22 Abril 2025
“Papa Francisco, profeta ecumênico da misericórdia, morre aos 88 anos”, noticia o portal do Conselho Mundial de Igrejas (CMI).
A reportagem é de Edelberto Behs.
O falecimento do Papa, afirmou o secretário-geral do organismo, o pastor Dr. Jerry Pillay, “será lamentado em todo o mundo, principalmente entre seus muitos aliados e admiradores no movimento ecumênico e na irmandade mundial do CMI. Seu papado foi uma grande dádiva ao movimento ecumênico e ele tem sido um colaborador dedicado em nossos esforços pela unidade e reconciliação cristãs, além de uma voz profética pela paz, pelo meio ambiente e pela justiça em todos os lugares”.
Seu pontificado foi um abraço de braços abertos, uma “igreja dos pobres para os pobres”, que é um “hospital de campanha” para a cura dos doentes e vulneráveis, um apoio forte e distinto à missão cristã como acompanhamento dos marginalizados e um mistério de misericórdia ou compaixão para com todos.
Papa Francisco também foi um implacável defensor das mudanças climáticas e das injustiças que elas geram, apresentou uma crítica incisiva ao capitalismo global e à desigualdade econômica, continuou Pillay. Ele apoiou migrantes, refugiados e vítimas do tráfico de pessoas, buscou a colaboração entre muçulmanos e cristãos, definindo todas as formas de guerra como “crime contra a humanidade”. Ele defendeu o mandato missionário de compartilhar o Evangelho ecumenicamente.
O moderador do Comitê Central do CMI, bispo Dr. Heinrich Bedford-Strohm, lembrou que o Papa Francisco “irradiava o amor que Jesus Cristo que pregava”. “Ele entendia sua missão não como guardião de reivindicações abstratas de verdade, mas como facilitador e abridor de relacionamentos”.
A secretária-geral da Federação Luterana Mundial (FLM), pastora Dra. Anne Burghardt, agradeceu ao Papa Francisco, em mensagem, pelo compromisso e fortalecimento das relações ecumênicas e inter-religiosas, e com o testemunho do Evangelho por meio do serviço compassivo a próximo.
“Ao lamentarmos sua morte, agradecemos por sua vida e seu legado de reforma, renovação e unidade que abriu portas para o diálogo e aproximou a Igreja de pessoas de todas as esferas da vida”, declarou Burghardt. Ela recordou que uma marca registrada do seu pontificado foi a jornada sinodal, clamando por maior participação dos leigos na tomada de decisões e tornando-se o primeiro Papa a nomear mulheres para cargos de liderança na Igreja Católica. Jorge Mario Bergoglio foi o primeiro Papa jesuíta, o primeiro do Sul Global, o primeiro líder católico a adotar o nome de Francisco, em homenagem ao santo de Assis, conhecido como uma pessoa de pobreza, paz e proteção da Criação.
“O Papa Francisco enfatizou continuamente a necessidade de uma igreja humilde e sinodal, guiada pelo Espírito Santo, para cumprir sua missão de paz e perdão no mundo. Ele foi franco em sua defesa dos pobres e das pessoas em comunidades marginalizadas”, arrolou a secretária-geral da FLM.
“Compartilhamos essa fé profunda, somos inspirados por seu testemunho e, em sua memória, nos comprometemos a continuar nosso trabalho de fé ativo em justiça, reconciliação e unidade”, assinalou o bispo Dr. Heinrich Bedford-Strohm.