A carta especial sobre a Indústria Calçadista nos municípios do Vale do Rio dos Sinos é uma coprodução entre Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas e Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – Observasinos.
O ObservaSinos é um programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.
A carta apresenta as informações sobre os saldos de postos de trabalho na indústria de calçados nos 14 munícipios e no conjunto do Corede Vale do Rio dos Sinos no período que vai do ano 2007 até o ano 2012, e também nos primeiros sete meses no ano de 2013.
A fonte dos dados são os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O saldo é o resultado da admissão (englobando o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego, início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência), menos os desligados (engloba o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte ou transferência), a diferença apurada é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho.
A tabela 1 mostra a quantidade de vagas abertas, quando o saldo for positivo, ou fechadas, quando for negativo, na indústria de calçados nos 14 municípios que formam o Corede Vale do Rio dos Sinos nos anos de 2007 a 2012. A intenção da tabela é mostrar a dinâmica do emprego ou desemprego nos munícipios e na região para este segmento econômico.
É possível identificar, na tabela 1, que em todos os anos no mínimo dois municípios apresentam fechamento de postos de trabalho no setor. Visualiza-se também que o município de Ivoti apresenta em todos os anos fechamento de vagas. Percebe-se que o município de Nova Santa Rita é o único na região onde não existe esta atividade econômica. Verifica-se que o munícipio de Nova Hartz é o que apresenta uma maior quantidade de criação de postos de trabalho diluída ao longo do período.
Pode-se perceber na tabela que durante o período de análise no conjunto dos munícipios foram fechados 14.302 postos de trabalho. Esta informação fica mais clara ao olhar a figura 1.
A figura 1 apresenta a quantidade acumulada de postos de trabalho abertos ou fechados na Indústria de Calçados no Corede Vale do Rio dos Sinos no período de 2007 a 2012. O propósito é perceber a contribuição do setor para a criação ou fechamento de postos de trabalho.
Já a figura 2 mostra a variação, calculada pelo número-índice de base 100, na quantidade de postos de trabalho abertos ou fechados na Indústria de Calçados nos munícipios do Corede Vale do Rio dos Sinos no período de 2007 a 2012. O objetivo da figura é poder comparar este movimento entre os munícipios.
Verifica-se que nos municípios de Araricá, Esteio, Nova Hartz, Novo Hamburgo e São Leopoldo ocorreram incrementos no fechamento de postos de trabalho, e nos demais munícipios ocorreu um movimento de crescimento na contratação.
A figura 3 apresenta no mapa os 14 municípios do Coredes Vale do Rio dos Sinos e a criação ou fechamento acumulado de postos de trabalho no período de 2007 a 2012. O intento da ilustração é perceber uma possível dinâmica geográfica no setor.
Na figura 3 é possível notar que existe um deslocamento do emprego do setor calçadista dos municípios de cor marrom (Portão e Sapucaia do Sul), azul (Campo Bom, Novo Hamburgo e Sapiranga) e verde (Dois Irmãos, Estância Velha e Ivoti) para os municípios de cor amarela (Canoas e Esteio). No município de Nova Santa Rita não houve movimentação neste setor em menor quantidade e nos municípios de cor magenta (Araricá, Nova Hartz e São Leopoldo) em maior quantidade.
A tabela 2 apresenta a quantidade de vagas abertas ou fechadas na indústria de calçados nos municípios do Corede Vale do Rio dos Sinos no ano de 2013 nos meses de janeiro a julho, bem como o acumulado nos sete meses. É possível perceber que foram gerados 600 empregos neste período, resultado do movimento da contratação e desligamento no setor calçadista nos sete primeiros meses do ano no conjunto 14 munícipios.
Esta carta especial sobre a Indústria Calçadista nos municípios do Vale do Rio dos Sinos apresentou as informações sobre os saldos de postos de trabalho na indústria de calçados nos 14 munícipios e no conjunto do Corede Vale do Rio dos Sinos no período que vai do ano 2007 até o ano 2012, e também nos primeiros sete meses no ano de 2013. A expectativa com este breve estudo é contribuir de forma qualificada para o entendimento, debate e problematização da realidade de um setor importante e dinâmico. Quais as questões que merecem ser pensadas a partir destes fatos apontados? Qual o impacto desta realidade para a vida dos trabalhadores e região? Que desafios e possibilidades se desvelam a serem assumidos pelas políticas públicas, pelo Estado e Sociedade?
O ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, socializa a Carta do Mercado de Trabalho elaborada pelo Observatório Unilasalle, coordenado pelo Prof. Dr. Moisés Waismann, tendo como referência os dados do mês de agosto deste ano.
Eis a carta.
