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Em 2016, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, promoveu o edital a fim de dar espaço para pesquisas e/ou experiências na região do Vale do Rio dos Sinos e Região Metropolitana de Porto Alegre, que contou com a participação de trabalhos que analisaram diferentes realidades a partir de diferentes perspectivas.

O trabalho “A inclusão dos catadores na gestão integrada de resíduos sólidos em São Leopoldo” foi realizado pela Mestre em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, Joice Pinho Maciel, e mestranda em Ciências Sociais pela Unisinos, Kellen Cristine Pasqualeto.

Este estudo aborda aspectos relacionados à implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), no que se refere à inclusão dos catadores, tendo como campo de análise o município de São Leopoldo. Serão apresentadas as diferenças entre a gestão integrada, estatal e a privatista, à luz dos modelos top-down e bottom-up a partir de Ham e Hill (1993) e Lima e D’Ascenzi (2013).

Conforme o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos, apenas 33% dos municípios do país haviam elaborado seu Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS) até 2014, e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) estima que o número de contratos de cooperativas pelas prefeituras não chega a 150, sendo o município de São Leopoldo uma exceção.

Serão abordados aspectos da PNRS e do PMGIRS. Conclui-se que a implementação da gestão integrada representa para o município uma economia de cerca de 47%.

As Políticas relacionadas aos resíduos sólidos

A política pública pode ser sintetizada como a área de conhecimento que busca colocar o governo em ação, analisar ou mudar o curso da ação, quando necessário (SOUZA, 2006), e as fases que a compõem são: entrada na agenda, formulação, implementação e avaliação. (LIMA e D’ASCENZI, 2013).

Os mesmos autores descrevem dois modelos de análise de implementação: o top-down, que se baseia na abordagem sequencial, no qual o processo de formação da política estaria vinculado a uma lógica da atividade política, fazendo parte da burocracia como prática administrativa; e o botton-up, que presume a ação de uma rede de atores e uma área temática de política pública, que se constrói de baixo para cima.

A PNRS contém instrumentos fundamentais para o avanço no que se refere aos enfrentamentos dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos identificados no país a partir do histórico referente ao manejo inadequado dos resíduos sólidos. Essa política exige a implementação da coleta seletiva nos municípios via Planos Municipais de Resíduos

Sólidos (PMRS), assim como “a preferência da contratação de cooperativas de catadores para a prestação desse serviço” (SEVERO, 2015, p. 103), o que o MNCR define como Coleta Seletiva Solidária.

Os dados deste estudo exploratório foram coletados por meio de revisão bibliográfica, análise documental, a partir de matérias de jornais e dados disponibilizados pela Prefeitura, e de entrevistas semiestruturadas com dois catadores e um gestor público. As entrevistas foram gravadas e transcritas.

Modelos de Gestão

São Leopoldo, pertencente à microrregião de Porto Alegre, possui população de 214 mil habitantes e faz parte dos municípios que compõem a bacia do Rio dos Sinos. (PMGIRS, 2012). Constata-se no município três modelos históricos de gestão de resíduos sólidos, conforme quadro abaixo:



Fonte: elaboração própria, adaptado a partir de Wirth e Oliveira (2016).

De 1990 a 2005, a coleta domiciliar do município era privatizada e os catadores trabalhavam individualmente. A partir de 2005 muda o cenário, sobretudo por dois fatores: a gestão pública passa a ser assumida numa perspectiva popular e em 2006 se constitui o Fórum dos Catadores de São Leopoldo.

Em 2009 inicia a Coleta Seletiva Compartilhada - CSC1, na qual a empresa privada era paga para fazer a coleta do material reciclável e entregar nas cooperativas conveniadas. A CSC não é sinônimo da Gestão integrada, pois a inclusão dos catadores só ocorre em 2014, a partir da orientação do PMGIRS.

De junho de 2014 a maio de 2015 os catadores aumentaram a coleta diária em 3,5% (jornal VS). A efetivação dos contratos de prestação de serviço trouxe um grande diferencial, pois além de garantir a execução da coleta pelos catadores, possibilitou ampliar o número de postos de trabalho em 40%, e a renda em 23% (SEVERO, 2015). Dados que se revertem também em benefícios ambientais.

Conclusões

A coleta seletiva e os catadores não são prioridade na gestão estatal e privatista. Esses formatos de gestão ilustram as perspectivas de uma política no modelo top-down, pois existe uma centralidade na elaboração da política e desconsideração da participação de outros atores sociais. Já para a análise da implementação da gestão integrada, o modelo bottom-up é o mais adequado, pois o grau de implementação depende do nível de articulação local.

A gestão integrada é melhor tanto do ponto de vista econômico como social, político e ambiental. Destaca-se que essa inclusão em São Leopoldo se restringe à Coleta Seletiva e a contratos temporários de manutenção de praças e parques, que precisa ser ampliada para demais serviços que seguem no modelo de gestão privatista, tema para os próximos estudos.

Desafios apontados: a) pagamento adequado pelo serviço de coleta seletiva incluindo o serviço de triagem; b) melhorias da infraestrutura das unidades de triagem, buscando passar dos atuais 11% para 27%; c) continuidade dos contratos nas próximas gestões; e d) a institucionalização da coleta seletiva no município.

1 O projeto de CSC recebeu um prêmio Gestor Público 2015 do Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Tributária do RS.

Por fim, destaca-se que a vontade política dos gestores somado à apropriação do controle social pelos catadores, através de suas entidades representativas foram os dois fatores decisivos para a implementação da gestão integrada em São Leopoldo.

Referências

BRASIL. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010.

HAM, C.; HILL, M. O processo de elaboração de políticas no Estado Capitalista Moderno. Londres, 2ª ed. 1993.

JORNAL VS. Um ano de coleta seletiva. Nº 11.240. 1º de julho de 2015.

__________. Prêmio Gestor Público. 12 de novembro de 2015.

LIMA, L. L.; D’ASCENZI, L. Implementação de políticas públicas: perspectivas analíticas. In:
Revista de Sociologia e Política. Curitiba, v. 21, nº 48, p. 101-110, dez, 2013.

