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22 Agosto 2023

"A paz não pode ser apenas uma guerra que acaba. Também ela deve ser instituída como um sistema, alternativo ao sistema de guerra. Isso significa estabelecer um "nómos" da Terra, uma síntese harmônica de pensamentos e ordenamentos, do qual a paz seja soberana, invertendo a escolha que se fez desde a antiguidade até agora, da guerra como soberana da qual tudo o resto depende. Não é apenas um sonho de "pacifistas", é a tarefa de todos os pacifistas", escreve Raniero La Vale, jornalista, escritor e ex-senador da Itália, em artigo publicado por Chiesa di tutti, chiesa dei poveri, 21-08-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Agora, após 18 meses de horrores, a guerra ucraniana distribuiu vitórias e derrotas. Uma vitória foi conseguida pela Ucrânia, que se tornou a estrela do mundo e preservou sua soberania e independência. Mas a Rússia também venceu porque enfrentou a OTAN, não foi reduzida à condição de pária, como queria Biden, nem foi expulsa do consórcio mundial, ao passo que repôs em jogo as terras russófonas agregadas à Ucrânia, cujo status poderia passar por um novo referendo e reafirmou a soberania russa na Crimeia.

Mas a guerra também infligiu uma severa derrota à Rússia, à Ucrânia e aos Estados Unidos.

A Rússia sai perdedora porque com a agressão comprometeu a sua honra.

A Ucrânia é derrotada porque quem tinha que defendê-la jogou-a numa fornalha ardente fazendo-a crer que a escolha fosse entre a escravidão e a morte, o que não era verdade, nem o povo o acreditou, enquanto em todos os 72 distritos de recrutamento a corrupção permitiu que muitos escapassem das armas. E, como até seus aliados agora já reconhecem, sua contraofensiva fracassou.

Mas os Estados Unidos também foram derrotados porque não alcançaram seus objetivos e esbanjaram bilhões que pesarão em sua dívida, enquanto está sendo posto em jogo o monopólio do dólar no comércio mundial, a sua verdadeira riqueza. Tampouco lhe bastará aumentar seu poderio militar para enfrentar o "desafio culminante" com a China e garantir para si um domínio mundial, que é contra a natureza e que não poderá conseguir.

Portanto, a guerra ucraniana já deu tudo o que poderia dar, vitória e derrota para ambos os lados, para não falar de nós, os verdadeiramente corruptos e derrotados em julgá-la e explicá-la. Então por que não acaba? Além desse limiar, há apenas uma guerra mundial e talvez até a bomba atômica.

Não acaba porque o antagonista à paz não é simplesmente a guerra, mas é o sistema de guerra que agora se tornou o verdadeiro soberano e "pai de todos", tanto que comanda tudo, permeia a economia e domina a política mesmo quando não há guerra ou não é declarada. Essa é a razão pela qual a própria guerra na Ucrânia não consegue terminar, embora nela ambos os inimigos já sejam ao mesmo tempo vencedores e perdedores, e não termina porque, tão bem plantada no coração da Europa para levantar a velha cortina sobre a falsa fronteira entre Ocidente e Oriente, é funcional ou até necessária ao sistema de guerra e, para tanto, as próprias negociações foram proibidas.

Por isso, a paz não pode ser apenas uma guerra que acaba, deve ser instituída, também ela como um sistema, alternativo ao sistema de guerra. Isso significa estabelecer um "nómos" da Terra, uma síntese harmônica de pensamentos e ordenamentos, do qual a paz seja soberana, invertendo a escolha que se fez desde a antiguidade até agora, da guerra como soberana da qual tudo o resto depende. Não é apenas um sonho de "pacifistas", é a tarefa de todos os pacifistas.

Para que essa perspectiva alternativa seja assumida e se torne programa e objeto de luta política, será lançado no dia 26 de agosto na Versiliana, em Marina di Pietrasanta, um apelo para dar vida a uma "assembleia permanente" que "tome partido" pela Paz, pela salvação da Terra e pela afirmação da Dignidade de todas as criaturas, iniciativa que terá depois de ser discutida para se chegar às oportunas decisões operacionais até o final de setembro. Entre os promotores Michele Santoro e Raniero La Valle. Os destinatários desta carta são os primeiros a serem convidados a tomar conhecimento e a participar da iniciativa.

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