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A renda per capta é um dos indicadores para medir a desigualdade em qualquer território e região demográfica. O site Worldmapper demonstra através de uma animação a modificação das demarcações das nações e a sua transformação em relação ao número de habitantes, que vivem com renda de um a mais de duzentos dólares por dia.

A imagem inicia com os países com o maior número de pessoas que sobrevivem com um dólar ou menos por dia. O mapa modifica-se conforme a renda vai aumentando, assim como o número de habitantes. O mapa tem como última imagem os países onde o maior número de pessoas que vivem com ou mais sobre 200 doláres diários.

 

A renda também é um dos indicadores para medir o alcance das metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) definidas pela Organização das Nações Unidas (ONU). O primeiro objetivo, Erradicar a extrema pobreza e a fome, tem como uma das metas em até 2015, reduzir pela metade a proporção da população vivendo com menos de US$1/dia. O dado referente a esta meta é a proporção dos indivíduos com rendas domiciliares per capita inferiores a ½ salário mínimo.

O ObservaSinos publicou em maio de 2010 a análise intitulada “Índice de pobreza e indigência no Vale dos Sinos: a caminho dos Objetivos do Milênio”. Nesta publicação o Observatório apresentou os oito ODM e destacou a realidade da pobreza e da fome. Os dados apresentados, referentes ao ano 2000, identificam nove municípios da região do Vale do Rio dos Sinos tendo alçado a meta traçada para 2015.

A partir do censo 2010 e dos dados declarados (Tabela 01) pela população brasileira, é reconhecida outra realidade, indicando que todos os municípios da região estão enfrentando dificuldades em atingir esta meta. Somente Dois Irmãos possui registro positivo referente à meta no ano de 2010.


Conhecer, analisar, debater e transformar estas realidades apresenta-se como um desafio a ser assumido urgentemente.

A cobertura do PBF no Vale do Sinos

Segunda, 22 de Julho de 2013

O ObservaSinos volta a acessar as bases de dados do Ministério de Desenvolvimento Social e combate à fome, disponíveis nos “Relatórios de Informações Sociais”, item “RI Bolsa Família e Cadastro Único”, dando sequência as análises publicadas em abril: “Famílias sobrevivem com até 70 reais mensais no Vale do Sinos” e “Beneficiários do Bolsa Família no Vale do Sinos permanecem na linha da pobreza extrema”. Informações que dão vistas aos indicadores dos municípios e região com o objetivo de promover o debate sobre a realidade e as políticas públicas.

Nos municípios de Araricá, Esteio, Nova Hartz e Novo Hamburgo houve um aumento no número de famílias beneficiados pelo Programa Bolsa Família (PBF), tendo como referência os dados de janeiro e julho de 2013.

No município de Araricá o PBF beneficiou no mês de julho 435 famílias, representando uma cobertura de 257,4% da estimativa de famílias pobres no município, tendo como referência para a estimativa de famílias pobres os dados do Censo de 2010. Houve um aumento de quatro famílias beneficiadas pelo programa em relação aos dados de janeiro deste ano.

Em Esteio houve um aumento de dezessete famílias em relação ao total de janeiro, totalizando 2.350 em julho. Assim, a cobertura do programa em relação a estimativa das famílias pobres no município chegou a 102%.

O número de famílias beneficiadas pela transferência de renda em Nova Hartz no mês de julho foi de 636 famílias, 63 famílias a mais que em janeiro, representando uma cobertura de 116,7% da estimativa de famílias pobres.

Novo Hamburgo, segundo município da região com o maior número de famílias que recebem o recurso teve um amento de 44 famílias no mês de julho em relação a janeiro, totalizando 8.946 famílias.  Em relação à estimativa de famílias pobres o programa tem cobertura de 112,2%.
Nestes municípios o PBF beneficia um número maior de famílias que a estimativa calculada a partir dos dados censitários.

Em Campo Bom, Estância Velha, Nova Santa Rita e Sapiranga, diminuiu o número de famílias beneficiadas pelo PBF, 274 famílias, referentes aos dados de janeiro e julho deste ano. Mesmo assim, o programa tem uma cobertura maior que a estimativa de famílias pobres:

•    Campo Bom: 1.389 famílias atendidas, uma cobertura de 116,5 % das famílias pobres do município;  
•    Estância Velha: 1.060 famílias atendidas, uma cobertura de 119,9 % das famílias pobres do município;  
•    Nova Santa Rita: 998 famílias atendidas, uma cobertura de 107,1% das famílias pobres do município;  
•    Sapiranga: 3.481 famílias atendidas, representando uma cobertura de 155,5 % das famílias pobres do município;

Canoas, município com população contratada em área urbana, 10.657 famílias receberam a transferência de renda no mês de julho, 169 famílias a menos em relação ao número de famílias beneficiadas em janeiro. A cobertura do programa em relação a estimativa de famílias pobres foi de 93,8%.

O município de Ivoti foi o único na região onde o número de famílias beneficiadas em janeiro e julho de 2013 permaneceu o mesmo: 110 famílias receberam o benefício. As famílias beneficiadas representam 40,6 % da estimativa de famílias pobres no município, tendo como referência os dados censitários de 2010.

Nos municípios de Dois Irmãos, Portão, São Leopoldo e Sapucaia do Sul o número de famílias atendidas pelo PBF diminuiu no mês de julho se comparado a janeiro. Nestes municípios o PBF não cobre o total do número de famílias pobres, segundo a estimativa:

•    Dois Irmãos: 203 famílias atendidas, uma cobertura de 96,2% das famílias pobres no município;
•    São Leopoldo 7.059 famílias atendidas, uma cobertura de 79,9% da estimativa de famílias pobres;
•    Sapucaia do Sul: 4.136 famílias atendidas, uma cobertura de 78,5% da estimativa de famílias pobres no município;
•    Portão: 821 famílias atendidas, uma cobertura de 67,1 % da estimativa de famílias pobres no município;

O que fazer para transformar estas realidades?

 

As pesquisadoras Angélica Massuquetti e Vanessa Krützmann a convite do ObservaSinos elaboraram um artigo tendo como foco a renda da população do Vale do Rio dos Sinos. E, este dado como um indicador para planejar, monitorar e avaliar as políticas públicas na região. As autoras apontam uma mudança promissora na região, tendo como argumento os parques tecnológicos que se instalam no Vale.

Angélica Massuquetti é Professora do Programa de Pós-Graduação em Economia da UNISINOS; e Vanessa Krützmann é Mestre em Economia pelo Programa de Pós-Graduação em Economia da UNISINOS.

Eis o artigo.

O Produto Interno Bruto (PIB) foi, durante décadas, o principal indicador de desenvolvimento econômico. Os países perceberam, no entanto, a necessidade de se alcançar, além do crescimento econômico, um melhor padrão de vida para sua população, de se ter uma renda mais equitativa, de se erradicar o analfabetismo e as doenças transmissíveis por falta de condições mínimas de moradia e saneamento, entre outros. Houve, portanto, um esforço dos governos em alcançar tais metas a partir de um deslocamento do foco apenas econômico. O conceito de desenvolvimento socioeconômico passou a considerar, além da dimensão econômica, também os âmbitos social, cultural e político.