PLANO MUNICIPAL DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE SÃO LEOPOLDO - PMGIRS. 2012.

SINIR - Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos. Disponível em: http://sinir.gov.br/web/guest/2.5-planos-municipais-de-gestao-integrada-de. Acesso em: 28 set. 2016.

SOUZA, C. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. In: Sociologias, Porto Alegre, ano 8, nº16, jul/dez 2006, p. 20-45.

SEVERO, M. C. T.; et. al. Trabalho, economia solidária e a superação da pobreza: uma experiência do Programa Tecnosociais da Unisinos no Fórum dos Recicladores de São Leopoldo. In.: DALMOLIN, B. M.; et al (orgs.). Trabalho e Renda, possibilidades da extensão universitária. Passo Fundo. Ed. Universidade de Passo Fundo, 2015.

WIRTH, I. G.; OLIVEIRA, C. B. A Política Nacional de Resíduos Sólidos e os modelos de gestão. In: Catadores de materiais recicláveis: um encontro nacional. PEREIRA, B. C. J.; et al (orgs.) - Rio de Janeiro: IPEA, 2016.

Os temas da violência e segurança foram pautas do 2º Seminário do Observatório da Segurança Cidadã de Novo Hamburgo - ODSC, que aconteceu no dia 17 de outubro de 2016. O seminário tematizou sobre os resultados e os desafios na gestão da informação para o controle e a prevenção da violência letal e dos crimes violentos. O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, esteve presente e reuniu algumas informações sobre as realidades da violência no município de Novo Hamburgo disponibilizadas pelo ODSC.

O número de homicídios – quando alguém é assassinado – tem aumentado no município de Novo Hamburgo. Os dados do primeiro semestre de 2009 mostram que esse tipo de crime saltou de 37 para 78 no primeiro semestre de 2016. Quando se analisam os dados acerca do latrocínio, o homicídio com objetivo de roubo, ou roubo seguido de morte ou de graves lesões corporais à vítima, os dados indicam a não ocorrência desses casos no primeiro semestre de 2016.





Já o número de furtos de 2012 a 2015 apresentou queda em Novo Hamburgo. Ao ser comparado com os maiores municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA, percebe-se que Novo Hamburgo fica atrás de Porto Alegre e Canoas, perdendo para São Leopoldo no número de furtos. Por outro lado, o número de roubos nesses municípios cresceu bastante entre 2012 e 2015. Apesar de significativo o número de roubos, Novo Hamburgo segue na mesma tendência apresentada quanto ao número de furtos.

Em uma perspectiva diferente dos municípios mais populoso da RMPA, o número de furtos de veículos apresentou uma pequena queda no município de Novo Hamburgo, embora seja o segundo município dentre os analisados com o maior número de furtos de veículos. Entretanto, o número de roubos de veículos entre 2012 e 2015 cresceu no município.





Os dados da publicação do ODSC ainda mostram a violência contra a mulher e a violência na escola de 2014 e 2015. O feminicídio consumado e tentado foi denunciado por 65 mulheres em Novo Hamburgo. Dentre essas, 72,30% tinham até 45 anos de idade, sendo que 26,20% das mulheres tinham entre 30 e 40 anos de idade. Somente 26,20% dos casos têm na ocorrência inicial o conflito de casais, enquanto 41,20% dos casos têm motivação desconhecida. Além dessas informações, os dados informam que 46,20% das mulheres possuem ensino fundamental.

Entre as ações para o enfrentamento às violências está o Registro On-line de Violência na Escola – ROVE, que foi lançado em 30 de maio de 2016. Em 30 escolas municipais de ensino fundamental de Novo Hamburgo, durante os três meses de existência, o ROVE registrou 242 situações entre alunos e alunas. Os dados mostram que 38,80% dos casos aconteceram com meninas, sendo que mais da metade delas têm entre 6 e 7 anos de idade. Somente a agressão verbal representa 38,40% dos casos; quando se consideram apenas as meninas, o percentual aumenta para aproximadamente 47% dos casos. Em percentuais menores, a humilhação aparece com 5,40% de todos os casos e 8,40% quando se consideram apenas as meninas.

No caso do bullying, esse tipo de violência acontece em 11,60% dos casos. Considerando apenas as meninas esse percentual sobe para 19,30%. A principal queixa do bullying tanto para meninos e quanto para meninas são as brincadeiras de mau gosto. O machismo apareceu em 12,50% das motivações. A resolução desses conflitos para as meninas acontece através da participação dos pais em diferentes espaços na escola.

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Impulsionados pelos setores de serviços e do comércio, 1.043 postos de emprego formais são criados no Vale do Sinos em setembro. O resultado mantém o ano de 2016 com acumulado negativo de postos de emprego, mas a redução no ano é de apenas 28 postos nos 3 primeiros trimestres do ano.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED para verificar a movimentação no mercado formal de trabalho nos territórios do Vale do Sinos em setembro de 2016.

Neste mês, a redução de postos formais de emprego no Brasil chegou a 39.282, sendo que no Rio Grande do Sul o recuo foi de 2.828 postos. Ainda assim, o setor do comércio apresentou aumento de postos de emprego: 3.940 no país e 1.538 no estado. Já o setor de serviços, que apresentou aumento no Vale do Sinos, obteve queda no Rio Grande do Sul (-1.153) e no Brasil (-15.141), neste último a queda ocorreu principalmente pela redução de 19.489 postos de emprego no setor apenas no estado do Rio de Janeiro.

A tabela 01 apresenta a movimentação no mercado formal de trabalho em setembro de 2016 nos territórios do Vale do Sinos. Na região, 1.043 postos de emprego foram criados neste mês.

Só em Canoas, houve aumento de 410 postos no mês. Outros 10 municípios também obtiveram criação de postos na região. A maior redução foi em Ivoti, 36 postos.

Na região, dos 1.043 postos de emprego criados no mês, 458 foram no comércio e 345 no setor de serviços. Juntos os setores representaram 77% dos postos criados.

A construção civil também criou postos, 183, enquanto que a indústria de transformação obteve recuo de 46 empregos.

