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Taxa de desemprego recua em maio na RMPA

Quinta, 30 de Junho de 2016

Desemprego diminui pouco em maio e fica em 10,2% na Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA. O nível ocupacional apresentou elevação; 2,1%. O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, compartilha a nota publicada pela Fundação de Economia e Estatística - FEE.

Eis o texto.

A taxa de desemprego total apresentou leve queda entre abril e maio de 2016, passando de 10,5% para 10,2% da População Economicamente Ativa (PEA). Os dados da PED RMPA foram apresentados pela FEE, FGTAS e DIEESE nesta quarta, 29.

A taxa de desemprego aberto em abril também registrou queda discreta, passando de 9,5% para 9,2% da PEA, com um número total de desempregados estimado em 195 mil pessoas, menos 3 mil que os 198 mil registros do mês anterior.

Os resultados se mantiveram levemente recuados pela elevação do nível ocupacional (mais 35 mil, ou 2,1%), superior ao ingresso de pessoas no mercado de trabalho (mais 32 mil, ou 1,7%). O contingente estimado foi de 1.721 mil ocupados. Todos os principais setores de atividade econômica analisados tiveram aumento do nível de ocupação: indústria de transformação (mais 12 mil ocupados, ou 4,5%), serviços (mais 12 mil ocupados, ou 1,2%), construção (mais 6 mil ocupados, ou 5,2%) e comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (mais 4 mil ocupados, ou 1,3%).

O resultado mais positivo não altera o cenário de deterioração do mercado de trabalho e ainda é cedo para afirmar que o pior já passou. Segundo a pesquisadora Iracema Castelo Branco, apesar do crescimento do nível ocupacional em maio de 2016, esse patamar está 4,8% abaixo do observado no mesmo período do ano passado e representa a maior queda já registrada para o mês de maio, no comparativo anual, desde 1994.

Entre março e abril de 2016, o rendimento médio real apresentou redução para o total de ocupados (-1,2%) e trabalhadores autônomos (-2,7%) e relativa estabilidade para os assalariados (-0,3%). Os rendimentos passaram a corresponder a R$ 1.932, R$ 1.701 e R$ 1.849 respectivamente.

Observando a série histórica dos 24 anos que compõe o acervo de pesquisa da PED-RMPA, a deterioração da massa salarial real é a mais intensa já registrada para o período. A queda de 16,8% entre abril de 2016 e abril de 2015 no salário médio real multiplicado pelo total de assalariados na Região Metropolitana de Porto Alegre torna ainda mais difícil uma retomada do crescimento econômico baseado no aumento do consumo, que foi o padrão brasileiro no último ciclo de crescimento econômico, destaca Iracema.

As batidas do coração do mercado de trabalho

Os pesquisadores da PED destacam a importância do comparativo histórico para compreender os comportamentos e tendências, por isso a relevância de uma série histórica longa de pesquisa. Para o Supervisor do Centro de Pesquisa de Emprego e Desemprego da FEE, Rafael Caumo, o trabalho é definidor da condição de vida dos indivíduos e por considerar o mercado de trabalho como esfera estruturante das sociedades, ressalta-se a relevância de subsídios adequados para monitorar e avaliar sua condição. “Nesse contexto, a PED é o instrumento que fornece maior poder de análise das especificidades locais da RMPA por dois motivos: possui a mais longa série histórica – permitindo comparações temporais e estudos estruturais – e a maior quantidade de indivíduos investigados – garantindo precisão mesmo para resultados sobre parcelas populacionais reduzidas”, ressalta.

A manifestação dos pesquisadores se dá diante do risco de interrupção da pesquisa em função de questões gerenciais dos recursos repassados pelo Ministério do Trabalho. A direção da FGTAS está em Brasília para tratar das providências que garantam a continuidade do contrato que permite a execução da PED e tem prazo de encerramento previsto para amanhã, 30.

