Mão pesada contra o líder do Movimento Pacifista Ucraniano, Yurii Sheliazhenko. Depois da blitz conduzida pelos Serviços Especiais Ucranianos que entraram na casa de Yurii arrombando a porta para uma busca minuciosa, agora o procurador pediu prisão domiciliar para ele e apreensão do computador, telefone e documentos apreendidos.
O comentário é de Mao Valpiana, presidente de um movimento não violento, publicado por Il Manifesto, 10-08-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Após a convocação e o interrogatório, o juiz do Tribunal de Kiev reservou-se o direito de tomar uma decisão que comunicará em nova audiência para a validação. A acusação de "justificar a guerra de agressão russa" é baseada em alguns documentos tornados públicos pelo próprio Sheliazhenko, que os havia enviado diretamente também ao gabinete do presidente Zelensky, nos quais o Movimento Pacifista Ucraniano se posiciona contra a mobilização obrigatória e a favor da objeção à consciência. Como fica evidente pela leitura de todos os textos, entrevistas e declarações públicas de Yurii, nunca houve uma única palavra a favor da invasão russa.
O documento incriminado é a Agenda de Paz para a Ucrânia e para o Mundo, que o próprio Yurii leu em 2 de outubro do ano passado sob a estátua de Gandhi, no jardim botânico de Kiev, na presença de uma delegação italiana da caravana Stop The War Now, liderada pelo movimento não violento Pax Christi e Un ponte per: “Nós compartilhamos a posição da Assembleia Geral das Nações Unidas que condena a agressão russa, pede uma imediata resolução pacífica do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e salienta que as partes em conflito devem respeitar os direitos humanos e o direito humanitário internacional”.
A favor de Yurii está se mobilizando uma vasta rede internacional de solidariedade coordenada pela Object War Campaign das ONGs pacifistas, e na Itália registra-se a posição tomada por Giovanni Ricchiuti, bispo e presidente da Pax Christi: "Simpatizo com Yurii Sheliazhenko; a paz não é um crime e não pode ser processada".
A campanha italiana de objeção à guerra, promovida pelo movimento não violento, reforçou os laços com o Movimento Uacifista Ucraniano desde o primeiro dia da guerra, apoiando financeiramente as necessidades organizacionais e de comunicação e, precisamente a pedido de Yurii, sobretudo as despesas legais pela defesa dos objetores de consciência. Agora Yurii Sheliazhenko, defensor dos direitos humanos, deve defender a si mesmo de uma acusação falsa e totalmente ideológica, que contrasta evidentemente com a letra da Constituição ucraniana “que prevê direitos e liberdade do homem no artigo 3, o Estado de direito no artigo 8, a proibição de bases militares estrangeiras no artigo 17, uma política externa pacífica no artigo 18, igualdade independentemente de convicções pessoais no artigo 24, o direito à objeção de consciência ao serviço militar no artigo 35 e a proibição de incitação à guerra e à hostilidade no artigo 37”, afirma Yurii.
São princípios universais que valem para todos, ou em tempo de guerra não valem apenas para os pacifistas?
A incriminação da conhecida figura do pacifismo ucraniano seria mais um golpe à imagem de país europeu que o governo de Kiev quer creditar no exterior. Se houver indiciamento será necessário exigir um julgamento justo, e há a disponibilidade do advogado Nicola Canestrini para garantir um observatório para o respeito dos direitos do imputado; a Campanha de Objeção a Guerra assumirá os custos legais.