A tabela 02 apresenta a movimentação no subsetor da indústria metalúrgica no mercado formal de trabalho em setembro de 2016 nos territórios do Vale do Sinos. No mês de setembro foram reduzidos 95 postos neste setor na região.

Em 2016, a redução já chega a 230 postos, sendo 77 em Sapiranga, 71 em Sapucaia do Sul e 61 em Novo Hamburgo. Ainda assim, 5 municípios mantêm saldo positivo neste setor no ano: Campo Bom (28), Dois Irmãos (14), Araricá (11), Ivoti (6) e Nova Santa Rita (4).

No mês de setembro, 6 municípios apresentaram saldo positivo, mas todos pouco acima de 0, sendo o maior número de postos criados em Nova Santa Rita, 3. No mês, o maior recuo ocorreu em Novo Hamburgo, com redução de 31 postos formais de emprego.

No país, o setor obteve redução de 787 postos, e no estado, redução de 8 postos no mês. Já no acumulado do ano, o setor acumula redução de 30.388 postos no país e 1.586 no estado.

Trabalhadores metalúrgicos que compõem a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA de suas empresas no Vale do Sinos participaram do Ciclo de Estudos: saúde e segurança no trabalho, que propôs o aprofundamento sobre as realidades de saúde e segurança destes trabalhadores em meio às desproteções nos espaços de trabalho, residência e outros.

 Por Marilene Maia e Matheus Nienow

O desemprego aumentou pelo segundo mês consecutivo na Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA. O número de ocupação até cresceu na RMPA, entretanto, a quantidade não foi suficiente para absorver o crescimento do número de pessoas que buscam uma colocação no mercado de trabalho. O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, compartilha a nota publicada pela Fundação de Economia e Estatística - FEE.

Eis o texto.

O desemprego aumentou pelo segundo mês consecutivo na Região Metropolitana de Porto Alegre. “A razão é o aumento na População Economicamente Ativa (PEA), ou seja, aumento do ingresso de pessoas no mercado de trabalho. A ocupação até cresceu, mas foi insuficiente para absorver o crescimento do número de pessoas que procuram uma vaga”, explicou a economista da FEE, Iracema Castelo Branco, durante coletiva de apresentação dos dados da PED-RMPA, nesta quarta-feira, 26.

Os dados da pesquisa realizada por FEE, DIEESE e FGTAS revelaram que a taxa de desemprego total passou de 10,7% em agosto para 11,0% em setembro. A taxa de desemprego aberto teve aumento leve, ao passar de 9,6% para 9,9% da PEA. O número total de desempregados foi estimado em 211 mil pessoas, mais 7 mil em relação ao mês anterior. Conforme destaca Iracema, esse resultado deveu-se ao fato de que a oferta de novas vagas (mais 7 mil, 0,4%) é menor que o número de pessoas que passaram a procurar um emprego (mais 14 mil, 0,7%). Em setembro, o contingente foi estimado em 1.705 mil ocupados.

Iracema avalia que o aumento da PEA está ocorrendo nos últimos dois meses, revertendo uma tendência anterior. “Desde setembro de 2015, a taxa de desemprego estava estável ao redor de 10% e essa estabilidade se dava em função da redução da PEA. No entanto, esse cenário alterou nos últimos dois meses, quando passou a se registrar um aumento da PEA”, pontua. A pesquisadora explica que isso vem pressionando a taxa de desemprego porque a ocupação não cresce o suficiente para absorver a quantidade de pessoas que ingressam no mercado de trabalho.

Setores e posição na ocupação

Os setores que registraram aumento de empregos foram o Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (mais 12 mil ocupados, ou 3,8%), a indústria de transformação (mais 4 mil ocupados, ou 1,3%) e a construção (mais 3 mil ocupados, ou 2,5%). Já o setor de serviços teve redução de 12 mil ocupados ou taxa de -1,3%.

O aumento de 23 mil vagas (2,4%) no setor privado foi responsável pela elevação de 1% do contingente de assalariados (mais 12 mil), já que o setor público registrou redução de 11 mil vagas (-5,5%). Ainda no âmbito do setor privado houve 12,8% de crescimento do emprego sem carteira assinada (mais 11 mil), enquanto o emprego com carteira aumentou 1,3% (mais 12 mil). Segundo o informe, em relação aos demais contingentes, constatou-se aumento no emprego doméstico (mails 8 mil, ou 8,9%) e redução para os trabalhadores autônomos (menos 2 mil, ou -0,8%) e para o agregado demais posições, que inclui empregadores, donos de negócio familiar, trabalhadores familiares sem remuneração, profissionais liberais, etc. (menos 11 mil, ou -6,1%).

Menos renda

Entre julho e agosto de 2016, o rendimento médio real apresentou redução de 5,9% para o total de ocupados, -5,7 para os assalariados e -7,8 % para os trabalhadores autônomos, correspondendo a R$ 1.846, R$ 1.880 e R$ 1.522 respectivamente.

Confira os dados completos.

Durante o evento, o professor Rudá Ricci valorizou o trabalho dos observatórios e problematizou sua atuação com os dados e a informação. Os dados necessitam ganhar sentido em diálogo dos pesquisadores com a população.

Na terça-feira, dia 18-10-2016, ocorreu o VI Seminário de Observatórios, que neste ano tematizou “DEMOCRACIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E INFORMAÇÃO”. A programação aconteceu a partir da manhã, com a “Roda de Conversa: Experiências dos Observatórios”, com ênfase aos temas de aprofundamento desta sexta edição do Seminário, que contou com a assessoria do prof. Dr. Rudá Ricci¹.

Após as pontualizações dos Observatórios presentes, o professor Rudá Ricci fez provocações sobre o papel dos observatórios. “O dado de que vocês estão falando faz sentido para a população? Como estes dados chegam à população?”, questionou o professor.

