Desemprego diminui pouco em maio e fica em 10,2% na Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA. O nível ocupacional apresentou elevação; 2,1%. O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, compartilha a nota publicada pela Fundação de Economia e Estatística - FEE.
Eis o texto.
A taxa de desemprego total apresentou leve queda entre abril e maio de 2016, passando de 10,5% para 10,2% da População Economicamente Ativa (PEA). Os dados da PED RMPA foram apresentados pela FEE, FGTAS e DIEESE nesta quarta, 29.
A taxa de desemprego aberto em abril também registrou queda discreta, passando de 9,5% para 9,2% da PEA, com um número total de desempregados estimado em 195 mil pessoas, menos 3 mil que os 198 mil registros do mês anterior.
Os resultados se mantiveram levemente recuados pela elevação do nível ocupacional (mais 35 mil, ou 2,1%), superior ao ingresso de pessoas no mercado de trabalho (mais 32 mil, ou 1,7%). O contingente estimado foi de 1.721 mil ocupados. Todos os principais setores de atividade econômica analisados tiveram aumento do nível de ocupação: indústria de transformação (mais 12 mil ocupados, ou 4,5%), serviços (mais 12 mil ocupados, ou 1,2%), construção (mais 6 mil ocupados, ou 5,2%) e comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (mais 4 mil ocupados, ou 1,3%).
O resultado mais positivo não altera o cenário de deterioração do mercado de trabalho e ainda é cedo para afirmar que o pior já passou. Segundo a pesquisadora Iracema Castelo Branco, apesar do crescimento do nível ocupacional em maio de 2016, esse patamar está 4,8% abaixo do observado no mesmo período do ano passado e representa a maior queda já registrada para o mês de maio, no comparativo anual, desde 1994.
Entre março e abril de 2016, o rendimento médio real apresentou redução para o total de ocupados (-1,2%) e trabalhadores autônomos (-2,7%) e relativa estabilidade para os assalariados (-0,3%). Os rendimentos passaram a corresponder a R$ 1.932, R$ 1.701 e R$ 1.849 respectivamente.
Observando a série histórica dos 24 anos que compõe o acervo de pesquisa da PED-RMPA, a deterioração da massa salarial real é a mais intensa já registrada para o período. A queda de 16,8% entre abril de 2016 e abril de 2015 no salário médio real multiplicado pelo total de assalariados na Região Metropolitana de Porto Alegre torna ainda mais difícil uma retomada do crescimento econômico baseado no aumento do consumo, que foi o padrão brasileiro no último ciclo de crescimento econômico, destaca Iracema.
As batidas do coração do mercado de trabalho
Os pesquisadores da PED destacam a importância do comparativo histórico para compreender os comportamentos e tendências, por isso a relevância de uma série histórica longa de pesquisa. Para o Supervisor do Centro de Pesquisa de Emprego e Desemprego da FEE, Rafael Caumo, o trabalho é definidor da condição de vida dos indivíduos e por considerar o mercado de trabalho como esfera estruturante das sociedades, ressalta-se a relevância de subsídios adequados para monitorar e avaliar sua condição. “Nesse contexto, a PED é o instrumento que fornece maior poder de análise das especificidades locais da RMPA por dois motivos: possui a mais longa série histórica – permitindo comparações temporais e estudos estruturais – e a maior quantidade de indivíduos investigados – garantindo precisão mesmo para resultados sobre parcelas populacionais reduzidas”, ressalta.
A manifestação dos pesquisadores se dá diante do risco de interrupção da pesquisa em função de questões gerenciais dos recursos repassados pelo Ministério do Trabalho. A direção da FGTAS está em Brasília para tratar das providências que garantam a continuidade do contrato que permite a execução da PED e tem prazo de encerramento previsto para amanhã, 30.
Lúcia Garcia, coordenadora do Sistema PED destaca que “estamos vivendo o resultado de uma instabilidade, não há falta de recursos, nem de vontade política, mas é necessário ajustar a parceria com os novos gestores e conquistar um posicionamento oficial.”A pesquisadora aponta que há razões técnicas suficientes para manter a PED, com destaque para três características: a pesquisa acompanha as batidas do coração do mercado de trabalho, a mostra é potente e a metodologia é o maior avanço conceitual nesse campo. “Esse modelo de pesquisa consegue acompanhar o que acontece em tempo real no mercado produtivo, a característica mais valiosa das pesquisas contínuas. Não adianta tentar recuperar o momento em que não se fez o levantamento. É uma pesquisa complementar à PNAD. Além disso, em 2013, a conferência mundial dos estatísticos do trabalho, ocorrida em Genebra, validou a metodologia adotada pela PED”, completa Lúcia.
De acordo com o assessor da direção da FGTAS, Luciano Geiger, há um esforço muito grande da direção da Fundação para a manutenção da PED e a expectativa é que sejam anunciadas boas notícias até o final desta semana.
Confira os dados completos.