A pandemia de Covid-19 aprofunda e apresenta as gritantes desigualdades sociais do Brasil. Entrevista especial com Tiaraju Pablo D’Andrea

Segundo o sociólogo, a crise atual trouxe à tona a situação de miséria de milhões de brasileiros

Foto: Outras Mídias

Por: Patricia Fachin | 13 Abril 2020

Nas periferias das grandes cidades é perceptível o “abandono” da população mais pobre, que encontra inúmeras dificuldades para enfrentar a pandemia de Covid-19, diz o sociólogo Tiaraju Pablo D’Andrea à IHU On-Line. Coordenador do Centro de Estudos Periféricos, ele relata que o poder público de São Paulo ainda não fez nenhuma sinalização de implementar hospitais de campanha nas periferias. “Se estivesse de fato se planejando para o pior, o poder público já estaria tomando essa medida necessária. Montar hospitais de campanha no Estádio do Pacaembu ou no Complexo do Anhembi é importante, mas certamente esses locais atenderão primeiro à população de classe média alta moradora do entorno desses polos. Mais uma vez a periferia está sendo tratada como a não-cidade”, afirma.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail, Tiaraju Pablo D’Andrea comenta o cotidiano dos moradores das periferias paulistas e as dificuldades que enfrentam para lidar com a pandemia. No momento, assegura, eles estão fazendo uma escolha “entre ver o filho passando fome ou correr o risco de se infectar com o coronavírus. Na hora da decisão, a fome pesa mais porque é uma necessidade imediata. Isso explica por que tantos habitantes de favelas saem às ruas”. Além disso, menciona, “é impossível passar o dia com outras três pessoas em um ambiente de 30 metros quadrados. Para os mais pobres no Brasil, a rua sempre foi uma extensão da casa porque não cabe todo mundo dentro do domicílio. A questão do déficit habitacional se mostra de maneira patente”.

Ele diz ainda que os panelaços dos bairros de classe média e média alta em várias capitais do país contra o presidente Bolsonaro “puderam ser observados também em bairros da periferia”. Mas maior do que Bolsonaro, frisa, é a adesão ao pensamento de direita nas periferias paulistas. “Este discurso de Estado mínimo acaba se chocando com a realidade atual, onde todos percebem a necessidade de um Estado presente fundamentalmente para atender aos mais pobres. Ainda precisamos de um certo tempo para avaliar se a realidade concreta consegue se impor sobre a narrativa ideológica que se faz dela”, conclui.

Tiaraju D’Andrea (Foto: Periferia em Movimento)

Tiaraju Pablo D’Andrea é doutor em Sociologia da Cultura, mestre em Sociologia Urbana e graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo - USP. Trabalhou como pesquisador no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento - Cebrap, entre 2001 e 2008, no Centro de Estudos da Metrópole - CEM, entre 2003 e 2009, e na Usina (Centro de Trabalhos para o Ambiente Habitado), entre 2006 e 2009. Atualmente leciona na Universidade Federal de São Paulo - Unifesp e coordena o Centro de Estudos Periféricos.

 

Confira a entrevista.

 

IHU On-Line - Como está o dia a dia nas comunidades de São Paulo diante da adoção de isolamento social?

Tiaraju Pablo D’Andrea - Creio que foram várias as respostas às medidas de isolamento físico. Existem pessoas reclusas e obedecendo às recomendações médicas. Já a parcela trabalhadora em setores essenciais segue caminhando pelas ruas, principalmente de manhã e ao final da tarde, indo e voltando do trabalho. Também há uma boa parcela que está socializando nas praças e nos bares e correndo riscos, principalmente jovens. Há também o contingente mais empobrecido que sobrevive por meio do comércio ambulante ou de bicos, e que consegue comer somente com o que ganha no dia. Essa população tem que fazer uma escolha entre ver o filho passando fome ou correr o risco de se infectar com o coronavírus. Na hora da decisão, a fome pesa mais porque é uma necessidade imediata. Isso explica por que tantos habitantes de favelas saem às ruas. Em paralelo, há também uma questão ambiental e espacial: é impossível passar o dia com outras três pessoas em um ambiente de 30 metros quadrados. Para os mais pobres no Brasil, a rua sempre foi uma extensão da casa porque não cabe todo mundo dentro do domicílio. A questão do déficit habitacional se mostra de maneira patente.

A necessidade de isolamento físico também redundou em uma série de outros desdobramentos: desde padres rezando missas pelo Facebook, como observado no Itaim Paulista, até a falta generalizada de botijão de gás na periferia leste de São Paulo. Comunidades mais organizadas montaram brigadas de ajuda mútua, como é o caso da favela da Maré e do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. A favela de Paraisópolis, em São Paulo, treinou as lideranças de cada uma de suas ruas e contratou médicos particulares. Cabe também lembrar que o fechamento das escolas aumentou as despesas com alimentação por parte das famílias, assim como também aumentou enormemente a violência contra mulheres nestes tempos de obrigação de convivência no lar.