Na Roda de Conversa estiveram presentes os seguintes observatórios, que compõem a Rede de Observatórios: Observatório da Cultura de Porto Alegre, Observatório da Cidade de Porto Alegre – ObservaPOA, Observatório Juvenil do Vale, Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas – Unilasalle, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Segurança Alimentar e Nutricional – Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Rural – UFRGS, Observatório Brasileiro de Hábitos Alimentares – Fiocruz e Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, além de outros parceiros da Rede como o Sindicato de Sociólogos do Rio Grande do Sul, PPG Educação Unisinos, PPG Sociologia UFRGS e Federação de Economia e Estatística – FEE. A roda buscou trazer as experiências dos Observatórios, como também provocar o debate sobre a conjuntura e como isso afeta as ações dos observatórios.


Foto: Carolina Lima

Para Rudá, é preciso considerar que nem sempre os dados dialogam com a sociedade. “Isso não cria nenhum tipo de demérito ao trabalho que vocês realizam, mas serve para que a gente se localize”, apontou. A partir disso, o professor afirmou que para fazer acontecer a democracia é preciso que esse elemento seja considerado para que possa ser problematizado. “Eu vejo que há um esforço muito grande, mas que há um diálogo que se afasta de quem está no ‘chão da rua’”, explicou.

Em seguida Rudá apontou que a Rede de Observatórios reúne cinco grandes frentes de trabalho. Sendo elas: articulação de frentes e trabalho; pesquisa; acompanhamento de resultados via indicadores; assessoria técnica; e formação. Rudá afirmou que esta é a observação geral que ele fez a partir das experiências apresentadas.

O professor também apontou que vivemos um recuo da cultura política democrática no Brasil. “Em especial da cultura política de democracia deliberativa. Nós perdemos isso, nós fomos derrotados”, lamentou. A partir dessa questão, ele apontou os observatórios como agentes para a restauração do fortalecimento das políticas públicas. “É aqui que os observatórios começam a ter importância de capital. E é por isso que tem que estar aberto à sociedade”, indicou.

Para Rudá, também estamos vivendo um estado de exceção. “Nós estamos vivendo uma seleção de leis e situações jurídicas que colocam qualquer brasileiro ameaçado na sua conduta”, afirmou, completando que “isso depõe absolutamente contra qualquer tipo de gestão participativa”. Ele explicou que por trás dessa lógica está a intenção de recuperar a ordem do Brasil a partir da construção das elites. “Nós não temos (a participação) dos cidadãos depois de votar e se aponta que não tem mais por que discutirem a decisão dos eleitos”, conta.

Apresentação de trabalhos

Na parte da tarde, o VI Seminário de Observatórios contou com a apresentação de trabalhos. Os temas apresentados estavam relacionados com dados e indicadores, principalmente, da Região Metropolitana de Porto Alegre.

Os trabalhos foram: “Indicadores de Bem-Estar para Povos Tradicionais: O caso de uma comunidade indígena na fronteira da Amazônia brasileira”, “Aspectos Históricos Evolutivos da Agricultura nos territórios dos campos de cima da Serra e do Litoral”, “Uma metodologia de busca ativa participativa na política de assistência social”, “Aspectos Ambientais e Populacionais dos territórios Campos de Cima da Serra e Litoral”, “Diagnóstico Territorial: reunindo informações para problematizar a realidade nos Territórios Campos de Cima da Serra e Litoral/RS”, “Estratificação centílica de renda e patrimônio dos declarantes de imposto de renda no Brasil”, “Economia comportamental e as políticas públicas: um enfoque sobre o tabagismo”, “Evolução e perfil dos beneficiários do Programa Bolsa Família: um estudo do município de Gravataí (RS) (2004-2014)” e “Entidades não governamentais na proteção e defesa dos animais urbanos: o caso de Sapucaia do Sul (Rio Grande do Sul)”.

Observatórios e a democratização da democracia

Ainda na parte da noite o professor Rudá fez uma exposição sobre os observatórios e a democratização da democracia. Ele apontou que vivemos uma época de desafio da participação, pois há um afastamento das instituições cada vez maior. Para ele os grupos de interesse têm assumido o papel de representação. “Em vez de organizações discutirem um território ou políticas públicas de toda uma região, (os grupos) estão fragmentando a discussão do território a partir do próprio interesse, principalmente capturados pela lógica do consumo”, apontou o professor.


Foto: Jonathan Camargo

Para Rudá, o lulismo criou um problema grave que foi criar a inclusão a partir do consumo. “Quando as pessoas começam a ter acesso ao consumo e elas começam a perceber que o prestígio tem a ver com o carro que ela comprou ou o avião que ela pegou pela primeira vez, elas deixam de ser solidárias”, indicou o professor, complementando que isso reforça o aumento do individualismo e do conservadorismo.

Nesse sentido, para Rudá, os observatórios têm um papel maior. “Os observatórios têm uma estratégia que é criar controle social sobre políticas públicas, controle da sociedade sobre as políticas”, argumentou. Além disso, para ele os observatórios têm a capacidade de criar “capital social”².

O professor ainda destacou o papel da universidade. Segundo Rudá, é importante que a academia não forme cidadãos para o sucesso individual. “Nós temos que formar vocês para serem lideranças territoriais. A ideia é universal. Que aqui vocês pensem acima do problema individual”, apontou, além de muitas outras contribuições e provocações.

O “VI Seminário de Observatórios: Democracia, políticas públicas e informação” foi transmitido ao vivo pelo canal do IHU no Youtube e pode ser acessado aqui. Também é possível conferir a Entrevista especial com Rudá Ricci: “O principal problema do Brasil não é a corrupção, mas a desigualdade.”

¹ - Rudá é graduado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, mestre em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp e doutor em Ciências Sociais também pela Unicamp. Além disso, é diretor do Instituto Cultiva, professor do curso de mestrado em Direito e Desenvolvimento Sustentável da Escola Superior Dom Helder Câmara e colunista Político da Band News.

² - Capital social é o grau de confiança que a população tem em si mesma para superar problemas comuns. Não é depender do vereador, do prefeito. É ela assumir e coordenar as políticas locais.

Por Carolina Lima e Marilene Maia

Em 2016, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, promoveu o edital a fim de dar espaço para pesquisas e/ou experiências na região do Vale do Rio dos Sinos e Região Metropolitana de Porto Alegre, que contou com a participação de trabalhos que analisaram diferentes realidades a partir de diferentes perspectivas.

