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Estima-se que 206 mil pessoas estejam desempregadas na Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA em novembro de 2016, o que indica 10,8% da população economicamente ativa. De outubro a novembro, houve redução de 1,4% no nível de ocupação, ocorrendo redução de 7,6% na indústria de transformação, ou seja, menos 22 mil ocupados.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, compartilha a nota da Fundação de Economia e Estatística – FEE sobre a movimentação no mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre em novembro de 2016.

Eis a nota.

A taxa de desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) se manteve estável em novembro de 2016, enquanto o nível ocupacional voltou a se retrair. O rendimento médio real referente ao mês de outubro de 2016 apresentou variações positivas para os ocupados e para os assalariados. Os dados integram a Pesquisa de Emprego e Desemprego, divulgada nesta segunda-feira (19), pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), pela Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).

Ao todo, estima-se que 206 mil pessoas estejam desempregadas, o que corresponde a 10,8% da População Economicamente Ativa. O resultado sinaliza uma redução de três mil indivíduos em relação ao mês anterior e decorre da redução da ocupação (menos 25 mil pessoas, -1,4%) ter sido inferior ao número de pessoas que saíram do mercado de trabalho (menos 28 mil, -1,4%). Para a economista da FEE Iracema Castelo Branco, Coordenadora do Núcleo de Análise Socioeconômica e Estatística, “O nível ocupacional continua se retraindo em consequência da recessão econômica, desestimulando a procura por trabalho. A saída de pessoas do mercado de trabalho tem arrefecido o crescimento da taxa de desemprego”.

Com relação aos setores de atividade econômica, novembro registrou diminuição do nível ocupacional na indústria de transformação (menos 22 mil ocupados, ou -7,6%), no comércio; no setor de reparação de veículos automotores e motocicletas (menos 8 mil ocupados, ou -2,3%), e na construção (menos 5 mil ocupados, ou -3,8%). Por outro lado, houve aumento nos serviços, com mais 14 mil ocupados (1,5%).

Houve redução de 32 mil (-2,7%) postos de trabalho assalariado, principalmente no setor privado (menos 24 mil), e, em menor proporção, no setor público (menos 7 mil, ou -3,5%). Novembro registra também retração dos empregos com carteira (menos 20 mil, ou -2,2%) e, em menor medida, do sem carteira (menos 4 mil, ou -4,2%). Houve aumento no emprego doméstico (mais 4 mil, ou 4,1%) e no agregado demais posições, que inclui empregadores, donos de negócio familiar, trabalhadores familiares sem remuneração, profissionais liberais, etc. (mais 2 mil, ou 1,1%), além de variação positiva entre os trabalhadores autônomos (mais 1 mil, ou 0,4%).

Entre setembro e outubro de 2016, o rendimento médio real apresentou variação positiva tanto para o total de ocupados (0,9%) quanto para os assalariados (0,4%). O salário médio é de R$ 1.860 reais.

Comparativo com novembro de 2015 e perspectivas

Entre novembro de 2015 e novembro de 2016, a taxa de desemprego total na RMPA aumentou de 10,2% para 10,8% da População Economicamente Ativa. Na comparação anual, o contingente de desempregados aumentou em 11 mil pessoas. Esse resultado deve-se à redução do nível de ocupação (menos 15 mil postos de trabalho, ou -0,9%) ter sido superior à saída de pessoas do mercado de trabalho da Região (menos 4 mil, ou -0,2%).

Na comparação de 12 meses observa-se decréscimo de 0,9% no nível ocupacional. Setorialmente, esse resultado decorre de reduções nos serviços (menos 29 mil ocupados, ou -2,9%) e na indústria de transformação (menos 3 mil ocupados, ou -1,1%) e do aumento nas contratações no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (mais 20 mil ocupados, ou 6,3%) e na construção (mais 3 mil ocupados, ou 2,4%).

Entre outubro de 2015 e outubro de 2016, houve redução dos rendimentos médios reais de ocupados (-10,3%), assalariados (-5,1%) e autônomos (-8,7%).

“Diante da perspectiva de um cenário de fraco crescimento econômico para 2017, a tendência mais provável é de que a taxa de desemprego se mantenha elevada, o que contribui para um agravamento do processo de deterioração do mercado de trabalho”, analisa Iracema Castelo Branco. “Essa conjuntura reforça a necessidade de um acompanhamento sistemático dos indicadores do mercado de trabalho, realizada, há 25 anos, pela FEE e parceiros, através da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA)”, ressalta a economista.

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Em 2016, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, promoveu o edital de publicação para pesquisas e/ou experiências na região do Vale do Rio dos Sinos e Região Metropolitana de Porto Alegre, que contou com a participação de trabalhos que analisaram diversas realidades a partir de diferentes perspectivas.

O trabalho “Residência multiprofissional: dispositivos para um trabalho interdisciplinar” foi realizado por Andréia Sates, Marciane Diel, ambas graduadas em Serviço Social pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos e residentes no programa em saúde mental na Unisinos, Maíra Matos Mello, graduada em Serviço Social pela Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS e residente em saúde mental pela Unisinos, Bianca de Souza, graduada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS e residente em saúde mental pela Unisinos junto à tutora no programa de residência integrada multiprofissional em saúde mental e docente do curso de graduação de Serviço Social na Unisinos, Marla Fernanda Kuhn.

Eis o texto.

O presente artigo tem o intuito de refletir sobre o trabalho interdisciplinar, a inteligência emocional e a comunicação assertiva no âmbito da Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Mental. O objetivo é analisar as relações de trabalho entre as diversas disciplinas e a forma como estas se correlacionam no cotidiano profissional.

A escolha por esses assuntos deriva da vivência profissional desenvolvida no decorrer do processo de ensino/aprendizagem propiciado pelo campo da Residência Multiprofissional em Saúde Mental. Tal escolha também se deve ao fato de que as profissionais residentes perceberam, durante as vivências nos serviços, que existem alguns entraves no desenvolvimento do trabalho interdisciplinar.

Alguns apontamentos emergem desta relação, tais como a identificação do processo de construção e desconstrução do conhecimento e do ensino/aprendizagem no campo dos saberes e como estas interagem. Em meio às constatações, faz-se necessário aprofundar o entendimento sobre o que vem a ser trabalho multiprofissional e trabalho em equipe, destacando as diferenças que existem entre ambos.

A partir do compartilhamento do conhecimento específico de cada disciplina, obtêm-se proposições que contribuem efetivamente no desenvolvimento e no aprimoramento de um novo saber. Por isto, através de uma interação democrática é que os profissionais têm a oportunidade de compartilhar os saberes técnico-científicos específicos de suas profissões, promovendo assim a interação das disciplinas e possibilitando a construção e ampliação de um novo saber. Esta interlocução permite uma leitura crítica frente às realidades e propicia uma melhor interpretação dos fenômenos. Souza e Ribeiro (2013, p. 92), ao refletirem sobre como se dá a identificação do trabalho interdisciplinar, destacam que será possível a observação deste quando “se consegue incorporar os resultados” de várias disciplinas, cujos objetivos sofrerem modificação através da relação interdisciplinar.

Desenvolvimento

Como metodologia, optou-se por realizar uma revisão de literatura, e para isso, utilizou-se a pesquisa bibliográfica. Gil (2002, p. 44) depreende que “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Elucida que “A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. (GIL, 2002, p. 45).

A interdisciplinaridade não permite somente a troca de saberes, amplia a parceria, a mediação dos conhecimentos e a construção de diálogo entre as ciências. (CAVALCANTE; REIS; LIRA, 2011). Pensando na efetiva construção deste diálogo entre as ciências humanas e as demais ciências é que se elenca a importância do uso da técnica da comunicação assertiva no processo do trabalho interdisciplinar. Diante disso, surgem algumas barreiras e limites impostos à prática interdisciplinar, pois “ao reconhecer a complexidade dos fenômenos, está, de modo implícito, reconhecendo dialeticamente a necessidade de olhares diferenciados para um mesmo objeto e, dessa forma, não pode prescindir da especialização”. (VASCONCELOS, 2010, p. 50, grifo nosso). Há ainda, na atualidade, a dificuldade de trabalhar com olhares diferenciados para um mesmo objeto, o que limita a efetivação de inúmeras ações.

No entanto, cabe salientar que, independentemente dos obstáculos institucionais existentes, há que se lembrar de que, ao desenvolver o trabalho no campo das ciências humanas, assume-se um compromisso ético-político que compreende a troca de saberes e práticas, em prol daqueles que demandam atenção independentemente da profissão de cada um.

A escolha de analisar o trabalho interdisciplinar enfatizando a importância da inteligência emocional e da comunicação assertiva no desenvolvimento do trabalho multiprofissional advém da percepção do quão fragmentadas são as relações de trabalho entre os profissionais e até mesmo destes com os usuários.

Guebur, Poletto e Vieira (2007, p. 78) trazem em seu estudo as inteligências emocional e racional: “[...] a emoção alimenta e informa as operações da mente racional, e a mente racional refina e às vezes impede os desdobramentos das emoções. Portanto, inteligência emocional e inteligência racional devem complementar-se e estar em constante equilíbrio [...]”.