O Programa das Nações Unidas (PNUD), por exemplo, encontrou uma forma para estudar e analisar o processo em que os países se encontram e, para tanto, lança anualmente, desde 1990, o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), no qual são apresentados os resultados deste estudo e de que forma os países podem agir para alcançar um melhor padrão de vida para sua população. Nesse relatório consta um índice mundial sobre o desenvolvimento socioeconômico dos países e o mesmo é denominado de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O IDH é uma forma de verificar o avanço que está sendo alcançado em cada país em relação à melhoria de padrão de vida da sua população, pois considera variáveis que expressam esta evolução e são importantes dentro de uma nação, como renda, longevidade e educação.

Na atualidade, a busca por um melhor padrão de vida para as pessoas pode ser verificada a partir de atitudes que estão sendo tomadas, como, por exemplo, o encontro ocorrido no início dos anos 2000, em Nova York. Neste encontro, os governos mundiais compreenderam conjuntamente a relevância que deve ser dada às vítimas da pobreza de todo o mundo e, nessa data, assinaram a Declaração do Milênio. Este documento representa um compromisso de aliviar os homens, mulheres e crianças da condição desumana de pobreza extrema e, para tanto, traçaram objetivos denominados de Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), como erradicar a extrema pobreza e a fome até 2015.

Na análise da meta de redução pela metade, entre 1990 e 2015, da proporção da população com renda inferior a US$ 1 PPC/dia, para os 14 municípios do Conselho Regional de Desenvolvimento (COREDE) do Vale do Rio dos Sinos (CONSINOS), realizada pelo ObservaSinos, identificou-se que apenas Dois Irmãos apresentou resultado positivo referente à meta no ano de 2010. O desempenho desfavorável dos demais municípios, por sua vez, é acompanhado pela dificuldade evidenciada pelo próprio estado do Rio Grande do Sul. Apesar dos resultados negativos desta meta para o COREDE, houve melhora na dimensão renda entre 1991 e 2009 a partir da análise do Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE).

No Rio Grande do Sul, o desenvolvimento socioeconômico do estado, dos COREDES e dos municípios é medido pelo IDESE, que é calculado pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). A metodologia utilizada para chegar ao índice é a agregação de quatro blocos de indicadores: Renda, Educação, Saúde e Saneamento e Domicílios. Cada bloco é composto de grupos de indicadores selecionados que, após serem transformados em índices, são agregados com pesos específicos, definidos pela equipe técnica, resultando no índice do respectivo bloco. Em relação ao IDESE Renda, os indicadores empregados no cálculo são PIB per capita e Valor Adicionado Bruto per capita do comércio, alojamento e alimentação, que representam, respectivamente, a geração e a apropriação de renda.

No ano de 19911, dentre os 14 municípios que integram o COREDE, apenas Canoas (0,822) e Esteio (0,867) estavam classificados como alto desenvolvimento (acima de 0,800), enquanto os demais estavam inseridos no grupo de médio desenvolvimento (entre 0,500 e 0,799)2. Em 2009, oito municípios não atingiram o alto desenvolvimento: Novo Hamburgo, Portão, São Leopoldo, Estância Velha, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Nova Hartz e Araricá. Ou seja, 43% dos municípios eram considerados como alto desenvolvimento no IDESE Renda do CONSINOS, em 2009. Entre 1991 e 2009, as maiores variações do IDESE Renda foram apresentadas por Araricá (28,21%), Nova Santa Rita (23,56%) e Canoas (18,98%). Por outro lado, os menores avanços foram exibidos por Ivoti (4,27%), Novo Hamburgo (4,51%) e Estância Velha (5,05%). Dois Irmãos, destaque no artigo do ObservaSinos - publicado no dia 15 de julho, teve a quinta melhor evolução entre os municípios da região, com 14,39%. Identifica-se, portanto, que apesar das disparidades entre os municípios, houve evolução na dimensão renda no CONSINOS desde o início dos anos 1990.

Mas como explicar a dificuldade dos municípios em atingir a meta dos ODM? Sabe-se que o CONSINOS possui uma das melhores condições socioeconômicas do estado (ao lado dos COREDES Serra e Metropolitano Delta do Jacuí), contudo, sua contribuição para o PIB gaúcho tem sido cadente nos últimos anos em razão da crise no setor coureiro-calçadista (principal atividade econômica da região). Além disso, tem ocorrido o deslocamento de empresas de produção de calçados do COREDE para outras regiões do Brasil e até para outros países, como a China.

Neste sentido, ações direcionadas para intensificar o crescimento econômico e a redistribuição de renda deveriam ser priorizadas no CONSINOS, como a implantação de políticas de geração de emprego e a promoção de educação técnica e/ou superior, já que esta região é industrializada e exerce uma forte atração de mão de obra, muitas vezes não qualificada. Além disso, a concentração do ensino superior possibilita que a região busque outras fontes de desenvolvimento, além do segmento coureiro-calçadista, como, por exemplo, o segmento da tecnologia e da inovação.

Há um futuro promissor para o COREDE. Os parques instalados na região, como o Parque Tecnológico São Leopoldo (TECNOSINOS) e o Parque Tecnológico do Vale dos Sinos (VALETEC), estão contribuindo para o desenvolvimento do COREDE, pois possibilitaram a inclusão de setores mais dinâmicos e que geram maior valor agregado aos produtos. O TECNOSINOS, inclusive, conquistou, em 2010, o Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, na categoria de Melhor Parque Tecnológico do Brasil.

Notas:

1 - O IDESE foi calculado apenas para os municípios no ano de 1991. Para o estado e os COREDES, os dados estão disponíveis a partir de 2000.

2 - Destaca-se que para Araricá e Nova Santa Rita, os dados estão disponíveis apenas a partir de 2000.

 

Os dados que compõem o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) são uma possibilidade de acompanhar a movimentação do mercado de trabalho nos municípios brasileiros. O ObservaSinos socializa a "Carta do Mercado de Traballho" realizada por Moisés Waismann, coordenador do Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, que organizou os dados do mercado formal de trabalho referente ao mês de junho.

Eis a carta.

A carta do mercado de trabalho produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, apresenta os dados do mês de junho divulgados no dia 23 de julho de 2013, do mercado de trabalho formal no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas, e tem como fonte os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os setores econômicos são aqueles definidos pelo IBGE. O conceito de admitidos engloba o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência. A noção de desligados indica o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte, ou transferência. A diferença entre os admitidos e desligados é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho. Estas definições e conceitos são definidos pelo MTE e são aplicadas as tabelas 01, 02, 03 e 04.

Verifica-se na tabela 01 que o mercado de trabalho formal brasileiro registrou saldo positivo entre admissões e demissões no mês de junho de 2013 de 123.836 postos de trabalho com carteira assinada o que representa um aumento de 0,31% sobre o mês de anterior. No mês de junho o setor da Agropecuária foi responsável por 59.019 novas vagas e o setor de Serviços com 44.022 vagas. Nos primeiros seis meses do ano de 2013 foram abertos 826.168 novos postos de trabalho no Brasil.