A carta do mercado de trabalho produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas apresenta os dados do mês de agosto divulgados no dia 20 de setembro de 2013, do mercado de trabalho formal no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas, e tem como fonte os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os setores econômicos são aqueles definidos pelo IBGE. O conceito de admitidos engloba o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego, início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência. A noção de desligados indica o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte ou transferência. A diferença entre os admitidos e desligados é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho. Estas definições e conceitos são definidos pelo MTE e são aplicadas as tabelas 01, 02, 03 e 04.
Verifica-se na tabela 01 que o mercado de trabalho formal brasileiro registrou, entre admissões e demissões, um saldo positivo no mês de agosto de 2013, com 127.648 postos de trabalho com carteira assinada, o que representa um aumento de 0,32% sobre o mês de anterior. No mês de agosto os setores de Serviços Industriais de Utilidade Pública e da Agropecuária fecharam 448 e 12.092 vagas, respectivamente. O setor de Serviços foi o que mais abriu postos de trabalho, com 64.290 vagas, seguido pelo Comércio, com 50.070 vagas. No ano de 2013 já foram abertos 1.076.511 novos postos de trabalho no Brasil.
Observa-se na tabela 02 que o mercado de trabalho formal gaúcho no mês de agosto de 2013 registrou saldo positivo, resultado entre as admissões e demissões, de 6.963 postos de trabalho, o que representa um aumento de 0,26% sobre o mês anterior. No estado somente o setor da Indústria de Transformação fechou postos de trabalho, com 2.402 vagas. Aqui no estado também os setores de Serviços e do Comércio foram os que mais contrataram, com 4.839 e 3.467 vagas, respectivamente. No ano no Rio Grande do Sul foram criados 84.308 postos de trabalho com carteira assinada.
Percebe-se na tabela 03 que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de agosto de 2013 apresentou uma ampliação de vagas de 4.606 postos de trabalho com carteira assinada. Os setores que mais criaram vagas foram os setores de Serviços e do Comércio, com 2.145 e 1.280 postos de trabalho, respectivamente. No ano foram criados 31.170 postos de trabalho com carteira assinada na RMPA.
Nota-se na tabela 04 que o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo líquido positivo, entre admissões e demissões, no mês de agosto de 2013, com o acréscimo de 129 postos de trabalho com carteira assinada, o que representa um aumento de 0,15% sobre o mês de julho. No mês os setores da Construção Civil, de Serviços Industriais de Utilidade Pública e Extrativa Mineral fecharam postos de trabalho com 8, 6 e 1 vagas, respectivamente. O Setor de Serviços e do Comércio foram os que mais abriram postos de trabalho, com 100 e 33 vagas, respectivamente. No ano foram criados 1.787 postos de trabalho com carteira assinada.
A Fundação de Economia e Estatística (FEE) do estado do Rio Grande do Sul (RS) tem como estimativa populacional para o COREDE do Vale do Rio dos Sinos 1.298.362 habitantes em 2011. Esta referência da população do Vale e os dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS) de agosto de 2013 indicam que há na região um automóvel pra cada três habitantes, equivalendo aos dados do estado.
A frota total existente na região do Vale do Sinos, que reúne automóveis, motocicletas, motonetas, ciclomotores, ônibus e micro-ônibus, tratores, utilitários, caminhonetes, camionetas e outros veículos, totaliza 1.930.717 veículos, representando 12% do total da frota de veículos terrestres do estado.
Motocicletas e motonetas são 124.955 na região, representam 11,8% do total destes veículos no RS. Os municípios de Canoas e Novo Hamburgo concentram 43% desta frota de veículos da região.
O transporte coletivo reúne no Vale 4.813 ônibus e micro-ônibus, sendo que o maior número de unidades está em Canoas. Importante destacar que este tipo de transporte garante melhores condições de mobilidade e de sustentabilidade ambiental, que é também econômica e social.
Os dados aqui compilados apresentam a frota de veículos dos municípios e região, com o desafio de projetar e qualificar políticas públicas de mobilidade urbana que são de responsabilidade dos governos municipais e estadual e da sociedade civil. Esta é uma exigência para o Vale do Sinos, que tem sua população cada vez mais concentrada em área urbana. A análise crítica e propositiva desta realidade constitui-se como propósito do ObservaSinos, em vista da afirmação de padrões de uma sociedade includente e sustentável.
Os dados aqui apresentados foram reunidos e sistematizados pela equipe do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, a fim de indagar: o que fazer para transformar esta realidade?
O saldo positivo ou negativo referente ao mercado formal de trabalho é a diferença entre o número de admitidos e desligados. A geração de emprego, referente a um determinado período, é quando o resultado se dá positivo e quando o saldo é negativo constata-se a extinção de postos de trabalho.
No Brasil entre janeiro e agosto de 2013 houve geração de emprego, saldo positivo de 826.684 admissões. Entre admitidos e desligados houve no período a movimentação de 28.338.394 de pessoas no país, 7,5% destes no estado do Rio Grande do Sul.
