"Já se passaram 30 anos desde que o acordo de Oslo foi assinado. Entretanto, o número de assentamentos (na Faixa de Gaza) cresceu para pelo menos para 250, com 800 mil pessoas”, lembrou o secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), pastor Dr. Jerry Pillay, ao pedir que a comunidade internacional reconheça a necessidade de uma nova abordagem “com o objetivo final de coexistência justa”.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Os acontecimentos de outubro mostram a decadência do processo de paz, assinado em Oslo, que “falhou tanto para os povos palestino como israelense”, lamentou Pillay. Hoje, mais de 1,1 milhão de palestinos luta para fugir de áreas do norte de Gaza, alvo dos militares israelenses uma semana após o ataque sangrento do Hamas.
Em comunicado emitido na sexta-feira, 13, o CMI apelou, mais uma vez, com urgência, “à cessação imediata desta violência mortal, e ao Hamas que cesse os seus ataques”. A situação na Faixa de Gaza “é insuportável”, sem acesso de água, alimentos, apoio médico e eletricidade, informaram os patriarcas e chefes das igrejas em Jerusalém.
O CMI apelou ao Estado de Israel que permita a entrada de apoio humanitário em Gaza “para que milhões de civis inocentes, incluindo muitas crianças, possam receber tratamento médico e suprimentos básicos”. O hospital anglicano árabe Ahli, em Gaza, foi atingido na noite de sábado por ataques israelenses. Dois andares ficaram parcialmente danificados e quatro pessoas saíram feridas.
Durante o último ano, chefes das igrejas cristãs de Jerusalém emitiram nada menos que 12 declarações, apelando para uma abordagem baseada na justiça e alertando que a alteração do status quo religioso e histórico, de modo especial em Jerusalém, cidade que abriga sinagogas, mesquitas e igrejas, levaria à violência.
Patriarcas e chefes de igrejas destacaram que a Terra Santa, “um lugar sagrado para incontáveis milhões de pessoas em todo o mundo, está atualmente atolada em violência e sofrimento devido ao prolongado conflito político e à lamentável ausência de justiça e **respeito pelos direitos humanos”.
“O nosso apelo é o estabelecimento de clareza relativamente a um futuro construído na justiça em vez do poder militar, onde o Direito Internacional seja aplicado de forma consistente e sem parcialidade”, requereu Pillay.
O acordo de Oslo foi assinado nesta cidade norueguesa em 1993 pelo primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, e o representante da Organização para a Libertação da Palestina (OL)P, Yasser Arafat, sob a mediação do presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton. O acordo previa, entre outros pontos, a retirada das forças armadas israelenses da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, e dava aos palestinos o direito a um governo nas áreas sob a autoridade palestina.
Na época, Rabin declarou: “Nós, que lutamos contra vocês, palestinos, lhes dizemos hoje com voz clara e forte: basta de sangue e de lágrimas. Basta”. Civis palestinos e israelenses continuam chorando 30 anos depois.
O CMI convida as igrejas-membro e pessoas de boa vontade a se juntarem ao apelo dos chefes de igrejas de Jerusalém para a celebração de um Dia de Oração e Jejum, na terça-feira, 17 de outubro.
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Secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas pede uma nova abordagem internacional para o conflito na Terra Santa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU