18 Outubro 2023
Biden amanhã em Tel Aviv. A sua viagem continuará depois com o encontro com o líder da Autoridade Nacional Palestina, Abu Mazen, e o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi. Um hospital em Rafah disse ter recebido uma ordem de evacuação. Israel estaria em negociações com a SpaceX de Elon Musk.
A reportagem é publicada por Domani, 17-10-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Continuam os ataques israelenses a Gaza: o Ministério da Saúde da Faixa informou que um ataque aéreo ao hospital árabe al-Ahli matou pelo menos 500 pessoas, relata a Al Jazeera. O Dr. Hussam Abu Safiya, do Hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, também disse à Al Jazeera que o bombardeio de hospitais é “impensável, mas o estamos vendo, de novo e de novo”.
Pelo menos seis pessoas foram mortas num ataque israelense que atingiu uma das escolas administradas pela agência da ONU para os refugiados (UNRWA), no campo de refugiados de Al-Maghazi: “Isso é ultrajante e demonstra mais uma vez um flagrante desprezo pela vida dos civis", escreveu a organização no X, o antigo Twitter.
O ministério do exterior italiano confirmou que Evitar Moshe Kipnis, um dos três ítalo-israelenses considerados desaparecidos após o ataque do Hamas, foi identificado entre as vítimas do kibutz Be'eri, enquanto ainda não há notícias sobre a sua esposa, Liliach Le Havron.
Na terça-feira, um dos comandantes do Hamas, Ayman Nofal, foi morto num ataque aéreo. A Associated Press observa que até agora ele é um dos milicianos de maior perfil mortos por Israel desde o início do bombardeio. O Haaretz também transmitiu a notícia da morte de três membros da família de Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, que atualmente vive no Catar. Na Cisjordânia, os militares israelenses afirmaram ter detido cerca de 220 militantes do Hamas desde o início da guerra.
A menos que aconteça algo inesperado, a operação terrestre israelense em Gaza está suspensa até depois da visita do presidente dos EUA, Joe Biden, que chegará a Tel Aviv na quarta-feira antes de seguir para a Jordânia. O porta-voz das FDI, as forças de defesa de Israel, citado pela Haaretz, teria dito hoje à imprensa que “Estamos nos preparando para as próximas fases da guerra. Não dissemos quais serão. Todo mundo fala sobre a ofensiva terrestre. Poderia ser outra coisa."
Segundo a Bloomberg, Israel informou que está tratando com a SpaceX de Elon Musk para instalar a rede de satélites Starlink e assim reforçar as comunicações face à possível incursão na Faixa de Gaza.
Em vez disso, um hospital em Rafah anunciou que recebeu duas ordens de evacuação de Israel, embora a região, ao sul de Gaza, seja onde estão indo civis que vivem no norte e que receberam a ordem de evacuação anterior de Israel. Os funcionários do Exército não responderam à Associated Press sobre o motivo da ordem.
Durante sua viagem na quarta-feira, Biden também se encontrará com o líder da Autoridade Nacional Palestina, Abu Mazen, e com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi. Em Israel, o presidente estadunidense ouvirá um relato em primeira mão das exigências militares do exército e tentará enviar ajudas militares o mais rápido possível. A sua visita diplomática ocorre após a viagem do Secretário de Estado Antony Blinken ao Médio Oriente, que esteve em Israel duas vezes e visitou seis países árabes na região, entre os quais Qatar, Arábia Saudita e Egito.
No domingo, Blinken havia anunciado que o Cairo abriria em breve a passagem de Rafah para permitir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e garantir a saída dos cerca de 500 cidadãos estadunidenses que ficaram bloqueados no local. Mas o impasse foi quebrado após oito horas de conversas entre Blinken e o primeiro-ministro israelense, Netanyahu. “Os Estados Unidos e Israel acabam de chegar a acordo sobre um plano para permitir que a ajuda humanitária chegue aos civis e lhes forneça proteção”, disse Blinken.
Chegou hoje a Israel também o chanceler alemão Olaf Scholz. O Rei Abdallah da Jordânia, em Berlim, já se encontrou com Scholz e ressaltou coletiva de imprensa que se seguiu que a situação humanitária deve permanecer limitada a Gaza e à Cisjordânia: "Nenhum refugiado na Jordânia, nenhum refugiado no Egito." Scholz, por sua vez, insistiu na necessidade de não ampliar o conflito: "Eu advirto expressamente o Hezbollah e o Irã para não intervirem", como informou a Reuters.
O presidente francês, Emmanuel Macron, também disse que quer ir a Israel, mas não especificou uma data, enquanto a Sky News UK informa que o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, poderá chegar já na quinta-feira.
O exército israelense anunciou que 200 alvos do Hamas e da Jihad Islâmica foram atingidos durante a noite. O grupo terrorista divulgou uma mensagem de vídeo de uma jovem prisioneira. A garota de nome Maya Sham conta no vídeo que está ferida, que passou por uma operação cirúrgica que durou cerca de três horas e pede para ser levada para casa.
A defesa israelense e o Shin Bet anunciaram que tinham matado Asma al-Mazini durante a noite, “o chefe do Conselho da Shura da organização terrorista Hamas na Faixa de Gaza” que, além disso, “era responsável pelos prisioneiros”. Fouad Abu Btihan, chefe do Hamas na Faixa de Gaza, também foi morto juntamente com alguns membros da sua família.
O Conselho de Segurança da ONU não conseguiu aprovar a resolução russa que pedia um cessar-fogo humanitário na guerra entre Israel e o Hamas. A resolução recebeu cinco votos a favor, quatro contra e seis abstenções; os EUA, o Reino Unido e a França votaram contra devido à falta de condenação do Hamas pelos seus ataques contra Israel. “Ao não condenar o Hamas, a Rússia está dando cobertura a um grupo terrorista que brutaliza civis inocentes. É ultrajante, hipócrita e indefensável”, disse a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, justificando o voto dos EUA.
A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, disse hoje que a ordem de evacuação que Israel deu aos habitantes do norte da Faixa de Gaza poderia configurar o crime internacional de “transferência forçada ilegal de civis”. A Ansa relata o seguinte: “Parece que não tenha havido nenhuma tentativa por parte de Israel de garantir um abrigo adequado e condições satisfatórias de higiene, saúde, segurança e alimentação para os 1,1 milhão de civis a quem foi ordenado se transferir”, foram as palavras de Shamdasani. “Estamos preocupados que essa ordem, combinada com a imposição de um cerco completo a Gaza, não possa ser considerada uma evacuação temporária legítima e, portanto, equivaleria a uma transferência forçada de civis, em violação do direito internacional.”
Segundo o Financial Times, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, chegará amanhã ao Cairo e se encontrará também com o presidente egípcio Abdel Fattah al Sisi.
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Pelo menos 500 mortos numa incursão contra um hospital em Gaza. Israel: “A invasão terrestre não é o único plano” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU