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Desemprego fica em 10,3% na Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA e permanece estável em relação a maio (10,2%). O nível ocupacional apresentou redução: 0,8%. O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, compartilha a nota publicada pela Fundação de Economia e Estatística - FEE.

Eis o texto.

A taxa de desemprego total apresentou estabilidade entre maio e junho de 2016 na Região Metropolitana de Porto Alegre, passando de 10,2% para 10,3% da População Economicamente Ativa (PEA). Os dados da PED-RMPA foram divulgados nesta quarta-feira (25) por FEE, DIEESE e FGTAS.

Em junho, o número de desempregados foi estimado em 196 mil pessoas, mil a mais do que no mês anterior. Esse resultado ocorreu devido à redução do nível ocupacional ter sido superior à saída de pessoas no mercado de trabalho. Na prática, isso significa que a oferta de vagas é menor mas o número de pessoas procurando emprego também diminuiu. “A Região Metropolitana de Porto Alegre perdeu 13 mil postos de trabalho e 12 mil pessoas saíram do mercado de trabalho, gerando por isso um aumento do número de desempregados em um mil. A saída dessas pessoas do mercado de trabalho fez com que não houvesse um aumento ainda mais forte da taxa de desemprego”, explica Iracema Castelo Branco, economista da FEE. A pesquisadora avalia que os possíveis perfis de pessoas que saem do mercado de trabalho se referem a quem já pode se aposentar, aos jovens que adiam a entrada no mercado de trabalho e ficam mais tempo só estudando, além das pessoas que retardam a busca por emprego aguardando um cenário mais propício.

Iracema avalia que essa estabilidade da taxa de desemprego em junho não significa um contexto favorável. “Os dados apontam para uma estabilidade na taxa nos últimos meses, mas em um patamar bastante elevado e que representa quase o dobro da taxa de desemprego observada dois anos atrás. Em junho de 2014, a taxa era 5,7%”.

Os dados apontam ainda que a indústria de transformação e o comércio foram os setores da atividade econômica que tiveram redução no número de ocupados. Além disso, o emprego assalariado com carteira assinada foi o mais afetado nesse período. Entre abril e maio de 2016, o rendimento médio real aumentou para o total de ocupados, assalariados e trabalhadores autônomos. Em termos monetários, esses rendimentos passaram a corresponder a R$ 1.983, R$ 1.936 e R$ 1.746 respectivamente.

Confira os dados completos.

O Diagnóstico Socioterritorial de Canoas foi recentemente concluído e apresentado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. Esta elaboração, fundamental ao plano municipal da política de assistência social, resultou de um trabalho coletivo, que reuniu a equipe de Vigilância Socioassistencial do município, o grupo de pesquisadores do curso de Serviço Social da Unisinos e a equipe do ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Este trabalho foi iniciado em 2014 e desenvolvido em três etapas. A primeira etapa deu-se com a sistematização dos dados da realidade social do município pelas equipes responsáveis. A segunda etapa, identificada como Mapa Falado, se constituiu pela apresentação e debate dos dados com a população, serviços e redes socioassistenciais nos quatro quadrantes do município. Cada região mapeou os pontos de proteção e desproteção social e, na sequência, indicou perspectivas para as necessárias superações. A terceira etapa foi novamente de sistematização de todo o processo, revelado no relatório que apresenta o diagnóstico em três versões: completo, sintético e popular.

Quadrantes O Diagnóstico Socioterritorial apresenta dados gerais do município e tem como destaque as realidades dos territórios, que para Canoas estão distribuídos em quatro quadrantes. Desafio e compromisso assumido pela coordenadora da Vigilância Socioassistencial, AS Marlene Fiorotti de Canoas, que empreendeu na viabilização do diagnóstico com efetiva participação dos trabalhadores dos serviços e da população. O quadrante Nordeste engloba os bairros: Brigadeira, Estância Velha, Guajuviras, Igara, Marechal Rondon, Olaria e São José. O quadrante Noroeste é composto pelos bairros: Industrial, Mathias Velho, São Luiz, Centro e Harmonia. Já o quadrante Sudoeste inclui os bairros: Fátima, Rio Branco e Mato Grande. Por fim, o quadrante Sudeste abrange os bairros: Nossa Senhora das Graças e Niterói. As quatro divisões estão apresentadas no mapa abaixo:

Mapa Falado O instrumento para a coleta e análise de dados foi o Mapa Falado. “O diferencial desse trabalho foi o Mapa Falado, contribuindo para uma pesquisa participante e qualitativa”, apontou Rosângela Silva, professora e pesquisadora, que contribuiu na construção do Diagnóstico. O Mapa Falado, segundo a professora, é um método que contribui para o cotidiano do trabalho, para pensar as políticas. “É um desenho representativo do território. Uma ferramenta que permite refletir sobre a realidade”, afirmou a professora.

Foram realizadas onze oficinas para a construção do Mapa Falado. Duas delas aconteceram com os trabalhadores do SUAS – Serviço Único de Assistência Social. Uma foi com a participação de representantes de conselhos. Mas a grande maioria das oficinas, oito delas, aconteceu com a participação dos usuários dos serviços de Assistência Social e população em geral.

Proteção e Desproteção Social Através do Mapa Falado foram apontados 1.327 pontos: 810 foram indicados como pontos de proteção social, enquanto 517 foram apontados como desproteção social. A partir disso foram identificadas as prioridades do município. “Saúde, segurança, venda e consumo foram as prioridades definidas pelos participantes dos quadrantes”, pontuou Rafaela Gossler, aluna do curso de Serviço Social que colaborou com o Diagnóstico. As três prioridades foram exaltadas em todos os quadrantes, tornando-se assim prioridades para a ação do município. 70% dos participantes da construção do mapa falado apontaram o tráfico de drogas como principal questão a ser enfrentada. “Houve aumento do número de entorpecentes de 2008 a 2012. O tráfico de drogas foi posto como o principal problema a ser enfrentado em relação à segurança”, contou a professora Rosângela.

Abaixo, o Mapa com os pontos de proteção e desproteção pontuados pelos participantes e sistematizados por Roberto Nascimento Jr da equipe de Vigilância Socioassistencial:

Sobre o tráfico de drogas, também foi apontada a relação desse problema com o índice de homicídios. “O tráfico está relacionado com a concentração de homicídios, muitas vezes ocasionado pela disputa das drogas”, enfatizou Rosângela. Indicadores sobre a juventude foram pontuados, como os jovens de 15 a 24 anos que não estudam nem trabalham, e por isso estão mais vulneráveis às situações que envolvem as drogas.

A concentração de homicídios, segundo o Diagnóstico, está na região do bairro Mathias Velho e Centro, enquanto o maior número de jovens de 1 a 24 anos em situação de vulnerabilidade são nas microrregiões Fátima, Niterói, Centro/Mathias Velho. “A política social não dá conta da proteção social como um todo. A dependência química também é um problema de saúde”, acrescenta Rosângela, chamando atenção para a importância de as políticas públicas do município andarem em conjunto para resolução dos problemas.

Prioridades dos quadrantes O Quadrante Noroeste apontou como prioridade específica os alagamentos e as vagas nas escolas de educação infantil. Já no Quadrante Nordeste foi apontado como principal a cultura. “A proposta seria trabalhar a cultura a partir da vivência da população, favorecendo a autonomia e apontar a cultura como alternativa de saber”, sugeriu a acadêmica Rafaela.

O Quadrante Sudoeste apontou como prioridade o lixo. Os participantes desse quadrante apresentaram preocupação com a coleta e descarte dos resíduos. Uma sugestão, segundo o diagnóstico, foi a implementação de um Ecoponto na região. Já a preocupação específica do Quadrante Sudeste foi o CRAS – Centro de Referência de Assistência Social, que não possui uma sede própria.

Diagnóstico Socioterritorial O Diagnóstico Socioterritorial foi uma construção elaborada pelo Observatório da realidade e das políticas públicas – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, em parceria com o Curso de Serviço Social da Unisinos, junto com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social - Diretoria de Vigilância Socioassistencial e Serviços do município de Canoas. Também foi apoiador do trabalho o Observatório Unilasalle Trabalho, Gestão e Políticas Públicas. A assessoria da assistente social e professora Dirce Koga foi muito importante, assim como do Conselho Municipal de Assistência Social, dos usuários e trabalhadores da cidade de Canoas.

Para ter acesso completo ao Diagnóstico, acesse aqui. Também foram feitas duas outras versões reduzidas. Uma para os trabalhadores da Prefeitura de Canoas e para a Rede de Serviços socioassistenciais, e outra ainda para distribuir aos usuários dos CRAS e dos demais equipamentos das políticas sociais nas comunidades.

O principal objetivo do Diagnóstico é apontar caminhos para a atuação da política de assistência social. “Essas situações são demandas das comunidades e existe o grande desafio de articulação com as outras secretarias para atender as demandas. A área da assistência social vai ser a política do futuro por ter capacidade de dialogar com as outras políticas”, apontou Renato Teixeira, técnico e pesquisador que contribuiu na formulação do Diagnóstico.

A entrega e debate do Diagnóstico para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social foi realizada no dia 26 de junho. Na reunião esteve presente a Secretária do Desenvolvimento Social, Maria Celeste Silva, que considerou o trabalho apresentado comprometido com os dois saberes indispensáveis às políticas públicas: “Casar os dois saberes, faculdade e comunidade, para incidir nas políticas públicas do município, é o mais rico deste trabalho”, atentou a secretária.

Por Carolina Lima e Marilene Maia

A Oficina – Gestão colaborativa de bancos comunitários, moeda social e software livre de gestão foi realizada no dia 14 de julho, como uma das atividades do II Encontro das produtoras colaborativas. Foi concebido com o intuito de promover o debate sobre outras formas de fazer economia na Região do Vale do Rio dos Sinos. A oficina foi uma promoção do Observatório das realidades e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Rede ITEIA, do Espaço Sideral e da EITA Cooperativa de Trabalho.

As experiências de bancos comunitários, moedas sociais e software livre têm sido concebidas como estratégias de afirmação de outras lógicas de desenvolvimento à economia hegemônica pautada pelo capital. Estas expressões, presentes em todo o Brasil, mobilizam e transformam realidades dos grupos sociais e de territórios. Muitas destas experiências se reconhecem como experiências de Economia Solidária, que propõe outras lógicas de trabalho, organização e desenvolvimento. O Fórum Brasileiro de Economia Solidária vai dizer que este modelo busca fundamentos na produção, consumo e comercialização na democracia, na cooperação e na autogestão.

Foto: Carolina Lima

EXPERIÊNCIAS

Durante a manhã conhecemos a história do Banco Comunitário da Cascata, que busca implementar a moeda social na zona sul de Porto Alegre. Katiucia Gonçalves, que é mobilizadora do Banco, apresenta que uma alternativa encontrada para aumentar o fundo do banco foi recolher garrafas plásticas (PET), as quais são vendidas para ‘atravessadores’. “As pessoas conhecem o banco através da doação de PET e quem doa recebe em Antenas”, conta. Antenas é o nome da moeda social do Banco da Cascata.

Ainda conta que essa relação transforma os laços. “Muitas vezes as pessoas não sabem o que fazemos, mas estão doando. Isso cria novas lógicas que não são monetárias, mas que são tão importantes quanto”, aponta. Além dessa ação, o grupo responsável pelo Banco Comunitário da Cascata também fez outras atividades no intuito de envolver a comunidade nesse debate e arrecadar fundos para o banco. “Fizemos feira de trocas, venda de almoços, cerveja artesanal. Compramos sempre todo o material de uso na comunidade para incentivo do comércio local”, registra Katiucia.

Katiucia também é integrante do empreendimento de economia solidária Misturando Arte desde sua constituição, há 10 anos, trabalhando com artesanato e confecção com reaproveitamento de materiais, assim como articuladora/educadora do Centro Regional Sul de Formação em Economia Solidária (CFES Sul) e agente de desenvolvimento do programa Brasil Local. Atualmente está na coordenação do Fórum Gaúcho de Economia Popular Solidária e participou da coordenação do Fórum Municipal de Economia Solidária de Porto Alegre.

Ainda durante a manhã, Solange Mânica, da Rede de Trocas Solidárias, apresentou o contexto de moedas sociais na região do Vale do Sinos e no Rio Grande do Sul. Solange é graduada em Biologia pela Unisinos e pós-graduada em Ciências da Terra/Geologia Ambiental pela UFRGS e ativa na criação e coordenação de projetos de economia solidária, junto a confecção e introdução de moedas sociais e bancos comunitários. No Vale do Sinos, a primeira moeda social, que se tem registro recente, é o Guajuviras de 2001 em Canoas. Em Novo Hamburgo, a moeda Pampa Vivo teve início em 2003 junto às comunidades que viviam próximo ao arroio Pampa. Atualmente, esta moeda está em circulação em eventos e o tema economia solidária é parte dos indicadores da educação pública municipal. Em São Leopoldo, houve iniciativa de criar um banco comunitário, mas não se tem mais informações do projeto que foi inaugurado em maio de 2009. Além disso, no Vale do Sinos, já houve a intenção de ter uma moeda para a região: o Regionalito.

MOEDA SOCIAL

A moeda social é uma instituição que busca promover a troca de bens e/ou serviços em determinados territórios. Seu uso fomenta o desenvolvimento regional, uma vez que propicia a troca de bens e serviços locais, já que a moeda é de uso da comunidade.

Além disso, os impactos da moeda social não se limitam ao desenvolvimento regional, visto que além de contribuírem com a integração daquele território, permitem novos olhares sobre a economia e sobre os processos de financeirização e vulnerabilidade que permeiam a vida de brasileiros, possibilitando certa autonomia. Conforme a Lei n° 10.214/01, as moedas sociais são “sistemas criados e administrados por grupos sociais, para viabilizar a realização de pagamentos, trocas ou transmissão de obrigações entre os membros de uma determinada comunidade”. A maior parte das moedas sociais tem equivalência quanto ao Real, ou seja, permite a conversão entre moedas.

Pedro apresentou alternativas que trabalham dentro da lógica da moeda social. Um exemplo foi a Universidade Livre de Teatro Vila Velha, de Salvador, Bahia, que funciona através desse modelo alternativo. “Tem como você fazer teatro sem gastar dinheiro”, apontou Pedro. Ainda contou que a troca nessa universidade se dá através da força de trabalho. A partir das demandas do mês para a universidade funcionar, os alunos têm um número de horas a cumprir por mês, em atividades como limpeza de sala, auxilio na iluminação, filmagem, entre outras demandas da universidade.

Ainda assim, outra forma de economia solidária se dá através do escambo, que consiste na troca de bens e serviços sem intermediação de moedas. O escambo, apesar de pouco utilizado, também pode contribuir como forma de desenvolvimento regional. A primeira parte da oficina está disponível no YouTube.

No período da tarde, Pedro Jatobá conduziu o debate em torno do software livre de gestão, apontando características essenciais para os bancos comunitários. A ideia de bem comum é fio condutor para desenvolver os bancos comunitários. Pedro Jatobá é mestre em Gestão e Desenvolvimento Social pela Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia - UFBA e Bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP. Atualmente é diretor de ações culturais do Instituto Intercidadania, coordenador de formação e articulação da Rede Colaborativa iTEIA, integrante da produtora Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. sediada na Universidade Federal de Pernambuco e da Cooperativa E.I.T.A.

BANCOS COMUNITÁRIOS E SOFTWARE LIVRE DE GESTÃO

Pedro apresentou a concepção de bancos comunitários e introduziu estes em softwares livres de gestão. Os bancos comunitários permitem o intercâmbio de serviços financeiros através do uso da moeda social, e assim como esta, introduzem a lógica do desenvolvimento regional, que permite a reorganização das economias locais, tendo por base os princípios da Economia Solidária.

Para o uso na rede de bancos comunitários, Jatobá introduziu o uso da plataforma Corais. “Com essa ferramenta temos a capacidade de organizar o trabalho e dividir tarefas”, afirmou. O uso do Corais propicia o trabalho conjunto em rede visando obter maior transparência e trabalho colaborativo como formas de propiciar o bem comum.

Esta plataforma permite a criação de projetos autogestionados e transparentes com a possibilidade de usar ferramentas das mais variadas, como textos colaborativos, votações, questionários, planilhas e arquivos. Além disso, trabalha com a moeda social, ponto fundamental da oficina. Como símbolo do fundo de cada colaborador usa-se a Concha, uma moeda digital gerida a partir do próprio Corais, que permite a troca de bens e serviços dentro da economia e tem como limite o lastro produtivo da economia, ou seja, o ‘estoque de Conchas’. Esta plataforma caracteriza-se como transparente, uma vez que todos os membros da comunidade podem visualizar todas as transferências entre colaboradores, assim como o estoque de Conchas de cada colaborador.

Foto: Carolina Lima

Jatobá também apresentou uma das ações da Produtora ColaborAtivaPE: a Bicicleta Colaborativa que, com uma caixa de som adaptada, transmite pelas ruas de um bairro de Recife programação de rádio produzida pela ColaborAtivaPE com spots de divulgação de iniciativas comerciais dos arredores da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Os spots são produzidos em software livre e pagos com Concha. "A tecnologia dá autonomia”, afirma.

Pedro também apontou a necessidade de articulação de uma rede com pessoas engajadas no projeto de desenvolvimento regional a partir da troca de bens e serviços em comum naquele território a fim de fazer prosperar o projeto.

Você também pode acessar o conteúdo da oficina através da Cooperativa de Trabalho Educação, Informação e Tecnologia para Autogestão - EITA.

Por Carolina Lima, Matheus Nienow, Marilene Maia e Rosana Kirsch

O número de óbitos médios anuais, na faixa etária de 10 a 19 anos, é de 155 no Vale do Sinos, ou seja, quase 1 a cada 2 dias. Ainda assim, 68% dos óbitos são por causas externas, como acidentes de trânsito e violência, e 81,01% dos óbitos são do sexo masculino.

Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM a partir da base de dados do Tabnet, que é do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde – DATASUS.

Os dados de mortalidade da população adolescente apontam as causas externas como o principal fator para óbitos na região. Na faixa etária de jovens (15 a 29 anos), o homicídio é a principal causa de morte no Brasil. Estes números apontam um número elevado de óbitos que podem ser evitados.

Para a coleta de dados, utilizou-se a faixa etária de 10 a 19 anos, a qual será denominada de faixa etária adolescente. No entanto, o Estatuto da criança e do adolescente considera adolescentes aqueles entre 12 e 18 anos. Ocorre que na coleta de dados há apenas a opção da coleta de dados por faixas etárias de 10 a 14 e de 15 a 19 anos, e não é possível separá-las. Desta forma, neste caso justifica-se o uso da faixa etária de 10 a 19 anos como a faixa etária de adolescentes.

DADOS

A tabela 01 apresenta o número de óbitos da população de 10 a 19 anos nos municípios do Vale do Sinos de 2001 a 2014. Este número tem apresentado oscilações, mas na média são 155 óbitos por ano.

Tabela 01

De 2001 a 2014, o maior destaque deu-se em Novo Hamburgo, onde o número de óbitos passou de 55 em 2001 para 22 em 2013. 2001 foi o único ano, neste período, em que o município registrou mais de 40 óbitos.

Em Dois Irmãos, não foram registrados óbitos desta faixa etária nos últimos dois anos. O município foi o único da região a não registrar óbitos em 2014.

Em São Leopoldo ocorrem, em média, 30 óbitos por ano, sendo o segundo maior município em número de óbitos anuais na região. Quase todos os municípios obtiveram redução de óbitos de 2001 a 2014. Sapucaia do Sul passou de 20 para 18 no período. No entanto, de 2011 a 2014, o número de óbitos no município passou de 9 para 18, ou seja, dobrou.

tabela 02 apresenta a taxa de óbitos, também conhecida como taxa de mortalidade, da população de 10 a 19 anos nos municípios do Vale do Sinos de 2001 a 2014, a cada 10.000 habitantes. Esta taxa divide o número de óbitos pelo número de habitantes e multiplica por 10.000. Este cálculo facilita a comparação entre municípios com populações muito distintas.

No entanto, esta taxa não é adequada para municípios com poucos habitantes, como é o caso de Araricá, visto que qualquer variação unitária no número de óbitos eleva a taxa drasticamente. Desta forma, a tabela 02 apresenta as taxas para os 14 municípios e para o total da região, mas apenas as taxas dos municípios de CanoasNovo Hamburgo e São Leopoldo, assim como a taxa do Vale do Sinos, estão mais adequadas, visto que estes territórios possuem populações de mais de 30.000 habitantes nesta faixa etária.

Tabela 02

De 2001 a 2014, a taxa de óbitos foi reduzida no Vale do Sinos. No entanto, ao comparar 2002 a 2014, destaca-se que esta taxa aumenta. Em média, são 7 óbitos a cada 10.000 habitantes adolescentes na região. Em São Leopoldo e em Canoas, a média anual fica em 8 óbitos. Em Novo Hamburgo, são 7.

ÓBITOS POR SEXO

tabela 03 apresenta o número de óbitos da população de 10 a 19 anos nos municípios do Vale do Sinos em 2014 por sexo. O número de óbitos masculinos neste ano foi aproximadamente 4 vezes maior.

Tabela 03

Em 12 dos 14 municípios, houve mais óbitos de homens do que de mulheres. Apenas em Nova Santa Rita foram registrados mais óbitos femininos do que masculinos, 1 a 0. Em Dois Irmãos, não houve óbitos.

Em São Leopoldo e em Canoas, o número de óbitos masculinos foi quase 6 vezes maior que o de óbitos femininos. Em Novo Hamburgo, ocorreram 3 vezes mais óbitos masculinos que femininos.

CAUSAS DOS ÓBITOS

A concentração de óbitos não se dá apenas quanto ao sexo, mas também quanto à causa do óbito. A tabela 04 apresenta os óbitos da população de 10 a 19 anos nos municípios do Vale do Sinos em 2014 conforme a causa do óbito.

A causa do óbito classifica-se através da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID10. Estas classificações agrupam causas de óbito semelhantes em mesmo grupo, mas na busca não permitem a total desagregação dos dados.

Tabela 04

A tabela 04 mostra que o capítulo XX apresenta o maior número de óbitos nesta faixa etária; 107 dos 158, ou seja, 67,72% dos óbitos. Este capítulo engloba as causas externas de morbidade e de mortalidade (V01-Y98). Inserem-se, por exemplo, neste grupo os óbitos por acidentes de trânsito, outras causas externas de traumatismos acidentais, lesões autoprovocadas intencionalmente e agressões. Portanto, as mortes por acidentes de trânsito, suicídio e através de armas de fogo encontram-se neste grupo.

Apesar de não obter os dados para esta faixa etária populacional específica, sabe-se que 16 (2,32%) dos 691 óbitos de 05 a 19 anos da Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA em 2015 ocorreram via lesões autoprovocadas intencionalmente, segundo o SIM; 69 (10%) ocorreram por acidentes de trânsito e 338 (48,91%) por agressões. Como todos os municípios do Vale do Sinos situam-se na RMPA, estima-se que estes dados não variem muito.

tabela 05 apresenta o número de óbitos da população masculina de 10 a 19 anos nos municípios do Vale do Sinos em 2014 conforme a causa do óbito. Nesta população, o percentual de óbitos classificados no capítulo XX chega a 77,34%.

Tabela 05

Dos 128 óbitos, 99 classificam-se no capítulo XX. Novamente, em relação aos dados da RMPA, sabe-se que, em 2015, 308 dos 691 óbitos que ocorreram na faixa etária de 05 a 19 anos deram-se quanto a agressões.

tabela 06 apresenta o número de óbitos da população feminina de 10 a 19 anos nos municípios do Vale do Sinos em 2014. Dos 30 óbitos, 8 também deram-se no capítulo XX.

Tabela 06

Os capítulos I, VI e XVIII apresentaram, cada, 4 óbitos femininos. O capítulo I refere-se a algumas doenças infecciosas e parasitárias (A00-B99); o capítulo VI, a doenças do sistema nervoso (G00-G99); e o capítulo XVIII, a sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte (R00-R99).

Destaca-se que a maior parte dos óbitos na faixa etária de 10 a 19 anos dá-se no capítulo XX, ou seja, causas externas ao corpo e que, portanto, podem ser evitadas. Em 2014, a cada um mês, ocorrem aproximadamente 10 óbitos por causas externas, ou sejas, evitáveis na população de 10 a 19 anos. 

Por Marilene Maia e Matheus Nienow

No dia 06 de julho, quarta-feira, ocorreu mais uma edição da Ecofeira Unisinos. A mostra de produtos orgânicos esteve no corredor principal, em frente ao IHU, das 10h às 17h. Um diferencial dessa semana foi o Círculo Cultural, atividade planejada pelo PPG em Educação coordenada pelo Prof. Telmo Adams. A ideia do Círculo Cultural é compartilhar e celebrar a cultura latino-americana. 

Círculo Cultural

“Abre a janela, meu bem, vem ver o dia que vem”, foi assim que a tarde de quarta-feira começou no corredor onde acontece a Ecofeira. A cantoria continuou: “Deixa o sol entrar e o vento falar que eu te quero bem”. A música intitulada “Abra a Janela, meu bem” foi composta junto aos movimentos sociais e pastorais, conforme apresentou o professor Telmo Adams. Ainda foi possível ouvir “Oração do Tempo” de Caetano Veloso e “Felicidade” de Lupicínio Rodrigues. Também foram declamados poemas e contadas histórias.  

