26 Abril 2025
Na Capela Sistina, ele conduzirá os trabalhos e terá que usar todas as suas habilidades diplomáticas para governar um Conclave marcado por tensões e divergências. No final, porém, ele pode ser forçado a passar o bastão, porque, de acordo com as regras, seria sempre ele quem perguntaria: "Você aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice?" Mas Pietro Parolin, nesse ponto, pode não ser aquele que faz a pergunta, mas sim aquele que tem que responder. O Secretário de Estado do Vaticano é naturalmente um forte candidato para suceder Francisco. Um Papa que o escolheu, mas às vezes o maltratou, um Pontífice a quem ele sempre foi leal, às vezes moderando sua exuberância.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por La Repubblica, 26-04-2025.
Nascido há 70 anos em uma família simples em uma pequena cidade na área de Vicenza, Schiavon, ele passou toda a sua carreira no serviço diplomático da Santa Sé, onde ingressou após se formar em Direito Canônico pela Universidade Gregoriana em 1986. Trabalhou nas nunciaturas da Nigéria e do México e depois retornou a Roma, onde, em 2002, João Paulo II o nomeou subsecretário para Relações com os Estados, ou vice-ministro das Relações Exteriores da Santa Sé. Se as relações com o então Secretário de Estado, Angelo Sodano, eram boas, seu sucessor, Bento XVI, o enviou como núncio na Venezuela em 2009, uma espécie de distanciamento. Em particular, o degelo com a China tornou as relações tensas, uma Ostpolitik que Parolin, herdeiro da escola diplomática dos cardeais Casaroli e Silvestrini, perseguiu escrupulosamente, e que o cardeal Tarcisio Bertone, ao contrário, queria conter.
Em seu coração, ele confidenciou que havia se despedido da Cidade Eterna e, em vez disso, foi chamado de volta a Roma pelo Papa Francisco, recém-saído do Conclave. Ele não o conheceu pessoalmente, mas o nomeou Secretário de Estado em outubro de 2013, elevando-o à dignidade cardinalícia imediatamente depois. Sua posse foi adiada por várias semanas devido a uma operação bem-sucedida no pâncreas. Pouco antes de deixar Caracas, ele lembrou, em uma entrevista sensacionalista, que o celibato sacerdotal obrigatório não é um dogma de fé, mas uma disciplina que pode ser mudada. Ao lado do Papa Francisco, ele realizou o sonho, já acalentado por João Paulo II, de assinar um acordo sobre nomeações episcopais com Pequim, que foi abertamente criticado pela direita americana. Assim que retornou ao Palácio Apostólico, auxiliou Bergoglio na mediação que levou à virada entre os Estados Unidos de Barack Obama e Cuba de Raúl Castro. Ao longo dos anos, ele promoveu a distensão com o Vietnã e afastou a comunidade cristã do Oriente Médio de uma visão sectária. Ele não poupou críticas a Benjamin Netanyahu e Donald Trump. De caráter gentil e com um senso de humor delicado, Parolin é o diplomata perfeito do Vaticano, que mistura habilidade política, abertura ao debate e um toque de humor sutil. "Acredito que a maior contribuição que a Santa Sé pode dar no atual panorama internacional é o diálogo", disse ele ao Repubblica em meados de abril.
Pietro Parolin perdeu o pai quando criança e entrou para o seminário ainda jovem. Ele manteve um relacionamento próximo com sua mãe, Ada Miotti, que morreu aos noventa anos no ano passado. O cardeal celebrou o funeral e renunciou a embarcar com o Papa Francisco para a viagem mais longa de seu pontificado, doze dias entre a Ásia e a Oceania.
Mediador por natureza, seu relacionamento com o impetuoso Jorge Mario Bergoglio tem sido turbulento. O Papa apreciava muito as habilidades diplomáticas de seu principal colaborador, mas às vezes ele o ignorou, por exemplo na invasão russa da Ucrânia ou na última crise no Oriente Médio. Bergoglio também reduziu o tamanho da Secretaria de Estado, chegando ao ponto de tirar a autonomia financeira que ela tinha antes da venda fraudulenta de um prédio no centro de Londres, que custou ao Cardeal Angelo Becciu uma condenação judicial. Por muito tempo, ele foi o número dois de Parolin e agora está no centro de uma disputa sobre sua presença no próximo Conclave.
Seus admiradores dizem que "ele carregou a cruz do pontificado". O Secretário de Estado sempre permaneceu leal ao Papa, mas não compartilhou totalmente das escolhas bergoglianas, como a bênção de casais homossexuais (anos antes, ele havia definido a legalização do casamento gay por referendo na Irlanda como "uma derrota para a humanidade"), nem o seguiu nas tendências mais reformistas que surgiram no Sínodo. No Sínodo dos Bispos, porém, ele contribuiu para desvendar a questão da comunhão para divorciados recasados nas primeiras assembleias convocadas por Francisco. Devoto do último Pontífice vêneto, João Paulo I, nascido Albino Luciani, ligado à figura de Paulo VI, que encerrou o Concílio sem o fazer descarrilar, se fosse eleito seria Papa sem ter liderado uma diocese, como João XXIII. Num Conclave mais disperso do que nunca, Parolin é um dos poucos cardeais conhecidos e respeitados por todos os eleitores.