Discorrer sobre a inteligência emocional é falar sobre a forma que se deve demonstrar suas emoções com inteligência, ou seja, aguardar o momento correto de falar/se pronunciar/opinar. Ter calma e paciência para dar uma reposta clara e objetiva, fazendo-se entender. Ter cuidado no falar/questionar, para não agredir verbalmente o outro. Mas por que é tão difícil expressar-se da forma correta? Fazer com que o outro compreenda exatamente o que você está dizendo?

Muitas vezes, durante uma conversa, surgem discussões calorosas. E o mais fácil é fazer com que o outro se sinta culpado; a pessoa livra-se de toda a responsabilidade e joga para a outra. Desta forma sai tranquila da situação. Será? Quem faz isto simplesmente lava as mãos e não pega para si, mas no fundo será que não se questiona? Somos seres humanos, cometemos erros e buscamos a todo o momento nos tornar melhores em todas as dimensões do viver.

Segundo Gelis Filho e Blikstein (2013, p. 28), “Fugir de algumas armadilhas e desenvolver uma comunicação eficaz pode ser o caminho para estabelecer relações mais colaborativas no ambiente de trabalho”. Sendo assim, comunicar-se cordialmente, de forma clara e com empatia para com o colega de trabalho, colocar-se no lugar do outro para buscar compreender o que o outro está sentindo.

Surge então, a comunicação assertiva, na qual almejamos uma comunicação com respeito. Um respeito mútuo entre os profissionais no ambiente de trabalho. (GELIS FILHO; BLIKSTEIN, 2013). Comunicar-se de forma clara, objetiva e respeitosa. Falar com firmeza, sem ser agressivo.

Lidar com as emoções e comunicar-se de forma assertiva requer prática e consiste num caminho possível de construção da nossa saúde emocional. Desta forma estamos contribuindo para a efetivação de relações saudáveis e para os processos de trabalho voltados para a qualidade de vida.

Conclusão

No decorrer do período de experiência/vivência em serviços da Saúde Mental, as residentes observaram que as equipes sinalizam que trabalham na perspectiva da interdisciplinaridade. Porém, na prática, observa-se que muitas vezes as ações se dão isoladamente, ou seja, as disciplinas não se comunicam efetivamente. Cada profissional tem sua especificidade e trabalha com ela, não integrando as outras áreas profissionais.

Em alguns serviços, percebe-se que a especificidade se perde, o profissional exerce uma função generalista, olvidando-se de realizar muitas vezes o que compete a sua área de formação. Por vezes é difícil identificar as limitações e possibilidades no trabalho; isto evidencia a importância de reconhecer a área de formação/especificidade profissional.

O trabalho em equipe, no qual se pode contar com o colega de outra formação, é fundamental para o bom funcionamento de um serviço e reflete diretamente na qualidade do atendimento prestado ao usuário. Por isto, a importância do desenvolvimento do trabalho em equipe na perspectiva interdisciplinar, e não somente multiprofissional.

Conclui-se que, ao trabalhar em equipe, é necessário fazer uso da inteligência emocional a fim de desenvolver habilidades e competências para que haja um bom relacionamento com os colegas de trabalho. Utilizar a comunicação assertiva é fundamental para deixar claras as ideias, opiniões e para o trabalho fluir. A comunicação assertiva, segundo os autores citados, precisa de treino; coloquemo-nos a desenvolvê-la.

 

Referências

CAVALCANTE, Andreia Santos; REIS, Milane Lima; LIRA, Suzete Araujo de. Interdisciplinaridade e questão social: novo paradigma no trabalho do serviço social na Amazônia. In: CONFERÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO - CODE, 2., 2011, Brasília. Anais eletrônicos... Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2011. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/code2011/chamada2011/pdf/area2/area2-artigo30.pdf>. Acesso em: 12 set. 2016.

GELIS FILHO, Antônio; BLIKSTEIN, Izidoro. Comunicação Assertiva e o relacionamento nas empresas. GV-executivo, v. 12, n. 2, jul./dez. 2013. Disponível em: <http://rae.fgv.br/gv-executivo/vol12-num2-2013/comunicacao-assertiva-relacionamento-nas-empresas>. Acesso em: 10 set. 2016.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. Disponível em: <https://professores.faccat.br/moodle/pluginfile.php/13410/mod_resource/content/1/como_el aborar_projeto_de_pesquisa_-_antonio_carlos_gil.pdf>. Acesso em: 10 set. 2016.

GUEBUR, Andréa Zocateli; POLETTO, Cleusa Aparecida; VIEIRA, Daicy Maria Sipoly. Inteligência emocional no trabalho. Intersaberes, Curitiba, v. 2, n. 3, p. 71-96, jan./jun. 2007. Disponível em: <http://www.grupouninter.com.br/intersaberes/index.php/revista/article/view/108/81>. Acesso em: 10 set. 2016.

SOUZA, Ana Carolina Santos de; RIBEIRO, Mara Cristina. A interdisciplinaridade em um CAPS: a visão dos trabalhadores. Cadernos de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 21, n. 1, p. 91-98. 2013. Disponível em: <http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/734>. Acesso em: 24 set. 2016.

VASCONCELOS, Eduardo Mourão. O campo da Saúde Mental na perspectiva da Desinstitucionalização, da Cidadania e da Interdisciplinaridade. In: VASCONCELOS, Eduardo Mourão (Org.); ROSA, Lúcia Cristina dos Santos; PEREIRA, Ivana Carla Garcia; BISNETO, José Augusto. Saúde mental e serviço social: o desafio da subjetividade e da interdisciplinaridade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2010. p. 7-124.

Produto Interno Bruto do Vale do Sinos apresentou crescimento nominal de 5,92% de 2013 a 2014, com redução de 10,91% em Canoas. Economia da região representa 11,73% da do estado e é fortemente afetada pelo setor de serviços, que detém 72,35% do valor adicionado frente a 27,34% da indústria e 0,31% da agropecuária. PIB per capita da região mantém-se menor que o do estado.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados da Fundação de Economia e Estatística – FEE sobre o Produto Interno Bruto – PIB nos territórios do Vale do Sinos em 2014.

O PIB consiste, conforme metodologia adotada pelo Sistema de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, na soma dos agregados: impostos sobre produtos, valor adicionado a preços básicos, consumo pessoal, consumo do governo, formação bruta de capital fixo, variação de estoques, exportações e importações de bens e serviços.

A FEE publicou nota sobre os resultados do PIB para os municípios gaúchos em 2014. Destacou a participação dos serviços no valor agregado e apresentou São Leopoldo entre as 10 maiores economias do estado junto a Canoas e Novo Hamburgo. Em 2013, São Leopoldo era a 11ª maior economia estadual.

A tabela 01 apresenta o Produto Interno Bruto nos territórios do Vale do Sinos em 2014. Em relação a 2013, o PIB nominal da região cresceu 5,92% frente a crescimento de 7,7% do estado, ou seja, perdeu participação no PIB estadual. Este aumento não ocorre no PIB real, uma vez que o aumento dos preços foi superior ao aumento nominal do PIB no estado.

A participação do Vale do Sinos no PIB estadual é de 11,73%, sendo Canoas o município com maior participação: 2,79%. Este município também foi o único na região que apresentou redução nominal do PIB de 2013 a 2014, -10,91%. Ainda assim, mantém-se como o quarto maior PIB do estado.

Novo Hamburgo detém o 6º maior PIB estadual e São Leopoldo o 9º. Desta forma 3 municípios da região encontram-se entre as 10 maiores economias do estado. A região possui ainda 9 municípios dentre as 50 maiores economias.

O maior crescimento percentual do PIB no período deu-se em Araricá, com variação nominal de 24,18%, muito acima do crescimento da região, de apenas 5,92%. Ainda assim, o município representa apenas 0,04% do PIB estadual e 0,36% do da região.

A tabela 02 apresenta o Produto Interno Bruto per capita nos territórios do Vale do Sinos em 2014. O resultado da região ficou em 30.826 reais, abaixo do estado, que foi de R$31.927.

Em relação ao PIB per capita, apenas 1 município está entre as 50 maiores economias per capita: Dois Irmãos. O PIB per capita do município chegou a R$ 50.093 em 2014. Tal resultado pontua que a cada 1 unidade monetária gerada por trabalhador no estado, Dois Irmãos gera 1,57 unidades monetárias por trabalhador.

Os resultados apontam que metade dos municípios da região tem resultados superiores aos do estado. Em Nova Santa Rita a renda per capita de R$ 42.779 faz com que cada pessoa receba 34% a mais que a média do estado.

A tabela 03 apresenta a estrutura do valor adicionado bruto nos territórios do Vale do Sinos em 2014, subdividida em agropecuária, indústria e serviços. Assim como no estado, o setor de serviços representa a maior parte do valor adicionado, sendo 72,35% na região e 58,3% no estado. Este setor foi responsável pela maior parte do valor adicionado em 13 dos 14 municípios da região.

A exceção ocorre em Nova Hartz, município onde a indústria representa o maior valor adicionado, 57,13%.

Já a baixa participação da agropecuária é fator frequente em todos os municípios, sendo Portão o município onde este setor detém o maior valor adicionado percentual, 3,31%. No estado, dos 497 municípios, apenas 111 detêm a agropecuária como principal valor agregado.

Em Canoas, o setor de serviços representou, em 2014, 89,97% do valor adicionado bruto, o maior percentual da região. Conhecido como município dormitório, ou seja, município no qual o deslocamento externo para trabalho é intenso, a participação da indústria foi de apenas 9,97%.

O crescimento nominal de 5,92% na região foi menor que o do Brasil, de 8,39%. Já para 2016, uma das previsões, a do Banco Central, aponta redução para o PIB brasileiro de 4%, maior que a redução de 3,847% de 2015.

Por Matheus Nienow e Marilene Maia

O ano de 2016 foi marcado por fortes acontecimentos no mundo e em todo Brasil. Disputas no campo político, inclusive com o impeachment presidencial; agravamento da depressão na economia; perdas de direitos sociais; cortes orçamentários e atraso nos salários dos servidores. A judicialização das questões públicas e privadas passa a determinar a agenda do Executivo, do Legislativo e de toda a sociedade. O ano contou também com eleições municipais, que destacou o crescimento em abstenções e o desinteresse da população pela política. Ao mesmo tempo, ampliaram-se as mobilizações, que ocuparam as ruas, as escolas, as universidades, que apresentaram novos protagonismos com velhas e novas pautas sociais, econômicas e políticas.

Nos últimos meses de 2016, o Governo Federal passou a defender Projetos de Emenda à Constituição Federal, que incidem diretamente nos direitos de cidadania conquistados a duras penas em 1988. Os projetos apontam alterações na Previdência, na Educação, na Saúde, na Proteção Social, em relação aos seus propósitos, metodologias e recursos. Pautas que, apesar das resistências populares, têm sido apoiadas pelo Legislativo. Condição explicitada com a aprovação da PEC 55.

No âmbito estadual, recentemente o governador Ivo Sartori apresentou um pacote de medidas que prevê a extinção das organizações públicas responsáveis pela produção científica e intelectual do estado e consequente demissão de mais de mil servidores.

Essas realidades têm também suas expressões na Região Metropolitana de Porto Alegre e na Região do Vale do Sinos, que necessitam ser analisadas. Ao longo do ano de 2016, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Sinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU reuniu dados e sistematizou 63 análises sobre diferentes temas, que dão vistas aos cenários vividos e apontam desafios para os cenários afirmadores da vida que se quer viver.

Ambiente

Na questão do meio ambiente, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos reuniu dados sobre saneamento, poluição e resíduos, que revelam realidades que necessitam de políticas públicas garantidoras do cuidado, da proteção e do controle social.

A nota “Saneamento e sua (des)construção no Vale do Sinos” apontou dados sobre a bacia hidrográfica do Rio dos Sinos.

Ainda foi apresentado um panorama sobre a situação do Rio dos Sinos na região do Vale do Sinos. Um destaque que deve ser considerado é que o VS possui 74,89% do território na bacia hidrográfica do Rio dos Sinos. O município que tem a menor área é Ivoti, com 6,28%.

Outro destaque é o Índice de Potencial Poluidor da Indústria. Quatro municípios do Vale do Sinos aparecem no ranking, que contém 20 municípios. Canoas é o primeiro colocado, segundo dados do ano de 2009.

Mais um indicador apontado é em relação aos Planos de Gestão de Saneamento Básico e Resíduos Sólidos. Os Planos são requisitos para que a gestão municipal consiga recursos da União.

Educação

A Educação esteve em debate no ano de 2016. As ocupações escolares junto às greves protagonizadas por professores, estudantes e funcionários mexeram com o debate sobre o direito fundamental à educação.

No Vale do Sinos os dados sistematizados apontaram algumas realidades. Uma delas foi a questão de que na região 55% dos professores atuam 40 horas-aula ou mais semanalmente no Vale do Sinos. Outro destaque foi para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB nos quatorze municípios do Vale do Sinos e apresenta que os municípios de Canoas, Esteio, São Leopoldo, entre outros, não ultrapassaram a meta.

Em ano de eleições, destacou-se que mais de 35% do eleitorado não possui ensino fundamental completo no Vale do Sinos. A taxa de analfabetos ficou em 1,64%.

Moradia

Em 2016, o ObservaSinos dedicou o olhar para a moradia na sistematização intitulada “A realidade habitacional na RMPA”. No ranking de déficit habitacional da Região Metropolitana de Porto Alegre se encontra em primeiro lugar o município de Porto Alegre. Canoas aparece em segundo lugar e São Leopoldo em terceiro.

Proteção social

Um panorama sobre a proteção social também foi apresentado. Os dados sistematizados dialogam com outras categorias, como o trabalho. Na região do Vale do Sinos acontecem 17 acidentes de trabalho por dia. Um destaque positivo foi a diminuição do número de mães adolescentes na região. Onze municípios tiveram redução no número de jovens mães, com destaque para Estância Velha e Canoas. Em Sapucaia do Sul o número aumentou e chama a atenção.

Segurança

A segurança no Vale do Sinos foi observada a partir do índice de violência. O Mapa da Violência mostrou que as mortes no Vale do Sinos têm sexo, cor e idade. Os jovens tiveram destaque nos números apresentados. A realidade de suicídios, acidentes de transporte e homicídios foram apresentados.

A realidade da violência contra a mulher teve uma análise especial no Dia Internacional da Mulher, no início do ano. A notícia apresentou dados sobre o Mapa da Violência, com os homicídios de mulheres. Ainda foram apontados os índices da violência, com as notificações de estupro, ameaça, tentativa de feminicídio, entre outras.

Na continuidade do debate sobre a violência contra a mulher, a publicação “Estupro no Vale dos Sinos - indicadores desta cultura” deu seguimento às observações problematizadas. Nesse caso, o foco foram as situações de estupro. Um destaque é que as ocorrências diminuíram de 2014 para 2015.

Saúde

Um dado importante levantado foi o de que 68% dos adolescentes morrem por causas externas na região. O número de óbitos médios anuais, na faixa etária de 10 a 19 anos, é de 155 no Vale do Sinos, ou seja, quase 1 a cada 2 dias, sendo que 68% ocorrem por causas externas, como acidente de trânsito e violências; 81,01% destes óbitos são do sexo masculino.

Outro destaque do ano foi o de um óbito por HIV a cada dois dias no Vale do Sinos. De 2005 a 2014, ao menos 2.117 pessoas vieram a óbito em decorrência do HIV na região do Vale do Sinos. Uma realidade que tem afetado principalmente as faixas etárias de 30 a 59 anos, como exposto na tabela abaixo.

População

Houve aumento populacional na região do Vale do Sinos. As estimativas populacionais apontaram uma variação de 0,47% nos anos de 2015 e 2016. Esse indicador foi maior do que o Estado do Rio Grande do Sul, 0,34%, mas menor do que a variação do Brasil, 0,80%.

No acompanhamento da população da região do Vale do Sinos, as análises se debruçaram sobre a realidade política, tendo em consideração que 2016 foi ano de eleições municipais. Além disso, também foi importante observar nesse sentido a preparação para as mudanças de gestão no ano de 2017.

Um destaque foi o número de eleitores acima de 70 anos. O número aumentou, enquanto o de eleitores jovens teve queda no Vale do Sinos. Em 2016, 6,46% dos eleitores votantes tinham mais de 70 anos.

Outro dado que apresentou mudanças na região foi o da eleição de seis mulheres às prefeituras do Vale do Sinos. Dois Irmãos, Estância Velha, Ivoti, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo e Sapiranga são os municípios que elegeram mulheres para a gestão municipal a partir de 2017.

Apesar da representatividade feminina nas prefeituras, a situação dos vereadores não apresentou um resultado similar. Durante as eleições 67,59% dos candidatos a vereadores foram homens, tendo uma participação de jovens de apenas 7,32%.

Sobre os resultados das eleições, ocorreram 29,76% de abstenções, brancos e nulos nas eleições 2016 no Vale do Sinos. Em relação aos partidos políticos, o Partido dos Trabalhadores - PT passou de 39 vereadores eleitos, em 2012, para 26, em 2016, enquanto o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) passou de 30, em 2012, para 37, em 2014.

Em relação aos partidos presentes durante os processos de campanha eleitoral, o Vale do Rio dos Sinos contou com a participação de 30 partidos políticos. PMDB, PT e Partido Progressista (PP) tiveram uma maior participação e destaque, como apresentado no quadro abaixo:

O mundo do trabalho tem sido acompanhado mensalmente pelo ObservaSinos através dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED. As últimas observações sobre o trabalho formal mostraram que a construção civil tem aumentado os postos de emprego no Vale do Sinos. Ao mesmo tempo em que se observa que esse é o setor que mais mata trabalhadores no Brasil, também é o setor no qual o Governo Federal tem apostado para retomar o crescimento e geração de empregos no país.

Outro destaque foi sobre a indústria de calçados. Sabe-se que a presença desse setor na região já foi bastante forte e tem diminuído ao longo dos anos. Com essa diminuição, fica o questionamento: “Para onde está indo a indústria de calçados do Vale do Sinos?”. A partir dessa indagação, o ObservaSinos quis trazer contribuições sobre esse mercado, que apontam a saída desta indústria para regiões próximas, como o Vale do Paranhana, e para o Nordeste do Brasil.

Ações

2016 foi um ano cheio de desafios para o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos. Na busca de dar vistas às realidades encontradas a partir das sistematização de dados, o observatório realizou eventos e ações para intencionalizar o debate sobre o Vale do Sinos e a Região Metropolitana de Porto Alegre.

Nova página

Uma das principais ações do ObservaSinos no ano de 2016 foi o lançamento da nova página. O novo ambiente digital teve o propósito de qualificar o trabalho do Observatório em torno da análise e do debate sobre as realidades, em vista da qualificação das políticas públicas e da afirmação de um desenvolvimento pautado pela sociedade sustentável. Na tentativa de estreitar a relação do observatório com os interessados por acessar os dados através das sistematizações, se pensou uma página mais interativa e qualificada para facilitar o acesso aos dados.

Oficinas

Ao longo do ano o ObservaSinos realizou diversas oficinas. Entre elas, a Oficina – Exercício e Acesso à Base de Dados do IBGE/SIDRA, com o objetivo de ampliar as possibilidades de coleta e sistematização de dados públicos, apresentando o SIDRA como principal referência em um conjunto amplo de informações acerca da população e economia brasileiras. Essa oficina teve um viés mais geral de dados encontrados no Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA. Além dessa, ocorreram mais duas oficinas que falaram sobre os dados do IBGE.

Houve também oficinas com temas específicos: a Oficina - Realidades e Bases de Dados do DATASUS para aproximação dos dados de saúde pública; a Oficina – Linguagens de Comunicação para a Cidadania com o objetivo de entender o processo de comunicação para a cidadania a partir da análise dos processos comunicacionais das mídias; entre outras atividades que tematizaram os indicadores de trabalho, gestão colaborativa e indicadores.

Ecofeira

Uma novidade que foi impulsionada pelo ObservaSinos, junto a outros parceiros, foi a Ecofeira Unisinos. A partir de junho de 2016, uma feira orgânica passou a acontecer todas as quartas-feiras no corredor principal da Unisinos, Campus São Leopoldo. Além da mostra de alimentos, durante o ano diversas atividades foram acontecendo em paralelo à feira. Mutirão para a Horta Orgânica da universidade, Cinedebate, oficina sobre plantas medicinais, círculos culturais promovendo a cultura latino-americana, apresentações e distribuição de alimentos orgânicos foram só algumas das atividades envolvendo a Ecofeira Unisinos.

Dois destaques importantes foram o debate sobre as plantas ameaçadas de extinção, como o caso da macela, ou marcela, e o debate no IHU ideias: “Feiras Agroecológicas. Para quê?”, uma das primeiras ações que incentivaram a construção da Ecofeira Unisinos.

Diagnóstico Socioterritorial de Canoas

Em julho de 2016,o Diagnóstico Socioterritorial de Canoas foi concluído. Essa foi uma construção elaborada pelo Observatório da realidade e das políticas públicas – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, em parceria com o Curso de Serviço Social da Unisinos, junto com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social - Diretoria de Vigilância Socioassistencial e Serviços do município de Canoas.

O principal objetivo do Diagnóstico é apontar caminhos para a atuação da política de assistência social. “Essas situações são demandas das comunidades e existe o grande desafio de articulação com as outras secretarias para atender as demandas”, apontou Renato Teixeira, técnico e pesquisador que contribuiu na formulação do Diagnóstico na época da sua finalização.

Ciclo de Estudos: Saúde e segurança no trabalho na região do Vale do Rio dos Sinos

Neste ano ocorreu a segunda edição do I Ciclo de Estudos: Saúde e segurança no trabalho na região do Vale do Rio dos Sinos. O objetivo do evento foi de contribuir com um processo de formação em saúde e segurança no trabalho, em vista da sua melhoria na vida dos/as trabalhadores/as, no ambiente das empresas e no contexto da região do Vale do Sinos. O Ciclo tem sido promovido pelo Observatório da realidade e das políticas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas – IHU, em parceria com a Confederação Nacional dos Metalúrgicos - CNM, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e o Centro de Referência da Saúde do Trabalhador da Região do Vale do Rio dos Sinos e Canoas - CEREST.

“Nessa crise, se um se machucar, é só o afastar, abrir a vaga e já tem outros querendo trabalhar. Então, em vez de arrumar as máquinas, eles preferem botar outros no lugar para se machucarem também”, esse foi um dos depoimentos durante o evento. Adão Silveira é trabalhador da região do Vale do Sinos e participou do debate do Ciclo de Estudos: Saúde e segurança no trabalho na Região do Vale do Rio dos Sinos – 2ª edição, no mês de agosto de 2016. Ao dar continuidade no processo de formação e informação, aconteceu no primeiro semestre de 2016 a primeira edição do II Ciclo de Ciclo de Estudos: Saúde e segurança no trabalho na região do Vale do Rio dos Sinos. Essa edição contou com uma série de palestras promovidas pelo IHU para os trabalhadores.

VI Seminário de Observatórios

Em outubro ocorreu o VI Seminário de Observatórios: Democracia, políticas públicas e informação. O evento foi promovido pela Rede de Observatórios, composto majoritariamente com observatórios da Região Metropolitana de Porto Alegre. Neste ano a programação do evento contou com a participação do cientista político Rudá Ricci. “Os observatórios têm uma estratégia que é criar controle social sobre políticas públicas, controle da sociedade sobre as políticas”, essa foi uma das provocações do cientista. Além disso, os observatórios foram desafiados a dialogar com a população, provocando o controle social e incentivando a efetiva democracia na região.

São Leopoldo em debate

Outra atividade em que o ObservaSinos esteve envolvido foi com lideranças, organizações e profissionais do município de São Leopoldo, a partir de uma demanda do Fórum da Criança e do Adolescente para que o ObservaSinos apresentasse dados sobre a realidade da cidade. A partir disso, consequentemente diversos setores solicitaram dados do observatório. No intuito de fomentar o debate sobre o município, o programa tem chamado reuniões com diversos setores para que a realidade de São Leopoldo fosse debatida.

Durante o ano foram realizados três encontros, onde dados sobre o município foram apresentados e discutidos. Saúde, educação, proteção social, moradia, segurança, entre outros, foram destaques das reuniões. “O propósito é que a gente possa trazer para cá mais pessoas que têm trabalhado sobre a realidade, que tem expressões de realidade, para compormos o retrato de São Leopoldo, o retrato que temos, e o desafio é compor o retrato que queremos”, afirmou a professora Marilene Maia, coordenadora do ObservaSinos, durante um dos encontros.

Edital de Publicações

No ano de 2016, o ObservaSinos lançou a II Apresentação de trabalhos para publicação. Foi a segunda edição do edital para recebimento de trabalhos e estudos que abordassem a região do Vale do Sinos. Dessa vez foram publicados seis trabalhos. A previsão é que no próximo ano o edital abra novamente para que acadêmicos, professores e profissionais comprometidos com os municípios e região nos quais a Unisinos está inserida possam enviar seus artigos.

Além disso o ObservaSinos esteve presente em muitas outras atividades. Para saber mais, você pode acessar a página do observatório e acompanhar os caminhos que o programa percorreu em 2016 e nos outros anos. Acesse o link: http://www.ihu.unisinos.br/observasinos/

Em 2017

Para 2017, o observatório está planejando eventos, oficinas e ações. Destacam-se: o VII Seminário Observatórios, promovido pela Rede de Observatórios, que tem por objetivo tematizar o estado, governo e as políticas econômicas; a III Apresentação de Trabalhos para publicação pelo IHU/ObservaSinos, que é um espaço para publicização de trabalhos de acadêmicos, pesquisadores e sociedade civil sobre as realidades do Vale do Sinos; a EcoFeira Unisinos, a qual deve ampliar o número de feirantes orgânicos e manter-se como um espaço de articulação entre os atores que buscam uma alimentação saudável junto à comercialização justa e ao consumo consciente; as Oficinas, que devem tematizar diferentes articulações como o acesso à base de dados públicas, do IBGE, por exemplo, e a exposição de experiências de diagnósticos socioterritoriais. Assim como aconteceu durante o ano 2015 e 2016, estão previstas, para o ano de 2017, as edições do Ciclo de Estudos: Saúde e segurança no trabalho na região do Vale do Rio dos Sinos. Além das edições dos cursos de formação e informação para os trabalhadores, ainda está sendo construído com os parceiros um curso com foco na economia do trabalho para o segundo semestre de 2017.

Por Carolina Lima e Marilene Maia

Na Região Metropolitana de Porto Alegre, redução de postos de emprego formais já chega a -2,77% nos últimos 12 meses. Setor da extrativa mineral obteve redução de 7,78% e construção civil de 5,94%. Agropecuária mantém-se com aumento de 4,17% nos últimos 12 meses e de 4,81% em 2016.

O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, publica, abaixo, a “Carta do Mercado de Trabalho”, elaborada pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, tendo como referência os dados do mês de outubro de 2016.

Eis o texto.

A carta do mercado de trabalho produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, apresenta os dados do mês de outubro de 2016 divulgados no dia 24 de novembro de 2016, do mercado de trabalho formal no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas, e tem como fonte os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os setores econômicos são aqueles definidos pelo IBGE.

O conceito de admitidos engloba o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência. A noção de desligados indica o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte, ou transferência. A diferença entre os admitidos e desligados é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho. Estas definições e conceitos são definidos pelo MTE e são aplicadas as tabelas 01, 02, 03 e 04.

Verifica-se na tabela 01 que o mercado de trabalho formal brasileiro registrou, entre admissões e demissões, saldo negativo no mês de outubro de 2016, com 74.748 postos de trabalho com carteira assinada o que representa uma queda de 0,19% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor do Comércio (12.496) foi único setor que abriu postos de trabalho enquanto o setor da Construção Civil (33.517) foi o setor que mais fechou postos de trabalho. No ano foram fechados 751.816 postos de trabalho com carteira assinada.

Observa-se na tabela 02 que o mercado de trabalho formal rio-grandense no mês de outubro de 2016 registrou saldo positivo, resultado entre as admissões e demissões, de 2.386 postos de trabalho o que representa uma queda de 0,09% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor do Comércio (2.616) foi o que mais abriu postos de trabalho e a Construção Civil (919) foi o setor que mais fechou vagas no mercado formal de trabalho. No estado este ano foi fechado 26.839 vagas com carteira assinada.

Percebe-se na tabela 03 que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de outubro de 2016 apresentou um decréscimo de 222 postos de trabalho com carteira assinada, uma queda de 0,02% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor do Comércio (525) foi o que mais ampliou os postos de trabalho ao mesmo tempo em que o setor da Indústria de Transformação (319) no mês foi o setor que mais fechou postos de trabalho com carteira assinada. No ano foram fechadas 14.896 vagas de trabalho com carteira assinada.

Nota-se na tabela 04 que o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo líquido positivo, entre admissões e demissões, no mês de outubro de 2016, com a ampliação de 440 postos de trabalho com carteira assinada. O setor da Construção Civil (600) foi o que mais abriu postos de trabalho e o setor do Serviços (89) foi o que mais fechou vagas. No ano o município reduziu em 168 as vagas de trabalho com carteira assinada.

 

A Rede de Observatórios Sociais com atuação no Rio Grande do Sul manifesta seu APOIO EM DEFESA das ORGANIZAÇÕES ESTADUAIS DE PESQUISA, responsáveis pela sistematização de informações, que subsidiam o planejamento, monitoramento, avaliação e controle social das políticas públicas dos municípios, do estado e do país.

Os Observatórios atuam diretamente com dados e consideram indispensável o trabalho realizado pelas: Fundação de Economia e Estatística (FEE), Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), Fundação Cultural Piratini (FCP), Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (Fepps), Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (FIGTF), Fundação de Zoobotânica (FZB) e Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan).

Trata-se de instâncias de informação e formação analítica sobre as realidades vividas, assim como de subsídio para a construção de um projeto democrático de direitos para o RS e para os gaúchos. As fundações ameaçadas de extinção instrumentalizam a atuação dos governos estadual e municipais, e, principalmente, a população gaúcha. Recomendamos que o Governo Sartori mantenha este patrimônio cultural e intelectual do Estado do RS.

Assinam pela Rede de Observatórios:

ObservaSinos – Instituto Humanitas Unisinos - IHU

ObservaPOA – Prefeitura Municipal de Porto Alegre

Observatório OLMA – Província dos Jesuítas do Brasil

OBSAN – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da UFRGS

Observatório Cultural Unilasalle – Centro Universitário La Salle (Unilasalle)

Álvaro Santi, do Observatório da Cultura de Porto Alegre – Prefeitura Municipal de Porto Alegre

A Fundação de Economia e Estatística – FEE lançou recentemente os aplicativos CrimeVis e PopVis. Os aplicativos foram desenvolvidos pela Fundação e se utilizam dos dados anuais disponibilizados pela Secretaria de Segurança do Rio Grande do Sul e dos próprios dados produzidos pela FEE. Os recursos permitem ao cidadão gaúcho uma interface simples, rápida e intuitiva dos diversos dados disponibilizados gratuitamente nos dois aplicativos.

O CrimeVis permite a visualização dos dados de violência da população do Rio Grande do Sul. O aplicativo oferece cinco possibilidades: criar séries temporais dos municípios e do estado por número de ocorrências e taxas; relacionar crimes em gráficos de dispersão e criar grupos de até cinco municípios; visualizar os dados em um mapa de maneira interativa e calcular autocorrelações espaciais de municípios próximos e de municípios de fronteira por tipos de crimes; relacionar a representação municipal por crimes no estado; além de realizar pesquisas e baixar dados.

O aplicativo CrimeVis pode ser acessado aqui.

Já o aplicativo PopVis permite a visualização dos dados da população do Rio Grande do Sul. O aplicativo oferece quatro possibilidades: construir pirâmides etárias de todos os municípios, Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes), Regiões Funcionais e do Rio Grande do Sul e de projeções do estado; visualizar mapas dinâmicos de municípios, Coredes e de Regiões Funcionais por população bruta, percentual de pessoas na região e variação populacional; analisar a representação de cada região (municípios, Coredes e Regiões Funcionais) no Estado por gênero ou grupo etário; e realizar download de tabelas com dados de estimativas e projeções.

O aplicativo PopVis pode ser acessado aqui.

São duas ferramentas importantes para os processos de informação e formação de uma sociedade e de um Estado democrático de Direitos. Os aplicativos desenvolvidos pela FEE também contribuem para o planejamento, monitoramento, avaliação e controle social das políticas públicas do Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, se constituem tecnologia social potencializadora da cidadania, a partir da aproximação de diferentes indicadores sobre violência e demografia, retratando as realidades e perspectivas para políticas públicas.

Sem a FEE perdemos as referências para o planejamento, monitoramento avaliação e controle social das políticas públicas do Rio Grande do Sul.

O Observatório das Políticas Públicas da Região do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, manifesta seu apoio à Fundação de Economia e Estatística – FEE na luta pela continuidade de sua presença no estado, como instância máxima de pesquisa de indicadores socioeconômicos e de formulação de políticas públicas para o Rio Grande do Sul.

Sem a FEE perdemos os dados e indicadores para o planejamento, monitoramento, avaliação e controle social das políticas públicas do Rio Grande do Sul. Sua presença e parceria tem sido uma contribuição indispensável para os processos de informação e formação de uma sociedade e de um Estado democrático de Direitos.

Com isso, contestamos as medidas de extinção desta Fundação e de todas as outras instâncias do estado, que compõem a capacidade cultural e intelectual de sistematização, análise, debate, projeção e publicização do Rio Grande do Sul. O Governo Estadual necessita rever suas medidas que apontam retrocessos para a vida dos gaúchos e do Rio Grande do Sul.

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Em 2016, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, promoveu o edital de publicação para pesquisas e/ou experiências na região do Vale do Rio dos Sinos e Região Metropolitana de Porto Alegre, que contou com a participação de trabalhos que analisaram diversas realidades a partir de diferentes perspectivas.

O trabalho “Por uma ecologia humanitária e não destrutiva” foi realizado pelo graduado em Teologia, Giocemar Nunes Corrêa, que é técnico em segurança do trabalho.

Eis o texto.

O Rio dos Sinos nasce na Serra do Mar, entre os municípios de Maquiné e Caraá. Oficialmente a nascente está localizada em Caraá. Este rio não é diferente da maioria dos rios em todo o Brasil, que nascem no interior e deságuam com sua foz, na cidade. Todos sofrem, sem exceção, as más influências da convivência humana, o desrespeito pela natureza, por suas águas e sua importância. O principal fator responsável pelo detrimento progressivo de nossos rios é, sem sombra de dúvidas, a ambição humana, ambição do capital e do mercado que, acima de tudo, coloca sempre o lucro em detrimento da vida. Por este motivo, nosso Rio dos Sinos, que nasce com águas límpidas e puras, chega a sua foz agonizando em meio ao esgoto e ao lixo.

Neste artigo pretendemos problematizar e fazer uma exposição, através de imagens pesquisadas e registradas por nós, bem como de artigos e materiais sobre o tema pesquisados na internet, sobre a situação do Rio dos Sinos nos últimos três anos, onde se falou cada vez com mais ímpeto sobre ecologia e sobre a preservação ambiental e estrutural deste rio. O que vemos neste período foi uma depreciação e desprezo ainda maior por suas necessidades, e muitas dessas ações de descaso foram patrocinadas pela "lei" e aos olhos das autoridades e competências ambientais.

Nossa metodologia será a de expor a pesquisa redigida e comentada por nós, com as fotos que temos em arquivo. Salientamos que nossa pesquisa de fonte de textos terá por base a internet, devidamente indicada a fonte no final, e nosso objetivo principal é problematizar a questão ambiental e ecológica diante de algumas atitudes e projetos que parecem contradizer os objetivos ambientais de certos órgãos públicos.

Ora, começamos, é óbvio, por salientar a beleza e a importância do Rio dos Sinos desde sua nascente, na Serra do Mar, entre os municípios de Maquiné e Caraá. Ali, suas águas límpidas contrastam radicalmente com as águas poluídas de sua foz no Delta do Jacuí, já em Porto Alegre.

Vejam um belo trajeto de percurso que termina numa agonia não ouvida e não vista.

Apesar de em seu curso o rio receber afluentes expressivos como o Rio Rolante e o Paranhana, suas águas, quando chegam à região metropolitana, já estão bastante degradadas, no que passam a receber os efluentes poluidores dos esgotos domésticos, do lixo e do descaso industrial do seu entorno.

O Rio dos Sinos sofre a ação destrutiva da presença humana no seu entorno. Considero que são três os principais problemas que vêm agravando a situação ambiental no que se refere a este rio: a ocupação irregular de suas margens e banhados; o esgoto doméstico não tratado junto aos efluentes industriais; e o desmatamento e destruição de suas margens.

A POLUIÇÃO URBANA E INDUSTRIAL

A maior prova do desastre ambiental causado pelas "mãos" humanas é a grande poluição industrial no Rio, que teve seu ápice no desastre ambiental de 2010, quando milhares de peixes, estima-se cerca de 10 mil, morreram pelo descaso nos cuidados com o esgoto doméstico e com a poluição industrial.

Na ocasião ficaram constatadas e provadas as causas do desastre. Laudos entregues ao Ministério Público apontam que esgoto doméstico e poluição industrial causaram a morte de peixes no Rio dos Sinos em dezembro passado. A carga poluidora industrial foi lançada no Rio Paranhana, passou pela captação de água bruta de Parobé e atingiu o Sinos. O que se viu foi como uma "pluma" de esgoto sobre a água, que ficou compactada, provavelmente após o contato com efluentes químicos industriais, e potencializou essa mortandade. Com o indesejado quarto lugar entre os mananciais mais poluídos do Brasil, o Rio dos Sinos passa a ter menos esperança de reversão de seu longo processo de deterioração, principalmente por falta de apoio político.

A OCUPAÇÃO IRREGULAR DE SUAS MARGENS E BANHADOS

Um dos fatores que mais contribuem para a poluição, o desmatamento e a deterioração da qualidade do Rio dos Sinos é sem dúvida a ocupação irregular de suas margens e banhados.

As políticas de urbanização e ocupação do solo nas cidades da região metropolitana de Porto Alegre, principalmente às margens dos rios do Vale dos Sinos, acumulam nos últimos anos derrotas incontestáveis diante do poder econômico das empresas de construção civil, que cada vez mais inserem, em locais impróprios, casas e condomínios que suplantam áreas muitas vezes em beiras de arroios, rios e banhados, acabando com o ecossistema natural.

Hoje, nas cidades do Vale dos Sinos não é difícil localizar empreendimentos imobiliários em áreas que outrora eram baixadas ou banhados próximos de rios. Fato já comum em São Leopoldo e Novo Hamburgo. Empresas fazem seus condomínios e projetos habitacionais à revelia das leis ecológicas e ambientais e, não raro, com liberação dos órgãos competentes, que deveriam proteger e conservar estas áreas.

Exemplos deste descaso do poder público autorizando ocupações do solo que não deveriam ser permitidas podem ser vistos nos loteamentos e construções de condomínios em São Leopoldo, onde a especulação imobiliária já manda mais que as referências em ecologia.

No centro de São Leopoldo temos também a dita "famosa" rua da praia que, ao meu ver, nada mais é do que mais uma ocupação ilegal de margem de rio. Ali, em cada enchente se veem os mesmos problemas e moradores se queixando. Ora, mas quem autorizou estas pessoas a morarem nos barrancos do rio??? Por que agora o rio é o culpado? Não é óbvio que um rio, ao encher, derrame suas águas em suas margens e baixadas? Quem deveria sair, as pessoas que ocuparam o lugar das águas ou o rio deve ser aterrado? São os absurdos promovidos por uma política de urbanização e ocupação irregular, onde só quem ganha são os especuladores imobiliários.

A DEPREDAÇÃO AMBIENTAL PATROCINADA PELA LEI

Aqui queremos lembrar o que consideramos ser uma das maiores tragédias ambientais perpetrada por autoridades ambientais contra o Rio dos Sinos. Fato este que se deu no centro de São Leopoldo e foi devidamente registrado por mim.

Eu me refiro à retirada e desmatamento das matas ciliares das margens do Rio dos Sinos no centro de São Leopoldo, ato dito "autorizado" pelas leis e autoridades ecológicas e ambientais e que, já agora um ano depois e ao certo no futuro próximo, há de ser um eco do rio contra nós.

As implicações da redução ou remoção das matas ciliares para os rios são múltiplas. Do ponto de vista geomorfológico, estas matas, através de suas raízes e cobertura do solo, contribuem para a sustentação do solo marginal, diminuindo o assoreamento. Com relação à biodiversidade, estudos indicam que a mata ciliar contribui com estruturas subaquáticas, como galhos, troncos e folhas para o leito do rio, que servem de abrigo e alimento para a fauna e flora aquáticas. Por sua vez, esses sustentam outros organismos aquáticos, como peixes, anfíbios e animais terrestres, como aves e pequenos mamíferos, que vêm se alimentar desses animais maiores. Estudos sobre os nutrientes que têm origem na vegetação ciliar mostram que uma parcela importante do carbono de origem ripária entra na rede alimentar aquática e sustenta parte de produção primária e secundária nos rios intermitentes. Além disso, itens alimentares originados na vegetação ciliar, como sementes e insetos terrestres, são consumidos diretamente por peixes e anfíbios.

Portanto, é evidente que a destruição ou alteração da mata ciliar terá um efeito importante no funcionamento desses sistemas, com consequências. Entretanto, mesmo as autoridades do setor ambiental e os órgãos competentes, sabendo do que diz a Lei, permitiram e aprovaram o desmatamento das margens do Rio dos Sinos. Não houve nenhum protesto de nenhuma entidade ambiental ou ONG. Tudo foi feito com aprovação e com a maior tranquilidade. Vejam a prova da autorização do crime!

Agora fica uma grande dúvida. Desde quando a mata ciliar nativa pode ser considerada obstrução para o canal de um rio???? Ora, como sabemos, a mata ciliar é a segurança das barrancas de um rio! Sem esta segurança as terras vazias podem ser carregadas com facilidade pelas enxurradas e chuvas e se depositarem no leito de um rio e então, sim, este acúmulo de material poderá causar a obstrução do curso do rio.

Não obstante este conhecimento ser amplo para todas as autoridades do setor ambiental municipal e estadual, houve uma aprovação do serviço. Mesmo que se saiba que, no caso do Rio dos Sinos, há o dique, que depois de muita luta política do povo, já assegura uma proteção eficiente contra as cheias do rio no entorno do centro da cidade de São Leopoldo. Assim cai por terra o argumento de que o desmatamento seria para a contenção das cheias.

Podemos ver como era a vegetação original e nativa, como era a mata ciliar no entorno das margens do rio antes da realização do desmatamento.

É um quadro até mesmo triste de se analisar. Se observarmos bem as fotos acima, poderemos notar a grande mata ciliar que cercava as margens do rio no entorno da parte central da cidade. Podemos notar inclusive a beleza destas áreas.

Nota-se que, no entorno da rodoviária da cidade, até o perímetro do entorno do ginásio municipal, se estendendo até o local da última ponte do trem construída recentemente, toda esta área era coberta por uma vegetação nativa, subsistente, que assegurava para as margens e barrancas do rio uma estrutura estável.

Ora, nesta região central e bem urbana do rio, nunca houve alagamentos, ao menos em nossos últimos anos desde a construção do Dique. Na área central da cidade somente a rua conhecida como "da praia", sofria alagamentos. O que parece algo normal, pois esta rua fica na barranca do rio na sua margem direita e, ao nosso ver, deveria ser considerado um local impróprio para construção de moradias permanentes.

Vejamos, nas fotos seguintes, como ficou o local, depois do crime ambiental autorizado e patrocinado pelos órgãos que deveriam justamente lutar pelo meio ambiente.

O tamanho da destruição ambiental patrocinada pelos órgãos da lei foi ao ponto de limpar totalmente a área onde havia vegetação ciliar nativa. Ao certo havia também ali uma fauna de beira de rio que, com certeza, foi exterminada.

A obra foi a fundo em seu crime ambiental, pois nota-se, na terra remexida pelas máquinas, que procurou-se arrancar até mesmo as raízes das árvores, mostrando uma intenção de que a área não mais produzisse, mas que ficasse mesmo vazia de vida, de verde.

Ora, qualquer pessoa pouco entendida em meio ambiente sabe que uma terra solta em uma barranca de rio facilmente é levada para seu leito nas chuvas, cheias e enxurradas, e é exatamente isso que tem acontecido com o leito do rio, desde 2015.

CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS PARA O RIO E A CIDADE

Podemos analisar aqui, é claro que de uma forma preliminar e sem dados muito profundos, que desde 2015 para cá o leito do Rio dos Sinos na região central da cidade de São Leopoldo vem sofrendo bastante com a depredação de suas margens, pois grande parte de sedimentos de suas barrancas já foi arrastada para o seu leito, tornando a profundidade de sua calha, a cada chuva ou cheia, um pouco mais reduzida.

Bem sabemos que no passado o Rio dos Sinos foi usado na navegação, trazendo nossos imigrantes. Sabemos que atualmente muito já se falou no desejo de recuperar o rio como fonte de transporte fluvial. Na contramão deste sonho e deste projeto veio a destruição de sua mata ciliar e suas margens, pois o rio, que já sofria precisando de dragagem para uma futura navegação, hoje está ainda mais atulhado, tornando este projeto ainda mais difícil de se realizar.