Creio que outro dado que deve ser levado em consideração é o aumento da violência. Nas últimas duas semanas houve saques em supermercados, rebeliões em presídios, chacinas e assassinatos em bairros como Cidade Tiradentes e Jabaquara. O historiador inglês E. P. Thompson falava dos “rumores da multidão”. Os elementos sobre o aumento da crise social estão aí. Devemos saber lê-los.

IHU On-Line - Que novos riscos a pandemia de Covid-19 traz para as pessoas que vivem nas favelas e periferias paulistas? Que carências ou situações são agravadas neste momento?

Tiaraju Pablo D’Andrea - A população mais pobre do Brasil está abandonada. Esse abandono é perceptível nas periferias de todas as grandes cidades. Estamos entrando em um ciclo parecido com o que ocorreu na década de 1990, quando a implementação do neoliberalismo redundou em um aumento exponencial da pobreza e dos homicídios. Foi um momento dramático.

Atualmente, estamos vivendo aquilo que se denomina “tempestade perfeita”, ou o momento único em que uma série de fatores conjugados produzem uma tragédia com danos irreparáveis. O filósofo Paulo Arantes discorreu bastante sobre esse termo. A “tempestade perfeita” deste momento histórico é causada pelo agravamento simultâneo de quatro crises que já ocorriam: crise econômica, crise política, crise social e crise sanitária. No entanto, todas essas crises que parecem que se encontram e se agudizam neste momento, são frutos de um processo histórico. São resultados de escolhas. Há um roteiro que vem sendo escrito e implementado nos últimos anos e que segue o script daquilo que Achille Mbembe conceituou como necropolítica.

É possível listar uma série de decisões tomadas pelos últimos dois governos do país e que construíram o cenário trágico de agora: o corte dos gastos em saúde com a PEC 95, que sucateou um sistema que já tinha problemas; a dispensa de 11 mil médicos cubanos, que fazem muita falta no atual contexto; o corte de investimentos em pesquisas científicas; o corte de investimentos em serviços públicos; a reforma trabalhista que desamparou milhões de trabalhadores; as medidas econômicas que aumentaram o número de desempregados e de trabalhadores informais, relegando uma grande parcela da população brasileira à condição de não possuir nenhuma proteção e nenhum direito social.

É neste contexto que o coronavírus aporta no Brasil, com a população trabalhadora e moradora das periferias totalmente fragilizada.

IHU On-Line - Quais são as demandas mais urgentes nas favelas e periferias com as quais você trabalha?

Tiaraju Pablo D’Andrea - Como se previa, a situação se agrava dia após dia. A população necessita recursos para sanar questões urgentes, como se alimentar e enterrar seus mortos. Já está sendo utilizada a prática de velórios virtuais. É necessário apoio psicológico e, passado este momento mais difícil, certamente aumentarão os casos de depressão e transtornos pós-traumáticos.

IHU On-Line - Entre as propostas de medidas urgentes para a contenção da Covid-19 nas periferias, o Centro de Estudos Periféricos - CEP menciona a montagem urgente de hospitais de campanha nas escolas e terrenos ociosos das quebradas. Como vislumbra a instalação dos hospitais de campanha e quantos seriam necessários nas periferias paulistas, e como o poder público tem reagido a essa proposta?

Tiaraju Pablo D’Andrea - O CEP é um coletivo de pesquisadoras e pesquisadores moradoras e moradores das periferias de São Paulo e que estão produzindo conhecimento dentro ou fora da universidade. É um grupo de pesquisa ligado à Universidade Federal de São Paulo. Um dos princípios do CEP é incidir no debate público e agir visando à melhoria das condições de vida das populações moradoras de periferias e favelas.

Não nos consta que o poder público tenha feito alguma sinalização no sentido de implementar hospitais de campanha nas periferias. Se estivesse de fato se planejando para o pior, o poder público já estaria tomando essa medida necessária. Montar hospitais de campanha no Estádio do Pacaembu ou no Complexo do Anhembi é importante, mas certamente esses locais atenderão primeiro à população de classe média alta moradora do entorno desses polos. Mais uma vez a periferia está sendo tratada como a não-cidade.

IHU On-Line - O CEP também sugere outras medidas emergenciais, como distribuição de água, material de higiene e limpeza, suspensão de cobranças de água e energia. Como essas medidas têm sido discutidas com o poder público?

Tiaraju Pablo D’Andrea - O governo de São Paulo suspendeu por três meses a cobrança de contas de água e energia elétrica nas favelas. Com relação à distribuição de cestas básicas, itens de higiene e limpeza e outros gêneros de primeira necessidade, o que temos visto é a formação de diversas redes de solidariedade que estão se empenhando em ajudar as comunidades, cumprindo um papel que caberia ao poder público e levando ao paroxismo a prática do “é nós por nós”.

IHU On-Line - O coronavírus entra no Brasil, assim como na maioria dos países, pela classe média e alta. O que isso revela sobre essa pandemia? As ações, as narrativas e as medidas seriam outras se essa fosse uma doença que se alastrasse primeiro nas periferias?

Tiaraju Pablo D’Andrea - A pandemia ocasionada pelo novo coronavírus aprofunda e apresenta as gritantes desigualdades sociais do Brasil. Sociologicamente, a situação serve quase como um artifício metodológico para entendermos como a sociedade brasileira funciona. Aquilo que estava velado se escancara.

Existe uma pequena parcela de brasileiros que possui a possibilidade de se isolar em mansões na praia ou em gigantescas casas de campo. Estão tomando esta situação como uma espécie de férias. Esta parcela não está preocupada se o mundo explodir lá fora. No lado oposto está o Brasil de 30 milhões de pessoas sem água encanada, o Brasil de 12 milhões de desempregados, o Brasil de 13 milhões e meio de pessoas vivendo na extrema pobreza. Existe o Brasil da rede privada de saúde, que possui 4,9 UTIs por 10 mil habitantes, e o Brasil da rede pública, que possui 1,4 UTIs para a mesma quantidade de habitantes.

Governadores e prefeitos publicaram medidas para o fechamento do comércio, de shoppings, academias e universidades. No entanto, ônibus, metrôs e trens seguiram lotados de trabalhadores obrigados a se dirigirem aos seus postos de trabalho e expostos aos riscos.

As medidas pelo isolamento físico são urgentes e necessárias. É a única forma de evitarmos a propagação do vírus e mortes em massa. No entanto, em um país como o Brasil, essas medidas devem vir acompanhadas de auxílios estatais aos mais pobres. Também os patrões teriam obrigação de pagar seus funcionários para estes ficarem em casa e terem a possibilidade de proteger suas famílias. Nos Estados Unidos e em muitos países da Europa, a intervenção dos governos foi no sentido de financiar a economia, desde as grandes corporações até os mais pobres que, recebendo auxílios, aumentam o consumo interno. E não só nos países ricos essas medidas foram tomadas. Na Venezuela o governo vai pagar o salário dos trabalhadores de pequenas e médias empresas privadas e as demissões estão proibidas. Na Argentina medidas parecidas foram tomadas: o governo vai auxiliar no pagamento dos salários de funcionários de pequenas empresas e proibiu demissões. Na contramão do bom senso e do mundo, o governo brasileiro juntamente ao patronato que o circunda propôs o contrário: demissões, cortes e rebaixamento de salários. Ao trabalhador pobre resta escolher se morrerá asfixiado pelo coronavírus ou pela falta de dinheiro.

IHU On-Line - O governo federal tem adotado medidas emergenciais, como o coronavoucher. Como vê esse tipo de medida e o que as ações do governo para atender populações mais pobres revelam sobre a visão do Planalto acerca das periferias do Brasil?

Tiaraju Pablo D’Andrea - A visão do planalto é a visão das elites brasileiras. Bancos, patrões, empresários, usurários e a lumpemburguesia são afagados enquanto a população mais pobre é empurrada para a morte. Vale lembrar que o governo rapidamente destinou 1 trilhão e 200 bilhões aos bancos, o maior montante da história. No mesmo diapasão, Bolsonaro resistiu ao máximo em pagar miseráveis R$ 600 aos mais pobres.

A pandemia no Brasil somente acelerou as leis do capitalismo brasileiro, sempre caracterizado por altas taxas de lucro e muita exploração. Pressionado pelo patronato, o governo federal editou leis que permitem aos empregadores cortarem salários quando mais a população necessita de recursos. Seguindo essa tônica, incentivou a população a sair às ruas para trabalhar, não se importando com os riscos à população. Quando se afirma que o “Brasil não pode parar”, devemos ler “a exploração não pode parar”. Em síntese: tudo se oferece à elite que faz carreata em carros com ar-condicionado e tudo se tira dos mais pobres. É uma política genocida. Não há outro termo.

IHU On-Line - Jair Bolsonaro teve um número significativo de votos na periferia. Hoje, diante das posturas do presidente frente à pandemia, como seu governo repercute nas periferias? Quais são as repercussões dos discursos do presidente nas periferias e favelas paulistas? O que você tem percebido nesse sentido?