Foto: Carolina Lima

Conhecemos Davi, de 9 anos, aluno de uma escola rural, que ao ser solicitado para montar um brinquedo, escolheu fazer uma esterqueira. O menino quis plantar feijão e dividir com os amigos e familiares. Hoje ele é amigo dos animais e planta a alimentação dos bichinhos. Um dia foi questionado sobre os alimentos ainda não terem crescido. “A semente ainda está dormindo”, contou Davi, demonstrando que semear e regar as sementes é convidar gentilmente para elas acordarem. 

Durante a atividade também foi possível ouvir a declamação de poemas. Todos de autores latino-americanos, principalmente brasileiros, como Luiz de Miranda, natural de Uruguaiana. Márcia da Silva conta que quando estava fazendo Magistério, o autor foi na sua escola. Foi lá que ela o conheceu e desde então declama suas poesias. A professora faz a memória que o Círculo Cultural já tem dois anos e surgiu a partir das aulas com o professor Telmo Adams. “Esse é o segundo Círculo do ano, que iniciou em 2015. Procuramos fazer todo mês e é aberto ao público”, aponta. 

Para finalizar o sarau, o professor Telmo ofereceu uma música aos feirantes. “Prédio de Amor” é uma canção que fala sobre a solidariedade dos trabalhadores urbanos com os trabalhadores rurais. “Essa música é em homenagem aos feirantes que através da agricultura orgânica buscam a mudança do mundo. Nós buscamos na simplicidade da arte essa mudança. Por isso estamos sintonizados em busca da esperança”, explicou o professor. 

Márcia ainda chamou atenção para a interação que a atividade propõe com a academia. “Estamos valorizando a nossa cultura. Além de ser um momento festivo, também é um momento de reflexão sobre a sociedade que temos e a que queremos”, afirmou. A professora também chamou atenção para o local onde a atividade aconteceu, junto à Ecofeira, para dar visibilidade ao evento orgânico. 

O Círculo Cultural é um espaço que busca exaltar a arte, a cultura e a educação. O evento é construído coletivamente e coordenado pelo professor Telmo Adams. Ocorre desde 2015 e é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa e Seminário Temático Educação na América Latina e (Des)colonialidade. Programado para acontecer todas as quartas-feiras, o grupo convida todos e todas a contribuir compartilhando uma música, poesia, contação de história, produções audiovisuais, teatro, entre outras intervenções artísticas. E o principal foco é exaltar a cultura latino-americana construindo alternativas e experiências educativas descoloniais. 

O próximo Círculo Cultural está programado para o dia 8 de agosto, novamente junto à Ecofeira, no corredor central, em frente ao IHU, das 13h às 14h. Para acompanhar a programação itinerante da Ecofeira, acesse o link: http://bit.ly/28YisVo.  

Por Carolina Lima e Marilene Maia

Em 2014, o Vale do Sinos teve o menor número de óbitos por HIV registrados nos últimos 10 anos. Ainda assim, há um óbito por HIV a cada dois dias na região, segundo os dados deste ano. Além do número expressivo de óbitos, os portadores de HIV ainda sofrem de outras comorbidades, além de diversas formas de preconceito.

Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Departamento de Informática do SUS – DATASUS sobre óbitos por doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) de 2005 a 2014.

Os óbitos por HIV não mostram o número de portadores de HIV, mas apenas a mortalidade deste vírus. E esta mortalidade, de acordo com estudo feito pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e publicado na Revista Aids, caiu 12% nos últimos 10 anos no Brasil.

EXCLUSÃO

No estudo denominado The Gap Report, e publicado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS – UNAIDS/BRASIL, destacaram-se as exclusões vividas pelos portadores do HIV e o perfil dos mesmos. De acordo com o estudo, ainda em maio de 2015, 36 países não permitiam e/ou inibiam a entrada de portadores de HIV em seus territórios. O perfil dos portadores do HIV redobra a atenção sobre a realidade de populações desprotegidas que estão nesta situação, seja através da desinformação ou da desproteção social.

O perfil das pessoas que vieram a óbito em decorrência do vírus do HIV no Vale do Sinos em 2014 será apresentado nas tabelas 02, 03 e 04.

DADOS – VALE DO SINOS

Os dados do DATASUS revelam alguns aspectos relacionados aos óbitos por HIV no Vale do Sinos. De acordo com a metodologia de estudo abordada pelo sistema, os óbitos por HIV são classificados em cinco categorias relacionados com doenças que têm seu estado agravado com a presença do HIV. Desta forma, foram consultados o número de total de óbitos por HIV, além de faixa etária, sexo e cor ou raça das pessoas que vieram a falecer.

A tabela 01 apresenta o número de óbitos por doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) nos municípios do Vale do Sinos de 2005 a 2014. Destaca-se que em 2014 houve o menor número de óbitos registrados neste decênio. Em 2013, houve o maior.

Ao todo foram registrados 2.117 óbitos no período devidos ao HIV, sendo 681 em Canoas. No município houve redução de 30% de 2013 a 2014 no número de óbitos.

Assim como Canoas, outros municípios também obtiveram redução no número de óbitos de 2013 a 2014, com destaque para São Leopoldo, que passou de 52 para 42. Em Campo Bom, o ano de 2014 registrou o menor número de óbitos do período, com três notificações. Apenas Ivoti registrou aumento de óbitos de 2012 a 2013, passando de nenhum para dois óbitos.

Ainda assim, morrem por ano, em média, 212 pessoas na região, se contabilizados os últimos 10 anos.

tabela 02 apresenta o número de óbitos por doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) nos municípios do Vale do Sinos por faixa etária em 2014. As faixas etárias predominantemente atingidas são as de 30 a 39 anos e de 40 a 49 anos.

A faixa etária dos jovens, de 15 a 29 anos, apresentou 19 óbitos no período. Ainda assim, segundo a ONUSIDA, programa da Organização das Nações Unidas – ONU, que combate o HIV, a faixa etária dos jovens é de alto risco para a contaminação por HIV, seja por falta de cuidados e/ou de informação. O vírus do HIV é o terceiro maior causador de óbitos na faixa etária dos jovens no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS.

A tabela 03 apresenta os óbitos por doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) nos municípios do Vale do Sinos por sexo em 2014. Percebe-se que a incidência é aproximadamente duas vezes maior no sexo masculino.

Em 10 dos 12 municípios que obtiveram casos registrados, o número de óbitos de homens superou o de mulheres, sendo que na maior parte dos municípios chegou ao dobro do óbito de mulheres.

Em Sapucaia do Sul, dos 22 óbitos, 16, ou seja, 72,72% eram do sexo masculino. Em São Leopoldo, 29 óbitos eram do sexo masculino e 23 em Novo Hamburgo. Em Estância Velha, Ivoti, Nova Santa Rita e Dois Irmãos, apesar do baixo número de óbitos totais, todos foram de homens em 2014.

tabela 04 apresenta os óbitos por doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) nos municípios do Vale do Sinos por raça ou cor em 2014, sendo a maior parte dos casos na população denominada branca.