Podemos ver, pelas fotos recentes, tiradas no início de julho deste ano, o quanto o rio tem secado em dias quentes, deixando à mostra grandes extensões secas de suas margens. Inclusive já em 2016 houve dias em que se observavam peixes mortos boiando nas águas do centro da cidade, ao certo pelo excesso de esgoto urbano, pela falta de oxigenação das águas e baixa profundidade do rio.

O Rio dos Sinos, desde 2015, quando desta intervenção desastrosa e catastrófica dos órgãos públicos em seu leito e suas margens, vem sofrendo a cada ano, e a prova disso está no próprio controle dos níveis de suas águas. Este controle é feito pelo Comitesinos, órgão que gerencia os cuidados ambientais sobre o Vale dos Sinos. Em seu site está público para todos analisarem o desastre do rio.

Em uma média histórica a partir de 2014, portanto antes da intervenção em suas margens, até este ano, na época destas fotos acima que registramos, nos primeiros dez dias do mês de julho de 2016, de forma visível se podia ver a secura do rio, sua calha central muito baixa e o nível de suas águas em um decréscimo constante se comparado com os anos anteriores. Nesta época em que registramos as fotos acima, o rio parecia agonizar, suas águas na parte central da cidade de São Leopoldo estavam quase paradas e de um verde-escuro, inclusive se podia ver peixes mortos e outros lutando para respirar. Suas margens apareciam secas como areias de praia. Podemos ter esta prova pela medição registrada junto à régua do Semae, em São Leopoldo, na qual a redução do nível fica visível.

Essa medição, que está devidamente registrada no site/página do Comitesinos, nos mostra que em um mesmo período do ano, época de inverno, o rio teve a fundura de sua calha reduzida. Ao certo muito do material e sedimentos de suas margens, com as últimas chuvas e cheias de 2015 para cá, se depositou no leito do rio, agravando sua saúde.

A IMPORTÂNCIA DO RIO DOS SINOS NA REGIÃO

O quadro abaixo revela o quanto a população depende do Rio dos Sinos no Vale, bem como o quanto o Rio dos Sinos depende da população, das políticas públicas e também das atividades industriais.

Os indicadores apontam que 74,89% da população destes municípios estão vinculados diretamente à vida do rio. Seja pela água que consome, seja por aquilo que devolve ao mesmo rio, em forma de despejos industriais, agropecuários, esgoto e toda a sorte de poluentes. A mão dupla da relação indica que a vida humana e a vida do rio estão interligadas.

O gráfico abaixo, adotando uma classificação que decresce de “excelente a muito ruim”, revela graus críticos referentes à qualidade do Rio dos Sinos em trechos que vão das nascentes à foz do rio.

O gráfico indica que, das nascentes à foz, vem decaindo a qualidade das águas do Rio dos Sinos, chegando a indicar situações que vão de ruim a regular em municípios como Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul e Portão no ano de 2011.

Além do assoreamento visível do rio, por causa da não conservação de suas margens, outro problema a cada dia mais urgente que agrava a situação do rio, e aqui já lembramos no início, é a ocupação irregular de áreas próximas. A perda dos banhados nos últimos 30 anos na Bacia do Sinos, sua influência na vida das pessoas e as discussões em torno do Zoneamento das Áreas de Inundação da região estiveram na pauta da última Plenária do Comitesinos, ocorrida no dia 11 de agosto, na Unisinos, em São Leopoldo. A cartografia deste acompanhamento pode ser vista no site do Comitesinos.

RESULTADOS DE NOSSA PESQUISA: POR UMA ECOLOGIA MAIS HUMANA

Em nossa pesquisa constatamos a inconsistência entre o que se prega pela lei e o que se pratica nos órgãos de defesa do meio ambiente que, muitas vezes, parece que "se vendem" ao poder do lucro e do capital. Parece que há uma ética no falar e outra no praticar a lei. Não obstante haja uma infinidade de artigos e documentos que confirmam as leis ambientais, elas parecem ficar em segundo plano quando o desejo é o lucro.

O que a Igreja católica, que tomamos por base em busca de uma ética mais humana, ensina, junto com outras igrejas cristãs, e defende é uma ecologia mais humana, que coloque as necessidades humanas acima do interesse de grandes empresas, acima do interesse do capital e da especulação imobiliária. Que haja uma ecologia de fato, onde a natureza e os recursos naturais estejam acima do interesse pelo lucro que rege o mercado imobiliário.

Sabemos que até hoje toda a criação como que geme em "dores de parto" para gerar sempre uma vida nova (Rm 8,22). No entanto, em nossos dias são os gemidos por socorro que mais se escutam da natureza e do meio ambiente ao nosso redor. Urge que a humanidade seja colocada como prioridade. Se faz urgente uma ética ecológica que valoriza a vida acima de tudo, diante de uma crise ecológica mundial.

Os problemas atuais requerem um olhar que tenha em conta todos os aspectos da crise mundial. Precisamos refletir sobre os diferentes elementos de uma ecologia integral que inclua claramente as dimensões humanas e sociais. Uma ecologia na qual se estudam as relações entre os organismos vivos e o ambiente onde se desenvolvem. Há necessidade de respeito aos limites ao uso da natureza, para que, em nome do bem comum, ela não seja ainda mais danificada. Nada que fizemos em prol do bem comum é perda de tempo; se todos tivessem o sentido de comunidade, o mundo seria melhor. A natureza é um presente de deus para a humanidade. As matas, rios, córregos, flores e florestas são uma obra-prima de deus, não é por acaso que não podemos viver sem a natureza. A ecologia humana é inseparável da noção de bem comum, princípio unificador para uma ética social.

O que as leis ambientais nos ensinam

Faremos aqui uma breve exposição do que nos dizem os órgãos ambientais sobre a conservação das margens dos rios, sobre assoreamento e conservação das matas ciliares. Apenas para salientar de forma resumida o que toda pessoa pública que trabalha com o meio ambiente deveria saber de cor e defender como bandeira de luta. As leis ambientais são claras.

Usamos, por exemplo, o que vemos redigido no site do ministério público estadual sobre as áreas de proteção ambiental. Segundo vemos ali, são áreas que merecem este status:

Floresta e vegetação em área de preservação permanente: no Código Florestal Brasileiro, foram criadas as áreas de preservação permanente (artigos 2º e 3º), as quais são faixas geralmente situadas ao longo de cursos d’água ou nascentes, topos e encostas de morro, com a finalidade de manter a qualidade do solo nesses locais, assim como para a proteção das águas e da fauna. As florestas e a vegetação natural existente nas nascentes e nos rios são consideradas, igualmente, pela Lei nº 7.754/89, como de preservação permanente.

A respeito, ainda é importante consultar a legislação municipal (Plano Diretor, em especial), verificando se foram instituídas, por lei, áreas de preservação permanente. Nesse caso, somente por lei podem ser suprimidas ou modificadas. Nas demais hipóteses, as áreas de preservação permanente, salvo excepcionalmente (com autorização prévia e com indicações de medidas compensatórias), não podem ser suprimidas, uma vez que são estabelecidas visando à proteção, basicamente, das águas e da qualidade do solo (nessa hipótese, evitando a erosão, originária da retirada da vegetação). Entretanto, o próprio órgão afirma que o que falta é infraestrutura estatal para controle e fiscalização adequados, sem questionar a dedicação de boa parte dos funcionários que atuam nessa área.

Não vamos aqui aprofundar ainda mais as pesquisas em relação ao plano diretor municipal sobre suas normas relativas ao meio ambiente, mas pensamos que é algo óbvio que está presente em todo município, de modo especial aqueles que são banhados por rios de proporção como o Sinos.

Entretanto, qualquer pessoa interessada em pesquisar sobre o meio ambiente e a conservação das matas e rios, vai encontrar farto material, de modo especial relativo às leis ambientais. No caso aqui em que pesquisamos sobre o Rio dos Sinos, podemos ver sobre as matas ciliares e o assoreamento dos rios.

O Código Florestal determina também o tamanho mínimo, em metros, que a APP deve ter em ambas as margens do rio, no entorno de represas, de nascentes, de olhos d’água perenes (raio de 50 metros) e de lagos e lagoas naturais (na área rural, 100 ou 50 metros dependendo do tamanho do corpo hídrico e, na área urbana, 30 metros). A lei determina, então, que toda vegetação existente nas margens dos rios, no entorno de nascentes, olhos d’água, lagos, lagoas e represas deve ser preservada.

O assoreamento é um fenômeno que pode ocorrer em rios que sofrem processos erosivos. Esse fenômeno acontece quando causas naturais, como a chuva e os ventos fortes, ou ações físicas, químicas e do homem sobre a natureza move solos, rochas ou grandes quantidades de lixo, entulho ou outros sedimentos e detritos para o fundo dos rios.

Como consequência do assoreamento, há uma redução no volume de água do rio, que também se torna turva e impede a entrada de luz, impossibilitando a renovação do oxigênio que os peixes e outros organismos precisam para sobreviver.

A grande concentração desses elementos causa a elevação do fundo do corpo hídrico, comprometendo o fluxo das correntes de água e a sua navegabilidade. A obstrução da água no fundo do rio não causa a sua estagnação, pois a água da chuva ainda viabiliza o seu fluxo. Porém, os dejetos podem ocasionar mudanças no sentido de circulação das águas, que sempre se esforçarão para correrem naturalmente no sentido do mar. A força da água irá, aos poucos, mover os sedimentos, que podem passar a se concentrar em um lago e, aí sim, destruir a sua existência.

