Já em 1991 a multinacional petrolífera anglo-holandesa Shell alertou para os perigos da mudança climática, conforme fica explícito no vídeo Climate of Concern realizado pela empresa e recentemente publicado. Por sua vez, Stephen Hawking, astrofísico inglês, na semana passada, voltou a alertar: “Desapareceremos e será por nossa culpa”.
Uma dádiva de si, que abre caminhos para o diálogo com o Outro, aquele desconhecido que bate à nossa porta em busca de acolhida. Embora magnífico, o gesto de acolhimento não resguarda em si apenas a maravilha do encontro, mas também tensões que surgem no limiar desses dois mundos que se encontram e até mesmo se chocam. Para debater o paradoxo e os desafios da hospitalidade, num tempo caracterizado pela globalização da indiferença, segundo, inclusive, a descrição do Papa Francisco, testemunhamos milhares de refugiados e migrantes que enfrentam mares, desertos e muros, na busca de um lar, e que são vistos não como ‘hospes’, mas como ‘hostis’. A revista IHU On-Line debate o tema com pesquisadores de várias áreas do conhecimento. A hospitalidade, afirma Gustavo Lima Pereira, “na esteira do pensamento de Jacques Derrida e Kierkegaard e que ganha guarida em Ricardo Timm de Souza”, é “o reconhecimento da loucura pela justiça perante o mistério do rosto de outrem”.
Ao mesmo tempo que há o incremento das possibilidades de expressão a partir do desenvolvimento de múltiplas tecnologias de comunicação que potencializam espaços de interação e manifestação de pensamento, simultaneamente observamos a redução da capacidade de debate, reflexão conjunta e coexistência de diferentes pontos de vista. Sobretudo no campo político, recrudescem posicionamentos autoritários, por vezes até violentos, fundados em posturas fascistas, em uma antítese da democracia. No entanto, como alerta um dos entrevistados, não se trata somente de continuar pensando no binômio “democracia-ditadura”, procurando salvar a democracia, mas de “desarticular as formas “religiosas” do capitalismo”.