Sabe-se que na região há predominância da população branca, que segundo dados do Censo 2010 representam 87,18% da população total. Portanto, o número de óbitos absolutos da população branca tende a ser maior.

Se comparados os dados de população e óbitos em cada raça ou cor, sabe-se que na população denominada preta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a cada 10.000 habitantes há 4,5 óbitos, enquanto na população branca a cada 10.000 habitantes há 1,1 óbitos.

Desta forma, os principais grupos que sofrem com os óbitos por HIV são homens negros de 30 a 59 anos. Ainda assim, outros grupos populacionais também se destacam como, por exemplo, os jovens.

 

Por Marilene Maia e Matheus Nienow

A Oficina Exercício e Acesso à Base de Dados do IBGE/SIDRA ampliou as possibilidades de coleta e sistematização de dados públicos, apresentando o SIDRA como principal referência em um conjunto amplo de informações acerca da população e economia brasileiras.

Na terça-feira, dia 21-06-2016, ocorreu a Oficina Exercício e Acesso à Base de Dados do IBGE/SIDRA. Esta Oficina foi ministrada pelo Prof. MS. Ademir Barbosa Koucher e teve intuito de apresentar a base de dados do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA, que reúne dados das pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE com destaque aos censos demográficos.

Ademir é Técnico em Informações Estatísticas, vinculado à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Tem experiência na área de sistemas de informação, indicadores socioeconômicos e demografia. Além disso, Koucher possui graduação em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS e mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

Foto: Carolina Lima

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, realizou a oficina com o propósito de promover o acesso e coleta dos dados disponibilizados no SIDRA para promoção dos dados como referência de estudo e problematização para as políticas públicas no contexto do Vale do Rio dos Sinos.

Bancos de dados

Inicialmente o professor apresentou todos os bancos de dados que o IBGE disponibiliza, com destaque para o Banco de Microdados Estatísticos – BME e para as plataformas de acesso aos dados dos países, estados e municípios: Paises@, Estados@ e Cidades@, respectivamente. Por fim, destacou o SIDRA, pontuando que o mesmo é um dos bancos de dados mais acessados.

SIDRA

O Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA abrange a maior parte dos dados advindos das pesquisas e estudos do IBGE, mas Ademir destaca que a subdivisão Demografia e Contagem da parte de Seções é uma das mais acessadas. Esta parte contém os dados dos censos demográficos brasileiros, que ocorrem de 10 em 10 anos, e servem como referência para planejamento, execução e monitoramento das políticas públicas no país nos mais diferentes níveis territoriais, tais como grandes regiões, estados, municípios e bairros. Porém, esta última opção só é possível se dado município possui regulamentação legal dos bairros em seu território; portanto, salienta-se a necessidade de tal medida para ampliar a coleta e sistematização de dados como melhores promotores para a execução e avaliação de políticas públicas.

Ademir também destacou que a interface de utilização do SIDRA irá sofrer alterações ainda em 2016 e deverá ser mais intuitiva, a fim de facilitar o acesso aos estudos e pesquisas do Instituto.

Censo Demográfico

O Censo Demográfico brasileiro, que ocorre de 10 em 10 anos, também foi tema de discussão de Ademir. Tal censo tem como objetivo inicial a contagem populacional nos diversos territórios, mas em suas últimas edições tem sido composto de dados que contemplam a qualidade de vida e de acesso a direitos básicos da população. No entanto, para viabilizar a execução de tal pesquisa, o censo se utiliza de dois questionários, sendo um para o universo e outro amostral, ou seja, um questionário é usado em todos os domicílios, e um segundo, o amostral, é usado em alguns municípios. Este último questionário leva mais tempo do que o anterior, visto que abrange maior série de temas.

A próxima coleta do Censo ocorre em 2020, mas Ademir já destaca que se estudam outras possibilidades de pesquisas semelhantes ao censo serem feitas nos próximos anos, tendo em vista novos sistemas de levantamento de dados, como ocorre em outros países, a exemplo de Austrália e França.

Saiba mais A Oficina Realidades e Bases de Dados do IBGE,  está disponível no canal IHU Comunica, na qual Ademir apresenta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e seus principais estudos e pesquisas.

Por Carolina Lima e Marilene Maia

 

No Brasil, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 47.646 pessoas foram vítimas de estupro, sendo que 90% desses casos foram com mulheres. O número representa uma queda de quase 7% em relação ao registrado em 2013 (51.090). Assim, com informações oficiais das secretariais estaduais da Segurança com base na lei de acesso à informação, isso equivale a um caso a cada 11 minutos, em média, no país. Entretanto, esses dados apresentam problemas, por que o Fórum estima que aproximadamente 90% dos casos de estupro no país não chegam à polícia.

Nessa situação, para a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno, é difícil afirmar se houve realmente uma redução no tipo de crime, já que a subnotificação é extremamente elevada no país. “É o crime que apresenta a maior taxa de subnotificação no mundo. Então é difícil avaliar se houve de fato uma redução da incidência”, declara Bueno. Na mesma linha, a socióloga Andreia Soares afirma que “é preciso encorajar as mulheres a reduzir a subnotificação dos casos de estupro. Esses números nos ajudam a fazer pressão e nos permitem argumentar em prol de políticas públicas para combater o problema”.

Ao mesmo tempo, o Fórum acredita que possam ter ocorrido entre 136 mil e 476 mil casos de estupro no Brasil no ano passado. Essa projeção está baseada em estudos internacionais, que apontam que 35% das vítimas desse tipo de crime prestam queixa na polícia. Ao tentar chegar mais próximo dessa realidade, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA tem uma visão mais pessimista, estima que apenas 10% dos casos chegam ao conhecimento da polícia, já o número de estupros no Brasil pode chegar a quase 600 mil por ano, significando que a cada 1 minuto uma pessoa é estuprada no país.

O debate acerca do estupro ganhou espaço novamente na sociedade quando uma jovem de 16 anos foi estuprada por 33 homens no Rio de Janeiro. Segundo o Instituto de Segurança Pública, órgão ligado à Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, afirma que as principais vítimas de estupro são menores de 14 anos e mais de 30% dos casos de violência sexual vêm de um agressor conhecido. Além dessas informações, o estudo ainda traz, pela primeira vez, dados sobre o assédio sexual. No Estado do Rio, 134 mulheres denunciaram assédio sexual. Embora o tipo de pena para esse caso seja de dois anos de detenção, foi verificado que 72% das denúncias foram enquadradas como crimes de menor potencial ofensivo.

