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Mulheres no mercado de trabalho

Segunda, 11 de Março de 2013

A partir da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) é possível acessar dados sobre o trabalho formal de todo o País. O ObservaSinos socializa "A  Carta  Especial  Mulheres  no  Mercado  de  Trabalho" elaborada pelo  pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas.

Moisés Waismann é o pesquisador do Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas e professor do Centro Universitário La Salle.

Eis a análise.

A  Carta  Especial  Mulheres  no  Mercado  de  Trabalho  é  produzida  pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, e apresenta nesta edição um olhar sobre a força de trabalho feminina no que diz respeito a sua participação (quantidade) e a sua renda. Este material é elaborado a partir dos dados disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por meio da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). As informações dizem respeito ao ano de 2011, últimos dados divulgados. Como recorte metodológico escolheu-se os grandes setores econômicos do IBGE e seis regiões geográficas (Brasil, Rio Grande do Sul, Região Metropolitana de Porto Alegre e os municípios de Porto Alegre, Canoas e São Leopoldo) para realizar a pesquisa. Espera-se com este material auxiliar na visualização do papel das mulheres no mercado de trabalho no sentido de qualificar o debate sobre esta questão.

Na tabela 1 apresenta-se a quantidade de empregos femininos no mercado formal de trabalho, no ano de 2011, nos grandes setores econômicos, bem como no seu total nas seis regiões geográficas selecionadas.


Verifica-se na tabela 1 que no Brasil em 2011 existiam distribuídas nos diversos setores econômicos mais de 19 milhões de mulheres empregadas no mercado formal de trabalho, no estado do Rio Grande do Sul esta quantidade passa de 1.300 mil. Na região metropolitana de Porto Alegre, que agrega 32 munícipios, existem cerca de 628 mil postos de trabalho femininos. Dos três municípios selecionados Porto Alegre passa das 367 mil mulheres, e Canoas atinge mais de 33 mil e São Leopoldo fica com quase 28 mil mulheres no mercado de trabalho formal.

No sentido de apresentar a participação da força de trabalho feminina foi elaborada a tabela 2. Esta mostra a proporção de empregos femininos no mercado formal de trabalho por setor econômico no conjunto dos setores econômicos nas regiões geográficas selecionadas, no ano de 2011.


Analisando a tabela 2 pode-se observar que é no setor de serviços que estão concentrados a maior parte do trabalho feminino. Vale lembrar que é neste setor que estão as profissionais do ensino e da saúde. Nota-se também que o setor que desponta em segundo lugar na concentração do trabalho feminino é o de serviços em quase todas as regiões estudas, com exceção do estado do Rio Grande do Sul onde se destaca o setor industrial.

O gráfico 1 apresenta os dados da tabela 2 e ilustra a proporção de empregos femininos no mercado formal de trabalho por setor econômico e seu total nas regiões geográficas selecionadas, no ano de 2011.



Na tabela 3 é apresentada a proporção de empregos femininos sobre o total no mercado formal de trabalho por setor econômico e no seu conjunto nas regiões geográficas selecionadas para o ano de 2011.

Percebe-se na tabela 3 que no Brasil 41,9% do mercado formal de trabalho é composto por mulheres. No Rio Grande do Sul esta fatia é de 44,7%, na Região Metropolitana de Porto Alegre este valor sobe para 70.6%. O munícipio de Porto Alegre, das seis regiões pesquisadas é o que tem uma maior proporção de mulheres no seu mercado de trabalho com 49,5%. Chama a atenção que no munícipio de Canoas este percentual é menor do que o conjunto do Brasil, com 37,7%. Em São Leopoldo a participação do trabalho feminino no total passa de 45%. Com o auxílio do gráfico 1 que mostra a proporção de empregos femininos no mercado formal de trabalho por setor econômico e seu total nas regiões geográficas selecionadas, no ano de 2011, pode-se verificar que é no setor de Serviços e no Comércio onde esta concentrada a maior parte da força de trabalho das mulheres.

Na tabela 4 é apresentado o valor do salário médio feminino no mercado formal de trabalho por setor econômico e seu total nas regiões geográficas selecionadas, no ano de 2011.