Lúcia Garcia, coordenadora do Sistema PED destaca que “estamos vivendo o resultado de uma instabilidade, não há falta de recursos, nem de vontade política, mas é necessário ajustar a parceria com os novos gestores e conquistar um posicionamento oficial.”A pesquisadora aponta que há razões técnicas suficientes para manter a PED, com destaque para três características: a pesquisa acompanha as batidas do coração do mercado de trabalho, a mostra é potente e a metodologia é o maior avanço conceitual nesse campo. “Esse modelo de pesquisa consegue acompanhar o que acontece em tempo real no mercado produtivo, a característica mais valiosa das pesquisas contínuas. Não adianta tentar recuperar o momento em que não se fez o levantamento. É uma pesquisa complementar à PNAD. Além disso, em 2013, a conferência mundial dos estatísticos do trabalho, ocorrida em Genebra, validou a metodologia adotada pela PED”, completa Lúcia.

De acordo com o assessor da direção da FGTAS, Luciano Geiger, há um esforço muito grande da direção da Fundação para a manutenção da PED e a expectativa é que sejam anunciadas boas notícias até o final desta semana.

Confira os dados completos.

1.497 postos de emprego formais a menos em maio de 2016. Recuo ocorreu em 13 dos 14 municípios da região. Desta forma, o acumulado nos últimos 12 meses já chega a 16.006 postos a menos, ou seja, é como se retirassem os vínculos de Araricá por 10 vezes da região do Vale do Sinos, visto que o município possuía, em 2016, 1.619 postos.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou a base de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED do Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS para verificar a movimentação no mercado formal de trabalho na região do Vale do Sinos.

A tabela 01 apresenta a movimentação no mercado de trabalho formal do Vale do Sinos em maio de 2016. Houve redução de 1.497 postos de emprego, gerando redução acumulada de 16.006 postos nos últimos 12 meses.

Apesar das reduções, o saldo em 2016 ainda é positivo, com acumulado de 922 postos. Metade dos municípios apresentou saldo positivo neste período, com destaque para Campo Bom e Novo Hamburgo, com aumento de 462 e 454 postos, respectivamente.

Em maio de 2016, a redução de 1.497 postos foi maior em Novo Hamburgo, São Leopoldo e Sapiranga: 375, 241 e 205, respectivamente.

A tabela 02 apresenta a movimentação no mercado de trabalho formal no Vale do Sinos em maio de 2016 por setor econômico. Desta forma, destaca-se a redução acentuada no setor da indústria de transformação, que até então vinha contribuindo positivamente com o aumento de postos de emprego.

Dos oito setores econômicos, conforme definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, cinco apresentaram redução de postos de emprego, estando entre estes aqueles com maior representatividade: construção civil, comércio e serviços, além da indústria de transformação. O setor da construção civil apontou redução de 438 postos, sendo 267 apenas em Canoas; 11 municípios da região obtiveram redução dos postos neste setor.

Em relação à Administração pública, houve aumento de postos de emprego na região, mas muito devido ao município de São Leopoldo, onde houve ampliação de 15 postos.

Em suma, já há, desde o fim de 2014, uma redução acentuada de postos de emprego formais no Vale do Sinos. Além de aumentar a taxa de desemprego, este cenário aumenta a informalidade.

A Oficina que tematizará a legislação sobre a produção orgânica pretende ser um espaço de informação e debate sobre as regulações existentes, suas contribuições e limites nos processos de produção orgânica, assim como sua comercialização e consumo.

 

Objetivos

Promover a informação, debate e análise sobre as legislações da produção orgânica, assim como suas contribuições e limites para os seus processos de comercialização e consumo.

 

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  • Data do Evento 13 de outubro de 2016

O II Ciclo de Saúde e Segurança no Trabalho na Região do Vale do Rio dos Sinos é uma atividade do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, ideado como um espaço de in-formação sobre a realidade do trabalho e dos trabalhadores dos municípios e região do Vale do Sinos.

Trata-se de uma ação em parceria com a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT – CNM/CUT; Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS; Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo; Centro de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST/Canoas.

 

Objetivos

Dar continuidade ao espaço e processo de formação em saúde e segurança no trabalho, em vista da melhoria da vida dos(as) trabalhadores(as), do ambiente das empresas e do contexto da região do Vale do Sinos.

 

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Confira a programação.

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  • Data do Evento 05 de julho de 2016

A Oficina – Gestão colaborativa de bancos comunitários: moeda social e software livre de gestão é uma das atividades que compõe o II Encontro das produtoras colaborativas, que realizar-se-á na região metropolitana de Porto Alegre entre 13 e 16 de julho de 2016. O propósito da oficina é reunir gestores(as), pesquisadores(as) e interessados(as) para a análise dos bancos comunitários, com destaque à moeda social e software livre, em vista da sua disseminação e qualificação na região.

 

Objetivos

O propósito da oficina é reunir gestores(as), pesquisadores(as) e interessados(as) no tema dos bancos comunitários, com destaque à moeda social e ao software livre, em vista da análise, qualificação e disseminação das experiências na região.

 

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Confira a programação.

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  • Data do Evento 14 de julho de 2016

Na quarta-feira, dia 22-06-2016, ocorreu a “Oficina de Plantas Medicinais”. A atividade faz parte da programação da Ecofeira Unisinos, que é realizada às quartas-feiras no corredor central da Universidade em São Leopoldo. Esta é uma das oficinas realizadas semanalmente e tem como objetivo a promoção da “in-formação” sobre as plantas que têm impacto na saúde. A cada semana são apresentados diferentes grupos de plantas, explorando o cultivo, o uso, os benefícios e os impactos na vida. Uma das plantas apresentadas nesta semana foi a MARCELA, que sofre risco de ser extinta no nosso estado.

O chá de marcela é um dos mais populares do RS. Em 2002, a marcela foi considerada, através da Lei nº 11.858/2002, a Planta Medicinal Símbolo do Rio Grande do Sul. Porém, esta erva corre sérios riscos de extinção por conta do extrativismo, do comércio exploratório e do uso de agrotóxicos. “O que se percebe nas áreas rurais é que existe uma retirada, bastante grande, muitas vezes de forma errada, na época de colheita da planta. Em vez de tirar os ramos, toda planta é arrancada para o comércio, sem cuidados”, aponta a bióloga Denise Schnorr.

O debate sobre essa e outras plantas foi feito durante a “Oficina de Plantas Medicinais”, ministrada pela bióloga e pesquisadora Denise Schnorr, na sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU.Plantas Cicatrizantes

A temática da oficina foram as plantas cicatrizantes. Denise apresentou os benefícios e usos da Babosa, do Confrei e da Marcela. Essas plantas incentivam o crescimento celular e são de uso externo. A novidade está em saber que o chá de marcela também pode ser usado para ajudar na cura de ferimentos. “Dentro da cultura do sul do Brasil, o uso da marcela é interno principalmente para problemas digestivos”, afirma Denise. A bióloga chama atenção para o uso externo da planta, que serve como anti-inflamatório e cicatrizante. 

Para ser usada como cicatrizante, a planta de marcela deve ser fervida, de forma a fazer um chá. Com o líquido é indicado que se lavem os ferimentos.

O confrei também é usado da mesma forma, mas deve-se ter cuidado para que os ferimentos, nesse caso, ainda não estejam infectados.

Já o uso da babosa se faz através do gel natural da planta. Não se recomenda o uso interno desta planta, e a bióloga pede o cuidado de a pessoa não se expor ao sol após o uso da babosa.

Consumo consciente

Durante a atividade, a bióloga Denise Schnorr chamou atenção para o uso da marcela. Por ser uma planta espontânea, natural da região sul, a erva tem sofrido com o extrativismo. “Nas áreas rurais mais próximas das cidades vêm diminuindo os campos de marcela, não só pela colheita, mas também pelo avanço urbano”, explica.