O mesmo aconteceu com a chamada importunação ofensiva ao pudor, quando, em 2015, 610 mulheres denunciaram casos que abrangem desde “encoxadas” no transporte coletivo até a gravação das partes íntimas da vítima. Nesses casos, a pena é mais branda ainda, existindo apenas uma multa na forma de castigo. Os abusos sexuais são os únicos em que as mulheres lideram o número de vítimas. A lesão corporal dolosa, quando é um ato intencional, é a mais comum no Rio de Janeiro, representando 64% das denúncias. A maioria das mulheres é agredida nas suas próprias casas. De acordo com os dados do Sistema Único de Saúde - SUS, duas em cada três vítimas de violência foram mulheres que precisaram de atendimento médico por violências domésticas, sexuais e/ou outras no ano de 2014. A cada dia desse ano, 405 mulheres procuraram atendimento por alguma violência sofrida.

“A cultura na qual a outra pessoa é tratada como uma coisa que pode ser usada, pode ser descartada e que pode ser violentada. Na base dessa cultura, existe justamente um modo de pensar, de ver o outro e tratar o outro como se fosse justamente uma coisa”, afirma a filósofa Marilu Cabañas.

O ObservaSinos, Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, comprometido com a análise e o debate sobre as realidades, reuniu dados sobre o número de mulheres estupradas no Vale dos Sinos, a partir de indicadores da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul para os 14 municípios do Vale do Sinos. Na região, de 2012 a setembro de 2015, 593 mulheres foram estupradas, conforme os dados expostos na Tabela 1. Esses casos vêm sendo reduzidos gradativamente, de 205 casos em 2013, para 64 no ano passado. Ao analisar esses dados brutos, percebemos, obviamente, que os municípios de maior população vão apresentar os maiores números de casos, como ocorre em Canoas (150), Novo Hamburgo (118) e São Leopoldo (108). Se analisarmos pela ótica da taxa de mulheres vítimas sobre o número de habitantes, percebemos que Araricá apresenta uma taxa de 8,31, seguido por Portão (4,45) e Dois Irmãos com 3,59.

Essa redução pode ser atribuída a uma série de políticas de empoderamento das mulheres nos últimos tempos. Em 2005, por exemplo, desde a criação da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, houve mais de 4,5 milhões de atendimentos. No primeiro semestre de 2015, a Central fez 364.627 atendimentos, uma média de mais de 2 mil atendimentos por dia. Destes, 32.248 foram relatos de violências físicas e psicológicas sofridas por mulheres. Além desse fator, a secretária para Autonomia Feminina da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Ministério da Cidadania, Tatau Godinho, acrescenta que a Lei Maria da Penha, os juizados especiais de atendimento à mulher, os centros de atendimento e a Casa da Mulher Brasileira incentivam muitas brasileiras a terem coragem de denunciar. “Foi um longo processo até a criação de um aparato de polícia, justiça e saúde com atendimento específico para as que sofrem violência”, explica Tatau.

Para Soares, coordenadora do estudo, o “perfil das vítimas não muda e continua reproduzindo padrões culturais machistas. A maioria das mulheres vítimas de violência tem trabalho e renda e grau de instrução, o que derruba a ideia de que só a mulher da favela ou pobre é vítima de violência doméstica”. Nesses casos, a coordenadora do estudo avalia que endurecer as penas não é, necessariamente, o melhor caminho: “Eu acredito que conscientizar é uma via mais rápida. Muitas dessas mulheres não entendem que tenham sofrido violência, por conta de uma educação que se acostuma a esse tipo de hábito. É preciso colocar em debate se essas violações devem ser julgadas de uma forma mais dura. Deve partir da sociedade”.

Em 2009, houve alteração no Código Penal, passando a considerar, além da conjunção carnal sem consentimento, atos libidinosos como crime de estupro. Em outras palavras, o estupro é definido como a prática não consensual do sexo, imposta por violência ou qualquer outra forma de ameaça. Portanto, qualquer ato de prática sexual sem consentimento de alguma das partes é caracterizado como estupro envolvendo ou não penetração. Em 2015, foi aprovado um projeto de lei na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmera dos Deputados que dificulta o acesso das vítimas de estupro ao atendimento médico nessas situações. Trata-se do PL 5069, que exige que as vítimas passem primeiro por uma delegacia para depois fazerem o corpo de delito e somente depois seguir para o hospital, com os devidos documentos que comprovam que elas, de fato, foram estupradas. Esse projeto de lei ainda precisa ser aprovado no Plenário da Câmera.

O presidente interino Michel Temer deu perda de status às pastas ligadas às questões sociais na Secretaria das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, passando a fazer parte do Ministério da Justiça. Sobre essa perda, a coordenadora da Rede de Desenvolvimento Humano - Redeh, Shuma Schumaher, vê um como um grande retrocesso para as mulheres. Para ela, nos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff, houve um pequeno reconhecimento dos anos históricos de luta pelos direitos das mulheres. Além dessa questão, o governo interino não conta com quase nenhuma mulher, mesmo sendo a maior parte da população e do eleitorado. Assim como a representação de negros, indígenas ou movimentos sociais, anulando qualquer possibilidade de diversidade. A socióloga e pesquisadora Clara Araújo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ considera que existe um “grau de conservadorismo muito grande, com concepções familistas e paternalistas sobre quais são os papéis das mulheres na sociedade ”.

Nessa mesma perspectiva de redução de gastos, embora seja uma economia simbólica reduzir ministérios, o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, decretou o fim da Secretaria de Políticas para Mulheres, que tinha sido criada em 2011. "Há derrota em todas as frentes. Perde a luta das mulheres por estar sendo homogeneizada pelos arrependidos e arrependidas de sempre e agora perde ainda mais, em função da ausência de organização massiva, ao ver a pouca conquista (ainda que institucional), estar indo para o ralo", lamenta Bruno Lima Rocha, professor da Unisinos. Atualmente, conforme as informações disponibilizadas nas páginas das prefeituras dos 14 municípios do Vale dos Sinos, existem apenas secretarias, departamentos, coordenadorias ou órgãos do tipo destinados especialmente a políticas públicas para mulheres, sendo em Canoas, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Sapiranga.

Por João Conceição e Marilene Maia

Objetivos

Geral

– Analisar as metodologias e impactos dos Observatórios, em vista de fortalecer o seu protagonismo nos processos de afirmação da democracia, das políticas públicas e da informação na sociedade brasileira contemporânea.