Tiaraju Pablo D’Andrea - Jair Bolsonaro ainda tem uma pequena base de apoio, mas ela não está centrada necessariamente nos bairros populares. Sua imagem está bastante desgastada. No entanto, maior que Bolsonaro é o pensamento de direita que penetrou em periferias e favelas. Este discurso de Estado mínimo acaba se chocando com a realidade atual, onde todos percebem a necessidade de um Estado presente fundamentalmente para atender aos mais pobres. Ainda precisamos de um certo tempo para avaliar se a realidade concreta consegue se impor sobre a narrativa ideológica que se faz dela.

IHU On-Line - Nas últimas semanas, temos visto no noticiário televisivo uma série de panelaços em bairros nobres de várias cidades importantes do país. Há panelaços na periferia?

Tiaraju Pablo D’Andrea - Bolsonaro sempre teve desprezo pela vida humana. Há uma coerência entre o homem que glorificou torturadores e fez arminha com as mãos e aquele que ameaçou populações ao chamar a Covid-19 de gripezinha”. Bolsonaro se elegeu vendendo segurança. Fez pose de homem forte e protetor. Enquanto fingia proteger uma parcela da população contra inimigos, tudo parecia estar bem. Creio que o momento em que Bolsonaro definitivamente enterrou sua imagem foi quando abraçou seus apoiadores sem usar máscaras, no dia 15 de março. A partir daquele momento, amplos setores da classe média perceberam que o presidente não possuía a mínima capacidade de conduzir o país em uma situação grave. Bolsonaro passou de protetor a causador do perigo. Desse momento em diante, os panelaços nos bairros de classe média se intensificaram, mas puderam ser observados também em bairros da periferia.

IHU On-Line - Alguns pesquisadores que estudam as periferias e favelas destacam que nos últimos anos, nas comunidades, os grupos religiosos têm sido referência na socialização das pessoas e que o poder público, os partidos e movimentos políticos têm perdido espaço. Esse cenário se repete na atual conjuntura? Sim, não? Pode nos dar alguns exemplos?

Tiaraju Pablo D’Andrea - De fato, as igrejas, fundamentalmente evangélicas, cumprem um papel de maior importância na atualidade nos territórios empobrecidos. Elas servem de amparo subjetivo, mas, fundamentalmente, de amparo material, dada a formação de uma rede de ajuda mútua nesses espaços. No entanto, muitas dessas denominações disseminam um pensamento conservador, machista e negacionista, colocando em xeque todas as providências sugeridas pela Organização Mundial da Saúde - OMS, da qual o isolamento físico é a mais saliente. De pouco adianta haver um esforço social contra a disseminação do vírus se um pastor conclama seus fiéis a comparecerem em um culto. As duzentas pessoas aglomeradas no evento vão trocar o vírus entre si e depois vão contaminar pessoas que não foram ao culto, seja na rua, na praça ou em casa. É um perigoso efeito dominó resultante de uma atitude irresponsável.

IHU On-Line - No Rio de Janeiro temos visto algumas manifestações culturais nas favelas repercutindo a crise atual, como o rapper MV Bill. Que avaliação você faz da crítica dele? Em São Paulo têm ocorrido manifestações desse tipo também? Que outras manifestações culturais você destacaria?

Tiaraju Pablo D’Andrea - É fundamental que intelectuais orgânicos das favelas, como é o caso de MV Bill, se posicionem neste momento.

A Central Única das Favelas também fez um clipe excelente com participação de sambistas, rappers e funkeiros. Outras iniciativas no campo da cultura popular e periférica também surgiram conscientizando a população.

Todavia, uma grande preocupação no momento é a falta de recursos para os trabalhadores da área da cultura que não conseguirão obter renda no período da quarentena.

IHU On-Line - Em alguma medida, o olhar sobre a favela tem mudado diante da atual pandemia? Se sim, no que consiste essa mudança e, se não, por quê?

Tiaraju Pablo D’Andrea - Gestores do poder público e por vezes até pensadores das periferias propalaram um discurso de que não deveríamos seguir falando de pobreza ou miséria. No entanto, parar de falar da questão não resolve a questão. Por vezes até a invisibiliza. A pandemia trouxe à tona a situação de miséria de milhões de brasileiros. Somente após passado o pior momento teremos uma análise mais concreta sobre o olhar sobre a favela.

IHU On-Line - A vida na favela e na periferia paulistana poderá mudar depois da pandemia de Covid-19? Sim, não, em que sentido e por quê?

Tiaraju Pablo D’Andrea - Estamos diante de um acontecimento que mudará padrões civilizatórios em escala mundial. Teremos que inventar novas formas de nos relacionarmos entre nós e com a natureza. Teremos que criar um mundo onde as necessidades básicas da população possam ser supridas de maneira digna. Também aposto no fortalecimento das redes de solidariedade e do tecido social. A pandemia está nos ensinando a importância da saúde, da moradia e da alimentação na mesma medida em que nos ensina a importância dos vínculos. Sobre os escombros do velho, vamos fundar uma nova humanidade.

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