“Amigo de Putin”, os serviços ucranianos arrombam a porta do pacifista Sheliazenko

O pacifista ucraniano Yurii Sheliazenko publica vídeos defendendo o fim do conflito. (Foto: Captura de tela | YouTube)

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07 Agosto 2023

"Não, não vou abrir. Mostrem-me o mandado. Vou chamar a polícia e meu advogado." Assim Yurii Sheliazenko, líder do Movimento pacifista Ucraniano, reagiu à invasão em sua casa pelos serviços de segurança, que às 7 da manhã do dia 3 de agosto queriam entrar para uma busca. Ele não abriu, imediatamente enviou um alarme ao vivo nas redes sociais, gravou o evento.

O comentário é de Mao Valpiana, presidente do Movimento Não Violento, publicado por Il Manifesto, 05-08-2023. A tradução é de Luisa Rabolini

Os agentes dos Serviços Secretos arrombaram a porta e entraram. Reviraram a pequena casa na periferia de Kiev, apreenderam computadores e documentos, Yurii teve que sofrer uma busca no limite da legalidade durante da qual levaram à força o celular Oikutel que ele havia usado para registrar a negativa de identificação dos agentes. Após momentos de forte tensão e um interrogatório sem advogado, Yurii recebeu do investigador da SBU Novak um documento semelhante a uma cópia da sentença do tribunal distrital de Pechersk de 5 de julho de 2023, na qual, com base em especulações, é acusado de ter publicamente apoiado a agressão russa. Enquanto isso, o advogado Oleg Veremiyenko chegou à casa de Yurii no meio da busca. Um dos documentos apreendidos é a Agenda para a Paz na Ucrânia e no mundo que o próprio Yurii havia lido em Kiev, diante da estátua de Gandhi, em 2 de outubro passado, durante a caravana de paz Stop The War Now, promovida pelo Movimento Não-Violento, Uma ponte para e Paz Christi

O Movimento pacifista ucraniano, liderado por Yurii, seção da Internacional dos resistentes à guerra (WRI) e do Escritório Europeu de Objeção de Consciência (EBCO-BEOC), nunca teve nenhuma ambiguidade em condenar a guerra, a agressão da Rússia, a expansão da OTAN, e propor soluções de paz, o cessar-fogo, o caminho da diplomacia. Assim como Yurii fez publicamente em 10 e 11 de junho, na Cúpula dos Povos de Viena, onde reafirmou seu apoio aos objetores de consciência ucranianos, russos e bielorrussos, ao lado de uma grande delegação italiana da coalizão Europa for Peace.

"Condenando a agressão russa, a Assembleia Geral das Nações Unidas pediu uma imediata solução pacífica do conflito entre a Rússia e a Ucrânia - lê-se no documento incriminado- e frisou que as partes no conflito devem respeitar os direitos humanos e o direito humanitário internacional. Compartilhamos essa posição." Na mesma agenda é apresentada a tese da resistência não violenta contra a invasão: “Mais cedo ou mais tarde as partes vão sentar-se à mesa de negociação. É errado ficar do lado de qualquer um dos exércitos em guerra, é necessário estar do lado da paz e da justiça".

Yurii repetiu várias vezes que a guerra de Putin é sem dúvida algo ruim, mas durante os sete anos anteriores à invasão russa da Ucrânia, tanto russos quanto ucranianos violaram o acordo de cessar-fogo no Donbass, no qual milhares de pessoas foram mortas: “Alguns dizem que é imoral parar de armar a Ucrânia para a autodefesa – declarou Yurii – mas acredito que seja imoral alimentar a guerra com o fornecimento de armas. A única esperança de sair do círculo vicioso é aprender a resistir aos agressores e aos tiranos sem violência, sem reproduzir seus métodos e sua loucura militarista. Putin agrediu militarmente, mas não podemos agir como se a defesa não violenta e a diplomacia não existissem".

Seu advogado, Oleg Verermiyenko, nos informa que qualquer ajuda em tal situação é bem-vinda e, em particular, seriam úteis cartas de apoio que forneçam provas sobre o caráter e do empenho não violento de Yurii.

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