Verifica-se na tabela 4 que no conjunto dos setores econômicos é no munícipio de Porto Alegre onde se encontram as melhores remunerações para as mulheres, com R$ 2.091,31. No munícipio de São Leopoldo é onde se encontra a menor remuneração, do conjunto das regiões estudas, com R$ 1.381,12. No estado do Rio Grande do Sul as mulheres recebem menos do que no Brasil. Em todas as regiões estudas verificou-se que é no setor de serviços onde as mulheres alcançam a melhor remuneração.

Na tabela 5 apresenta-se a proporção do salário médio feminino sobre o salário geral no mercado formal de trabalho por setor econômico e seu total nas regiões geográficas selecionadas no ano de 2011. A partir da tabela pode-se observar a diferença salarial das mulheres frente ao conjunto dos trabalhadores.

O gráfico 2 apresenta a proporção do salário médio feminino no mercado formal de trabalho sobre o salário geral no mercado formal de trabalho, nas regiões geográficas escolhidas, no ano de 2011.


Analisando a tabela 5 e o gráfico 2 em conjunto pode-se perceber que em todas as regiões estudas as mulheres percebem um rendimento pelo seu trabalho menor do que o conjunto dos assalariados. O município de São Leopoldo destaca-se por tem a mais lata diferença com 17,8%. No conjunto do Brasil esta diferença baixa para 10,4%. Esta informação aponta que as mulheres trabalhadoras ganham em média menos 10% do seu salário. É no setor da construção civil o local onde as mulheres ganham mais do que a média dos assalariados. Esta observação só não vale para Porto Alegre onde a diferença é negativa. No setor da indústria observa-se que a diferença salarial fica entre 24,9% e 37,1%, sendo então o setor onde se encontra a maior diferença.

Na região do Vale do Rio dos Sinos o setor Indústria de transformação era responsável pelo maior número de vínculos empregatícios em 31 de dezembro de 2011, alcançando 37,4% dos 380.573 registros de trabalho formal na região. Este setor registrou em todos os municípios da região Remuneração Média feminina sempre menor do que a masculina.

O setor de Serviços aparece em segundo lugar com maior o maior número de vínculos empregatícios, 28%, seguido do Comércio com 19% no mesmo período. O setor da Administração pública emprega 29.530 pessoas na região.

A Construção Civil é o quinto setor que mais emprega na região, 6%. Neste setor no município de Campo Bom a remuneração média das mulheres é maior que a dos homens.

O setor Serviços Industriais de Utilidade Pública no município de Araricá é o único na região do Vale do Sinos onde a média salarial entre homens e mulheres é a mesma, R$1.061,80.

Já em Novo Hamburgo a diferença da remuneração média entre homens e mulheres no setor Extrativismo vegetal chega a R$1.321,43 a menos para elas.

É explicito, ao analisar os dados de vínculos formais de trabalho no ISPER (Informações para o Sistema Público de Emprego e Renda), e, perceber a desigualdade de remuneração entre trabalhadores num mesmo setor.

Mas para poder identificar a desigualdade nas relações entre os sexos faz-se necessário e oportuno observar as informações tomando como referência a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), que tem por fim a identificação das ocupações no mercado formal de trabalho nos municípios no mesmo período.

Em Canoas a Remuneração Média Feminina era menor nas cinco ocupações onde havia o maior estoque de trabalhadores. A ocupação vendedor de comércio varejista era com o maior estoque no período e apresentava a média salarial mais desigual entre os sexos, os homens recebem em média R$447 a mais que as mulheres.

A ocupação Motorista de caminhão, rotas regionais e internacionais, aparece entre as cinco ocupações que mais empregam nos municípios de Canoas, Esteio, Ivoti, Nova Santa Rita, Portão e Sapucaia do Sul. Na região são dezoito motoristas de caminhão mulheres, estas profissionais recebem Remuneração Média sempre menores que dos homens.

A ocupação que aparece em primeiro lugar com vínculos empregatícios em Nova Santa Rita e São Leopoldo é a de Faxineiro. Nova Santa Rita empregava 680 pessoas no final do ano de 2011, as mulheres representam 70% do total. A Remuneração Média Feminina nesta função é menor que a dos homens, cerca de 64 reais.

No município de São Leopoldo 4.534 exerciam esta função, sendo que as mulheres representavam 86,5% destes trabalhadores. A remuneração média das mulheres chega a ser 130 reais inferior a dos homens.


Acesse

A equipe do ObservaSinos reúne na página “Indicadores do Vale do Sinos” dados sobre os municípios que compõem o Corede Vale do Sinos. Os dados que subsidiaram esta análise podem ser acessados por completo na página.

Fica a dica

ISPER é um site público que não necessita de senha para o acesso às informações sobre o mercado formal de trabalho. Nele você pode encontrar, algumas, informações sobre todos os municípios brasileiros referentes ao trabalho. Conheça.

O mercado formal de trabalho movimentou 413.861 pessoas durante o ano de 2012 na região do Vale do Rio dos Sinos, entre admitidos e desligados. No mês de janeiro de 2013 foram admitidos 19.029 trabalhadores, na contramão foram desligadas 17.141 pessoas. Em ambos os períodos a flutuação foi positiva.

Estas informações são oriundas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O termo flutuação refere-se ao emprego formal e é utilizado para identificar a diferença entre o número de trabalhadores admitidos e desligados num determinado período.

 

No Vale do Sinos durante o ano de 2012 o setor de Serviços obteve o maior saldo positivo com 4.476 novos vínculos de trabalho. As Indústrias de Transformação desligaram mais do que admitiram trabalhadores no mesmo período, resultando num saldo negativo de 2.076. Nos municípios de Araricá, Campo Bom, Nova Hartz e Novo Hamburgo a flutuação referente ao ano de 2012 foi negativa.

A flutuação do emprego formal no primeiro mês de 2013 foi positiva na região, 1.888 vínculos a mais do que desligamentos. O setor do Comércio foi o que mais desligou trabalhadores do que admitiu: saldo negativo de 547.

Em Araricá o ano de 2012 fechou com flutuação negativa de – 49 vinculos. O setor que mais desligou trabalhadores foi a Indústria de Transformação. No mês de janeiro de 2013 o município fica com flutuação positiva, admitindo mais trabalhadores do que desligando. Do total de novos vínculos no mês 35 foram feitos no setor Indústria de Transformação com média salarial de R$ 866,09.

No município de Campo Bom em 2012 se desligou mais trabalhadores do que se admitiu nos setores: Extrativismo vegetal, Indústria de Transformação, Serviços Industriais de Utilidade Pública, Construção Civil e Comércio, 512 vínculos negativos. No mês de janeiro deste ano no município o setor do Comércio foi, entre os setores citados, o que permaneceu desligando mais trabalhadores do que admitindo, -29 vínculos.

O setor Indústria de Transformação em Nova Hartz desligou mais trabalhadores do que contratou em 2012, 557 trabalhadores a menos. Novos vínculos foram estabelecidos no setor e no município no mês de janeiro deste ano, 211, com média salarial de R$ 861,58.

Em Novo Hamburgo no total do ano de 2012 entre admitidos e desligados do trabalho formal a flutuação foi negativa, -56. A Indústria de Transformação movimentou 40.393, sendo que 51,2% destes trabalhadores a movimentação deu-se por rompimento do vínculo de trabalho.

A movimentação por município do país pode ser encontrada no ISPER (Informações para o Sistema Público de Emprego e Renda). Dados sistematizados sobre os admitidos e desligados do mercado formal de trabalho dos municípios do Vale do Sinos podem ser encontrados na página do ObservaSinos.

O saldo foi positivo no mercado formal de trabalho brasileiro no primeiro bimestre deste ano, sendo 152.346 vínculos a mais de trabalhadores entre admitidos e desligados. No entanto, observando os dados disponíveis no ISPER (Informações para o Sistema Público de Emprego e Renda) o setor do Comércio está com saldo negativo no período, desligou 77.872 trabalhadores a mais do que contratou, seguido da Agropecuária com saldo negativo de 10.397 trabalhadores.

A ocupação Vendedor de comércio varejista possui o maior saldo negativo para os meses de janeiro e fevereiro no país, 58.875 desligamentos. Tendo os trabalhadores nessa ocupação o salário médio na admissão de R$847,97.

O estado do Rio Grande do Sul teve flutuação positiva no primeiro bimestre do ano, 35.876 a mais que desligamentos. Nos setores, o Comércio ficou com saldo negativo de 3.470 vínculos, seguido do setor Extrativismo Mineral que desligou 52 trabalhadores a mais do que admitiu.

Assim como no país, no estado a ocupação Vendedor de comércio varejista possui o maior saldo negativo entre as ocupações que mais desligaram trabalhadores, no período foram desligados 2.909 trabalhadores a mais do que admitidos na função.

Nos meses de janeiro e fevereiro deste ano na região do Vale do Rio dos Sinos a flutuação do mercado formal de trabalho foi positiva. Ou seja, se admitiu mais trabalhadores na região do que se desligou, saldo positivo de 5.685 vínculos. Entretanto, a movimentação de trabalhadores, número de admitidos e desligados na região, chega a 73.267. Ou seja, existe um saldo positivo no número total de vínculos e uma grande movimentação de trabalhadores em apenas dois meses. Seguindo o que ocorreu no país e no estado, o Comércio desligou mais trabalhadores do que admitiu na região, saldo negativo de 492 vínculos.

O município de Esteio foi o único no período que registrou saldo total negativo na região do Sinos. Os setores do Comércio e de Serviços foram aqueles onde o número de desligamentos foi maior do que de admissões.

O ObservaSinos (Observatório da realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos ) objetiva através da publicização dos indicadores da região, em sua página no sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, promover o debate sobre a realidade. A partir dos dados: como os trabalhadores, os agentes com responsabilidade pública têm avaliado esta realidade? O que mais é necessário conhecer, analisar e debater sobre esta realidade para transformar?

Os indicadores do trabalho revelam que no primeiro bimestre deste ano a flutuação do mercado formal de trabalho foi positiva no país, no estado e na região do Vale do Sinos.  Ou seja, se admitiu mais trabalhadores do que se desligou. Entretanto, no setor Comércio no mesmo período houve mais desligamentos que admissões de trabalhadores nas três regionalizações.

Oliveira, a convite do ObservaSinos – IHU, analisa estes dados e enfatiza que  o setor Comércio “sofre o movimento sazonal de contratações de final de ano, que com o refluxo dos primeiros meses do ano, diminui sua mão de obra, diria que de maneira natural da operação do mercado, e num local que apresenta um trabalho de baixa remuneração”. 

Loricardo de Oliveira é Secretário de Políticas Sindicais – Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM) e Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Eis sua análise

Para avaliar os dados sobre emprego formal, no Vale do Sinos, devemos olhar onde eles estão sendo produzidos. Há um movimento de rotatividade nas empresas, por dois motivos, pela oferta de emprego na região o que faz muitos trabalhadores buscarem um trabalho melhor remunerado, outro as empresas buscando ajustar custos, demitem para contratações de salários menores. Uma contradição, mas que é evidente nas contratações e demissões.

O Comércio sofre o movimento sazonal de contratações de final de ano, que com o refluxo dos primeiros meses do ano, diminui sua mão de obra, diria que de maneira natural da operação do mercado, e num local que apresenta um trabalho de baixa remuneração. 

O que está muito evidente também é o emprego que ainda aparece forte nos Serviços e mesmo no Comércio, apesar de algumas cidades terem uma pequena elevação de empregabilidade no setor Industrial. É evidente que o que há um aquecimento industrial no Brasil, mas na região do Vale do Sinos, falta uma política industrial estruturante por parte das Prefeituras, que alavanque as economias locais. Um problema de futuro, pois o Brasil precisa fortalecer o parque industrial, principalmente a indústria de transformação, e isso aqui na região não nos parece prioridade, mesmo sendo uma região que não tem sua economia baseada na agricultura como outras do Rio Grande do Sul, portanto vive no perigo de ficar dependente de empregos em áreas não estruturantes e produtivos, que num refluxo econômico pode gerar déficit nas arrecadações e desempregos no trabalho formal.

Uma das ferramentas existentes no país para o planejamento e implementação de políticas públicas é o CadÚnico, que identifica as famílias de baixa renda, com até meio salário mínimo por pessoa (R$ 339) ou renda mensal total de até três salários mínimos (R$ 2.034). Em janeiro deste ano haviam 112.036 famílias cadastradas na região do Vale do Rio dos Sinos, totalizando 338.492 pessoas.

Sobre o cadastramento Grégori Soranso, Diretor do Cadastro Único em São Leopoldo, explica que “o cadastro é realizado por família, contendo as informações individuais de todos os membros deste núcleo familiar em cada cadastro. Porém, na hora de trabalhar esses dados, os Relatórios de Informações fornecem tanto a possibilidade de se visualizar essas informações por família quanto por indivíduo”.