O trabalho “Uma análise sobre o crescimento populacional e sua distribuição no espaço 'território' no município de Canoas - RS” foi realizado pelo Pós-Graduando em Geoprocessamento na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMINAS) Lucas Pereira Cabral em conjunto com a Mestranda em Ciências Sociais na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (CAPES/PROSUP) Thaís da Rosa Alves.

Eis o texto.

O fenômeno da urbanização vem modificando a compreensão das configurações e apropriações espaciais. Essas novas formas de pensar e viver em um território urbano estão atreladas às funções da cidade e da produção do espaço. (PIRES; LANDAU; MARTINS, 2013). Pensando a partir dessas novas configurações, este trabalho tem como objetivo analisar o crescimento populacional no município de Canoas a partir da sua expansão urbana.

O começo da urbanização de Canoas data do século XIX, devido à construção da Linha Ferroviária São Leopoldo no ano de 1874. No começo da década de 1900, a população do que viria a ser o município já contava com 600 habitantes e 100 edificações, além de áreas cultivadas. (SILVA, 1989). O crescimento econômico promovido pela integração dos territórios através da ferrovia motivou a urbanização do local com a chegada de população de cidades vizinhas que buscavam melhores condições econômicas próximas à capital do estado. (PIRES; LANDAU; MARTINS, 2013).

Na década de 1930, foi instalado em Canoas o 3º Regimento de Aviação Militar e o surgimento de novos assentamentos urbanos que impulsionaram os desejos emancipatórios para que, enfim, no ano de 1939, Canoas fosse emancipada de Gravataí, permanecendo como 4º Distrito do mesmo, até que, em 1940, fosse concretizada sua instalação como município. (SILVA, 1989).

Canoas localiza-se a leste da Depressão Central do Estado do Rio Grande do Sul e compõe a Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) desde 1973. O município faz limites com Porto Alegre, Esteio, Cachoeirinha e Nova Santa Rita, sendo este último, até o ano de 1992, 2º Distrito de Canoas. A população do município, de acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano de 2015, é de 341.343 habitantes distribuídos no território de 131 km².

DESENVOLVIMENTO E METODOLOGIA

Para a elaboração da presente análise, foram utilizadas as informações disponibilizadas pelo Instituto Canoas XXI (ICXXI), através da publicação Estado da Cidade: um retrato de Canoas, organizada pela Diretoria de Estudos e Pesquisas (DIEPE/ ICXXI). A publicação possui o objetivo de demonstrar a realidade da cidade aos cidadãos através da criação e monitoramento de indicadores nas dimensões socioeconômica e territorial, permitindo a avaliação do crescimento municipal em várias áreas.

A análise baseou-se nas áreas da população e território, a partir do monitoramento do percentual do crescimento populacional e da evolução da mancha urbana.
O percentual de crescimento populacional é construído a partir do incremento médio da população residente. Os dados são coletados nos Censos Demográficos realizados pelo IBGE, portanto, a variação do crescimento populacional, em percentual, a cada dez anos.

A evolução da mancha urbana é a relação entre a área ocupada em km² e a área total do município em km². O monitoramento do indicador é realizado de cinco em cinco anos, pois é necessário este intervalo de tempo para possibilitar a visualização de mudanças territoriais. As informações utilizadas para a construção do indicador foram coletadas e sistematizadas pela Diretoria de Cadastro Técnico e Geoprocessamento (DCTG/ ICXXI).

Para a realização da análise temporal da expansão urbana do município de Canoas, foram realizados diferentes tipos de levantamento. As primeiras informações sobre a ocupação urbana no município foram coletadas por meio de levantamento histórico do período de início da ocupação, em meados do século XIX, até a década de 1960. Para a análise da década de 1970, foram realizados levantamentos aerofotogramétricos e cartas topográficas, disponibilizadas pelo Exército Brasileiro. A partir da década de 1980, foram analisados, além do levantamento aerofotogramétrico, imagens de satélite que contaram com a interpretação de processamento digital de imagens. (Imagem 1).

Imagem 1 – Levantamento aerofotogramétrico (1973) e imagens de satélite (2012) do município de Canoas


Fonte: Elaborado pelos autores

RESULTADOS E CONCLUSÕES

A variação do percentual de crescimento populacional é um fenômeno de médio e longo prazo. O indicador contribui significativamente na formulação de políticas públicas sociais, econômicas, ambientais e territoriais. Como variáveis de base, utiliza-se o número da população residente no município nas áreas urbana e rural. (Tabela 1).

Tabela 1 – Percentual de crescimento populacional


Fonte: adaptado de Canoas (2015, p. 134).

Observa-se na tabela que, a partir do Censo Demográfico realizado no ano de 2000, Canoas deixa de ter população rural e passa a ter a taxa de urbanização de 100%. Essa característica é resultante da emancipação de Nova Santa Rita, em 1992, desmembrando-se do município de Canoas.

De acordo com a tabela, o município de Canoas apresentou um decréscimo do percentual de crescimento populacional no período de 1980 a 2010. A redução do indicador no período de 2000 a 2010 também é relevante, pois variou de 13,68% para 5,79%.

A evolução da mancha urbana de Canoas é a relação entre a área ocupada em km² e a área total do município. Essa evolução é monitorada em um período de cinco em cinco anos, a fim de visualizar as mudanças. (Tabela 2).


Tabela 2 – Evolução da mancha urbana


Fonte: adaptado de Canoas (2015, p. 148).

Observa-se na tabela que, até a década de 1950, o percentual da área ocupada pela urbanização não era muito elevado. Esta realidade mudou a partir da década de 1960, passando de 11,27% para 20,61% do percentual da área ocupada pela urbanização. Esta mudança no cenário ocorreu devido à instalação da Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP).

Na década de 1970, com a inserção do município na RMPA, ocorreu a ocupação de diversas áreas no município que correspondem aos bairros Rio Branco, Fátima, Estância Velha, São José e algumas partes que viriam a ser o Guajuviras. (Mapa 1).

Mapa 1 – Expansão urbana em Canoas

Fonte: adaptado de Canoas (2015, p. 151).

