Ucrânia, linha dura com o líder pacifista Yurii Sheliazhenko

Foto: Reprodução Facebook Володимир Зеленський (Volodimyr Zelensky)

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12 Agosto 2023

Mão pesada contra o líder do Movimento Pacifista Ucraniano, Yurii Sheliazhenko. Depois da blitz conduzida pelos Serviços Especiais Ucranianos que entraram na casa de Yurii arrombando a porta para uma busca minuciosa, agora o procurador pediu prisão domiciliar para ele e apreensão do computador, telefone e documentos apreendidos.

O comentário é de Mao Valpiana, presidente de um movimento não violento, publicado por Il Manifesto, 10-08-2023. A tradução é de Luisa Rabolini

Após a convocação e o interrogatório, o juiz do Tribunal de Kiev reservou-se o direito de tomar uma decisão que comunicará em nova audiência para a validação. A acusação de "justificar a guerra de agressão russa" é baseada em alguns documentos tornados públicos pelo próprio Sheliazhenko, que os havia enviado diretamente também ao gabinete do presidente Zelensky, nos quais o Movimento Pacifista Ucraniano se posiciona contra a mobilização obrigatória e a favor da objeção à consciência. Como fica evidente pela leitura de todos os textos, entrevistas e declarações públicas de Yurii, nunca houve uma única palavra a favor da invasão russa.

O documento incriminado é a Agenda de Paz para a Ucrânia e para o Mundo, que o próprio Yurii leu em 2 de outubro do ano passado sob a estátua de Gandhi, no jardim botânico de Kiev, na presença de uma delegação italiana da caravana Stop The War Now, liderada pelo movimento não violento Pax Christi e Un ponte per: “Nós compartilhamos a posição da Assembleia Geral das Nações Unidas que condena a agressão russa, pede uma imediata resolução pacífica do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e salienta que as partes em conflito devem respeitar os direitos humanos e o direito humanitário internacional”.

A favor de Yurii está se mobilizando uma vasta rede internacional de solidariedade coordenada pela Object War Campaign das ONGs pacifistas, e na Itália registra-se a posição tomada por Giovanni Ricchiuti, bispo e presidente da Pax Christi: "Simpatizo com Yurii Sheliazhenko; a paz não é um crime e não pode ser processada".

A campanha italiana de objeção à guerra, promovida pelo movimento não violento, reforçou os laços com o Movimento Uacifista Ucraniano desde o primeiro dia da guerra, apoiando financeiramente as necessidades organizacionais e de comunicação e, precisamente a pedido de Yurii, sobretudo as despesas legais pela defesa dos objetores de consciência. Agora Yurii Sheliazhenko, defensor dos direitos humanos, deve defender a si mesmo de uma acusação falsa e totalmente ideológica, que contrasta evidentemente com a letra da Constituição ucraniana “que prevê direitos e liberdade do homem no artigo 3, o Estado de direito no artigo 8, a proibição de bases militares estrangeiras no artigo 17, uma política externa pacífica no artigo 18, igualdade independentemente de convicções pessoais no artigo 24, o direito à objeção de consciência ao serviço militar no artigo 35 e a proibição de incitação à guerra e à hostilidade no artigo 37”, afirma Yurii.

São princípios universais que valem para todos, ou em tempo de guerra não valem apenas para os pacifistas?

A incriminação da conhecida figura do pacifismo ucraniano seria mais um golpe à imagem de país europeu que o governo de Kiev quer creditar no exterior. Se houver indiciamento será necessário exigir um julgamento justo, e há a disponibilidade do advogado Nicola Canestrini para garantir um observatório para o respeito dos direitos do imputado; a Campanha de Objeção a Guerra assumirá os custos legais.

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