Outro ponto que ajuda na extinção da marcela é a forma como se colhe a planta. “O correto é quebrar somente os ramos com flor”, frisa a bióloga. O que também determina a extinção da marcela nos campos gaúchos é o uso de defensivos agrícolas e agrotóxicos.

Todos os anos a marcela é colhida durante a Sexta-Feira Santa. Essa é uma tradição que envolve a planta com a cultura brasileira. Além disso, lendas em volta da erva apontam que travesseiros de marcela ocasionam sonhos coloridos, em analogia ao efeito relaxante da planta. Isso apresenta a importância da erva para a construção da história da região sul.

Em vista dos riscos de extinção que sofre a marcela, a bióloga aponta que a comunidade deve ter duas responsabilidades essenciais: “A primeira é manter uma memória do uso tradicional da planta. E a segunda é retirar da natureza apenas o que é necessário para o seu consumo, pensando na manutenção dessa espécie para as próximas gerações”, ressalta.

Iracema Kauer, agricultora da Região do Vale do Rio dos Sinos, participou da oficina. A agricultora afirma que faz uso da planta no Chimarrão e também como chá. Agora que aprendeu outras formas de usar a marcela, vai investir nesse conhecimento. “Tomara que não precise, mas agora sei que posso usar a marcela também como remédio”, conta.

A partir dos elementos debatidos na Oficina, os participantes assumiram o compromisso de tornar público os riscos de extinção da planta, como também de se colocarem no enfrentamento ao que gera o fim da marcela. “Projetar ações de informação e intervenção sobre esta realidade é urgente e necessário”, enfatiza Marilene Maia, coordenadora do ObservaSinos, que esteve presente na atividade.

Ecofeira

A oficina faz parte da Ecofeira Unisinos, uma iniciativa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, por meio do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos e que conta com diversos parceiros, entre eles o Programa de Ação Socioeducativa na Comunidade – PASEC, o Projeto Tenda Viva – Curso de Comunicação Social Jornalismo Unisinos, a Associação Rio-grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural e Banco de Alimentos São Leopoldo.

Denise aponta o espaço de oficina como uma forma de apresentar os usos das plantas medicinais. “Podemos divulgar na comunidade acadêmica os usos tradicionais das plantas que podem e devem também ser cultivadas dentro do sistema orgânico associado aos alimentos”, provoca.

Na próxima semana acontece a última edição da “Oficina de Plantas Medicinais”.

A Ecofeira Unisinos segue sendo realizada nas quartas-feiras durante o mês de junho. Em agosto as oficinas voltam a acontecer no horário das 13h na Sala Ignacio Ellacuría e companheiros – IHU. Acompanhe a programação aqui.

A “Oficina de Plantas Medicinais” foi transmitida ao vivo por meio do canal do IHU no Youtube e pode ser assistida on-line.

 

Por Carolina Lima e Marilene Maia

A Oficina CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E O PROTAGONISMO DA SOCIEDADE CIVIL é uma atividade do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, ideado como um espaço que procura discutir as medidas de políticas públicas nos diferentes territórios em vista de contribuir nos processos de qualificação, planejamento, monitoramento e avaliação das políticas públicas no Vale do Rio dos Sinos. 

Quando e como a sociedade civil pode influenciar a produção de políticas públicas? Norteada por esta pergunta, a oficina tem por objetivo oferecer aos participantes as ferramentas analíticas para distinguir as etapas das políticas públicas e discutir as formas de incidência nestes processos, tanto as institucionalizadas quanto as não institucionalizadas. A proposta da oficina também inclui o debate em torno dos binômios tais como autonomia versus cooptação, participação direta versus representação e controle versus sanção.

 

Objetivos

O propósito da oficina é promover a discussão acerca das medidas de políticas públicas no Vale do Rio dos Sinos.