Outro período no qual houve o aumento significativo da urbanização do município ocorreu na década de 1980, no qual 41,62% do território passou a ser ocupado pela urbanização. Este aumento ocorreu principalmente nas zonas periféricas, como no bairro Harmonia, Mathias Velho, São Luís, Industrial e partes do Rio Branco e Niterói.

Nas décadas de 1990 a 2000, houve uma reconfiguração da mancha urbana, aumentando para mais de 50% a ocupação urbana no município. Uma das principais causas deste aumento foi o surgimento de loteamentos residenciais nos bairros Igara, São José e Guajuviras.

Observou-se que, no período de 2010-2014, o percentual de área ocupada pela urbanização em Canoas foi de 57,73%. No mapa acima, é possível visualizar que os bairros Mato Grande, São José, Brigadeira e Guajuviras foram os que mais ampliaram suas manchas urbanas neste período.
Atualmente, o município de Canoas encontra-se em um processo que pode ser considerado como de “estagnação horizontal” da expansão urbana em seu território. Apesar da diminuição significativa da mancha urbana e sua população nos últimas décadas, a tendência é um aumento da população devido à ampliação do solo urbano a partir da verticalização das construções de grandes empreendimentos no município que vem ocorrendo nos últimos anos.
O estudo do crescimento populacional e urbano de um município possibilita a análise e a identificação de tendências de ordem e deslocamento do crescimento populacional. Essas informações auxiliam no delineamento de estratégias de planejamento urbano que busca atender os aspectos sociais, econômicos e ambientais, pensados de forma transversal, para garantir o desenvolvimento includente, sustentável e democrático de uma cidade.

REFERÊNCIAS

CANOAS. Instituto Canoas XXI. Estado da Cidade: um retrato de Canoas. 2015.

PIRES, C. L. Z.; LINDAU, H.G. L.; MARTINS, R. L. Representações do espaço-tempo: grafias de uma cidade. Revista FSA, Teresina, v. 11, n. 1, p. 220-241, jan./mar. 2014. Disponível em: < http://www4.fsanet.com.br/revista/index.php/fsa/article/view/348> . Acesso
em: 8 ago. 2016.

SILVA, J. P. As origens de Canoas. Conquista, povoamento, evolução. Canoas: La Salle,
1989.

Doenças do aparelho circulatório representam 26,36% dos óbitos no Vale do Sinos. Causas externas de morbidade e mortalidade representam apenas 11,11% dos óbitos totais, mas na faixa etária jovem, 75,14% dos óbitos ocorrem por esta causa em 2014. Mantém-se, ao longo dos últimos anos, o maior número de óbitos masculinos do que femininos: 5.189 homens frente a 4.225 mulheres em 2014, ou seja, número de óbitos masculinos é 22,81% maior que o feminino.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM para verificar a variação das causas de óbitos na população geral, de homens, de mulheres e juvenil no Vale do Sinos, de 1996 a 2014, através dos capítulos da Classificação Internacional de Doenças - CID.

O gráfico 01 apresenta o percentual de óbitos por causa no Vale do Sinos de 1996 a 2014. Destaca-se que as doenças do aparelho circulatório diminuíram percentualmente de 32,16% em 1996 para 26,36% em 2014.

Na região, o número de óbitos passou de 7.019 de 1996 para 9.414 em 2014. Neste período, as neoplasias aumentaram sua participação no total de óbitos, de 16,11% em 1996 para 20,02% em 2014. O capítulo neoplasia envolve os tumores, os quais podem ser neoplasias benignas ou malignas.

O percentual de óbitos por causas externas de morbidade e mortalidade caiu de 13,28% para 11,11% no período, apesar de o número absoluto ter crescido de 967 para 1.708.

As doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas aumentaram sua participação no total de óbitos para 5,01% em 2014 frente a 3,79% em 1996. Neste capítulo enquadram-se doenças como diabetes, deficiência de vitaminas, obesidade e desnutrição.

O gráfico 02 apresenta o número de óbitos do sexo masculino por causa no Vale do Sinos de 1996 a 2014. As doenças do aparelho circulatório representaram 24,11% dos óbitos em 2014, apesar de terem reduzido, visto que representavam 27,64% em 1996.

Destaca-se que o percentual de óbitos do sexo masculino por causas externas de morbidade e mortalidade é de 16,80% em 2014, muito maior que o percentual na população geral, de 11,11%.

O gráfico 03 apresenta o número de óbitos do sexo feminino por causa no Vale do Sinos de 1996 a 2014. As causas externas de morbidade e mortalidade nesse grupo representam apenas 4,12% do total de óbitos em 2014.

As doenças do aparelho circulatório, que representavam 38,36% em 1996, passaram para 29,14% do total de óbitos em 2014. Percentual de óbitos de neoplasia cresceu, passando de 16,63% em 1996 para 20,78% em 2014.

O gráfico 04 apresenta o número de óbitos juvenis por causa no Vale do Sinos de 1996 a 2014. A faixa etária da juventude refere-se às pessoas de 15 a 29 anos, conforme o Estatuto da Juventude. Esta faixa etária apresentou 519 óbitos em 2014, ou seja, 5,51% do total de óbitos da região.

Ainda assim, esta faixa etária destaca-se com um percentual muito maior de óbitos de causas externas de morbidade e mortalidade do que os outros segmentos analisados. Isto porque, em 2014, esta causa representou 75,14% dos óbitos de jovens na região.

Um dos principais fatores de óbitos de causas externas refere-se aos homicídios. Em 2012, a taxa de homicídios de jovens em Alvorada, município da Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA, por exemplo, chegou a 172,9 homicídios para cada 100.000 habitantes. No mesmo ano, a taxa brasileira chegou a 25,2.

Por Marilene Maia e Matheus Nienow

Na contramão da queda da representatividade das mulheres na política brasileira e gaúcha, o Vale do Sinos elegeu seis mulheres para comandar as prefeituras dos seus municípios a partir de 2017. Em relação ao pleito de 2012, o número de mulheres eleitas foi de quatro, podendo, no segundo turno de 2016, chegar a sete.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE para verificar o perfil dos prefeitos(as) eleitos(as) no pleito municipal de 2016. A análise apresentará informações acerca da idade, grau de instrução, ocupação, valor total do patrimônio declarado, entre outros dados.