Neste mesmo período no Corede Vale do Rio dos Sinos houve mais admissões que desligamentos, saldo positivo de 8.308 vínculos. A soma de pessoas admitidas e desligadas do mercado de trabalho neste período na região totaliza 293.236. A agropecuária foi o único setor na região que registrou mais desligamentos no período.
Os municípios de Esteio e Sapiranga registraram saldo negativo no trabalho formal entre janeiro e agosto de 2013, saldo negativo de 109 e 97, respectivamente. Em Esteio o saldo negativo se deu em três setores: Extrativa Mineral, Construção Civil e Serviços.
Estes dados estão disponíveis no site do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) a partir dos registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED). O Observatório da Realidade e das Politicas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU fez acesso a esta base de dados a fim de explicitar a movimentação de trabalhadores nos municípios da região.
Para o acesso aos dados a equipe do Observatório fez uso do sistema denominado ISPER: Informações para o Sistema Público de Emprego e Renda.
Dados são instrumentos estratégicos para o planejamento, monitoramento e avaliação de políticas públicas. Informações que, quando organizadas, permitem diagnosticar a realidade para uma intervenção qualificada. A renda per capita é um dado importante para medir o crescimento e a desigualdade existentes numa unidade geográfica. Este dado compõe diferentes indicadores compostos, tais como o IDH – Índice do Desenvolvimento Humano, os indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs).
O índice de Gini se vale da renda per capita para medir a desigualdade, buscando evidenciar a concentração de renda. Este indicador varia de zero a um, sendo que quando o número está mais próximo ao zero, indica que todos possuem a mesma renda. Portanto, quanto mais próximo do um, fica evidenciada a desigualdade, concentração de riqueza.
Na região do Corede do Vale do Rio dos Sinos o índice de Gini registra renda mais bem distribuída entre a população de Nova Hartz (0,3518).
A distribuição de renda é um dos desafios a ser alcançado pela sociedade brasileira e mundial em busca de uma sociedade includente. No Brasil os programas de transferência de renda se constituem em ferramenta que busca de forma emergencial atender aqueles que se encontram em situação de extrema pobreza.
O índice de Gini aponta uma desigualdade existente em relação à distribuição de renda na região. As estimativas realizadas com os dados de 2010 revelam uma população que emergencialmente necessita ser atendida por programas sociais, como o Bolsa Família.
O Programa Bolsa Família - PBF tem como meta cobrir a estimativa de famílias pobres existentes na região, tendo como referência para esta cobertura os dados do censo do ano de 2010. Estima-se que em 2010 nos municípios do Vale do Rio dos Sinos famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo e com renda de até três salários mínimos totalizam 79.501 na região. Estas famílias são identificadas como “perfil Cadastro Único”.
Famílias identificadas como pobres possuem renda per capita familiar mensal de até R$ 70 e com renda per capita familiar mensal de R$ 71 a R$ 140. Tendo como referência os dados do censo de 2010 foram identificadas 43.400 famílias no Vale do Sinos, estas famílias são identificadas como “perfil Bolsa Família”.
O programa Bolsa Família atendeu em setembro deste ano 42.062 famílias na região do Vale do Sinos. Ou seja, 1.338 famílias a menos do que o estimado em 2010. Nos municípios de Araricá, Campo Bom, Estância Velha, Esteio, Nova Hartz, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo e Sapiranga o número de famílias que recebeu o benefício é maior do que o estimado em 2010.
O que fazer para transformar esta realidade?
O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, socializa a “Carta do Mercado de Trabalho” elaborada pelo Prof. Dr. Moisés Waismann, tendo como referência os dados do mês de setembro deste ano.
Eis a carta.
A carta do mercado de trabalho produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, apresenta os dados do mês de setembro divulgados no dia 14 de outubro de 2013, do mercado de trabalho formal no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas, e tem como fonte os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os setores econômicos são aqueles definidos pelo IBGE. O conceito de admitidos engloba o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego, início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência. A noção de desligados indica o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte ou transferência. A diferença entre os admitidos e desligados é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho. Estas definições e conceitos são definidos pelo MTE e são aplicadas as tabelas 01, 02, 03 e 04.
Verifica-se na tabela 01 que o mercado de trabalho formal brasileiro registrou, entre admissões e demissões, um saldo positivo no mês de setembro de 2013, com 211.068 postos de trabalho com carteira assinada, o que representa um aumento de 0,52% sobre o mês de anterior. No mês de setembro o setor da Agropecuária foi o responsável pelo fechamento de 10.169 vagas. O setor de Serviços foi o que mais abriu postos de trabalho, com 70.597 vagas, seguido pela Indústria de Transformação, com 63.276. No ano de 2013 já foram abertos 1.323.461 novos postos de trabalho no Brasil.