 

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  • Data do Evento 24 de novembro

A Oficina Linguagens de Comunicação para a Cidadania é uma atividade do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, ideado como um espaço que objetiva promover uma experiência de aprofundamento sobre o processo  de comunicação e informação para a cidadania. Assim, procura-se promover os processos teórico-práticos da linguagem na comunicação para a cidadania.

Objetivos

O propósito da oficina é promover o exercício teórico-prático da linguagem na comunicação para a cidadania.

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Acesse o material utilizado.

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  • Data do Evento 30 de agosto de 2016

Mulheres são minoria e recebem menos no mercado formal de trabalho do Vale do Sinos. De 2002 a 2014 houve avanços, no entanto 80,85% dos trabalhadores que recebem mais de 20 salários mínimos são homens em 2014. Nova Santa Rita é o município mais desigual da região e o quinto mais desigual do estado.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS de 2014 do Ministério do Trabalho e da Previdência Social – MTPS para verificar as diferenças salariais entre homens e mulheres no mercado formal de trabalho do Vale do Sinos.

Em 2014, no Vale do Sinos, 44,48% dos homens recebiam até 02 salários mínimos, enquanto 64,58% das mulheres situavam-se nesta faixa etária. O infográfico abaixo apresenta alguns dados que identificam a desigualdade de gênero quanto aos salários na região.

Historicamente, as mulheres têm presenciado diversas desigualdades devido ao seu gênero no Brasil e no Vale do Sinos. Estas desigualdades são concebidas de diferentes formas, sendo atreladas principalmente ao direito e às possibilidades das mulheres como cidadãs, assim como os homens, no cenário brasileiro. Um dos espaços em que as mulheres sofrem as maiores consequências é o mercado de trabalho. Além de receberem salários menores em quase todos os cargos – a diferença salarial entre homens e mulheres no Brasil é de 20,32% segundo o IBGE –, as mulheres também trabalham mais em casa e cuidam mais dos filhos.

Este cenário desigual, no que se refere ao mercado de trabalho formal, pode ser observado a partir dos dados do mercado formal de trabalho obtidos pela Relação Anual de Informações Sociais – RAIS. Estes dados destacam que as mulheres só são maioria no mercado formal de trabalho nas faixas salariais baixas de 0,51 a 1,00 e de 1,01 a 1,50 salários mínimos. Como um todo, no Vale do Sinos, 45,42% dos trabalhadores formais são mulheres. A tabela 01 apresenta a participação de homens e mulheres no mercado formal de trabalho da região em 2002 e 2014.

Neste período, a participação das mulheres aumentou na região, passando de 39,82% em 2002 para 45,42% em 2014. No entanto, em alguns municípios a participação não aumentou ou continua muito baixa. Araricá, Ivoti e Nova Santa Rita apresentam estes resultados.

No município de Araricá, em 2002 a participação feminina era de 49,82%, com uma distribuição quase igual entre os sexos, frente a 44,04% em 2014. Apesar do recuo percentual de participação feminina, o absoluto aumentou no município. Em Ivoti, houve recuo de 45,32% em 2002 para 42,40% em 2014. Enquanto houve aumento de mais de 1.000 postos masculinos, os femininos aumentaram em pouco mais de 400.

No entanto, o menor percentual de participação feminina mantém-se em Nova Santa Rita. No município, houve incremento percentual relativamente baixo de mulheres no período. Em 2002, 28,56% dos trabalhadores eram mulheres frente a 29,67% em 2014. Dos 497 municípios gaúchos, Nova Santa Rita possui a 5ª menor participação feminina no mercado formal de trabalho. Dentre os municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, o município possuía menor participação.
Em 3 municípios da região, a participação feminina é maior que a masculina, são eles: Dois Irmãos, Sapiranga e Nova Hartz. Nesses municípios, há presença intensiva do setor de calçados na geração de empregos.

A tabela 02 apresenta a participação de homens e mulheres no mercado formal de trabalho do Vale do Sinos em 2002 e 2014 por níveis salariais. De 2002 a 2014, as mulheres aumentaram sua participação em 9 das 12 faixas salariais.

Apenas nas faixas salariais de 1,51 a 2,00, de 2,01 a 3,00 e de mais de 20,00 salários mínimos houve perda de participação das mulheres. No entanto, destaca-se que há uma presença muito maior de mulheres nas faixas salariais mais baixas, principalmente nas de 0,51 a 1,00 e de 1,01 a 1,50, onde as mulheres são, inclusive, maioria dos trabalhadores.

Se somados todos os trabalhadores que recebem mais de 5 salários mínimos, há 24.255 homens frente a 13.726. Desta forma, apenas 36,14% dos trabalhadores que mais recebem são mulheres no mercado formal de trabalho.

Esta diferença salarial é acentuada em municípios específicos da região. Novamente, Nova Santa Rita possui a maior desigualdade. A tabela 03 apresenta a participação de homens e mulheres no mercado formal de trabalho de Nova Santa Rita em 2014 por níveis salariais.

Neste município, o percentual de mulheres nas faixas salariais mais altas é de apenas 9,09% e 8,11% nas faixas de 15,01 a 20,00 e mais de 20,00 salários mínimos, respectivamente. Por outro lado, nas faixas salariais mais baixas, a participação feminina é quase a mesma que a masculina. Na faixa de 0,51 a 1,00 salários mínimos, 45,38% dos trabalhadores são mulheres.

Apesar dos avanços apresentados nos últimos anos, a desigualdade de gênero persiste no mercado de trabalho. Além disso, recentes pesquisas da Fundação de Economia e Estatística – FEE mostram que, na Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA, o rendimento das mulheres em relação aos homens é ainda menor no mercado de trabalho informal.

Mesmo nos setores tradicionalmente femininos, a desigualdade salarial persiste. A tabela 04 apresenta a participação de homens e mulheres no mercado formal de trabalho por níveis salariais em 2014 no setor da Administração Pública. As mulheres representam 68,83% dos trabalhadores deste setor, mas ainda assim apenas 20,34% do remunerados com mais de 20 salários mínimos são mulheres.

As mulheres só são minoria em três faixas salariais, sendo as duas mais altas e a mais baixa, de 0,51 a 1,00 salário mínimo. Em uma das faixas salariais mais baixas, a de 1,01 a 1,50 salários mínimos, as mulheres representam quase 84% dos postos de emprego formais. Nesta faixa salarial, há 6 mulheres para cada homem, enquanto na faixa de mais de 20 salários mínimos, há uma mulher para cada 4 homens.

O setor da indústria de calçados, um dos maiores geradores de empregos formais na região, também mantém a desigualdade salarial alta. As mulheres também são maioria neste setor, representando 55,92% dos postos de emprego formais. Ainda assim, são extrema minoria nas faixas salariais mais altas.

Na faixa salarial de 4,01 a 5,00 salários mínimos, 22,47% são mulheres. Em Nova Hartz, este percentual chega a apenas 14,67%. De uma forma geral, neste setor, Campo Bom é o município menos desigual, visto que possui o maior percentual de mulheres nas faixas salariais de 4,01 a 5,00 e de 5,01 a 7,00 salários mínimos, 27,32% e 30,72%, respectivamente, mesmo esta participação sendo pequena, uma vez que é grande a presença de mulheres neste setor.

Assim como nestes setores, em outros as mulheres também sofrem desigualdades em relação ao nível salarial. Aliado a isso, em alguns setores, a própria entrada da mulher como trabalhadora formal pode ser barrada, dada a não assimilação da mulher como trabalhadora tal qual o homem em alguns setores marcados pelo machismo.

Saiba mais

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessa dados de diversas bases de dados para tratar das realidades do Vale do Sinos. Recentemente mostrou-se que as mulheres não estão em situação desigual apenas no mercado de trabalho, mas também na representação política. Dos 164 vereadores eleitos em 2012 nos municípios da região, apenas 14 foram mulheres!

Por Marilene Maia e Matheus Nienow