No ano de 2016, segundo os dados do TSE, somente 31 mulheres se elegeram prefeitas nos municípios gaúchos, enquanto 466 homens foram eleitos. Esses dados colocam a representatividade feminina das mulheres nas prefeituras gaúchas em aproximadamente 6% dos municípios do estado. O dado fica ainda pior quando se faz um comparativo com os demais 26 estados da federação brasileira, colocando o Rio Grande do Sul na penúltima colocação na representatividade no Poder Executivo.

Em relação ao pleito de 2012, houve uma redução de 11,40%, mais que o dobro da média nacional; em valores absolutos, o número de mulheres prefeitas no Rio Grande do Sul caiu de 35 para 31. No Brasil, 639 mulheres foram eleitas no pleito de 2016, já em 2012, 670 tinham sido eleitas, ou seja, uma redução de 4,60%.

No estado gaúcho, essa situação não altera praticamente nada no segundo turno, pois apenas Elizabeth Colombo, do Partido Republicano Brasileiro – PRB, do município de Canoas disputa o pleito. Caso seja eleita a sucessora de Jairo Jorge, do Partido dos Trabalhadores - PT, o Vale do Sinos terá a maior parte das prefeituras comandada por mulheres. No cenário nacional, apenas sete mulheres concorrem no segundo turno, e se todas fossem eleitas, o número de mulheres prefeitas ainda ficaria abaixo do pleito de 2012.

Corinha, Fatima, Ivete, Mara e Carla são cinco das sete prefeitas eleitas no Vale do Sinos - Foto: Omar Freitas / Agência RBS

A tabela 01 sistematiza algumas informações do perfil dos prefeitos(as) eleitos no Vale do Sinos. Conforme pode ser visto, foram reeleitos(as) quatro dos atuais prefeitos(as) para um novo mandato a partir de janeiro de 2017.

Além dessa primeira informação inicial, a tabela mostra que a média de idade dos eleitos(as) é de 56 anos. A prefeita eleita de Ivoti, Maria Bauermann, com 72 anos de idade, é a única viúva entre os eleitos(as). Já o prefeito eleito de Esteio é o mais novo da região, com 26 anos de idade e o único declarado como solteiro.

No que tange à qualificação dos prefeitos(as) eleitos, 10 possuem ensino superior completo. Apenas a prefeita eleita Tania da Silva, de Dois Irmãos, possui ensino médio completo. Cabe destacar também que Tania é a única, entre os eleitos(as), da cor preta.

Seguindo a tendência da ocupação, o empresário e prefeito eleito de Nova Hartz, Flávio Jost, foi o que declarou ter o maior patrimônio entre todos os 14 prefeitos(as) eleitos da região. Os valores declarados de Jost para o TSE totalizaram R$ 2.822.094,47, sendo a maior parte dos bens e direitos compostos por rendimentos bancários. Já a primeira prefeita eleita de Estância Velha, Maria Grade, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB, declarou possuir o menor patrimônio entre os prefeitos(as) eleitos, com R$ 21.560,54.

 

Eleições 2016 nos municípios do Vale do Sinos alcançam 29,76% de abstenções, brancos e nulos. Na região, destaca-se ainda a ascensão do Partido Progressista - PP, uma vez que obteve 5 prefeituras frente a apenas 1 em 2012. O Partido dos Trabalhadores - PT, que em 2012 possuía 23,78% dos vereadores, passou para 15,85% em 2016 na região.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE para verificar o número de eleitores aptos, abstenções, votos brancos e nulos, assim como a movimentação de partidos políticos de 2012 a 2016 nos territórios do Vale do Sinos.

Comparecimento nas eleições municipais

A tabela 01 apresenta o número de comparecimento nas eleições municipais de 2016 nos territórios do Vale do Sinos. Na região, houve 168.315 abstenções.

O número de votos válidos chegou a 688.125, o que representa 68,44% dos eleitores aptos. Nulos somaram 89.868, sendo superiores aos brancos, que totalizaram 59.134.

A tabela 02 apresenta o percentual de abstenções, brancos, nulos e nulos parciais nas eleições municipais de 2016 nos territórios do Vale do Sinos. Na região, 28,84% dos eleitores se abstiveram ou votaram em branco ou nulo. Os nulos parciais referem-se a votos em candidatos com pedidos de candidatura até então indeferidos.

O maior percentual de abstenções, brancos e nulos ocorreu em Canoas, município no qual 36,58% dos eleitores optaram por um desses processos.

Em Porto Alegre, percentual de abstenções, brancos e nulos chegou a 34,82%. Em São Paulo (SP) a 34,84% e em Recife (PE) a 21,95%. Nas outras capitais da região sul do país, Florianópolis (SC) e Curitiba (PR) os percentuais chegaram a 21,55% e 27,95%, respectivamente. Dados divulgados no nível de unidade federativa e no país ainda não estão disponíveis.

Novo Hamburgo e São Leopoldo, segundo e terceiro municípios mais populosos da região, também obtiveram alguns dos maiores percentuais de abstenção, brancos e nulos. Em Novo Hamburgo, 29,90% dos eleitores não votaram em nenhum candidato ao Executivo.

No município com o menor número de eleitores da região, Araricá, o percentual de abstenções, brancos e nulos foi de apenas 12,90%, sendo o segundo menor percentual na região do Sinos. Em Nova Hartz ocorreu o menor percentual de abstenção, brancos e nulos, apenas 8,09%. No município, 5,24% se abstiveram, 1,10% votaram branco e 1,75% anularam o voto.

Representatividade partidária

Na região do Sinos, não foi apenas os altos percentuais de abstenções, brancos e nulos que se destacaram, mas também o enfraquecimento de alguns partidos políticos, dentre eles, principalmente, o Partido dos Trabalhadores – PT, que, de 2012 a 2016, diminuiu o percentual de prefeitos e vereadores na região.