Leia mais
- “Amigo de Putin”, os serviços ucranianos arrombam a porta do pacifista Sheliazenko
- “Ofensiva de paz”, Zuppi voa para a China
- Pacifista na Ucrânia, o trabalho mais árduo: "Me chamam de traidor". Entrevista com Yurii Sheliazenko
- A resistência dos objetores russos e ucranianos
- “Os governos da UE invertem a rota belicista”
- Não vamos parar de buscar a paz ou será a “Terceira Guerra Mundial”
- Ria Novosti: Kirill e Zuppi concordam em dizer que as Igrejas devem servir a paz
- Como a paz foi impedida na Ucrânia e na Europa. Artigo de Domenico Gallo
- A guerra deve acabar. EUA relutam na busca de uma paz negociada. Entrevista com Jeffrey Sachs
- Não à guerra entre Ucrânia, OTAN e Rússia
- Ucrânia: os generais da OTAN começam a recuar
- Pacifismo é a resposta errada para a guerra na Ucrânia. Artigo de Slavoj Žižek
- Guerra na Ucrânia. A santa aliança de Ramstein
- Zuppi em Moscou: D. Pezzi (bispo russo), “ótimas notícias. Após os últimos acontecimentos, a urgência e a disponibilidade para a paz parecem ter aumentado”
- Dias após tentativa de golpe de Estado, Papa Francisco envia cardeal para negociações de paz
- Poderá o Papa Francisco promover a paz na Ucrânia? Artigo de Thomas Reese
- Zelensky esfria as expectativas de paz do Vaticano: "A Rússia deve retirar todas as suas tropas do território da Ucrânia"
- Papa Francisco convida o Minuto pela Paz que unirá fiéis de diferentes religiões na quinta-feira, 8 de junho
- “Zuppi é a manobra certa para a paz. Eu estou recomeçando, mas não será outra Bose”. Entrevista com Enzo Bianchi
- Vaticano: enviado do Papa a Kiev reuniu-se com Volodymyr Zelensky
- O Kremlin nega que Putin planeje se encontrar com Zuppi em Moscou
- Dois dias intensos para o cardeal Zuppi em Kiev. Possíveis reuniões para traçar o “mapa do Vaticano” da Ucrânia após a agressão
- O mundo pede a paz. Como acabar com a guerra na Ucrânia
- Dois dias intensos para o cardeal Zuppi em Kiev. Possíveis reuniões para traçar o “mapa do Vaticano” da Ucrânia após a agressão
- Paz na Ucrânia: Zuppi enviado do Papa a Kyiv em 5 e 6 de junho
- A rede do Vaticano para ajudar Zuppi na Ucrânia fica mais fraca, o Papa pede ajuda ao presidente Lula
- Francisco e Lula, telefonema sobre as questões da paz na Ucrânia e a luta contra a pobreza
- A guerra comprada. Artigo de Raniero La Valle
- A guerra da Ucrânia: a expansão da OTAN comprada por 94 milhões de dólares
- O horror próximo vindouro. Artigo de Angelo Panebianco
- Enviado de paz do papa à Ucrânia diz que guerra é uma “pandemia” que afeta a todos
- A difícil “missão” na Ucrânia. Artigo de Luigi Sandri
- O Papa e o difícil caminho para a paz. Artigo de Lucetta Scaraffia
- O enviado chinês à Ucrânia: “Queremos chegar a uma trégua e restaurar a paz o mais rápido possível”
- Para Mons. Gugerotti “nada consta do que foi afirmado a seu respeito”
- Cardeal Matteo Zuppi e arcebispo Claudio Gugerotti: eis a “missão” de paz do Papa para encontrar um acordo que permita a assinatura de uma trégua e o início de um diálogo entre a Ucrânia e a Rússia
- Diplomacia: concluída a missão do CMI na Ucrânia e em Moscou, "chamados a ser pacificadores e instrumento de diálogo"
- O enviado chinês à Ucrânia: “Queremos chegar a uma trégua e restaurar a paz o mais rápido possível”
- O Papa Francisco atende o telefone durante a audiência, começa entre os fiéis a pergunta: “Com quem ele estava falando?” Hipótese: comunicações sobre a guerra
- “As impronunciáveis palavras paz e mediação”. Mas o Vaticano irá em frente
- Zelensky errou também com os presentes para o Papa
- Zelensky queria encurralar o Papa, mas a Santa Sé não é boba. Artigo de Marco Politi
- O ‘não’ de Kiev não para o Vaticano: “Agora um grande projeto humanitário”
- Zelensky diz não à mediação do Papa Francisco: o impasse nas palavras do presidente ucraniano e nas frias linhas do Vaticano
- Papa Francisco, Zelensky e o comunicado de poucas linhas que atesta o impasse: entendimento apenas sobre os esforços humanitários
- Sobre a paz, posições distantes. “O plano do Papa não serve”
- O plano de 10 pontos de Zelensky para a paz na Ucrânia
- Ucrânia. “Não é uma guerra nem uma operação militar, mas um verdadeiro genocídio”, afirma arcebispo S.B. Shevchuk
- Zelensky provavelmente em Roma no domingo
- Papa Francisco encontrará Vladimir Putin depois de Zelensky?
- Missão de paz secreta do Vaticano para as relações entre Ucrânia e Rússia: novos desdobramentos
- O que poderia ser a “missão” de paz que o Papa Francisco mencionou ao retornar da Hungria?
- Zelensky assina decreto: não há negociações com Putin
- Parolin: sobre a missão de paz da Santa Sé novidades confidenciais
- Ucrânia: Parolin sobre a missão de paz: “Acho que vai prosseguir”
- Sim, a missão de paz do Vaticano existe e pode dar frutos em três meses
- Confirmação de Parolin: “Haverá a missão de paz”
- Papa Francisco e a missão de paz. No Vaticano o número 2 do Patriarca de Moscou: o que está acontecendo
- Assessor papal diz que missão de paz na Ucrânia pode dar frutos em poucos meses
- Hungria: viagem e diplomacia. Artigo de Riccardo Cristiano
- Ucrânia, as armas sem fio da diplomacia do Vaticano
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Ucrânia, linha dura com o líder pacifista Yurii Sheliazhenko - Instituto Humanitas Unisinos - IHU