Soranso destaca que “também devem estar inscritas no CadÚnico todas aquelas famílias que estejam vinculadas direta ou indiretamente em programas sociais implementados pelo poder público nas três esferas de governo”.

Sobre a utilização destas informações Soranso enfatiza que “cada programa que utiliza o CadÚnico como base para seleção tem os seus próprios critérios, basicamente relacionados a questão da renda, portanto não há uma relação entre o número de cadastrados e o número de beneficiários”.

Linha da Indigência

A partir do CadÚnico pode-se monitorar o alcance dos ODMs - Objetivos do Milênio. O primeiro deles desafia acabar com a fome e a miséria, compromisso assumido pelo Brasil entre 191 nações que foi organizado pela Organização das Nações Unidas no ano 2000. O dado para medir esta desigualdade é a renda, sendo estabelecido que a renda de setenta reais por indivíduo o identificaria na linha da indigência. 

Dados do CadÚnico de janeiro deste ano apontam 40.851 famílias na região do Vale do Sinos nesta faixa, totalizando 130.808 pessoas, significando 10% da população – tendo como população total a estimativa calculada pela FEE para o ano de 2011.

Controle Social

O CadÚnico é uma importante fonte de dados para o planejamento, execução, avaliação e controle social de políticas públicas. Existem informações disponíveis no site do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à fome. Neste banco é possível encontrar informações oficiais sobre famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade social e os programas relacionados a elas.

Como transformar esta realidade?

 

Veja também:

Vida de Maria e os últimos dez anos

Na última análise produzida pelo ObservaSinos, “Famílias sobrevivem com até R$ 70,00 mensais no Vale do Sinos”, buscamos reunir e apresentar alguns dados sobre o universo das famílias cadastradas no CadÚnico dos 14 municípios da região do COREDE Vale do Rio dos Sinos, ressaltando o total de famílias e de pessoas por município que se encontram na linha da extrema pobreza.

Dados do mês de janeiro deste ano apontam 40.851 famílias com esta renda, totalizando 130.808 pessoas, 10% da população da região. Os dados disponíveis apontam outra realidade que merece destaque: apesar da renda transferida pelo Programa Bolsa Família muitas famílias continuam na extrema pobreza.

No Vale do Sinos 2.074 famílias, mesmo recebendo o Bolsa Família, permanecem com baixa renda, um total de 5.046 pessoas sobrevivendo com renda per capta igual ou menor   a setenta reais. Estes dados são do Boletim de Informações “O Brasil sem miséria no seu município” obtido através do Relatório de Informações Sociais da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI).

Quem são estas famílias que, mesmo sendo usuárias de um programa do governo federal permanecem na linha da pobreza extrema? Quais os impedimentos do PBF na garantia da proteção das famílias beneficiárias?

Como contribuir para mudar essa realidade?

A partir dos dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) é possível acompanhar a movimentação do mercado formal de trabalho. O ObservaSinos publica hoje a análise realizada por Moisés Waismann a partir desta base de dados nos oito grandes setores de atividade econômica durante o mês de março deste ano nas seguintes regionalizações: Brasil, Rio Grande do Sul, região metropolitana de Porto Alegre e o município de Canoas.

Moisés Waismann é professor do Centro Universitário La Salle e pesquisador do Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas.

Eis a análise.

A carta do mercado de trabalho produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, apresenta os dados do mês de março divulgados no dia 17 de abril de 2013, do mercado de trabalho formal no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas, e tem como fonte os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os setores econômicos são aqueles definidos pelo IBGE.  O conceito de admitidos engloba o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência. A noção de desligados indica o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte, ou transferência. A diferença entre os admitidos e desligados é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho. Estas definições e conceitos são definidos pelo MTE e são aplicadas as tabelas 01, 02, 03 e 04.

 

tab01mar

 

Verifica-se na tabela 01 que o mercado de trabalho formal brasileiro registrou saldo positivo entre admissões e demissões no mês de março de 2013 de 112.450 postos de trabalho com carteira assinada o que representa um aumento de 0,28% sobre o mês de anterior. No mês de março, o setor da Agropecuária fechou 4.4434 postos de trabalho o mesmo também ocorreu com o setor de Serviço Industrial de Utilidade Pública que fechou 335 postos de trabalho. Os principais setores responsáveis pela abertura de vagas foram o Serviço, com 61.349 postos de trabalho um acréscimo 0,38% sobre o mês anterior, e a Indústria de Transformação com 25.790 (0,31%).  No ano foram criados 306.068 postos de trabalho com carteira assinada no Brasil.