O gráfico 03 apresenta o número de prefeitos eleitos por partido político no Vale do Sinos de 2012 a 2016. O Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB foi o que perdeu o maior número de prefeituras, passando de 5 em 2012 para 2 em 2016.

 
Na região, apenas em Canoas há segundo turno, no qual o Partido Trabalhista Brasileiro - PTB e o Partido Republicano Brasileiro - PRB disputam as eleições municipais no 2º turno. Ambos os partidos não conquistaram nenhuma prefeitura na região em 2016 até então.

Apesar de a maior diminuição de cargos no Executivo ter sido do PMDB na região, o PT também diminuiu o seu número de prefeituras, passando de 5 para 3 de 2012 a 2016. O Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB passou de 3 para 1 no período.

No entanto, destaca-se o aumento de prefeituras do Partido Progressista – PP, que em 2012 possuía apenas 1 prefeitura. Nas eleições municipais de 2016, o município chegou a 5, ou seja, 35,71% dos municípios da região serão dirigidos pelo PP a partir de 2017.

O Partido Democrático Trabalhista – PDT, que em 2012 não elegeu nenhum prefeito, passa a contar em 2017 com 2 prefeituras: Campo Bom e Portão.

O gráfico 04 apresenta o número de vereadores eleitos por partido político no Vale do Sinos de 2012 a 2016. O PT perdeu o maior número de cargos, passando de 39 para 26, uma redução de 33%.


O maior aumento, dentre os 6 partidos com o maior número de vereadores, ocorreu no PMDB, que chegou a 37 vereadores eleitos em 2016. Em 2012 foram 30, isto é, um aumento de 23,33% no período. Em 2016, o PMDB conseguiu eleger vereadores em 13 dos 14 municípios da região. Apenas Sapiranga não terá representantes do partido no legislativo.

PP e PDT também aumentaram o número de vereadores eleitos na região, 21,74% e 21,43%, respectivamente. O PP passou de 23 para 28 e o PDT de 14 para 17 vereadores eleitos.

O Solidariedade – SD, que foi oficialmente aceito pelo TSE como partido político em 2013, obteve 5 vereadores em 2016, em sua primeira aparição em nível municipal. Partido Republicano da Ordem Social - PROS (2), REDE Sustentabilidade (1) e Partido Verde - PV (1) também obtiveram pela primeira vez vereadores eleitos na região.

Por outro lado, 5 partidos, que em 2012 elegeram vereadores, não conseguiram o mesmo feito em 2016. São eles: Partido Social Liberal - PSL (3), Partido da República - PR (2), Partido Social Democrata Cristão - PSDC (1), Partido Pátria Livre - PPL (1), Partido da Mobilização Nacional - PMN (1).

A alteração do cenário político-partidário na região aponta para diferentes perspectivas quanto ao rumo não só dos partidos políticos, como da população. Além disso, o perfil dos eleitos também se alterou no período, com maior participação feminina, principalmente no Executivo, onde as mulheres passaram de 4 para 6 no período, sendo que em Canoas há, no segundo turno, a disputa entre uma mulher e um homem entre os candidatos ao Executivo.

Por Marilene Maia e Matheus Nienow

30 partidos políticos lançaram candidatos ou participam de coligações ao Executivo no Vale do Sinos em 2016. 17 lançaram candidatos e apenas 2 dos 30 não participam de coligações.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul – TRE/RS para verificar as coligações partidárias existentes para o cargo do Executivo nas eleições municipais de 2016 nos municípios do Vale do Sinos.

No Vale do Sinos, nas eleições municipais de 2016, 28 partidos políticos representam coligações políticas. Destes, 16 apresentaram, ao menos, uma candidatura para o Executivo neste ano. O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados - PSTU e o Partido Socialismo e Liberdade - PSOL foram os únicos partidos a não se coligarem em nenhum município, sendo que o primeiro lançou candidato ao Executivo apenas em Sapucaia do Sul e o segundo em Canoas, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Sapucaia do Sul.

O gráfico abaixo apresenta o cenário de coligações partidárias nas eleições municipais de 2016 nos municípios do Vale do Sinos. Na região foram lançadas 56 candidaturas ao Executivo, das quais 15, ou seja, 26,79% são candidaturas com partido único, isto é, sem coligações.



Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul – TRE/RS

Das 41 coligações partidárias ao executivo na região, a maior ocorreu em Canoas, com 14 partidos políticos, os quais são representados pela liderança do Partido Republicano Brasileiro – PRB, o qual disputa o executivo no município.

Destaca-se ainda que o apoio em coligações mais frequente é do Partido Comunista do Brasil - PC do B em relação ao Partido dos Trabalhadores - PT. Em 6 municípios, o PC do B apoia o candidato ao executivo do PT, são eles: Estância Velha, Esteio, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapiranga e Sapucaia do Sul.

Os outros apoios mais frequentes são do Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB, e do Partido Republicano da Ordem Social - PROS ao Partido Progressista - PP, sendo estes em 5 municípios cada.

O PP e o PT são os partidos com mais candidatos ao executivo na região, sendo cada um em 9 municípios. Apenas os municípios de Campo Bom e de Canoas não têm nenhum candidato destes partidos juntos. Em Campo Bom, o PP apoia a candidatura do PMDB e o PT a do Partido Socialista Brasileiro - PSB. Em Canoas, tanto PP quanto PT apoiam a candidatura do PRB e compõem a maior coligação da região dos Sinos.

O PP é o partido que possui o maior número de diferentes apoios, com 21 partidos políticos coligados ao menos uma vez nos territórios do Vale do Sinos. O PT conta com o apoio de 20 partidos políticos e o PMDB com 18.

Em São Leopoldo, município no qual concorrem 6 candidatos pelos partidos PT, PP, PSDB, PSOL e também o Partido Social Democrático – PSD e o Partido Democrático Trabalhista - PDT, as pesquisas apontam que, ainda na semana anterior às eleições, 29,7% dos eleitores afirmam estar indecisos ou decididos a votar em branco/nulo. Além disso, 4 dos 5 candidatos com maior percentual apresentam maior índice de rejeição do que percentual de votação.

Por Marilene Maia e Matheus Nienow