo especialmente sobre Canoas, que representa aproximadamente 25% dos desligamentos feitos no Vale do Sinos no primeiro semestre de 2017. O município já registrava a movimentação mais negativa, e de maio para junho aumentou em 99,2% o número de desligamentos, assim como Nova Hartz, onde o número de desligamentos mais que dobrou. Campo Bom e Dois Irmãos também aumentaram significativamente o número de desligamentos.
Na contramão, municípios que conseguiram manter o saldo positivo ainda em junho, aumentaram as admissões relativamente abaixo do aumento de desligamentos observados em outros municípios do Vale do Sinos: são os casos de Novo Hamburgo, com acréscimo de 16% de admissões de maio a junho, e de Estância Velha, com acréscimo de 11,5%. Esteio teve saldo negativo em maio, e em junho os desligamentos superaram as admissões.
Por sua vez, a capital Porto Alegre apresentou um avanço de 41,5% nos desligamentos em relação ao mês anterior, impactando na intensificação do saldo de movimentação negativo ao longo do ano de 2017. O estado do Rio Grande do Sul partiu de um saldo continuamente positivo para a realidade de mais de nove mil desligamentos em junho, tornando negativo o saldo de movimentação do trabalho formal do ano até então.
Os setores da economia em junho
Observa-se, logo, contração no mercado de trabalho formal em nove dos catorze municípios do Vale do Sinos, na capital gaúcha e em grande escala no estado. Procurando justificar, o Vale do Sinos representa 12,9% e Porto Alegre, 21% dos desligamentos feitos no Rio Grande do Sul no primeiro semestre do ano. Considerando os dois últimos meses, o Vale do Sinos como um todo acumulou 1.431 desligamentos e o estado, 21.873 desligamentos, levando este último ao pior cenário do emprego para o ano.
Fazendo a segmentação setorial do mês de junho, o município de Ivoti não denunciou saldo de movimentação, e outros como Nova Santa Rita, São Leopoldo e Portão não foram significativos. O setor mais marcado por desligamentos continuou sendo a Indústria de Transformação: no Rio Grande do Sul o setor representou 31,6% dos desligamentos, e no Vale do Sinos 36,4% dos desligamentos industriais se deram em Campo Bom, 25,9% em Nova Hartz e 20,6% em Sapucaia do Sul. Novo Hamburgo reverteu a situação de 208 desligamentos do setor em maio e apresentou o melhor saldo do setor em junho.
Já na Construção Civil, Canoas se mantém com a trajetória de desligamentos, enquanto São Leopoldo e Esteio exibem os saldos de movimentação positivos do Vale do Sinos. Para Canoas, foi grande o peso de desligamentos no setor de Serviços no total do município: perto de 80%, cinco vezes maior do que o número do mês anterior; inversamente, tal setor encontrou em Sapucaia do Sul seu melhor desempenho, compensando a contração de empregos na Indústria de Transformação e no Comércio ocorrida no município. Além de Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Portão também geraram vagas nos Serviços.
O Comércio novamente figurou em junho de 2017 com o saldo de movimentações mais positivo do Vale, com 64 admissões. Ocorreram 46 admissões em Estância Velha, 35 em Dois Irmãos, 34 em Canoas e 23 em Campo Bom, apesar dos significantes desligamentos em Sapucaia do Sul (49), Sapiranga (29) e São Leopoldo (20).
A Indústria de Transformação, junto ao Comércio (19,58%), Serviços (12,24%) e Construção Civil (7,47%), citados acima como origens das principais movimentações no Vale do Sinos, desenham mais de 70% dos desligamentos do Rio Grande do Sul no mês de junho. No estado, o segundo colocado em número de desligamentos – atrás apenas da Indústria de Transformação – continuou sendo o Agropecuário, extrativo vegetal, caça e pesca, com 25,57% destes, porém o Vale do Sinos registrou 12 admissões no setor, sendo inconclusivo o peso no total estadual.