 

tab02mar

 

Observa-se na tabela 02 que o mercado de trabalho formal gaúcho registrou saldo, resultado entre as admissões e demissões, no mês de março de 2013 com 28.104 postos de trabalho o que representa uma expansão de 1,07% sobre o mês de fevereiro. No estado o único setor que fechou postos de trabalho foi a    Agropecuária com 771 vagas. O setor da Indústria de Transformação abriu 13.466 vagas, um acréscimo de 1,79% sobre o mês anterior, o segundo setor que mais contribuiu com a criação de postos de trabalho foi o dos Serviços com 8.285 vagas uma variação de 0,0,87% sobre o mês de fevereiro. No ano no Rio Grande do Sul foram criadas 65.417 postos de trabalho com carteira assinada.

 

tab03mar

 

Percebe-se na tabela 03 que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de março de 2013 apresentou um saldo, resultado entre as admissões e as demissões de 10.230 postos de trabalho com carteira assinada. O setor de Serviços apresentou um acréscimo de 4.684 (0,86%) postos de trabalho, seguido da Indústria da Transformação com 2.685 (0,98%). No ano foram criados 21.402 postos de trabalho com carteira assinada na RMPA.

 

tab04mar

 

Nota-se na tabela 04 que o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo líquido negativo entre admissões e demissões no mês de março de 2013, com o acréscimo de 1.095 postos de trabalho com carteira assinada o que representa um aumento de 1,29% sobre o mês de fevereiro. Os setores  de  Serviços  Industriais  de  Utilidade  Pública  e  de Administração  Pública  fecharam  postos  de trabalho. O setor da Construção Civil foi o responsável por 527 postos de trabalho, um acréscimo de 4,75% sobre o mês anterior, seguido pelo setor de Serviços com 310 (86%) vagas. No ano foram criados 1.789 postos de trabalho com carteira assinada.

Vale do Sinos: trabalho?

Segunda, 29 de Abril de 2013

Às vésperas da data alusiva ao trabalho, o ObservaSinos reuniu informações sobre alguns aspectos de sua realidade na região assim como desafios e possibilidades para o seu avanço, como dimensão estratégica para o desenvolvimento regional.

A flutuação do trabalho formal aponta resultados positivos na região do Vale do Rio dos Sinos. Lembra-se que o termo flutuação é utilizado para identificar a movimentação dos trabalhadores e seus vínculos de trabalho. Desse modo, deve-se entender “movimentação” como o número de trabalhadores admitidos e desligados do mercado de trabalho.

No mês de janeiro deste ano a flutuação foi positiva na região considerada, contanto com 1.888 vínculos a mais. O saldo permaneceu positivo durante o primeiro bimestre e durante o primeiro trimestre deste ano, 5.685 e 9.147 vínculos a mais respectivamente a cada período.

A partir dos termos e resultados, saldo ou flutuação não é possível acompanhar a grande movimentação de trabalhadores. Foram 111.881 admitidos e desligados durante os três primeiros meses deste ano. A “movimentação” deveria ser alvo de debate entre os trabalhadores e as organizações que os representam, assim como entre os gestores e conselheiros da política de trabalho. Vale lembrar que durante o ano de 2012 a movimentação de trabalhadores na região foi de 413.861 pessoas.

Loricardo de Oliveira, secretário de Políticas Sindicais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM e da Central Única dos Trabalhadores CUT, aponta haver “um movimento de rotatividade nas empresas; isso por dois motivos: pela oferta de emprego na região, o que faz muitos trabalhadores buscarem um trabalho mais bem remunerado, pelo fato de as empresas estarem buscando ajustar os custos, elas demitem para contratações de salários menores”.

Mulheres

A remuneração entre homens e mulheres no mesmo setor ou ocupação também merece ser objeto de debate na região. Tendo como período para análise o ano de 2011 e os dados da Relação Anual de Informações Anuais – RAIS, é possível visualizar que o setor com o maior número de vínculos em 31 de dezembro, a indústria de transformação, apresenta em todos os municípios da região Remuneração Média Feminina sempre menor do que a masculina.

A desigualdade nas relações entre os sexos pode ser mais bem visualizada nesta mesma base de dados e período, quando se apresenta a Ocupação dos trabalhadores. Por exemplo, a ocupação Faxineiro, que aparece em primeiro lugar com vínculos empregatícios em Nova Santa Rita, empregava 680 pessoas no final do ano de 2011. As mulheres representam 70% do total. A Remuneração Média Feminina nessa função é menor que a dos homens, aproximadamente R$ 64,00. Em São Leopoldo, 4.534 exerciam esta função, sendo que as mulheres representavam 86,5% destes trabalhadores. A remuneração média das mulheres chega a ser R$ 130,00 inferior à dos homens.

Realidades do mundo do trabalho e da vida dos trabalhadores no Vale do Sinos que necessitam ser reconhecidas, analisadas, debatidas e transformadas. O que fazer nestes casos?

Em 2010, no Brasil existiam 290.692 fundações privadas e associações sem fins lucrativos segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE em parceria com e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, com a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais - ABONG e o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas - GIFE. A partir da base nos dados do Cadastro Central de Empresas - CEMPRE do IBGE.

Foram analisadas instituições dos municípios com pelo menos cinquenta mil habitantes e que atendessem cinco critérios: (1) privadas, não integrantes, portanto, do aparelho de Estado; (2) sem fins lucrativos, isto é, organizações que não distribuem eventuais excedentes entre os proprietários ou diretores e que não possuem como razão primeira de existência a geração de lucros – podendo até gerá-los, desde que aplicados nas atividades fins; (3) institucionalizadas, isto é, legalmente constituídas; (4) autoadministradas ou capazes de gerenciar suas próprias atividades; e (5) voluntárias, na medida em que podem ser constituídas livremente por qualquer grupo de pessoas, isto é, a atividade de associação ou de fundação da entidade é livremente decidida pelos sócios ou fundadores.

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Fundações privadas e associações sem fins lucrativos no estado do Rio Grande do Sul – RS em 2010 representam 8,7% em relação ao total destas no país. Nos sete municípios pesquisados do Vale do Rio dos Sinos representam 5,9% em relação ao total do estado.

Das 1.508 organizações pesquisadas em 2010 nos sete municípios da região a maior parte delas, 32,8%, foram identificadas como “Religiosas”, havendo grande concentração destas nos municípios de Canoas e Novo Hamburgo, 131 e 130 respectivamente.

O município que apareceu com o maior número de entidades relacionadas à cultura e recreação, pesquisa e educação foi São Leopoldo. Conforme a pesquisa nos municípios do Vale do Sinos não foram identificadas organizações com atuação no campo da “Habitação”.

tab02

16.910 pessoas ocupavam vínculos formais de trabalho nestas organizações naquele ano. Novo Hamburgo era o único município pesquisado onde 946 pessoas possuíam vínculo assalariado em organizações classificadas na área da “Saúde” e dois vínculos formais em organizações ligadas ao “Meio ambiente e proteção animal”. A média salarial destes trabalhadores no município e nestas organizações era de 2,6 salários mínimos.

Canoas foi o município que no período possuía mais vínculos assalariados, 39% do total de vínculos da região. Organizações de “Educação e pesquisa” e “Desenvolvimento e defesa de direitos” empregavam 3.732 pessoas, 56% do seu total. Sendo que, a média salarial para quem trabalhava na área de educação 7,11 salários mínimos e com defesa de direitos de 3,59. A médio de remuneração do município de Canoas era de 4,58 salários mínimos.

As mulheres representam 65% destes trabalhadores. São elas a maioria nas organizações relacionadas à “Assistência social” e o “Desenvolvimento e defesa de direitos”, 70% das pessoas ligadas às organizações classificadas nessas categorias. A média salarial dos trabalhadores, homens e mulheres, nestas organizações variam nos municípios pesquisados de 1,5 a 2,73 salários mínimos relacionados à assistência social e de 1,85 a 7,8 salários mínimos.

Dos 5.915 homens relacionados a fundações privadas e associações sem fins lucrativos 55,6% se encontram nas classificadas como “Educação e pesquisa”. A média salarial dos trabalhadores, homens e mulheres, nestas organizações de ensino variam nos municípios pesquisados de 2,34 a 7,11 salários mínimos.