Um rio em processo de assoreamento pode provocar alagamentos ao receber um grande volume de água da chuva, além de ter a qualidade da sua água prejudicada, causando desequilíbrio ao ecossistema por onde percorre. As ações do homem são responsáveis por aumentar os riscos e consequências do assoreamento. O desmatamento, por exemplo, ao retirar as árvores do entorno de um rio, está removendo a sua proteção natural, pois elas funcionam como uma barreira para impedir que sedimentos cheguem ao leito.

Finalizamos nosso trabalho de exposição e pesquisa com uma citação do grande jurista Miguel Reale retirada do site do ministério público estadual e que, ao nosso ver, resume a realidade e o desprezo hoje pelas leis ambientais na esfera pública, seja estadual, municipal ou federal. O que vemos a cada dia mais é o poder do capital e da especulação imobiliária destruindo o que nos resta de meios de sobrevivência. Assim disse este grande homem: “A civilização tem isto de terrível: o poder indiscriminado do homem abafando os valores da natureza. Se antes recorríamos a esta para dar uma base estável ao Direito (e, no fundo, essa é a razão do Direito Natural), assistimos, hoje, a uma trágica inversão, sendo o homem obrigado a recorrer ao Direito para salvar a natureza que morre” (Miguel Reale - 1987).

Referências

Assoreamento de rios: riscos e conseqüências

A importância da mata ciliar

Poluição no Rio dos Sinos preocupa entidades de defesa do meio ambiente

Estado tem o segundo pior desequilíbrio entre oferta e consumo de água do país

Mapa interativo da planície de inundação do Rio dos Sinos

Níveis do Rio dos Sinos

Medições do Rio dos Sinos

Matas Ciliares: Conservação e recuperação, de Ricardo Ribeiro Rodrigues e Hermógenes de Freitas Leitão Filho, Edusp, 2004. 

Novo Código Florestal – Lei 12.651/ 2012: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm

Documento da Igreja católica Gaudium Et Spes: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651207_gaudium-et-spes_po.html

Bíblia sagrada edição Pastoral e liturgia diária: http://www.paulus.com.br/biblia-pastoral/_INDEX.HTM

Fotos: https://projetogisa.wordpress.com/mapa-do-ecossistema-da-bacia-hidrografica-do-rio-dos-sinos/

Taxa de desemprego apresenta leve redução entre setembro e outubro, passando de 11% para 10,8%. Nível ocupacional cresceu 1,3%. Em meio a estes dados que contribuem para o controle, avaliação e monitoramento das políticas públicas, a Fundação de Economia e Estatística – FEE, responsável pelas pesquisas de emprego e desemprego – PED na Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA, também está ameaçada de extinção no pacote que está sob análise da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, tornando a pesquisa, que é calculada desde 1992, e tantas outras publicações, incertas quanto a sua realização.
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, compartilha a nota da Fundação de Economia e Estatística – FEE sobre a movimentação no mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre em outubro de 2016.

Eis a nota.

A FEE divulgou nesta quarta-feira, 30, os dados relativos a outubro de 2016, destacando relativa estabilidade do desemprego total e aumento do nível ocupacional. A taxa de desemprego, entre setembro e outubro, variou de 11,0% para 10,8% da população economicamente ativa. O número total de desempregados, em outubro, foi estimado em 209 mil pessoas, 2 mil pessoas a menos em relação ao mês anterior. Esse resultado deveu-se ao fato de que o crescimento da ocupação (mais 23 mil, ou 1,3%) foi maior que o contingente que ingressou no mercado de trabalho (mais 21 mil, ou 1,1%). A taxa de participação passou de 53,8% para 54,3%, no período em análise.

Esse aumento de vagas pode ser um sinal positivo de recuperação, mas ainda sem muito vigor, aponta a economista da FEE, Iracema Castelo Branco. “O setor de comércio foi o que mais gerou vagas, 14 mil, mas pode-se pensar em algo sazonal, embora no ano passado isso não tenha acontecido. Já temos alguns meses de resultado positivo, se olharmos o gráfico dos últimos doze meses a retração do nível de ocupação vem diminuindo”. Contudo, Iracema faz o alerta que as ocupações que estão sendo geradas são de trabalhos autônomos, empregados domésticos e assalariados, “o que indica uma certa precarização do mercado de trabalho, que nos remete a um cenário semelhante à década de 90. Em termos de renda do rendimento médio estamos retornando aos patamares de 2004”, aponta.

Esses comparativos são possíveis de realizar porque a PED-RMPA tem uma série de 24 anos de pesquisa ininterrupta na Região Metropolitana de Porto Alegre, destacou o coordenador da PED na FEE, estatístico Rafael Caumo. O Rio Grande do Sul, através da PED-RMPA, é um dos poucos Estados que possuem a geração de dados primários com periodicidade contínua para a investigação de temas de interesse público de modo a auxiliar e monitorar as políticas públicas. Além disso, possibilita pesquisas suplementares – caronas – a fim de investigar outros temas relevantes. “É a pesquisa mais antiga e reconhecida internacionalmente como instrumento científico para monitorar o mundo do trabalho. A PED possui um acervo único e público sobre o mercado laboral da região, a maior amostra e um arranjo institucional que permite o intercâmbio de metodologia e sua aplicação na definição de políticas públicas”, complementa Rafael.

O momento de divulgação da pesquisa foi também um espaço para a defesa da manutenção da FEE, ameaçada de extinção no pacote que está sob análise da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O Diretor Técnico da FEE, Martinho Lazzari, destacou que “é triste ter que explicar que a existência da FEE é importante, ainda mais num momento de crise em que a FEE pode ajudar com os gastos do governo e fortalecer políticas públicas. Tenho certeza de que sairemos mais fortalecidos”. O economista e professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Carlos Henrique Horn, chamou a atenção sobre os dados da PED que podem ser interrompidos. “Esta é uma informação que não existirá a partir do próximo mês se houver a extinção da FEE. É falsa a ideia de que a produção de dados da FEE pode ser substituída por outras instituições. Inteligência é algo que leva muito tempo para construir e pode ser destruída em meia hora de votação. Estas tabelas que parecem simples quando divulgamos a síntese da pesquisa, têm por trás a seleção e a visita a 7500 domicílios, a aplicação de questionários, a análise, a validação dos dados, enfim, é um trabalho minucioso, complexo e altamente necessário. Só a FEE faz”, enfatiza. Para o diretor da Associação Brasileiras de Estudos do Trabalho (ABET), professor Cássio Calvete, causa estarrecimento e perplexidade a possibilidade de extinção da FEE. “Como o Estado vai sair da crise sem informação”? questiona o economista.

A PED de outubro mostrou ainda que com referência aos setores de atividade econômica analisados, constatou-se aumento no comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (mais 13 mil ocupados, ou 3,9%), na construção (mais 10 mil ocupados, ou 8,2%) e nos serviços (mais 10 mil ocupados, ou 1,1%). De forma distinta, houve redução na indústria de transformação (menos 10 mil ocupados, ou -3,3%).

Entre agosto e setembro de 2016, o rendimento médio real apresentou relativa estabilidade para o total de ocupados (-0,1%) e redução para os assalariados (-1,7,%) e para  os  trabalhadores autônomos  (-3,1%).

No Vale do Sinos, postos de emprego aumentaram em outubro, com destaque à construção civil. Setor tem sido a aposta para retomar o crescimento do país, mas é a atividade econômica que mais mata trabalhadores no Brasil, conforme pesquisas.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessa, mensalmente, os dados da movimentação no mercado formal de trabalho nos territórios do Vale do Sinos a partir do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED do Ministério do Trabalho – MTE.

tabela 01 apresenta a movimentação no mercado formal de trabalho em outubro de 2016 nos territórios do Vale do Sinos. Destaca-se aumento de 979 postos de emprego no mês e 951 no acumulado do ano.

Ainda assim, nos últimos 12 meses, há redução de 6.707 postos de emprego, dos quais 1.559 em Novo Hamburgo, município com a maior redução na região. Neste período, São Leopoldo e Sapucaia do Sul possuem a segunda e a terceira maiores reduções, com -1.317 e -1.214, respectivamente.

No mês de outubro de 2016, São Leopoldo apresentou o maior aumento de postos de emprego: 489 frente a 440 em Canoas e 178 em Nova Hartz. Novo Hamburgo novamente registrou a maior queda, com 123 postos reduzidos.

A tabela 02 apresenta a movimentação no subsetor da construção civil no mercado formal de trabalho em outubro de 2016 nos territórios do Vale do Sinos. Este subsetor apresentou aumento de 467 postos no último mês.

Canoas foi o município responsável pelo aumento, com criação de 600 postos no mês. No acumulado anual, o município registra alta de 443 postos e nos últimos 12 meses, 414 postos.

Dos 14 municípios da região, metade obteve queda de postos de emprego neste setor econômico, mas a mais acentuada ocorreu em Nova Santa Rita, onde houve redução de 109 postos.

O setor da construção civil tem sido aposta para retomar o crescimento e a geração de empregos no país. Segundo os indicadores oficiais disponíveis, a construção civil é a atividade econômica que mais mata trabalhadores no Brasil.

 

Por Marilene Maia e Matheus Nienow