Eleições 2016 nos municípios do Vale do Sinos alcançam 29,76% de abstenções, brancos e nulos. Na região, destaca-se ainda a ascensão do Partido Progressista - PP, uma vez que obteve 5 prefeituras frente a apenas 1 em 2012. O Partido dos Trabalhadores - PT, que em 2012 possuía 23,78% dos vereadores, passou para 15,85% em 2016 na região.
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE para verificar o número de eleitores aptos, abstenções, votos brancos e nulos, assim como a movimentação de partidos políticos de 2012 a 2016 nos territórios do Vale do Sinos.
Comparecimento nas eleições municipais
A tabela 01 apresenta o número de comparecimento nas eleições municipais de 2016 nos territórios do Vale do Sinos. Na região, houve 168.315 abstenções.
O número de votos válidos chegou a 688.125, o que representa 68,44% dos eleitores aptos. Nulos somaram 89.868, sendo superiores aos brancos, que totalizaram 59.134.
A tabela 02 apresenta o percentual de abstenções, brancos, nulos e nulos parciais nas eleições municipais de 2016 nos territórios do Vale do Sinos. Na região, 28,84% dos eleitores se abstiveram ou votaram em branco ou nulo. Os nulos parciais referem-se a votos em candidatos com pedidos de candidatura até então indeferidos.
O maior percentual de abstenções, brancos e nulos ocorreu em Canoas, município no qual 36,58% dos eleitores optaram por um desses processos.
Em Porto Alegre, percentual de abstenções, brancos e nulos chegou a 34,82%. Em São Paulo (SP) a 34,84% e em Recife (PE) a 21,95%. Nas outras capitais da região sul do país, Florianópolis (SC) e Curitiba (PR) os percentuais chegaram a 21,55% e 27,95%, respectivamente. Dados divulgados no nível de unidade federativa e no país ainda não estão disponíveis.
Novo Hamburgo e São Leopoldo, segundo e terceiro municípios mais populosos da região, também obtiveram alguns dos maiores percentuais de abstenção, brancos e nulos. Em Novo Hamburgo, 29,90% dos eleitores não votaram em nenhum candidato ao Executivo.
No município com o menor número de eleitores da região, Araricá, o percentual de abstenções, brancos e nulos foi de apenas 12,90%, sendo o segundo menor percentual na região do Sinos. Em Nova Hartz ocorreu o menor percentual de abstenção, brancos e nulos, apenas 8,09%. No município, 5,24% se abstiveram, 1,10% votaram branco e 1,75% anularam o voto.
Representatividade partidária
Na região do Sinos, não foi apenas os altos percentuais de abstenções, brancos e nulos que se destacaram, mas também o enfraquecimento de alguns partidos políticos, dentre eles, principalmente, o Partido dos Trabalhadores – PT, que, de 2012 a 2016, diminuiu o percentual de prefeitos e vereadores na região.
O gráfico 03 apresenta o número de prefeitos eleitos por partido político no Vale do Sinos de 2012 a 2016. O Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB foi o que perdeu o maior número de prefeituras, passando de 5 em 2012 para 2 em 2016.
Apesar de a maior diminuição de cargos no Executivo ter sido do PMDB na região, o PT também diminuiu o seu número de prefeituras, passando de 5 para 3 de 2012 a 2016. O Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB passou de 3 para 1 no período.
No entanto, destaca-se o aumento de prefeituras do Partido Progressista – PP, que em 2012 possuía apenas 1 prefeitura. Nas eleições municipais de 2016, o município chegou a 5, ou seja, 35,71% dos municípios da região serão dirigidos pelo PP a partir de 2017.
O Partido Democrático Trabalhista – PDT, que em 2012 não elegeu nenhum prefeito, passa a contar em 2017 com 2 prefeituras: Campo Bom e Portão.
O gráfico 04 apresenta o número de vereadores eleitos por partido político no Vale do Sinos de 2012 a 2016. O PT perdeu o maior número de cargos, passando de 39 para 26, uma redução de 33%.
O maior aumento, dentre os 6 partidos com o maior número de vereadores, ocorreu no PMDB, que chegou a 37 vereadores eleitos em 2016. Em 2012 foram 30, isto é, um aumento de 23,33% no período. Em 2016, o PMDB conseguiu eleger vereadores em 13 dos 14 municípios da região. Apenas Sapiranga não terá representantes do partido no legislativo.
PP e PDT também aumentaram o número de vereadores eleitos na região, 21,74% e 21,43%, respectivamente. O PP passou de 23 para 28 e o PDT de 14 para 17 vereadores eleitos.
O Solidariedade – SD, que foi oficialmente aceito pelo TSE como partido político em 2013, obteve 5 vereadores em 2016, em sua primeira aparição em nível municipal. Partido Republicano da Ordem Social - PROS (2), REDE Sustentabilidade (1) e Partido Verde - PV (1) também obtiveram pela primeira vez vereadores eleitos na região.
Por outro lado, 5 partidos, que em 2012 elegeram vereadores, não conseguiram o mesmo feito em 2016. São eles: Partido Social Liberal - PSL (3), Partido da República - PR (2), Partido Social Democrata Cristão - PSDC (1), Partido Pátria Livre - PPL (1), Partido da Mobilização Nacional - PMN (1).
A alteração do cenário político-partidário na região aponta para diferentes perspectivas quanto ao rumo não só dos partidos políticos, como da população. Além disso, o perfil dos eleitos também se alterou no período, com maior participação feminina, principalmente no Executivo, onde as mulheres passaram de 4 para 6 no período, sendo que em Canoas há, no segundo turno, a disputa entre uma mulher e um homem entre os candidatos ao Executivo.
Por Marilene Maia e Matheus Nienow