Nicarágua. Revogado o estatuto jurídico dos Jesuítas: terror e repressão no país

Foto: Vatican Media

Mais Lidos

  • O economista Branko Milanovic é um dos críticos mais incisivos da desigualdade global. Ele conversou com Jacobin sobre como o declínio da globalização neoliberal está exacerbando suas tendências mais destrutivas

    “Quando o neoliberalismo entra em colapso, destrói mais ainda”. Entrevista com Branko Milanovic

    LER MAIS
  • Abin aponta Terceiro Comando Puro, facção com símbolos evangélicos, como terceira força do crime no país

    LER MAIS
  • A farsa democrática. Artigo de Frei Betto

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

26 Agosto 2023

Na Nicarágua, continua a agressão injustificada contra os Jesuítas num contexto geral de repressão. A Província Centro-Americana da Companhia de Jesus deplora a medida com que o governo presidido por Daniel Ortega revogou o seu estatuto jurídico e fala de uma repressão sistemática qualificada como crime contra a humanidade com o objetivo de um pleno estabelecimento de um regime totalitário

A reportagem é de Paolo Ondarza, publicada por Vatican News, 24-08-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

A Província Centro-Americana dos Jesuítas expressa a sua dura condenação à medida com que as autoridades nicaraguenses revogaram o estatuto jurídico da Companhia de Jesus. Num comunicado, de 23 de agosto de 2023, os Jesuítas deploram a “nova agressão” contra a ordem religiosa fundada por Santo Inácio de Loyola, um ato que se insere numa política de terror contra a população nicaraguense e “na mais sistemática repressão que em nível nacional” o governo Ortega está realizando e que um grupo de especialistas criado na Nicarágua pela ONU já qualificou como “crimes contra a humanidade”.

Rumo a um regime totalitário

Segundo a Província Centro-Americana da Companhia de Jesus, a medida visa “o pleno estabelecimento de um regime totalitário” do qual são responsáveis o presidente e a vice-presidente da Nicarágua, culpados de dificultar “a independência e a neutralidade do poder judiciário". O comunicado de imprensa convida os líderes do país a cessarem a repressão em curso e a favorecerem uma “solução razoável em que prevaleçam a verdade, a justiça, o diálogo, o respeito pelos direitos humanos e pelo Estado de direito”.

Além disso, pede-se o pleno respeito pela liberdade e identidade dos Jesuítas e das pessoas que com eles colaboram. A Companhia de Jesus da Nicarágua afirma estar em comunhão com os “milhares de vítimas nicaraguenses que aguardam justiça e reparação pelos danos causados pelo atual governo” e expressa “gratidão pelas inúmeras expressões de reconhecimento, apoio e solidariedade recebidas” em resposta aos crescentes ultrajes.

Nenhuma possibilidade de recurso

A medida governamental 105-2023 estabelece que os bens imóveis e móveis da Companhia de Jesus no país sejam transferidos para o Estado. Da mesma forma que para os restantes casos de cancelamento de registo jurídico estabelecidos pelo regime desde 2018, a decisão foi tomada sem terem sido concluídos os procedimentos administrativos previstos na lei. Aos jesuítas não foi dada a possibilidade de recorrer a um juiz imparcial.

Em aumento as perseguições contra a Igreja católica

Antes desta última medida repressiva, há cerca de uma semana o governo Ortega, sob o pretexto da luta contra o terrorismo, já havia confiscado a Universidade Centro-Americana da Nicarágua (UCA), fundada pelos Jesuítas, e a residência da Companhia de Jesus em Manágua sem conceder aos que ali moravam a possibilidade de recolher e retirar os seus pertences pessoais. Há apenas cinco dias, no dia 19 de agosto, completou-se o primeiro ano da prisão de monsenhor Rolando Álvarez, bispo de Matagalpa e administrador apostólico de Estelí, condenado a 26 anos de prisão sem julgamento sob a acusação de conspiração contra a integridade nacional e de propagação de notícias falsas. Desde então, as perseguições contra a Igreja Católica aumentaram no país.

Leia mais