Observa-se na tabela 02 que o mercado de trabalho formal gaúcho no mês de setembro de 2013 registrou saldo positivo, resultado entre as admissões e demissões, de 10.854 postos de trabalho, o que representa um aumento de 0,41% sobre o mês anterior. No estado somente o setor da Indústria de Transformação fechou postos de trabalho com 368 vagas. Os setores do Comércio e dos Serviços foram o que mais contrataram, com 4.969 e 4.495 vagas, respectivamente. No ano no Rio Grande do Sul foram criados 95.804 postos de trabalho com carteira assinada.
Percebe-se na tabela 03 que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de setembro de 2013 apresentou uma ampliação de vagas, no total de 4.606 postos de trabalho com carteira assinada. Os setores que fecharam postos de trabalho foram a Indústria de Transformação e os Serviços Industriais de Utilidade Pública, com 269 e 3 vagas, respectivamente, já os setores que mais criaram vagas foram o Comércio, com 2.397, e o de Serviços, com 1.799 postos de trabalho. No ano foram criados 36.308 postos de trabalho com carteira assinada na RMPA.
Nota-se na tabela 04 que o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo líquido positivo, entre admissões e demissões, no mês de setembro de 2013, com o acréscimo de 101 postos de trabalho com carteira assinada, o que representa um aumento de 0,12% sobre o mês de agosto. No mês os setores de Serviços e da Construção Civil fecharam 45 e 29 postos de trabalho, respectivamente. O Setor do Comércio abriu 99 e a Indústria de Transformação 67 vagas. No ano foram criados 1.896 postos de trabalho com carteira assinada.
A Constituição Federal Brasileira, que neste ano alcança seu 25º ano de promulgação, é também reconhecida como Constituição Cidadã. Tal condição se deve, especialmente, pelo reconhecimento dos direitos sociais, como direitos de cidadania. Entre eles está o direito à proteção da criança e do adolescente, cuja regulação está apresentada no Estatuto da Criança e do Adolescente, aprovado na Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
O Estatuto define criança todo aquele indivíduo com idades de zero a onze anos e adolescente todo aquele com idades de doze a dezoito anos.
Os dados censitários de 2010 revelam que as crianças e adolescentes com idades entre dez e dezessete anos representam 13,5% do total da população da região do Vale do Rio dos Sinos. A realidade deste segmento populacional constitui o recorte da publicação “Resultados da Amostra – Trabalho Infantil” elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O trabalho infantil no Brasil é tema de relevante importância e análise, já que crianças e adolescentes, conforme o ECA, devem ser protegidos de forma integral. No artigo 4º do Estatuto está afirmado que “é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”.
A desproteção social leva um número elevado de crianças e adolescentes ao mundo do trabalho de forma precoce. A definição de trabalho utilizada na publicação “Resultados da Amostra – Trabalho Infantil” é de toda atividade remunerada ou não em dinheiro, produto, mercadoria ou benefícios (como moradia, alimentação, roupas, etc.) relacionadas ao serviço doméstico; ou atividades desenvolvidas na produção de bens relacionadas à agricultura, pecuária, caça, produção florestal, pesca e aquicultura, destinados somente à alimentação.
Foram identificadas 22.192 crianças e adolescentes, com dez até dezessete anos, que trabalhavam no Vale do Rio dos Sinos no ano de 2010. Sendo 5,8% trabalhadores não remunerados, e outras 399 crianças e adolescentes estavam envolvidos em atividades ligadas a produções para o próprio consumo.
A posição na ocupação do “emprego” possuiu as seguintes categorias: empregados; conta própria e empregadores; trabalhadores não remunerados e trabalhadores na produção para o próprio consumo.
Crianças e adolescentes com idades entre dez e treze anos totalizam 2.130 pessoas, sendo que 47% destes tinham a ocupação de trabalho definida como empregados. Trabalhadores por conta própria e empregadores representam 20,4% desta população.
Crianças e adolescentes com dez até treze anos de idade identificados como trabalhadores não remunerados ou trabalhadores na produção para o próprio consumo totalizam 693 pessoas. Nesta categorização adolescentes entre catorze e dezessete anos totalizam 1.005 pessoas.
Crianças e adolescentes que possuíam algum vínculo de trabalho e eram analfabetas na região totalizam 104 pessoas. O número que crianças entre dez e dezessete anos que não possuíam algum trabalho e foram identificadas analfabetas totalizam 1.435 pessoas na região.
Dados do Universo e da Amostra
Os dados censitários são uma preciosa base de informações sobre a população brasileira e seus domicílios. Eles possibilitam traçar um diagnóstico do país, estado e dos municípios e seus bairros a partir dos dados coletados no questionário do universo. Ou seja, o questionário foi aplicado em todos os domicílios durante o censo de 2010 onde se encontrou um residente que pudesse respondê-lo.
O questionário da amostra continha um maior número de perguntas a serem realizadas pelo recenseador. É a partir desta amostragem que nós obtemos informações importantes relacionadas ao trabalho infantil ou, por exemplo, pessoas que possuíam algum tipo de deficiência no país no período de realização da pesquisa. “Numa pesquisa realizada por amostragem probabilística, cada unidade selecionada na amostra representa, também, outras unidades que fazem parte da população-alvo”. Assim, “as conclusões de uma pesquisa por amostra devem ser apoiadas nas estimativas produzidas. Essas, por sua vez, embutem um erro amostral que deve se situar dentro de um nível de confiança fixado para a tomada de decisão”.
Os dados censitários, sendo estes coletados pelo questionário do universo ou da amostra, são utilizados para o planejamento de políticas públicas, pois estes têm uma maior abrangência da população brasileira num mesmo período.
A questão que fica é: estes dados revelam as realidades dos municípios e região do Vale do Sinos? Como conferir e analisar esta realidade? O que fazer para transformar a realidade de desproteção das crianças e dos adolescentes nesta região?
Nota: a ficha técnica e os dados referentes aos “Resultados da Amostra – Trabalho Infantil” estão disponíveis no site do IBGE.
O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, reúne dados públicos sobre a realidade da região. Os dados censitários pesquisados e publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE são referências para o conhecimento, análise e intervenção na realidade.
Nesta semana o ObservaSinos apresenta os dados referentes à realidade de deficiência da população do Vale do Rio dos Sinos.
O censo realizado em 2010 investigou a realidade de deficiência da população brasileira, através do “Questionário da Amostra”. Foram identificadas as pessoas que tinham alguma deficiência, seja ela visual, auditiva, motora e/ou mental/intelectual. Os dados apontam que 23,9% da população brasileira tinha alguma dessas deficiências. A categorização das deficiências do tipo visual, auditiva e motora foram identificadas quando a pessoa “não consegue de modo algum”, “enfrenta grande dificuldade” ou “possui alguma dificuldade”.
No estado do Rio Grande do Sul havia 2.548.418 pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas, significando 23,8% da população gaúcha, sendo que 22,6% destas estavam no COREDE Vale do Rio dos Sinos.
No Brasil havia 506.377 pessoas que não conseguiam de modo algum enxergar, e 5,6% desta população residia no estado do RS.
No Vale do Sinos 223.140 pessoas tinham algum tipo de deficiência relacionada à visão, sendo que 1,6% desta população não consegue enxergar de modo algum, 16,8% enfrenta grande dificuldade e 81,5% possui alguma dificuldade.
Brasileiros que possuíam algum tipo de deficiência auditiva no período de realização do censo de 2010 totalizam 9.717.318. Pessoas que não ouvem de modo algum são 3,5% desta população. Gaúchos com audição zero eram 18.728 pessoas, e no Vale do Sinos eram 2.476 pessoas.
No País, pessoas com deficiência motora em 2010 totalizam 13.265.599, 7% da população brasileira daquele ano.
Gaúchos com deficiência motora “não conseguem de modo algum”, totalizam 44.685. No município de Canoas 1.320 pessoas possuem esta deficiência; 26,3% da população do Vale do Sinos com este tipo de deficiência permanente.
Pessoas residentes no país que possuíam deficiência Mental/intelectual totalizam em 2010 2.611.536, representando 1,4% da população brasileira no mesmo ano. No estado do Rio Grande do Sul 162.792 possuíam este tipo de doença permanente.
Nos municípios de Canoas, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Sapucaia do Sul residiam 71,6% da população do Vale do Rio dos Sinos que possuía algum tipo de deficiência Mental/intelectual.
Conselhos de Direitos
Ideados como um espaço composto por diferentes sujeitos, poder público e sociedade civil, os Conselhos de Direitos e de Políticas Sociais foram criados a partir da Constituição Federal de 1988, tendo como eixo de trabalho a formulação, deliberação, monitoramento e avaliação das políticas públicas.
Segundo a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência “os conselhos de direitos da pessoa com deficiência estão presentes em aproximadamente 10% dos municípios brasileiros”.
No Rio Grande do Sul este Conselho de Direitos está presente em 12% dos 496 municípios, sendo sete destes da região do Corede Vale do Rio dos Sinos (Canoas, Estância Velha, Esteio, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapiranga e Sapucaia do Sul).
São Leopoldo
No município de São Leopoldo o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência existe desde 16 de setembro de 2005, regulado pela Lei Municipal Nº 5.723.
Angela Cristina Guedes atuou na "Gestão da Política da Pessoa com deficiência" no município, de 2005 até 2012. Atualmente trabalha como coordenadora de projetos na Associação Vida Nova. Guedes recorda que o processo de criação do conselho se deu a partir do convencimento do poder público da realidade e necessidade deste recorte da população.
Guedes destaca que o “Conselho de Direitos é o espaço legítimo de controle social” significando “dimensionar o universo das entidades, dando maior visibilidade as suas formas de atuar nas questões relacionadas às pessoas com deficiência, apontando diretrizes das necessidades coletivas e formular propostas de políticas públicas”.
