“Esta é a própria essência do propósito e da vocação do Conselho Mundial de Igrejas – CMI, ser um instrumento de diálogo entre as igrejas sobre as questões que nos dividem. Estamos comprometidos com o chamado cristão para sermos pacificadores e, diante da situação na Ucrânia e no mundo de hoje, as igrejas devem lutar juntas para responder a esse chamado”. Com essas palavras, o secretário-geral do CMI, Rev. Jerry Pillay, comenta a missão de diálogo em nome da paz, que acaba de ser concluída primeiro na Ucrânia e depois em Moscou, onde se encontrou com o Patriarca Kirill. Na etapa ucraniana, a delegação recebeu das igrejas ortodoxas locais a confirmação de sua vontade de princípio de "empenhar-se nos processos de diálogo" promovidos pelo CMI.
A reportagem foi publicada por SIR, 18-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Visitamos Moscou para discutir o empenho da Igreja Ortodoxa Russa no diálogo sobre a guerra e suas consequências, também no que diz respeito às profundas divisões na família ortodoxa nesse contexto”, relata o Rev. Pillay em comunicado divulgado hoje e acrescenta: “Estou grato pelo empenho de Sua Santidade o Patriarca Kirill de explorar essa possibilidade”. No encontro com o Patriarca Kirill, informa o comunicado do CMI, o Rev. Pillay identificou quatro pontos importantes: “a necessidade de pôr fim à guerra atual; trabalhar pela unidade da família ortodoxa tão gravemente dividida nesse contexto; discutir o papel das Igrejas na construção da paz tanto internamente entre os cristãos quanto externamente, enquanto enfrentamos os temas da guerra e da violência, e propor uma primeira mesa de diálogo para abordar esses temas, com a participação de todas as
Patriarch Kirill e Rev. Prof. Dr Jerry Pillay (Foto: Russian Orthodox Church)
Mesmo expressando "dúvidas sobre a viabilidade de uma mesa de diálogo por causa das arraigadas influências externas", o Patriarca Kirill expressou satisfação com a proposta e elogiou o CMI por seu trabalho em prol da paz e da unidade. Refletindo sobre o encontro, o Rev. Pillay reconheceu os desafios significativos que os esforços de diálogo devem superar. "É claro, lê-se na nota, "que as perspectivas sobre o conflito, suas causas e o caminho para uma paz justa permanecem fortemente polarizadas. No entanto", concluiu o reverendo, "isso destaca a importância crítica dos esforços para criar espaços seguros para o diálogo e, para o CMI, isso deve começar com as tentativas de preencher a lacuna intraortodoxa que reflete o atual confronto geopolítico".
Patriarch Kirill e delegação (Foto: Russian Orthodox Church)
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