Palestina-Israel. O patriarca Pizzaballa: “É hora de encontrar soluções diferentes”

Protestos contra a ocupação de Israel na Palestina | Foto: Fotomovimiento - Flickr/CC

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09 Outubro 2023

“Condenação” da violência, “grande preocupação” pelo sucedido e o “medo de que poderá haver um agravamento da situação”. É assim que o Cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém, descreve os seus sentimentos após o ataque do Hamas a Israel. Na Itália para participar do Sínodo, o novo cardeal (ontem em Bérgamo, sua diocese de origem) não esconde a sua dor.

A entrevista é de Mimmo Muolo, publicada por Avvenire, 08-10-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis a entrevista.

O que faz o senhor pensar que poderia haver uma escalada?

Em primeiro lugar, a extensão do ataque. E o fato de haver muitos israelenses sequestrados, civis também. São elementos decididamente novos, tendo também em conta o contexto de grande desconfiança que existe. Espero naturalmente estar errado, mas temo que a situação piore ainda mais. Haverá retaliação contra retaliação.

De fato, também as autoridades israelenses, com Netanyahu à frente, falaram de um ato de guerra e não de um “simples” ataque terrorista. Mais uma confirmação, infelizmente, da minha sensação.

Foi algo inesperado ou houve sinais de alerta?

Os territórios sempre foram um vulcão pronto para explodir. Contudo, penso que pelo menos para Israel a situação de hoje nas suas modalidades tenha sido uma surpresa.

O que pode ser feito agora. Deveria ser saudado como um fato positivo que, com exceção do Irã, a comunidade internacional tenha condenado unanimemente o ataque?

Certamente. Em primeiro lugar, é preciso pôr fim à violência e depois aplicar pressões diplomáticas para a evitar que o jogo das retaliações se transforme num ciclo vicioso do qual é difícil escapar. Depois tentar restabelecer um mínimo de razoabilidade entre as partes. Mesmo que pareça difícil neste momento.

O senhor já teve a oportunidade de conversar com o Papa?

Consultei a Santa Sé. O Papa está, no entanto, informado da situação.

Espera-se um apelo seu no Angelus?

Naturalmente não posso responder pelo Papa, mas espero que sim. Sua voz é importante.

Qual é a situação dos fiéis cristãos?

A mesma de todos. A guerra não olha na cara de ninguém. Certamente os cristãos são uma comunidade que já sofreu muitas provações e esta situação certamente não ajuda.

Às vezes temos a sensação de que a maioria da população, seja israelense, seja palestina, deseje fortemente a paz, mas está refém dos grupos que atiçam as chamas da guerra.

Sim, a população está cansada de tudo isso, mas também é verdade que existe muita desconfiança mútua. Não basta não querer a guerra. É preciso se empenhar em diferentes perspectivas, nem que seja apenas para favorecer relações de boa vizinhança. Embora eu veja isso como difícil para ambos os lados.

Qual o apelo que pode ser feito neste momento, para que o conflito não se estenda, por exemplo, também para o lado do Líbano?

Que todos os líderes religiosos se esforcem para acalmar a situação e desarmar os ânimos. Em suma, que ninguém jogue lenha na fogueira. E espero uma oração pela paz. E já hoje realizaremos uma iniciativa nesse sentido em todas as nossas igrejas.

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