Observa-se na tabela 02 que o mercado de trabalho formal gaúcho no mês de junho de 2013 registrou saldo, resultado entre as admissões e demissões, com a abertura de 3.317 postos de trabalho o que representa uma expansão de 0,12% sobre o mês de maio. No estado o setor da Agropecuária foi responsável pelo fechamento de 580 postos de trabalho. O setor de Serviços foi o que mais abriu vagas com 2.462, seguido de longe pela Construção Civil com 716 postos de trabalho. No ano no Rio Grande do Sul nos seis primeiros meses do ano de 2013 foram criados 79.857 postos de trabalho com carteira assinada.

Percebe-se na tabela 03 que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de junho de 2013 apresentou um saldo, resultado entre as admissões e as demissões de 1.560 postos de trabalho com carteira assinada. Os setores da Agropecuária, Extrativa Mineral e os Serviços Industriais de Utilidade Pública fecharam postos de trabalho. O Setor de Serviços apresentou um acréscimo de 1.035 (0,19%) postos de trabalho. No primeiro semestre de 2013 foram criados 28.174 postos de trabalho com carteira assinada na RMPA.

 

Nota-se na tabela 04 que o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo líquido negativo entre admissões e demissões no mês de junho de 2013, com decréscimo de 62 postos de trabalho com carteira assinada o que representa uma queda de 0,07% sobre o mês de maio. Como em maio os setores de da Indústria de Transformação, a Construção Civil, a Administração Pública e Agropecuária fecharam postos de trabalho. O setor de Serviços foi o responsável por 147 postos de trabalho, um acréscimo de 0,40% sobre o mês anterior, seguido pelo setor do Comércio com 95 (0,48%) vagas. No primeiro semestre do ano foram criados 2.078 postos de trabalho com carteira assinada.

O primeiro Objetivo do Desenvolvimento do Milênio (ODM), Erradicar a extrema pobreza e a fome, possui metas a serem atingidas até 2015. Uma das metas que compõem este Objetivo está relacionada à redução pela metade a proporção da população que sofre de fome, tendo como um indicador a Taxa de crianças com baixo peso ao nascer a cada cem nascidos vivos.

Na região do Vale do Rio dos Sinos todos os municípios estão distantes de alcançar esta meta, tendo como referência os dados públicos que disponibilizados pelo DATASUS, do Ministério da Saúde. Os municípios de Ivoti, Nova Hartz e São Leopoldo registraram um aumento de na taxa de crianças com baixo peso ao nascer tendo como referência os anos de 2005 e 2010.

Eloir Antonio Vial faz a análise deste indicador, a convite do Observasinos, e destaca  que este dado é “no setor saúde, dentre os inúmeros indicadores utilizados para medir a qualidade de vida da população, um dos mais importantes é o peso ao nascer, especialmente porque diz respeito à saúde reprodutiva das mulheres”.

Eloir é graduado em Enfermagem Bacharelado e Licenciatura Plena pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2006) e Filosofia pelo Centro Teológico do Maranhão (1987), possui Mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2009) e Especialização em Direito Sanitário pela Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul/Universidade do Vale do Rio dos Sinos/Università Degli Studi Roma Tre-Itália (2011).

Eis a análise.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o baixo peso ao nascer se caracteriza como aquele inferior a 2.500 gramas. O mesmo é um preditor do crescimento, da morbidade e da sobrevivência do recém-nascido, bem como, contribui para a mortalidade infantil.

No setor saúde, dentre os inúmeros indicadores utilizados para medir a qualidade de vida da população, um dos mais importantes é o peso ao nascer, especialmente porque diz respeito à saúde reprodutiva das mulheres.

Este indicador é um reflexo da qualidade da atenção prestada á gestante, englobando o estado nutricional durante o período gestacional, bem como, os fatores de exposição aos riscos. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o peso do recém-nascido está diretamente ligado ao estado nutricional materno. E segundo a OMS, a saúde, o crescimento e o desenvolvimento posteriores do recém-nascido dependem de seu peso ao nascer.

Ao tratar de peso ao nascer, variáveis prévias ao nascimento são observadas, como peso pré-gestacional e ganho de peso na gestação. Na primeira se obtém um prognóstico, podendo-se avaliar o risco inicial e, na segunda, acompanha-se o crescimento fetal.

Neste conjunto percebe-se o quanto as condições maternas são fundamentais. E os principais determinantes do peso ao nascer que se apresentam relacionados às condições maternas, são: idade, escolaridade, tabagismo, estado marital, ganho de peso na gestação e história reprodutiva.

Além das condições maternas, existe um diferencial, que é a atenção pré-natal. Um pré-natal bem realizado desde o início da gestação vai proporcionar condições de aporte às necessidades pontuais de cada gestante.

No caso do município de Canoas não é diferente do que mostram os estudos. Condições socioeconômicas e culturais, associadas a um pré-natal deficitário, seja por procura tardia ou por falhas na atenção por parte de profissionais dos setores privado e público, ainda acarreta em altas taxas de baixo peso ao nascer.

Assim sendo, o quadro atual oferece uma probabilidade acentuada de não serem atingidas as metas dos ODM da OMS propostas para 2015. Entretanto, um serviço sólido na atenção à saúde pré-natal, com profissionais capacitados e comprometidos com a saúde materna e infantil, pode ser o diferencial na busca de alçar as metas propostas.

Além disso, chama-se a atenção para a gestão dos recursos públicos. O gestor público contratualiza com o setor privado para que este preste serviços públicos de saúde, ou seja, o privado recebe recursos públicos par prestar serviços à comunidade dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Esta relação entre o público e o privado, no que tange aos recursos financeiros e à qualidade dos serviços, muito se tem ainda a avançar em questões de transparência e adequada aplicação dos recursos.

A diversidade religiosa em Canoas-RS

Segunda, 12 de Agosto de 2013

Com o propósito de tornar público os dados referentes à religião declarados pela população canoense nos censos do ano de 2000 e 2010 o Observatório da Realidade e das Politicas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos fez o acesso e sistematização da informação disponível no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os dados coletados são objeto do artigo elaborado pelo pesquisador Inácio José Spohr, coordenador do programa Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo – GDIREC.

O ObservaSinos e o GDIREC são programas do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Inácio José Spohr possui graduação em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, e mestrado em Ciências Sociais pelo Instituto Latinoamericano de Estudios Sociales, de Santiago do Chile.

Eis a análise.

A diversidade religiosa em Canoas: Breve análise dos dados das amostras dos Censos de 2000 e 2010

O propósito da abordagem que aqui faço se restringe a uma breve apresentação e análise dos dados das amostras relativos à diversidade religiosa em Canoas, coletados pelos Censos do IBGE de 2000 e 2010. Faço-o, no entanto, com a ressalva de que os resultados dos Censos, embora obtidos mediante métodos científicos, nem sempre respondem adequadamente a particularidades locais, às vezes muito distantes das de outras áreas do território nacional.

Com 323.827 habitantes, Canoas é a cidade mais populosa entre os 14 municípios da região do Vale do Rio dos Sinos. Situada na cercania de Porto Alegre, Esteio e Sapucaia, apresenta um alentado setor industrial e comercial, e um importante polo universitário1. Município emancipado de São Sebastião do Caí e Gravataí em 19392, Canoas é conhecida tanto no Estado do Rio Grande Sul como em outras regiões do país, por abrigar, em seu território, a “Base Militar da V Zona Aérea” e a Refinaria de Petróleo Alberto Pasqualini (REFAP).

Religiões Cristãs

O desenvolvimento das religiões cristãs em Canoas, segundo os Censos de 2000 e 2010, confirma, em termos gerais, a tendência da diminuição numérica dos adeptos das igrejas Católica Apostólica Romana, Católica Apostólica Brasileira e Evangélicas de Missão, bem como assinala o crescimento das religiões de origem pentecostal. Não obstante, o crescimento das religiões pentecostais não consegue suprir a totalidade das perdas das religiões cristãs (cf. tabela 1). O cristianismo está em recuo nesta região do Estado.

Segundo o Censo de 2000, a Igreja Católica Apostólica Romana iniciou a década com 75,72% da população e a terminou, em 2010, somente com 64,37%. Houve, portanto, uma perda de adeptos equivalente a 11,35% da população total do município. Continua, portanto, amplamente majoritária entre todas as formas religiosas, mas sensivelmente menor. Já as religiões evangélicas, durante este mesmo tempo, ao contrário, expandiram o número de seus adeptos em 6,13%. Mas o cristianismo, como um todo, diminuiu suas forças em 5,88% (19.041 habitantes) na década.

Para onde foram os ex-adeptos do cristianismo? Quais formas de crer ou de descrer incorporou este contingente de canoenses?

Evangélicas de missão

Entre as religiões evangélicas de missão (tabela 2) a perda de participantes é bem menos intensa que a do catolicismo. Com menos 0,01% as tradicionais igrejas evangélicas de missão de canoas se mantiveram praticamente estáveis. Tiveram pequenos acréscimos as denominações Presbiteriana e Batista, enquanto decresceram, um pouco, as igrejas Luterana, Metodista e Adventista. Não há dados comparativos nos Censos para a denominação Evangélica Congregacional e outras Evangélicas de Missão.

Evangélicas de origem pentecostal

As religiões de origem pentecostal (tabela 3) se distinguem do campo religioso católico e evangélico histórico (evangélicas de missão, segundo o Censo) devido a seu processo de afirmação no meio religioso tanto no Estado do Rio Grande do Sul como em todo país. Durante a década aqui considerada, tiveram um incremento de 1,42% sobre o total da população do município de Canoas3. Acrescentaram adeptos as Igrejas Assembleia de Deus, Evangelho Quadrangular e Deus é Amor. Entretanto diminuíram suas adesões as Igrejas Congregação Cristão do Brasil, o Brasil para Cristo e Universal do Reino de Deus. Não apresentaram adeptos, tanto em 2000 como em 2010, as religiões evangélicas de origem pentecostal “Igreja Nova Vida” e “Evangélica renovada não determinada”4.

Religiosidades Evangélicas sem vínculo institucional

No item “Religiosidades evangélicas sem vínculo institucional” (tabela 4) o Censo de 2000 aponta 1781 habitantes (0,58%), dos quais 0,38% são “Evangélicos” (Ev. de Missão?), 0,21% são “Evangélicos de origem pentecostal” e 0,41% são de “outras religiões evangélicas”.
Já em 2010 o Censo opta por averiguar o número de evangélicos com denominação indeterminada (5,72% da população) e os pertencentes a outras religiosidades cristãs (0,66%).
Diante da escassa opção numérica da alternativa “evangélicas sem vínculo institucional” verificado no Censo de 2000, chama a atenção o alto índice da opção “evangélica não determinada” (5,72%) verificada no Censo de 2010. Será este índice um signo da emergência de evangélicos sem prática religiosa?

Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Testemunhas de Jeová, Espiritualista e Espírita

Neste conjunto de igrejas (tabela 5) cresceram (um pouco) as religiões Testemunhas de Jeová e Espiritualista, enquanto diminuíram os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. A Doutrina Espírita, no entanto, mais que dobrou seu número de adeptos durante o período. Se em 2000 os espíritas detinham 6.456 adeptos (2,11%), em 2010 passam a ter 14.145 participantes (4,37%).

Religiosidades afro-brasileiras

O Censo de 2010 aponta que Umbanda e Candomblé (tabela 6) reúnem 8.072 seguidores (2,49%). Desdobrada a soma, temos 2,26% na Umbanda, 0,1% no Candomblé e 0,14% em “Outras religiões afro-brasileiras”.

Na década, o Candomblé diminuiu 0,16% enquanto que a Umbanda aumentou 0,51%. Como em outras cidades do Vale do Rio dos Sinos, não são muitos os aderentes das religiões afro-brasileiras. Durante vários séculos a religiosidade africana se manteve à margem da cultura brasileira. Seus adeptos puderam invocar os Orixás tão somente na clandestinidade, ou sob o manto de algum santo católico. Portanto há razões históricas para que esta expressão religiosa seja tão diminuta na região do Vale dos Sinos. Além disso, o nome “Candomblé”, usado pelo Censo, é pouco conhecido em Canoas. Por tudo isso, as expressões religiosas de matriz africana podem estar sub-representadas, tanto nesta pesquisa como em qualquer outra. Designações mais conhecidas para as religiões afro-brasileiras são Batuque, Nação e Religião Africana, entre outras.

Ainda a propósito da representação da cidadania afro-brasileira em Canos, o Censo de 2010 informa que “pretos” (5,64%) e pardos (8,25%) somam 13,89% habitantes sobre o total da população do município.

Religiões orientais

O grupo aqui denominado “Religiões Orientais” (tabela 7) é composto por três subgrupos: (a) o Budismo, que teve um pequeno decréscimo na década; (b) as “Novas religiões orientais”, entre as quais se encontra a Igreja Messiânica Mundial e o conjunto de religiões formado por “Outras novas orientais”, que tiveram um leve aumento de adeptos e (c) o grupo “Outras religiões orientais” (o Censo não cita quais), que diminuíram 0,03% na década. Não há registros nos Censos de 2000 e 2010 para Hinduísmo, Hare Krishna, Seicho-no-ie, entre outras religiões.
São poucos os adeptos nas Religiões Orientais em Canoas? De acordo com as lideranças religiosas do grupo, a forma de crer no “modo oriental” ainda é um grande desafio para a cultura brasileira, majoritariamente ocidental-cristã.

Judaísmo e Islamismo

As comunidades do Judaísmo e do Islamismo (tabela 8) são muito pequenas em Canoas. Em 2010 contam, respectivamente, com 0,03% e 0,06% de adeptos. Os Islamitas tiveram, neste período, um acréscimo de 0,03%.

Tradições religiosas esotéricas e indígenas
As tradições esotéricas (tabela 9), pouco conhecidas em toda a região do Vale do Rio dos Sinos, somam apenas 168 habitantes (0,05%) em Canoas. A religiosidade indígena, por sua vez, anota tão somente 18 declarantes (0,01%), embora o Censo de 2010 indique que há no município 471 pessoas (0,15%) que afirmam ter “ascendência indígena”.

Religião não determinada e múltiplo pertencimento

A opção religiosa de múltiplo pertencimento institucional (visitas regulares a dois ou mais credos) é admitida apenas por 18 declarantes no Censo de 2010 (tabela 10). Serão realmente tão poucos assim? Outros 1.361 (0,42%) se encontram na categoria “não determinada” ou “mal definida”.

Sem religião, ateus e agnósticos

Canoas, de forma similar a outras cidades do Vale do Rio dos Sinos, apresenta um índice de ateus e agnósticos relativamente baixo (tabela 11). No Censo de 2010 temos 2.364 habitantes (0,73%) que se declararam ateus. Outros 374 (0,12%) disseram que são agnósticos.
Relativamente grande é, no entanto, o número de pessoas que anotaram ser “sem religião”. Somam 6,3% da população do município. Ateus, agnósticos e sem religião perfazem 23.135 habitantes (7,14%). Cresceram 2,24% entre 2000 e 2010.

 

Conclusão:

A título de conclusão, é possível entender que Canoas segue, na área da diversidade religiosa, tendência parecida com a de outras cidades do Vale do Rio dos Sinos. Esta tendência indica que o cristianismo (considerada toda a diversidade religiosa cristã no município) está em declínio, apesar do crescimento das religiões de origem pentecostal. Colabora com a diminuição cristã, sobretudo, o expressivo índice da redução católica que alcança 11,35% do total de habitantes do município.

Entre as religiões de origem pentecostal, chama a atenção, em Canoas, a diminuição do número de adeptos de algumas destas denominações. Entre estas está a, mundialmente conhecida, e apesar de sua ampla exposição midiática, a Igreja Universal do Reino de Deus.
Outro fato importante a ser destacado se refere ao alto índice de evangélicos que não determinam o nome da igreja. Precisamente 5,72% de declarantes se abrigam sob o indicador “Evangélica não determinada”, informa o Censo de 2010.

Também merece ser destacado o fato que nos Censos de 2000 e 2010 não há declarantes para diversas religiões que, seguramente, encontram adeptos no município de Canoas. Por isso é possível que os aderentes de religiões como os da Igreja Mundial do Poder de Deus, da Seicho-no-ie, e de outras tantas, estejam abrigados sob a designação “evangélica não determinada”.
Quanto às religiões afro-brasileiras os dados dos Censos indicam que estas cresceram (um pouco) entre 2000 e 2010. Mas, de certa forma, continuam com baixa visibilidade. No Brasil, segundo o Censo de 2010, os brasileiros que declaram ser de “cor branca” são 47,73% da população enquanto que “pretos” e “pardos” alcançam 50,7% desta mesma população. Desde então pretos e pardos formam a maioria do povo brasileiro. Em Canoas somam 13,89%.
Assim como em outras cidades da região, Canoas conta com significativo índice de habitantes “sem religião”. Mas as opções “ateu” e “agnóstico” são efetivas para poucos declarantes em ambos os Censos.

Enfim, cabe a observação de que, entre as opções religiosas de Canoas desenha-se a perspectiva de um – ainda pequeno – crescimento da diversidade religiosa. Colaboram com esta assertiva os indicadores da diminuição da força do cristianismo, do aumento dos sem religião, do crescimento da Doutrina Espírita e do alto índice de evangélicos sem denominação conhecida.
Em suma, Canoas conta, desde 2010, com menos cristãos, com maior diversidade religiosa e com mais habitantes sem religião.


Notas:

1 - No campo do ensino superior merecem destaque a ULBRA e os centros universitários Unilasalle e Uniritter.
2 - Mais informações nos sites da Prefeitura do município de Canoas e da Wikipédia
3 - Comparada a outras cidades do Vale do Rio dos Sinos, as religiões de origem pentecostal tiveram, em Canoas (1,42%), expansão próxima a de Sapucaia do Sul (1,26%) e Esteio (1,65%). A de Novo Hamburgo foi maior: 2,48%.
4 - As denominações Igreja Nova Vida e Evangélica Renovada não determinada, embora constem na lista de opções dos Censos, foram suprimidas da tabela por falta de adeptos. A Igreja Mundial do Poder de Deus, do Apóstolo Valemiro Santiago de Oliveira, não consta entre as alternativas de opção religiosa de ambos os Censos.

Vale do Sinos e as realidades da saúde

Segunda, 19 de Agosto de 2013

Duas questões têm pautado o ser e o fazer do ObservaSinos: que realidade temos e que realidade queremos para os municípios e região do Vale do Rio dos Sinos?

A saúde constitui-se numa dimensão importante da realidade.

Programa “Mais Médicos”

No dia 25 de julho deste ano se encerrou a inscrição dos municípios brasileiros para o programa “Mais Médicos”, São Leopoldo foi o único da região do Vale do Rio dos Sinos que não realizou a inscrição. Na região seis municípios foram identificados como prioritários no primeiro cadastro: Dois irmãosIvotiNova HartzNova Santa RitaPortão e Sapiranga.

• Lista dos municípios gaúchos que aderiram

Recursos

Os recursos aplicados em saúde nos municípios da região do Vale do Rio dos Sinos somaram R$ 372.672.494,17, representando 23,5% do montante arrecadado em imposto no ano.

• Recursos aplicados em saúde pública no Vale do Sinos em 2012

• Vale dos Sinos: recursos aplicados em saúde em 2011

• Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo foram os municípios do Vale do Sinos com maior investimento em saúde no ano de 2011

• Mais de 1 bilhão de reais aplicados em saúde no Vale do Sinos em cinco anos

Objetivos do Milênio e a saúde

A oficina sobre os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio - ODMs apontaram realidades implicadas a saúde nos municípios e região que apontam o não alcance dos ODMs em muitos municípios e região.

• Oficina Objetivos do Milênio (ODMs) no Vale do Rio dos Sinos

Crianças com baixo peso ao nascer

O dado apresentado na oficina relacionado ao baixo peso de crianças ao nascer foi objeto de análise é “dentre os inúmeros indicadores utilizados para medir a qualidade de vida da população, um dos mais importantes é o peso ao nascer, especialmente porque diz respeito à saúde reprodutiva das mulheres” conforme Eloir Antonio Vial.

• Crianças com baixo peso ao nascer no Vale do Sinos

Diferentes bases de dados possibilitam acompanhar o desenvolvimento de políticas relacionadas à saúde, como dimensão fundamental da realidade. Conhecer, monitorar e intervir nesta realidade é fundamental.

O Observatório da Realidade das Politicas Publicas do Vale do Rio dos SinosObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU socializa a carta referente ao mercado formal de trabalho no mês julho produzida pelo Observatório Unilasalle.

Eis a Carta.

A carta do mercado de trabalho produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, apresentam os dados do mês de julho divulgados no dia 21 de agosto de 2013, do mercado de trabalho formal no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas, e tem como fonte os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os setores econômicos são aqueles definidos pelo IBGE. O conceito de admitidos engloba o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência. A noção de desligados indica o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte, ou transferência. A diferença entre os admitidos e desligados é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho. Estas definições e conceitos são definidos pelo MTE e são aplicadas as tabelas 01, 02, 03 e 04.

Verifica-se na tabela 01 que o mercado de trabalho formal brasileiro registrou saldo positivo entre admissões e demissões no mês de julho de 2013 de 41.463 postos de trabalho com carteira assinada o que representa um aumento de 0,10% sobre o mês de anterior. No mês de julho o setor da Agropecuária foi responsável por 18.133 novas vagas e o setor de Serviços com 11.234 vagas. No ano de 2013 já abertos 918.193 novos postos de trabalho no Brasil.

Observa-se na tabela 02 que o mercado de trabalho formal gaúcho no mês de julho de 2013 registrou saldo negativo, resultado entre as admissões e demissões, de 3.644 postos de trabalho o que representa uma redução de 0,14% sobre o mês anterior. No estado os setores da Indústria de Transformação, da Construção Civil, do Comércio e da Agropecuária foram responsáveis pelo fechamento de postos de trabalho. O setor de Serviços Industriais de Utilidade Pública, de Serviços, e da Administração Pública foram os geradores de postos de trabalho, sendo que o de Serviços foi o que mais abriu vagas com 261. No ano no Rio Grande do Sul foram criados 97.044 postos de trabalho com carteira assinada.

Percebe-se na tabela 03 que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de julho de 2013 apresentou um saldo negativo, resultado entre as admissões e as demissões de 2.280 postos de trabalho com carteira assinada. Os únicos setores que criaram postos de trabalho foram a Administração Pública e a Agropecuária, os demais todos fecharam vagas. No ano foram criados 33.700 postos de trabalho com carteira assinada na RMPA.

Nota-se na tabela 04 que o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo líquido negativo entre admissões e demissões no mês de julho de 2013, com decréscimo de 455 postos de trabalho com carteira assinada o que representa uma queda de 0,53% sobre o mês de junho. No mês somente o setor do Comércio gerou vagas com 22 postos de trabalho. No ano foram criados 3.074 postos de trabalho com carteira assinada.

Indicadores socioeconômicos e ambientes são essenciais para o planejamento e monitoramento de politicas públicas. O Observatório da Realidade e das Politicas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, tem como compromisso a reunião, sistematização, publicização e análise dos dados referentes aos municípios do Vale do Rio dos Sinos.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um dos inúmeros indicadores existentes que apontam dados para diagnosticar a realidade. O IDH compõe as informações do "Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013” que é organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Os dados têm como referência o ano de 2010.

O IDH é composto por três categorias de desenvolvimento humano: vida longa e saudável – longevidade da população; acesso ao conhecimento – dados referentes a educação; e padrão de vida – renda.

O índice tem classificação entre zero e um, categorizadas entre os seguintes níveis: desenvolvimento humano "muito baixo" aquelas que pontuam entre 0 a 0,499; desenvolvimento "baixo" entre 0,500 a 0,599; desenvolvimento "médio" entre 0,600 a 0,699; desenvolvimento "alto" 0,700 a 0,799 e desenvolvimento "muito alto" entre 0,800 a 1.

  • Atlas de Desenvolvimento Humano 2013 disponível no site do PNUD
  • IDH dos municípios do Vale do Rio dos Sinos: 1991, 2000 e 2010

A professora da Unisinos Dra. Patrícia Sorgatto Kuyven comenta que a composição do IDH não é a mais adequada, mas a entende como viável. Considerando que precisa ser um indicador de "desenvolvimento humano" e o desenvolvimento humano é, composto por vários aspectos. Por isso, considera a importância deste indicador composto. A professora acrescenta que, em geral, a grande discussão gira em torno de quais os itens compõe o indicador. Na sua opinião “esta será uma eterna discussão, pois além de haver espaço para propor quais os itens adequados de serem incluídos, será necessário adequar também o indicador para que seja viável a coleta dos dados em diferentes locais”. Enfatiza com isso que, além dos itens e pessoas constitutivos do indicador, é necessário encontrar formas de obtenção dos dados, que diferem de locais e países. Patrícia considera que falta um item importante nesta composição do IDH que é a “desigualdade”.

No Vale do Rio dos Sinos os municípios de Araricá e Nova Hartz foram identificados com IDH “médio”, respectivamente os municípios alcançaram IDH de 0,679 e 0,689. Na categoria renda, que compõe o índice os municípios também foram classificados com desenvolvimento “médio”.

Todos os municípios da região do Vale do Sinos foram identificados no item longevidade com desenvolvimento “muito alto. Quatro municípios da região no que se refere a educação foram identificados com “baixo” desenvolvimento, são eles: Araricá, Nova Hartz, Portão e Sapiranga.

Acesse o infográfico

A indagação que podemos fazer com estes dados e considerações, que padrão de desenvolvimento temos em nossos municípios e região e que índices e realidades consideramos necessário para que alcancemos outros patamares de desenvolvimento humano?

O Observatório da Realidade e das Politicas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos realizou o acesso e sistematização das informações declaradas pela população do município de Sapucaia do Sul nos Censos dos anos 2000 e 2010 referentes à religião. Os dados coletados são objeto do artigo elaborado pelo pesquisador Inácio José Spohr, coordenador do programa Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo – GDIREC.

Inácio José Spohr possui graduação em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos e mestrado em Ciências Sociais pelo Instituto Latino-americano de Estudios Sociales, de Santiago do Chile.

Eis o artigo.

Breve análise do resultado dos Censos Demográficos de 2000 e 2010: Dados Gerais das Amostras, IBGE.

Introdução

O município de Sapucaia do Sul, situado no Vale do Rio dos Sinos, desponta no cenário do RS, por abrigar, em seu território, o Jardim Zoológico do Estado do Rio Grande do Sul. Por isso a cidade é conhecida como a “Terra do Zoo”1. Emancipado de São Leopoldo dia 20 de maio de 1961, o município sapucaiense conta hoje com 130.957 habitantes e um amplo parque industrial alocado, sobretudo, ao longo da BR-116.

A população de Sapucaia do Sul, originalmente composta por habitantes portugueses e alemães, aos poucos, foi acrescentando descendentes de negros, árabes, libaneses e poloneses. Mas sua miscigenação não parou de agregar outras etnias, principalmente nas décadas de 1970 e 1980, quando a população da cidade acolheu excedentes populacionais provindos do êxodo rural, em busca de emprego na indústria da região. Agregaram-se, então, às etnias já existentes, descendentes de italianos e japoneses.

No campo da diversidade religiosa, Sapucaia do Sul segue caminhos similares aos de outras cidades da região. Por um lado, apresenta hoje o advento de um cristianismo mais pentecostal, a emergência de um catolicismo com perdas significativas e a experiência da afirmação do espiritismo. Por outro lado, revela também algo surpreendente. O número de praticantes de religiões de matriz africana está muito aquém do esperado pela própria população do município. Do mesmo modo, surpreende que, entre os grupos religiosos mais numerosos em Sapucaia do Sul, formados por católicos e por evangélicos de missão e evangélicos pentecostais, esteja também o daqueles que se declaram sem religião (entre estes, os ateus e agnósticos).
Tendo em vista esclarecer estas e outras interrogantes acerca do desenvolvimento das religões em Sapucaia do Sul2, segue uma breve apresentação e análise dos dados dos censos demográficos do IBGE de 2000 e 2010.

Religiões Cristãs

Um dos aspectos que mais chama a atenção no estudo do desenvolvimento das religiões no Vale do Rio dos Sinos trata da diminuição de declarantes cristãos (Tabela 1). E Sapucaia do Sul não foge à regra. Fato observado desde o censo de 1980, a diminuição dos adeptos da Igreja Católica Apostólica Romana, na década 2000-2010, atinge 8,41% dos habitantes do município. Se em 2000 os católicos detinham 98.432 membros, em 2010 estes passam a somente 94.006. Já o conjunto das denominações Evangélicas, neste mesmo período, teve um incremento de 4,89%. Ou seja, se em 2000 tinham 14.281 habitantes em suas fileiras, em 2010 os evangélicos somam precisamente 21.631 habitantes.

Portanto, podemos deduzir que o total dos sapucaienses que declararam fazer parte de uma denominação religiosa cristã teve um decréscimo de 3,31% no censo de 2010 em relação ao de 2000. Vale considerar que Sapucaia do Sul, desde logo, nesta década, embora se tenha tornado menos católica e mais pentecostal, também se tornou menos cristã. O crescimento evangélico não conseguiu absorver o total das perdas da Igreja Católica e de outras religiões evangélicas.

Já a religião Católica Apostólica Brasileira, com pouquíssimos representantes em Sapucaia do Sul, teve, no entanto, um pequeno incremento de participantes (acrescentou 0,09%). A Igreja Católica Ortodoxa, por sua vez, marca alguns poucos pontos somente no censo de 2010, quando registra 145 membros (0,11%).

Religiões Evangélicas de Missão

As Religiões Evangélicas de Missão (Tabela 2), a exemplo de outras cidades da região, como Novo Hamburgo, Esteio e Canoas, também tiveram perda de adeptos entre 2000 e 2010 em Sapucaia do Sul. Diminuíram 0,43% sobre o total dos habitantes do município.

Entre as denominações que perderam adeptos estão as Igrejas Luterana, Presbiteriana e Adventista. Cresceram um pouco as Igrejas Metodista e Batista. Para “Outras Evangélicas de Missão” não há dados comparativos, tanto em 2000 como em 2010.

Religiões Evangélicas de Origem Pentecostal

Observamos acima (Tabela 1) que o conjunto das denominações Evangélicas em Sapucaia do Sul obteve, entre 2000 e 2010, um incremento de 4,89% no número de seus membros. Mas as denominações religiosas de origem pentecostal elencadas explicitamente pelos censos (Tabela 3) sinaliza que o crescimento destas alcança somente 1,26% na mesma década3. No caso, tiveram aumento de adeptos as Igrejas Assembleia de Deus e Evangelho Quadrangular. Diminuíram adeptos as Igrejas Congregação Cristã do Brasil, O Brasil para Cristo, Universal do Reino de Deus, Casa da Benção e Deus é Amor. Não há dados comparativos para as alternativas “Outras” evangélicas de origem pentecostal.

Dentre as religiões pentecostais em que diminuíram adeptos, particularmente, chama a atenção o fato de que a Igreja Universal do Reino de Deus tenha perdido mais que a metade de seus membros apesar de sua grande exposição midiática. De 1.916 adeptos, em 2000, passa a contar somente com 861, em 2010.

Na Tabela 4 temos uma série de alternativas um tanto desencontradas se compararmos os dados do censo de 2000 com o de 2010. No primeiro, há um pequeno grupo de alternativas intitulado “Evangélicas sem vínculo institucional” (“Evangélicos” e “Evangélicos de origem pentecostal”) que perfazem 0,11% dos habitantes, e um conjunto de religiões denominado “Outras religiões evangélicas” que alcançam 0,34% da população de Sapucaia do Sul. Em 2010, no entanto, o censo deixa de oferecer o termo “sem vínculo institucional” e opta por pesquisar a alternativa de adesão religiosa intitulada “Evangélica não determinada”, que recebe 4,51% dos declarantes do município. Uma alternativa bastante elevada que, certamente, “esconde” uma série de religiões evangélicas (pentecostais ou não) das quais, infelizmente, não se conhece o nome, nem o número de adeptos por denominação.

Somando as alternativas do campo evangélico, temos então os seguintes percentuais de adeptos (Tabela 5):

 

Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Testemunhas de Jeová, Espiritualista e Espírita

Neste grupo de religiões (Tabela 6), embora bastante conhecidas na cidade devido a grandes esforços de divulgação corpo a corpo, os que se declararam adeptos da Igreja Testemunhas de Jeová e da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias são bem poucos. Respectivamente, contam com 0,17% e 0,79%, segundo o último censo. Ambas, porém, tiveram leve aumento de adeptos entre 2000 e 2010. A expressão religiosa “Espiritualista” registra alguns poucos adeptos (0,03%) somente em 2010.

A Doutrina Espírita, no entanto, mais que dobrou o número de seus adeptos durante o período. Se no ano de 2000 contava com 1.792 habitantes (1,46%), em 2010 passa a contar com 4.011 (3,06%).

Religiões Afro-Brasileiras

No que se refere às religiões de matriz africana (Tabela 7), vem a ser importante observar que a população afro-brasileira no município de Sapucaia do Sul corresponde, segundo o censo de 2010, a 6.240 “pretos” (4,76%) e 10.445 “pardos” (7,97%). Somados, atingem, portanto, um contingente de 16.685 habitantes (12,73%). Mas são relativamente poucos os adeptos das religiões de matriz africana, sejam eles descendentes afro-brasileiros ou oriundos de outras etnias.

Em efetivo, os autodeclarados membros da “Umbanda” e do “Candomblé” (designações usadas nos censos) somam tão somente 1,97% do total de habitantes do município. Contudo, na década aqui considerada, a Umbanda teve um aumento de 0,33% no seu número de adeptos. O Candomblé, por sua vez, já com participação muito baixa, perdeu a metade de seus participantes no mesmo período.

Uma possível explicação para o baixo desempenho das religiões de matriz africana na região (o mesmo fenômeno acontece também em outras cidades do Vale do Rio dos Sinos) pode estar relacionada ao determinante cultural e religioso que historicamente demoniza as religiões africanas, bem como pode estar ligada ao fato de que o nome “candomblé” (usado pelo censo) seja pouco conhecido no RS. Ambos os aspectos podem funcionar como determinante negativo diante do pesquisador do IBGE, fato que pode levar parte da população a declarar ser integrante de um meio religioso mais “amigável” como, por exemplo, o do catolicismo. Mais conhecidas são, sem dúvida, as denominações “religião africana”, “batuque”, “nação”, ou simplesmente se o declarante é de “religião” ou não.

Judaísmo e Islamismo

Embora muito importantes no concerto mundial das religiões, a Tabela 8 indica que o Judaísmo se faz totalmente ausente em Sapucaia do Sul em ambos os censos, enquanto o Islamismo registra, respectivamente, 9 e 17 pessoas (0,01%) como membros. Tanto o Islã quanto o Judaísmo encontram maior presença em Porto Alegre e extremo sul do Estado.