Tendo como referência o período em que atuou no Conselho, Guedes relata que “as pessoas com deficiência e suas famílias tinham disponíveis um trabalho assistencialista que atendiam as necessidades imediatas. Com a criação do Conselho de Defesa dos Direitos da pessoa com deficiência e da Diretoria Municipal de políticas para Pessoas com deficiência este modelo mudou”.
Guedes aponta que a partir desta mudança “houve um investimento na promoção da pessoa, garantindo seus direitos, mas principalmente trabalhando na conscientização das pessoas e dos seus familiares da necessidade de investir nas suas habilidades, garantindo escolas, trabalho, esporte, lazer fortalecendo vínculos e crescimento individual”.
Sobre as dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam no município Guedes afirma que estes sujeitos “ainda enfrentam o pré-conceito, as barreiras arquitetônicas, barreiras de comunicação. A maior barreira ainda é a atitudinal. O grande desafio para que se possa garantir o direito de todos, é a mudança de cultura”.
Sobre a Lei Nº 7.737, de 1º de agosto de 2012, que institui o “Código Municipal de Acessibilidade e Mobilidade reduzida”, Guedes destaca que o Código é “Instrumento legal que contém todas as diretrizes relacionadas à acessibilidade. Em 2006, quando venceram os prazos de implantação do Decreto 5296/2004 que regulamentou as Leis Federais 10.048 e 10.098 do ano de 2000 que tratavam da acessibilidade, muito pouco se conhecia sobre o tema. Isso nos levou a instituir uma Lei Municipal para que todos pudessem conhecê-la, e cada pessoa com deficiência seria um agente fiscalizador, bem como a pessoa idosa”.
Notas:
1- Blog da Associação Vida Nova
2- Cidadania.com - Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência
3- Página de referência no site do IBGE: Censo Demográfico 2010: Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência
4- Secretaria nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Conselhos
O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos realizou o acesso e sistematização das informações declaradas pela população do município de Portão nos Censos dos anos 2000 e 2010 referentes à religião. Os dados coletados são objeto da análise elaborada pelo pesquisador Inácio José Spohr, coordenador do programa Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo – GDIREC. ObservaSinos e GDIREC são programas do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.
Eis o artigo.
O presente trabalho visa apresentar uma breve análise dos dados das amostras dos censos de 2000 e 2010 realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, enfocando a diversidade religiosa presente no município de Portão1.
Situado no Vale do Rio dos Sinos, o município localiza-se às margens da RS-240, a 37 km de Porto Alegre. Emancipado de São Sebastião do Caí e São Leopoldo em 1963, Portão apresenta uma economia caracterizada, entre outras, pela indústria cerâmica, pelo setor coureiro-calçadista e pela produção de frutas e hortaliças. As terras que hoje formam o município de Portão pertenciam inicialmente a Real Feitoria (de propriedade da família imperial do Brasil). Posteriormente foram divididas em lotes (minifúndios) para serem distribuídos às famílias de imigrantes alemães recém-chegados a São Leopoldo.
Segundo o censo de 2010, Portão conta com 30.920 habitantes. Identifica-se que esta população, a partir dos dados censitários, revela ser menos cristã, mais sem religião e sem práticas religiosas de matriz africana e indígena.
Religiões cristãs
A cultura religiosa do município de Portão (tabela 01), assim como em outras cidades da região, é eminentemente cristã: 94,01% da população declarou ser partícipe de alguma denominação religiosa do cristianismo. Contudo, as religiões cristãs tiveram uma redução de 3,9% na década 2000-2010. Contribuíram com esta diminuição as perdas da Igreja Católica Apostólica Romana (8,13%) e as das Religiões Evangélicas de Missão (3,74% – tabela 02).
O conjunto das denominações Evangélicas – Evangélicas de Missão (6,96% – tabela 02), Evangélicas de origem pentecostal (10,79% – tabela 03) e Evangélica não determinada (5,48% – tabela 04) – somam 23,23% da população. Juntas, tiveram um acréscimo de 3,97% no número de adeptos entre 2000 e 2010.
A Igreja Católica Apostólica Brasileira conta com 24 declarantes (0,08%) somente no censo de 2010, enquanto a Igreja Católica Ortodoxa se encontra ausente em ambos os censos. Outras religiosidades cristãs (0,23%), não determinadas pelo censo, completam o quadro das religiões cristãs no Município de Portão.
Igrejas Evangélicas de Missão
O desempenho das denominações Evangélicas de Missão (tabela 02), assim como a Igreja Católica Romana, apresenta uma diminuição no número de seus adeptos. No censo de 2010, comparado ao de 2000, a redução de adeptos neste grupo de igrejas corresponde a 3,74% dos habitantes do município. Contribuíram com o índice negativo as igrejas Evangélica Luterana (4,91%) e Evangélica Congregacional (0,15%).
Em contrapartida, cresceram, ainda que de forma modesta, as igrejas Metodista (0,09%), Batista (0,9%) e Adventista (0,33%). A Igreja Evangélica Presbiteriana (omitida na tabela) não obteve registros em ambos os censos.
Religiões de origem pentecostal
O conjunto das Religiões Evangélicas de origem pentecostal ganha destaque no Vale do Rio dos Sinos devido a seu desempenho na conquista de novos adeptos e pela visibilidade pública que estão tendo nas últimas décadas. No município de Portão, tiveram um incremento de 3,18% no número de seus adeptos. O crescimento pentecostal se deve principalmente às igrejas Assembleia de Deus (1,81%), o Brasil para Cristo (0,03%), Quadrangular (0,33%), Deus é Amor (0,83%) e “outras Evangélicas de origem pentecostal” (2,21%).
A Igreja Universal do Reino de Deus, por sua vez, diminuiu 2,05% no número de aderentes. Já as igrejas Maranata, Congregação Cristã do Brasil, Casa da Benção, Comunidade Evangélica, Vida Nova e Evangélica Renovada não determinada (retiradas do elenco da tabela 03) não apresentaram registros em ambos os censos.
Evangélicas sem vínculo institucional e não determinada
Este grupo de opções religiosas (tabela 04) apresenta declarantes evangélicos sem vínculo institucional (referentes ao censo de 2000), dos quais 0,36% são Evangélicos (sem identificação) e 0,34% são Evangélicos de origem pentecostal. A opção “outras religiões evangélicas” reúne outros 0,24% de declarantes.
No censo de 2010 a pesquisa na área das religiões muda a nomenclatura das opções “sem vínculo” e “outras” para “Evangélica não determinada”. A nova forma teve melhor aceitação que a anterior: o registro de aderentes sem um credo específico passa de 0,94% para 5,48%. As opções sem vínculo e não determinada – como grupo – cresceram, portanto, 4,54% entre 2000 e 2010.
Religiões Orientais
As religiões orientais (tabela 05), como em outras áreas urbanas do Vale do Rio dos Sinos, encontram pouquíssimos praticantes no município de Portão. Contudo, tiveram um aumento de 0,11% entre 2000 e 2010.
A Igreja Messiânica Mundial, sem participantes em 2000, obteve 11 pessoas (0,04%) em 2010. A opção “Outras religiões orientais”, igualmente sem adeptos em 2000, registra 22 adeptos (0,08%) em 2010. Já o Budismo (0,04%) se manteve estável em ambos os censos.
Testemunhas de Jeová e Doutrina Espírita
Em relação a este pequeno conjunto de religiões (tabela 06) cabe destacar que o desempenho da Doutrina Espírita no município de Portão confirma a tendência de seu crescimento no Vale do Sinos. Passou de 0,58% para 1,07% da população.
A Igreja Testemunhas de Jeová, a exemplo da Doutrina Espírita, cresceu 0,75% no município de Portão. Em outras cidades do Vale do Rio dos Sinos, no entanto, esta expressão religiosa vem perdendo adeptos entre 2000 e 2010.
Não apresentaram declarantes, em ambos os censos, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e a Espiritualista. Também não houve declarantes de múltiplo pertencimento religioso.
Sem religião, ateus e agnósticos
No censo de 2000, o IBGE pesquisou o número dos que se declararam “sem religião”, opção que, naquele ano, obteve 240 adesões (0,97%) junto aos moradores da cidade.
Já no censo de 2010, o IBGE ampliou a pesquisa, perguntando sobre as opções “sem religião/sem religião”, “sem religião/ateu” e “sem religião/agnóstico”. Nesta oportunidade, os habitantes de Portão que optaram, então, pela alternativa ateu somam 22 pessoas (0,07%) enquanto a de agnóstico (dado omitido no elenco acima) ficou sem nenhuma adesão. Os que assinalaram a opção sem religião/sem religião (opção mais facilmente aceita pela sociedade do que a de ateu ou agnóstico) alcançou 3,07% da população. O total dos que se declararam sem religião obteve, portanto, um aumento de 2,17% na década 2000-2010.
Alguns aspectos que chamam a atenção
O desenvolvimento da religiosidade no Município de Portão (tabela 8) chama a atenção sobre alguns aspectos relevantes que merecem destaque. O primeiro diz respeito, por um lado, à diminuição (proporcional) do cristianismo e, por outro, ao aumento da diversidade (ou da dispersão) religiosa neste município. Senão, vejamos.
Na tabela acima é possível observar que algumas religiões cristãs vão perdendo espaço na cultura religiosa do município, enquanto outras acrescentam significativo contingente de novos adeptos. No caso, as igrejas “Católica Romana” (que hoje conta com menos 8,13% de praticantes) e “Evangélicas de Missão” deixaram para trás 11,87% da população da cidade entre 2000 e 2010, enquanto as denominações “Evangélicas de origem pentecostal” tiveram um crescimento que alcança 3,18% sobre o total da população do município. Não obstante, não foi este o grupo religioso que registrou o maior crescimento entre os habitantes de Portão. Este papel coube aos evangélicos identificados como “evangélicos sem vínculo institucional” pelo censo de 2000 e como “evangélica não determinada” pelo de 2010. Ambas as formas parecem designar uma opção religiosa desvinculada de compromissos institucionais, sem frequência fixa a um templo ou denominação religiosa. No ano de 2000, os “sem vínculo institucional” somavam tão somente 0,99% dos habitantes de Portão, mas em 2010 atingem 5,71%. Confere, portanto, um acréscimo de 4,72% de aderentes “evangélicos sem igreja” ou “não determinada”.
Um segundo dado que chama a atenção do observador quanto ao desempenho das religiões no Município de Portão é decorrente do primeiro. Se, por um lado, há uma manifesta diminuição de aderentes cristãos, por outro, em quais formas de crer se encaminham os que deixam suas instituições religiosas de origem? Portanto, trata-se de saber como se comporta o trânsito religioso nesse município. A tabela 08 informa que, enquanto diminuem as denominações cristãs (3,9%), crescem todas as outras expressões religiosas presentes na região. Participam deste crescimento as “Religiões Orientais” (0,11%), “Espírita” e “Testemunhas de Jeová” (1,14%) e os identificados com a opção “múltipla pertença” ou “mal definida” (0,41%). Já os declarantes “sem religião” proporcionaram um aumento de 2,17%. Mais que dobrou o número de seus adeptos.
Também é necessário observar que em Portão não há registros na área das religiões de matriz africana e indígena. Nem mesmo a Umbanda, com significativa presença no Vale do Rio dos Sinos, encontra declarantes neste município.
Nota:
1 - Para facilitar a compreensão dos dados, cabem as observações:
Os indicadores podem ser utilizados como “réguas” para planejar, monitorar e avaliar políticas públicas a serem implementadas ou em implementação. O Observatório da Realidade e das Politicas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, tem realizado o monitoramento do alcance dos 8 Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODMs), que foram definidos em 2000 para serem alcançados até o ano de 2015 por mais de 191 países, entre eles o Brasil.
O segundo Objetivo propõe “Atingir o ensino básico universal”, justificado pela realidade de cento e treze milhões de crianças estarem fora da escola no mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), será necessário cerca de 5,2 milhões de professores no mundo, para ser possível alcançar um ciclo completo de estudo. Destes, 1,6 novos professores deveriam ser contratados e 3,6 milhões para substituir aqueles que estão se aposentando ou deixando a profissão. Outro fato importante que se destaca, é que cerca de 250 milhões de crianças chegam aos 10 anos fora da escola, e sem saber ler ou escrever, em todo o Brasil.
Para o monitoramento deste ODM foram apontados dois indicadores: (1) O percentual de não-escolarizados, no ensino fundamental, na faixa etária de sete a 14 anos; (2) A taxa de não-escolarizados, de jovens de 15 a 24 anos de idade.
O ObservaSinos fez a sistematização destes dados referentes aos quatorze municípios do Vale do Rio dos Sinos e para o estado do Rio Grande do Sul, tendo como referência os dados censitários de 2010.
De acordo com os dados censitários do ano de 2010, o Rio Grande do Sul e a região do Vale do Sinos estavam distantes de atingir a meta, já que no estado e em todos os municípios estavam indicados números de crianças e adolescentes, entre 7 e 14 anos, não escolarizados.
Na tabela a seguir estão indicados os melhores índices em Araricá e Dois Irmãos, ou seja, 6,7% 8,2% da população de crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos destes municípios não estão alfabetizados. Destaca-se, por outro lado, que Novo Hamburgo e Nova Hartz apresentaram em 2010 os números mais elevados em relação a este dado, ou seja, 13,6% e 13,1% das crianças e adolescentes não estão alfabetizados.
Observa-se ainda que, na série histórica, há a elevação do número de crianças e adolescentes nesta faixa etária não-escolarizados entre o ano 2000 e 2010. Quanto à população entre 15 e 24 anos, observa-se, conforme a tabela a seguir, que houve uma diminuição do número de adolescentes e jovens não-alfabetizados em todos os municípios da região e estado.
Todos estes dados revelam realidades que necessitam ser analisadas pela população e gestores governamentais das três esferas, municipal, estadual e nacional, em vista não só da sua alteração, como também da análise e relação com outros indicadores como qualidade de vida e desenvolvimento humano. Conhecer, analisar e debater a realidade, promovendo a intervenção qualificada nas políticas públicas se constituem em objetivos do ObservaSinos.