Específicos

– Promover a análise e o debate sobre as experiências dos Observatórios como instâncias de informação, formação e controle social nos contextos locais, regionais e nacional.

– Atualizar o papel dos Observatórios, em meio ao processo de fragilização da democracia brasileira, dos direitos e políticas públicas.

– Identificar perspectivas para a qualificação e articulação dos observatórios enquanto instrumentos potencializadores da democratização da sociedade e do Estado.

 

Trabalhos aprovados

Confira os trabalhos aprovados clicando aqui.

 

Inscrições

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Informações adicionais

  • Data do Evento 18 de outubro de 2016

Na quarta-feira, dia 29-06-2016, ocorreu a quarta edição da Ecofeira Unisinos. As atividades paralelas à mostra de alimentos aconteceram no intuito de favorecer o debate sobre alimentos em extinção e também sobre a rotulagem de produtos. Alunos do curso de Nutrição promoveram uma ação do Slow Food, enquanto alunos do Curso de Gastronomia fizeram uma panfletagem para os participantes da feira, atentando para a importância da embalagem e rotulagem dos alimentos.

Slow Food

No estado do Rio Grande do Sul, segundo o movimento Slow Food, dois alimentos tradicionais da região estão em vias de extinção. O primeiro deles é o pinhão, presente nas casas gaúchas durante o inverno. Outro é a bergamota montenegrina, também conhecida como bergamota comum, que assume seu protagonismo na alimentação durante os dias mais frios no estado. Em 2014, o RS produziu 150 mil toneladas de bergamota, enquanto a Região do Vale do Sinos cultivou 5 mil toneladas. A produção fica atrás do número de laranjas, quando no mesmo ano quase 10 mil toneladas de laranjas foram plantadas nos 14 municípios da região. Os dados são do IBGE.

Foto: Carolina Lima

Com o intuito de conscientizar e chamar a atenção para esses alimentos em risco de extinção, alunos do curso de Nutrição realizaram a degustação de bolo de pinhão, bolo de bergamota e bolo de banana durante a mostra de alimentos, na quarta-feira, 29-06-2016. Segundo os alunos, o principal objetivo da ação é incentivar o consumo desses alimentos, também chamando a atenção para os seus diferentes usos. “Queremos incentivar o consumo, por isso a ação. Demonstrar, através da prova, que fica bom”, aponta Guenevere Fransceschi, aluna do Curso de Nutrição da Unisinos.

Outro ponto destacado pelo grupo é a preocupação com o custo-benefício. Os alunos apontam que o consumo de alimentos na época certa faz com que os produtos tenham um preço mais acessível. Além de garantir maior qualidade do alimento e mais segurança, garantindo que o uso de agrotóxicos seja menor, pois o crescimento é na sua época, sem precisar de incentivos químicos para florescer. “A ideia é que voltemos a fazer as coisas mais demoradas, incentivando a agricultura orgânica, retornando às origens. Traz mais vantagens aos alimentos e sai mais barato”, afirma Gerson Moraes, aluno de Nutrição.

A ação faz parte do movimento Slow Food. Este movimento surgiu com o intuito de chamar atenção para os alimentos ameaçados de extinção. O Slow Food tem como base a biodiversidade alimentar e as tradições gastronômicas, com o objetivo de promover um modelo sustentável de agricultura. Durante a ação, os alunos distribuíram panfletos com as receitas dos alimentos e com informações sobre a melhor época para consumi-los. Para saber mais sobre os alimentos em extinção, acesse aqui.

Rotulagem e embalagem dos alimentos

Durante a Ecofeira, a aluna Marcia Tamiozzo, do curso de Gastronomia, distribuiu folders sobre a rotulagem e embalagem de alimentos. Junto com outros alunos do curso de Gastronomia, os folders foram elaborados para chamar atenção sobre a importância do rótulo para os alimentos. “O rótulo é uma garantia da procedência do alimento, garantindo a segurança e qualidade do produto. É na rotulagem que vemos o que estamos consumindo”, garante a aluna.

Foto: Carolina Lima

As informações dos folders falam sobre os itens obrigatórios que devem estar listados nas embalagens, além de chamar atenção para os benefícios dos alimentos orgânicos. Segundo a Lei n° 8.078, do Código de Defesa do Consumidor, as informações sobre um alimento ou produto não devem induzir o consumidor ao erro, sendo claras, corretas, precisas e em língua portuguesa.

A Ecofeira Unisinos também tem proporcionado o debate em volta da reciclagem. No dia da feira, a secretária Márcia dos Santos, funcionária da Unisinos, trouxe de volta suas embalagens. Ela conta que sempre procura reaproveitar as embalagens dos produtos que consome. “Eu reciclo tudo, por uma questão ambiental e social também”, considera. A secretária é cliente assídua da Ecofeira Unisinos, incentivando através da ação a reutilização das embalagens. 

Mostra

A quarta edição da Ecofeira Unisinos contou com a exposição de alimentos agroecológicos, além de bancas da Cooperativa Mundo Mais Limpo, que faz produtos reutilizando óleo de cozinha, e o Projeto Fechando o Ciclo, que conta com a reunião de iniciativas que incentivam hábitos saudáveis e sustentáveis.

O Projeto Fechando o Ciclo conta com as iniciativas Horteria, que incentiva a criação de hortas urbanas, o Cesta Feira, que comercializa cestas com produtos orgânicos, o Corpo com Equilíbrio, que busca promover a adoção de hábitos saudáveis para o corpo, e o Re-ciclo, responsável pela compostagem de resíduos. Já a Cooperativa Mundo Mais Limpo tem como objetivo a emancipação social e a obtenção de recursos econômicos por meio da produção e venda de produtos de limpeza de base ecológica, feitos com óleo de cozinha reciclado.

A próxima edição da Ecofeira Unisinos ocorre na quarta-feira, dia 06-07-2016, e vai contar com mais atividades paralelas que busquem chamar a atenção da comunidade para o consumo sustentável. Um destaque é a atividade Círculo Cultural, coordenada pelo professor Telmo Adams, do PPG de Educação da Unisinos. A ação busca promover o compartilhamento da cultura, onde a comunidade acadêmica e demais participantes é convidada a compartilhar uma música, poesia, contação de história, produções audiovisuais, teatro, entre outras expressões artísticas. O principal objetivo é resgatar a cultura latino-americana construindo alternativas descoloniais.

Para acompanhar a programação da Ecofeira Unisinos acesse o link: http://bit.ly/28YisVo

Por Carolina Lima e Marilene Maia