Religiões Esotéricas, Indígenas e outras religiosidades

Este pequeno grupo de religiões (Tabela 9) mais chama a atenção por ausência de declarantes do que pela presença destes. As religiões “Esotéricas”, pouco servidas em Sapucaia do Sul, conseguem apenas 0,03% de adesões e “Outras religiosidades” tão somente 0,01%. E, curiosamente, nenhum sapucaiense opta por uma forma religiosa pertencente a “tradições indígenas”. Contudo, os Censos informam que, em 2000, havia no município 439 pessoas que declararam ser de ascendência indígena, e que em 2010 estes eram 66.

Religiões Orientais

As tradições religiosas orientais, assim como em outras cidades da região do Vale do Rio dos Sinos, são extremamente diminutas em Sapucaia do Sul (Tabela 10). Entre estas, o Hinduísmo não apresenta adeptos em ambos os censos. O Budismo, com raros representantes, congrega 0,02% da população. E, as assim denominadas pelo censo, “novas religiões orientais” (Igreja Messiânica Mundial e Outras), congregam em torno de 0,03% da população em suas fileiras.
Grosso modo, as tradições religiosas orientais são de difícil assimilação em meios culturais ocidentais altamente cristianizados. Mas, aos poucos, vão firmando passos, inclusive na região da Grande Porto Alegre. No Brasil despontam com maior ênfase, sobretudo, na cidade de São Paulo.

Religião não determinada e múltiplo pertencimento

A prática disseminada de múltipla visita a locais de culto religioso é admitida por poucos declarantes do censo em Sapucaia do Sul (Tabela11). Segundo o censo de 2010, a alternativa “declaração de múltipla religiosidade” recebe somente 20 adesões sobre uma população de 130.957 habitantes. Outros itens, naturalmente ínfimos, são definidos como “religiosidade não determinada ou mal definida (0,07%) e “não sabe” (0,01%), ambos relativos ao censo de 2010. No censo de 2000 temos ainda as alternativas religiosas “não determinada” (0,19%) e “sem declaração” (0,1%).

Sem religião, ateus e agnósticos

Entre os índices mais interessantes dos censos de 2000 e 2010 está o que verifica estatísticas relativas a ateus, agnósticos e sem religião (Tabela 12)4. Em Sapucaia do Sul é relativamente baixo o índice de não crentes (4,64%). Contudo, tiveram um acréscimo de 0,88% na década. Em um meio cultural maciçamente religioso (cristão) é difícil afirmar-se ateu ou agnóstico. Mais aceitável é ser “sem religião”. Por isso, os que simplesmente afirmam ser sem religião atingem 4,22% da população. Muito menor é o número de declarantes ateus (0,36%) e o de agnósticos (0,06%)5.

Conclusão:

A título de conclusão, é possível afirmar que Sapucaia do Sul segue, no campo da diversidade religiosa, tendências similares a de outras cidades do Vale do Rio dos Sinos. A primeira destas tendências dá conta da expressiva redução de filiados na Igreja Católica Apostólica Romana. No censo de 2000, os declarantes católicos alcançam 80,19% habitantes, enquanto em 2010 estes formam somente 71,78% dos habitantes. Trata-se, pois, de uma diminuição que atinge 8,41% da população do município. Algo semelhante acontece, mas em grau menor, com as Religiões Evangélicas de Missão. Estas, neste mesmo período, tiveram uma diminuição de 0,43% em seu número de adeptos.

Um segundo aspecto que chama a atenção refere-se à ascenção das religiões evangélicas de origem pentecostal. O crescimento destas (1,26%) não cobre, porém, as perdas católicas e outras evangélicas, mesmo se aqui considerarmos incluso o grande contingente de evangélicos indeterminados (4,51%). Entre 2000 e 2010, o número de cristãos teve um declínio de 3,31% sobre o total da população do município.

Ainda em relação às religiões cristãs, cabe a observação de que algumas denominações de origem pentecostal apresentam recuo no número de adeptos, mesmo tendo ampla exposição midiática. Estre estas se encontram, por exemplo, as igrejas Universal do Reino de Deus (ligada a Rede Record), Congregação Cristã do Brasil, O Brasil para Cristo, Casa da Benção e Deus é Amor.

Em quarto lugar, convém considerar como fato importante em Sapucaia do Sul o alto índice de “evangélicos indeterminados” (4,51%). Serão estes signo de evangélicos “sem prática” (assim como existem católicos sem prática)?

Também merece ser destacado o fato de que, nos Censos de 2000 e 2010, não há declarantes para diversas religiões no município de Sapucaia do Sul, sobretudo se considerarmos a importância destas em nível nacional. Por isso, é possível que aderentes vinculados a religiões como da Igreja Mundial do Poder de Deus e da Internacional da Graça (ambas de grande alcance televisivo), entre outras tantas, estejam abrigados sob a designação “evangélica não determinada” (4,51%).

Quanto às religiões afro-brasileiras, os dados dos Censos indicam que a Umbanda teve um pequeno aumento de participantes entre 2000 e 2010 e que o Candomblé, já com pouquíssimos membros, ainda deixou para trás, na mesma década, a metade de seus participantes. Logo, se por um lado, o município conta com 16.685 declarantes afro-brasileiros (12,73% da população), por outro lado, a visibilidade da religiosidade de matriz africana (1,79%) mostra alta dificuldade de difusão e reconhecimento.

Por último, cabe observar que, entre as opções verificadas pelo censo em Sapucaia do Sul, desenha-se a perspectiva de um pequeno aumento da diversidade religiosa. Colaboram com esta assertiva os indicadores da diminuição da força do cristianismo, do aumento dos sem religião, do crescimento da Doutrina Espírita e do alto índice de evangélicos sem denominação conhecida.

Notas:

1 - Cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Sapucaia_do_Sul e http://www.sapucaiadosul.rs.gov.br/.
2 - Ver também Follmann, José Ivo (coord.) “O Mundo das Religiões em Sapucaia do Sul”, Cadernos IHU, ano 3, nº 10, 2005. Trata-se de levantamento cadastral dos locais de culto religioso e templos realizada no âmbito da pesquisa “Religiões na Região Metropolitana de Porto Alegre, RS”, organizada pelo GDIREC – Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo. Disponível para download (ZIP) em http://www.ihu.unisinos.br/cadernos-ihu/58291-o-mundo-das-religioes-em-sapucaia-do-sul.
3 - Confira, na Tabela 4, o alto número de declarantes de religiões de “origem pentecostal não determinada”.
4 - Observe que o conceito SEM RELIGIÃO, usado pelo censo de 2010, averigua indivíduos que declaram ser “sem religião”, “ateus” e “agnósticos”.
5 - O total de declarantes “sem religião” no Brasil (ateus, agnósticos e sem religião) atinge 8% da população. Portanto, um índice bem maior que os 4,64% de Sapucaia do Sul. Mas, neste município, ateus e agnósticos somam 0,42%, um número levemente superior ao do nacional (0,4%).